Primeiro dia de ferias e fim do mundo. Por que caralho o fim do mundo tem que cair justamente no inicio das minhas férias? Esse ano o mundo poderia se acabar em tantos outros dias melhores como antes daquele Palmeiras X Flamengo ou antes daquela viagem de estudo de meio em setembro, antes de terminar meu 13o salário...
É um periodo curioso pra se interromper as atividades e refletir sobre o ano: um pouco de interesse e leitura revelam que o nascimento do homem determina a contagem do tempo da sociedade ocidental (Jesus para os desinformados) não foi dia 25 de dezembro. A igreja católica para garantir a adesão popular dos invasores bárbaros ao Império Romano depois das invasões do século V dando início à Idade Média, determinou essa data como o nascimento do salvador da cristandade para que coincidisse com celebrações pagãs ligadas a divindades da agricultura da colheita que precisa ser feita antes do inicio do inverno do hemisfério norte. Seria coincidencia demais Jesus nascer em dezembro pra que refletíssimos sobre o nosso ano... Aliás, assim Jesus seria de capricórnio, mesmo signo que eu, um signo que pelo meu pouco conhecimento astrológico é tido como materialista. Definitivamente nao combinaria com o salvador espiritual dos homens...
Coincidentemente a data anunciada para o fim do mundo também seria nesse período de fim de ano e natal. Ainda que não seja um grande fã, Renato Russo e a Legião Urbana estavam corretos quando cantaram "o fim do mundo já passou": inúmeras vezes o homem tentou através de explicações científicas ou religiosas acabam com o mundo, das minhas favoritas estão duas: o ano 1000 da era cristã durante a Idade Média quando a igreja católica (de novo eles) difundia a idéia do fim do mundo em meio às profundas transformações na sociedade medieval; vale a pena adentrar esse universo com o livro O ano mil de Geoge Duby. A outra foi o bug do milênio que ocorreria na virada do ano 2000 quando os sistemas operacionais de computadores por um erro de programação entrariam em colapso devido à mudança do milênio de 1000 para 2000; ou seja, não seria o fim do mundo mas um colapso em sistemas criados pelos homem que levariam nossos serviços, hoje todos controlados por computadores, a aniquilação da raça humana. O interessante desse bug é que seria o fim do mundo conhecido (por que não fazer atualizações nos sistemas ou simplesmente puxar a tomada do plug?) ou apenas na raça humana e não do mundo em si, isso teria sido criado pelo próprio homem, tudo isso algo muito parecido com que filmes de ficção contam como Matrix ou Exterminador do Futuro.
Sem dúvida os maias nao sabiam que na era cristã o que sua contagem de tempo determinou como o fim de uma era coincidiria com 2012, por isso esse misticismo envolvendo uma sequencia numerica que sai de 2, vai paea 1, depois 0 não faz nenhum sentido. O mundo não liga tanto para o tempo quanto nossa raça humana.
Estou lendo nessas férias um livro muito interessante chamado Why thw eest rules for now de um arqueólogo britanicor chamado Ian Morris. Bem interessante, apesar de tê-lo descoberto na Veja, Morris reconta a história da humanidade desde a diáspora africana para compreender como essa raça entre tantas sobreviveu e porque o mumdo ocidental acabou tornando-se hegemônico até o seculo XX em relaçao ao oriental. Definitivamente, diante de uma perspectivaarqueológica e antropológica somos meros acidentes d naturezas que ganharam vida diante de tantos outros que sucumbiram pela dificuldade em adaptar-se as transformações.
Talvez seja uma forma triste de iniciar as férias com reflexões sobre o fim do mundo e a raça humana mas o fato é que tudo tem um início e um fim. Muitas espécie humanóides, talvez com menos emoção do que nós nesse 2012, sentiram o fim se aproximar com a chegada de hominídeos mais desenvolvidos, com a incapacidade de desenvolver abrigos para as eras do gelo, com a disseminação de doenças incontroláveis, com a fome insuportável devido à migração de animais e extinção... Segundo Morrison, foram o medo, a cobiça e a preguiça que permitiram ao Homo Sapiens tornar-se a especie dominante (poderia incluir outros impulsos como a fome), sentimentos muito bem explorados pela lógica neo liberal capitalista e pela igreja católica (última vez eu prometo).
Não estamos no fim, mas esse livro tem desenvolvido em mim uma consciência humana enquanto espécie, uma perpectiva absolutamente diferente do que jamais imaginei.
