"Those are my principles, and if you don't like them... well, I have others."
Groucho Marx
terça-feira, 25 de outubro de 2011
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Midiofobia - Filósofo na praça (II)
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,filosofo--na-praca-,786092,0.htm
Data: 16 de outubro de 2011
Além de um movimento de INCÔMODO, e também um movimento INSTÁVEL.
Todas as grandes revoluções, e concordo que se deva guardar as proporções do Occupy Wall Street, surgem a partir de pessoas que, por diversos motivos, estão insatisfeitas. É exatamente essa insatisfação que move as pessoas, mas suas motivações para essa insatisfação são muito diversas. Assim, um grupo de pessoas aos poucos se reune e, quando ganham visibilidade midiática, agregam outros grupos, nem todos com motivações similares.
Um exemplo é a própria Revolução Francesa ocorrida em 1789: contra os desmandos do rei Luís XVI, diversos grupos do terceiro estado se reunem com o único objetivo comum de aprovar uma nova constituição após a negativa real em mudar o sistema de votação dos Estados Gerais de votos por estado para votos por cabeça, como retrata o pintor Jacques Louis David.
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Serment_du_jeu_de_paume.jpg
Legenda: Jacques-Louis David. Juramento da Sala de Péla, 1791. Musée national du Château de Versailles
Dessa forma, todos os grupos do chamado Terceiro Estado Francês se uniram em torno de um único objetivo, porém, conquistado esse único objetivo havia outros: jacobinos e sans cullotes defendiam propostas mais radicais como o fim da monarquia e o estabelecimento de uma república, girondinos defendendo uma república mais conservadora na qual inclusive o rei poeria reinar sob uma constituição, e assim, de contra em contra-revolução a revolução estende-se até o século XIX.
O movimento Occupy Wall Street também agrega diversos grupos de insatisfeitos, aos poucos o movimento se difunde arrastando atrás de si multidões de defensores de ideias diversas, que muitas vezes distorcem o propósito original daquele primeiro grupo de manifestantes, por exemplo na Itália e Grécia, o Occupy Wall Street é contra as medidas de austeridade fiscal de seus governos para recuperar-se da crise do Euro, já nos EUa a crítica é também ao aumento de impostos, mas à política paternalista do governo norte-americano em relação aos responsáveis pela crise, no Brasil tivemos no último feriado protestos a favor da discriminalização da maconha e até mesmo pessoas que simplesmente se aproveitam do movimento para defender interesses ainda mais particulares, dando um caráter extremamente INSATÁVEL ao movimento como um todo como mostra o áudio desse programa de Howard Stern.
http://hotair.com/archives/2011/10/17/audio-howard-sterns-crew-interviews-occupy-wall-street-protesters/
Continua...
Data: 16 de outubro de 2011
Além de um movimento de INCÔMODO, e também um movimento INSTÁVEL.
Todas as grandes revoluções, e concordo que se deva guardar as proporções do Occupy Wall Street, surgem a partir de pessoas que, por diversos motivos, estão insatisfeitas. É exatamente essa insatisfação que move as pessoas, mas suas motivações para essa insatisfação são muito diversas. Assim, um grupo de pessoas aos poucos se reune e, quando ganham visibilidade midiática, agregam outros grupos, nem todos com motivações similares.
Um exemplo é a própria Revolução Francesa ocorrida em 1789: contra os desmandos do rei Luís XVI, diversos grupos do terceiro estado se reunem com o único objetivo comum de aprovar uma nova constituição após a negativa real em mudar o sistema de votação dos Estados Gerais de votos por estado para votos por cabeça, como retrata o pintor Jacques Louis David.
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Serment_du_jeu_de_paume.jpgLegenda: Jacques-Louis David. Juramento da Sala de Péla, 1791. Musée national du Château de Versailles
Dessa forma, todos os grupos do chamado Terceiro Estado Francês se uniram em torno de um único objetivo, porém, conquistado esse único objetivo havia outros: jacobinos e sans cullotes defendiam propostas mais radicais como o fim da monarquia e o estabelecimento de uma república, girondinos defendendo uma república mais conservadora na qual inclusive o rei poeria reinar sob uma constituição, e assim, de contra em contra-revolução a revolução estende-se até o século XIX.
O movimento Occupy Wall Street também agrega diversos grupos de insatisfeitos, aos poucos o movimento se difunde arrastando atrás de si multidões de defensores de ideias diversas, que muitas vezes distorcem o propósito original daquele primeiro grupo de manifestantes, por exemplo na Itália e Grécia, o Occupy Wall Street é contra as medidas de austeridade fiscal de seus governos para recuperar-se da crise do Euro, já nos EUa a crítica é também ao aumento de impostos, mas à política paternalista do governo norte-americano em relação aos responsáveis pela crise, no Brasil tivemos no último feriado protestos a favor da discriminalização da maconha e até mesmo pessoas que simplesmente se aproveitam do movimento para defender interesses ainda mais particulares, dando um caráter extremamente INSATÁVEL ao movimento como um todo como mostra o áudio desse programa de Howard Stern.
http://hotair.com/archives/2011/10/17/audio-howard-sterns-crew-interviews-occupy-wall-street-protesters/
Continua...
terça-feira, 18 de outubro de 2011
"Batatinha quando nasce..."
Os prazeres de uma vida normal
"Pois eu que durmo tão mal, durmi de oito da noite até seis da manhã. Dez horas: senti um orgulho pueril. Acordei com o corpo todo aumentado nas suas células. Ah, isso é vida normal, então? mas então é muito bom!
E eu que nunca fiz luxo para comer, andei há um tempo fazendo dieta para perder uns quilos a mais. Aí experimentei uma vida anormal para comer. Andava exasperada como se outros estivessem comendo o que era meu. Então, de raiva e fome, de repente comi o que bem quis. E como é bom comer, dá até vergonha. E certo orgulho também, o orgulho de ser um corpo exigente. Ah, que me perdoem os que não têm o que comer; o que vale é que esses não são os que me lêem.
Outro prazer que é normal é quando escrevo o que se chama de inspirada. O pequeno êxtase da palavra fluir junto do pensamento e do sentimento: nessa hora como é bom ser uma pessoa!
E receber o telefonema de um amigo, e a comunicação de vozes e alma ser perfeita? Quando se desliga: que prazer dos outros existirem e de a gente se encontrar nos outros. Eu me encontro nos outros. Tudo o que dá certo é normal. O estranho é a luta que se é obrigado a travar para obter o que simplesmente seria o normal."
Clarice Lispector em Aprendendo a Viver
"Pois eu que durmo tão mal, durmi de oito da noite até seis da manhã. Dez horas: senti um orgulho pueril. Acordei com o corpo todo aumentado nas suas células. Ah, isso é vida normal, então? mas então é muito bom!
E eu que nunca fiz luxo para comer, andei há um tempo fazendo dieta para perder uns quilos a mais. Aí experimentei uma vida anormal para comer. Andava exasperada como se outros estivessem comendo o que era meu. Então, de raiva e fome, de repente comi o que bem quis. E como é bom comer, dá até vergonha. E certo orgulho também, o orgulho de ser um corpo exigente. Ah, que me perdoem os que não têm o que comer; o que vale é que esses não são os que me lêem.
Outro prazer que é normal é quando escrevo o que se chama de inspirada. O pequeno êxtase da palavra fluir junto do pensamento e do sentimento: nessa hora como é bom ser uma pessoa!
E receber o telefonema de um amigo, e a comunicação de vozes e alma ser perfeita? Quando se desliga: que prazer dos outros existirem e de a gente se encontrar nos outros. Eu me encontro nos outros. Tudo o que dá certo é normal. O estranho é a luta que se é obrigado a travar para obter o que simplesmente seria o normal."
Clarice Lispector em Aprendendo a Viver
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Midiofobia - Filósofo na praça (I)
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,filosofo--na-praca-,786092,0.htm
Data: 16 de outubro de 2011
A vida de professor funciona em ciclos bimestrais ou trimestrais, dentro desse período de tempo, temos o tempo fora da escola quase que completamente tomado com provas bimestrais ou trimestrais, editais de prova, lista de exercícios de reforço, correção destas mesmas provas, e quando enfim tudo parece terminar, surgem as correções em sala de aula das provas, e com elas invitavelmente pedidos de revisão de algumas notas, quando enfim, mais essa etapa está vencida, surgem então os conselhos de classe e com eles as reuniões de pais nas quais são discutidas as possibilidades de alunos ficarem de recuperação e então mais editais, mais provas mais exercícios de reforço desta vez para a recuperação, até que enfim tudo parece concluido, mas ainda faltam os diários de classe, mas então, aí sim, quando tudo isso então por fim está devidamente finalizado... Já estamos iniciado as mensais do outro bimestre ou trimestre.
Ainda assim, é quase impossível deixar de escrever, talvez seja possível sim deixar de escrever num blog por exemplo, mas não em todos eles...
Enfim, pensando em escola e pensando em mídia, não pude deixar de ler a pequena notícia no caderno “Tv” do Estado de São Paulo de domingo entitulado “Filósofo na praça”. Apesar do caderno tratar de tv, também amplia o seu conteúdo para além da tv (para o bem de todos!) e lista semanalmente vídeos interessantes que ganharam destaque durante a semana e, o mais importante, estão disponíveis para visualização atraves de sites de compartilhamento de vídeos como o YouTube.
O vídeo em questão é um discurso do filósofo esloveno, Zlavok Zizek para os manifestantes do movimento Occupy Wall Street, a referência ao filósofo na praça remete à Atenas clássica em que os “cidadãos” eram convocados para debater as decisões políticas na ágora e assim manifestar suas opiniões e soluções a problemas relativos à vida comum.
Antes de tudo, acho importante fazer uma breve reflexão sobre o que é movimento Occupy Wall Street. Antes de mais nada é um movimento de INCÔMODO.
INCÔMODO às sucessivas crises econômicas. A raiz comum a todas essa crises econômicas são os ataques terrorista que culminaram com a queda das Torres Gêmeas do World Trade Center em setembro de 2001, desde o início da “guerra ao terror”, o que em árabe poderia se chamar apropriadamente de jihad, uma guerra santa, a economia norte-americana sofreu um redirecionamento visando sustentar os gastos militares, sem que com isso houvesse um plano econômico adequado como foi durante a Segunda Guerra Mundial em que a a indústria cultural de massa vendia os bônus de guerra para manter os marines norte-americanos lutando contra os japoneses no Pacífico, ou durante a Guerra Fria quando a mesma indústria cultural de massa juntamente com os benefícios do American Way of Life sustentavam a corrida armamentista contra a União Soviética.

Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Day_16_Occupy_Wall_Street_October_2_2011_Shankbone_2.JPG
Legenda: Manifestane com um cartaz dizendo "Me ignore. Vá fazer compras."
Autor: David Shankbone
Analisando esse último exemplo, durante o pós-guerra, essa mesma classe média se beneficiava da política econômica que garantia a todos os cidadãos uma ampla casa com garagem e cercas brancas no subúrbio de uma boa cidade norte-americana, um marido trabalhador que sozinho poderia sustentar toda a família com seu salário, uma mulher dona de casa encantada com as incríveis tecnologias modernas, muitas delas criadas durante a Segunda Guerra Mundial, filhos fortes e bem alimentados, disputando uma vaga de capitão do time de football na escola e um grande carro norte-americano, geralmente um Chevy. Essa imagem, foi representada muito bem no seriado Wonder Years (seriado de grande repercussão no Brasil nos anos 90, aqui conhecido como “Anos Incríveis”). Portanto, assim estava afastada a ameaça comunista, afinal, para que lutar por igualdade econômica se a NOSSA situação econômica é muito boa?
Contudo, essas sucessivas crises que se seguem a partir dos anos 2000 reduziram sensivelmente a prosperidade econômica norte-americana já fragilizada pelo crescimento do gigante chinês desde o final dos anos 90, assim, surge motivo para se revoltar, surge um INCÔMODO: onde está o American Dream?
Continua...
Data: 16 de outubro de 2011
A vida de professor funciona em ciclos bimestrais ou trimestrais, dentro desse período de tempo, temos o tempo fora da escola quase que completamente tomado com provas bimestrais ou trimestrais, editais de prova, lista de exercícios de reforço, correção destas mesmas provas, e quando enfim tudo parece terminar, surgem as correções em sala de aula das provas, e com elas invitavelmente pedidos de revisão de algumas notas, quando enfim, mais essa etapa está vencida, surgem então os conselhos de classe e com eles as reuniões de pais nas quais são discutidas as possibilidades de alunos ficarem de recuperação e então mais editais, mais provas mais exercícios de reforço desta vez para a recuperação, até que enfim tudo parece concluido, mas ainda faltam os diários de classe, mas então, aí sim, quando tudo isso então por fim está devidamente finalizado... Já estamos iniciado as mensais do outro bimestre ou trimestre.
Ainda assim, é quase impossível deixar de escrever, talvez seja possível sim deixar de escrever num blog por exemplo, mas não em todos eles...
Enfim, pensando em escola e pensando em mídia, não pude deixar de ler a pequena notícia no caderno “Tv” do Estado de São Paulo de domingo entitulado “Filósofo na praça”. Apesar do caderno tratar de tv, também amplia o seu conteúdo para além da tv (para o bem de todos!) e lista semanalmente vídeos interessantes que ganharam destaque durante a semana e, o mais importante, estão disponíveis para visualização atraves de sites de compartilhamento de vídeos como o YouTube.
O vídeo em questão é um discurso do filósofo esloveno, Zlavok Zizek para os manifestantes do movimento Occupy Wall Street, a referência ao filósofo na praça remete à Atenas clássica em que os “cidadãos” eram convocados para debater as decisões políticas na ágora e assim manifestar suas opiniões e soluções a problemas relativos à vida comum.
Antes de tudo, acho importante fazer uma breve reflexão sobre o que é movimento Occupy Wall Street. Antes de mais nada é um movimento de INCÔMODO.
INCÔMODO às sucessivas crises econômicas. A raiz comum a todas essa crises econômicas são os ataques terrorista que culminaram com a queda das Torres Gêmeas do World Trade Center em setembro de 2001, desde o início da “guerra ao terror”, o que em árabe poderia se chamar apropriadamente de jihad, uma guerra santa, a economia norte-americana sofreu um redirecionamento visando sustentar os gastos militares, sem que com isso houvesse um plano econômico adequado como foi durante a Segunda Guerra Mundial em que a a indústria cultural de massa vendia os bônus de guerra para manter os marines norte-americanos lutando contra os japoneses no Pacífico, ou durante a Guerra Fria quando a mesma indústria cultural de massa juntamente com os benefícios do American Way of Life sustentavam a corrida armamentista contra a União Soviética.
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Day_16_Occupy_Wall_Street_October_2_2011_Shankbone_2.JPG
Legenda: Manifestane com um cartaz dizendo "Me ignore. Vá fazer compras."
Autor: David Shankbone
Analisando esse último exemplo, durante o pós-guerra, essa mesma classe média se beneficiava da política econômica que garantia a todos os cidadãos uma ampla casa com garagem e cercas brancas no subúrbio de uma boa cidade norte-americana, um marido trabalhador que sozinho poderia sustentar toda a família com seu salário, uma mulher dona de casa encantada com as incríveis tecnologias modernas, muitas delas criadas durante a Segunda Guerra Mundial, filhos fortes e bem alimentados, disputando uma vaga de capitão do time de football na escola e um grande carro norte-americano, geralmente um Chevy. Essa imagem, foi representada muito bem no seriado Wonder Years (seriado de grande repercussão no Brasil nos anos 90, aqui conhecido como “Anos Incríveis”). Portanto, assim estava afastada a ameaça comunista, afinal, para que lutar por igualdade econômica se a NOSSA situação econômica é muito boa?
Contudo, essas sucessivas crises que se seguem a partir dos anos 2000 reduziram sensivelmente a prosperidade econômica norte-americana já fragilizada pelo crescimento do gigante chinês desde o final dos anos 90, assim, surge motivo para se revoltar, surge um INCÔMODO: onde está o American Dream?
Continua...
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