Citações

"Sempre parecera a Antoine contabilizar sua idade como os cães. Quando tinha sete anos sentia como um homem de quarenta e nove anos; aos onze, tinha desilusões de um velho de setenta e sete anos. Hoje, aos vinte e cinco, na expectativa de uma vida mais tranquila, Antoine tomou a decisão de cobrir oc érebro com um manto de estupidez. Ele constatara muitas vezes que a inteligência é a palavra que designa baboseiras bem construídas e lindamente pronunciadas, e que é tão traiçoeira que frequentemente é mais vantajoso ser uma besta que um intelectual consagrado. A inteligência torna a pessoa infeliz, solitária, pobre, enquanto o disfarce de inteligente oferece a imortalidade efêmera do jornal e a admiração os que acreditam nos que lêem."

Martin Page em "Como me tornei estúpido"

Citações

"Além de Almon, o pescador, a quem ninguém dava ouvidos porque todos debocahavam deles, não havia ali em toda a aldeia alguém que ensinasse as crianças que a realidade não é apenas o que o olho vê e não somente o que ouvido escuta e o que mão pode tocar, mas também o que se esconde do olho e do toque dos dedos e se revela às vezes, só por um momento, para quem sabe ficar atento e ouvir com os ouvidos da alma e tocar com os dedos do pensamento. Mas quem queria a atenção de Almon? Ele era um homem velho, falador e quase cego, que sempre ficava discutindo com o seu medonho espantalho"

Amós Oz em "De repente nas profundezas do bosque..."

Carta aberta aos meus futuros ex-alunos

Olá meus futuros ex-alunos...

É provável que nenhum de vocês jamais leia isso, talvez nem seja essa minha intenção . Afinal, em poucos anos muitos tornar-se-ão grandes empresários e pais de família mergulhados profundamente em rotinas fatigantes, outros se apagarão do convívio social com a evolçução de suas síndromes exóticas e raras rompendo até com a própria razão e mesmo uns poucos morrerão vitimados por doenças genéticas congênitas inerentes a sua cultura. Porém, se algum dia alguns sobreviventes sentirem o saudosismo da idade escolar, prenúncio da maturidade, e revirarem blogs atrás de fragmentos de memórias que lhes escaparam refugiados na grande rede, talvez se lembrem de um jovem assistente das disciplinas de história e geografia que lhes acompanhou durante o ensino fundamental.

Talvez alguns se lembrem que, em determinado momento, esse assistente foi afastado de vocês sem uma explicação plausível de professores e coordenadores. Foi um período emocionalmente muito difícil, afinal os laços entre nós começavam a se estreitar depois de dois meses do início do ano letivo, assim escrevi essa carta aberta, que não se trata de uma última lição do professor aos seus alunos, afinal, fui professor de vocês por pouco menos de um mês até que contratassem alguém mais experiente para assumir as aulas, em segundo lugar, porque, por mais que isso possa soar comum, vocês ainda desconhecem a vida tanto quanto eu tenho a presunção conhecê-la, e por nutrir um profundo e desconhecido sentimento de afeto por cada um de vocês, pretendo que essas próximas postagens entituladas "reflexões pedagógicas" sejam algum tipo de referência para suas trajetórias ao longo da vida.

Tristeza tropical

Autoria própria

Diferente da angst alemã, do impressionismo cinematográfico de Murnau, Wiene e Lang, a plasticidade deformada da suja 35 mm conservada sob o perene inverno germânico, a tristeza nos trópicos se desenvolve não diante da opressão de signos culturais como o cinema, mas de signos naturais.

Parece estranho conceber a tristeza sob o calor de o sol e a abundância da natureza mesmo em meio ao caos urbano, mas justamente nessa oposição é que reside a opressão e tristeza mais cruéis.

Citações

"Passara o tempo. Todavia, não passava ele de modo diferente apra cada um, seguindo atalos diversos? Como um rio, o tempo par ao homem às vezes se escoa rapidamente, às vezes segue em ritmo mais lentos. Acontecia também de nem sempre se escoar, mas permanecer ali a se estagnar. Se o tempo cosmico se escoa à mesma velocidade para todos os homens, o tempo humano, este varia conform cada um. O tempo se escoa de modo semelhante para todos os sere humanos mas cada homem se move dentro dele de acordo com um ritmo que lhe é próprio."

Yasunari Kawabata em "Beleza e Tristeza"

Ares de Sidartha

Autoria própria

Ares de Sidartha

Autoria própria

Carta aberta a J.

Um pouco de história para matar a saudades...

Após a aceleração do tempo a partir de 1945, com a assustadora modernidade viabilizada pela tecnologia desenvolvida ao longo de duas grandes guerras mundiais aplicadas ao cotidiano do cidadão comum através da automação doméstica, o processo histórico que considero como um dos mais impotante do nosso tempo, criando bases para o desenvolvimento de uma cultura de classe média enraizada profundamente sobre o conforto moderno, a humanidade perdeu pouco a pouco algumas das mais importantes relações para sua constituição primitiva enquanto ser humano: a relação mitológica.

Segundo o mitólogo Joseph Campbell em seu livro mais conhecido O Poder do Mito, uma entrevista dada a Bill Moyers no Racho de George Lucas onde Campbell discorre desde ritos de iniciação siux até Guerra nas Estrelas, vivemos numa "sociedade desmitologizada". Assim, no terceiro quarto do século XX, a ciência, impulsionada sobretudo pela Guerra Fria, passou a exercer papel determinante na concepção de mundo afastando o ser humano de valores próprios do pensamento mitológico.



System of a Down - Science

Making two possibilities a reality
predicting the future of things we all know
fighting off the diseased programming
of centuries, centuries, centuries, centuries
Science fails to recognise the single most
potent element of human existence
letting the reigns go to the unfolding
is faith, faith, faith, faith
Science has failed our world
science has failed our mother earth
Spirit-moves-through-all-things
Spirit-moves-through-all-things
Spirit-moves-through-all-things
Spirit-moves-through-all-things
Spirit-moves-through-all-things
Spirit-moves-through-all-things

Letting the reigns go to the unfolding
is faith, faith, faith, faith
letting the reigns go to the unfolding
is faith, faith, faith, faith
Science has failed our world
Science has failed our mother earth
Spirit-moves-through-all-things
Spirit-moves-through-all-things
Spirit-moves-through-all-things
Spirit-moves-through-all-things
Spirit-moves-through-all-things
Spirit-moves-through-all-things
Spirit-moves-through-all-things
Spirit-moves-through-all-things
Spirit-moves-through-all-things
Spirit-moves-through-all-things
Spirit-moves-through-all-things
Spirit-moves-through-all-things
Science has failed our mother earth

Espaço noturno

Olho para a esquerda, a pequena janela televisiona o escuro do céu noturno de algum lugar do Brasil iluminado apenas por uma luz nebulosa brilhando a asa esquerda do avião e as cores da companhia aérea que me transporta de volta a casa. Olho para a direita, um senhor dorme de boca aberta na mesma fileira no assento do corredor, apesar da ruidosa movimentação das crianças irriquietas diante da estabilidade do avião ao longo de toda viagem.

É inevitável recordar cenas de desastres aéreos... Desastres que se assemelham tanto a esta janela transmitindo a tranquilidade do céu noturno como um programa televisivo numa quarta-feira a tarde avermelhada, enquanto me sento confortavelmente assustado numa poltrona comendo amendoim e tomando refrigerante, tentando esquecer que o século XXI se inaugura com um atentado feito num avião.

Carnaval...

Há algum tempo não consigo postar, ao invés de me culpar prefiro pensar que estava recolhendo material durante a viagem de feriado. Seguem novas postagens.

Autoria Marcia Werlang

Escolhi essa imagem do Flickr (http://www.flickr.com/), um enorme celeiro de excelentes fotógrafos, pois cria um diálogo muito interessante com a minha experiência de carnaval, sobretudo do meu medo de avião. Curiosamente Porto Alegre foi um dos meus destinos esse feriado, mesma cidade da autora dessa imagem: Marcia Werlang.

Citações

"Você está para fazer oitenta e dois anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais do que quarenta quilos e continua bela, graciosa e desejável. Já faz cinquenta e oito anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca. De novo, carrego no fundo do meu peito um vazio devorador que somente o calor do teu corpo contra o meu é capaz de preencher"

André Gorz em "Carta a D."

Citações

"Não importa o que, eu era um escrevedor. O escrevedor só se tornará um escritor quando a sua necessidade de escrever for sustentada por um tema que permita e exija que essa necessidade se organize num projeto"

André Gorz em "Carta a D."