Data: 16 de outubro de 2011
A vida de professor funciona em ciclos bimestrais ou trimestrais, dentro desse período de tempo, temos o tempo fora da escola quase que completamente tomado com provas bimestrais ou trimestrais, editais de prova, lista de exercícios de reforço, correção destas mesmas provas, e quando enfim tudo parece terminar, surgem as correções em sala de aula das provas, e com elas invitavelmente pedidos de revisão de algumas notas, quando enfim, mais essa etapa está vencida, surgem então os conselhos de classe e com eles as reuniões de pais nas quais são discutidas as possibilidades de alunos ficarem de recuperação e então mais editais, mais provas mais exercícios de reforço desta vez para a recuperação, até que enfim tudo parece concluido, mas ainda faltam os diários de classe, mas então, aí sim, quando tudo isso então por fim está devidamente finalizado... Já estamos iniciado as mensais do outro bimestre ou trimestre.
Ainda assim, é quase impossível deixar de escrever, talvez seja possível sim deixar de escrever num blog por exemplo, mas não em todos eles...
Enfim, pensando em escola e pensando em mídia, não pude deixar de ler a pequena notícia no caderno “Tv” do Estado de São Paulo de domingo entitulado “Filósofo na praça”. Apesar do caderno tratar de tv, também amplia o seu conteúdo para além da tv (para o bem de todos!) e lista semanalmente vídeos interessantes que ganharam destaque durante a semana e, o mais importante, estão disponíveis para visualização atraves de sites de compartilhamento de vídeos como o YouTube.
O vídeo em questão é um discurso do filósofo esloveno, Zlavok Zizek para os manifestantes do movimento Occupy Wall Street, a referência ao filósofo na praça remete à Atenas clássica em que os “cidadãos” eram convocados para debater as decisões políticas na ágora e assim manifestar suas opiniões e soluções a problemas relativos à vida comum.
Antes de tudo, acho importante fazer uma breve reflexão sobre o que é movimento Occupy Wall Street. Antes de mais nada é um movimento de INCÔMODO.
INCÔMODO às sucessivas crises econômicas. A raiz comum a todas essa crises econômicas são os ataques terrorista que culminaram com a queda das Torres Gêmeas do World Trade Center em setembro de 2001, desde o início da “guerra ao terror”, o que em árabe poderia se chamar apropriadamente de jihad, uma guerra santa, a economia norte-americana sofreu um redirecionamento visando sustentar os gastos militares, sem que com isso houvesse um plano econômico adequado como foi durante a Segunda Guerra Mundial em que a a indústria cultural de massa vendia os bônus de guerra para manter os marines norte-americanos lutando contra os japoneses no Pacífico, ou durante a Guerra Fria quando a mesma indústria cultural de massa juntamente com os benefícios do American Way of Life sustentavam a corrida armamentista contra a União Soviética.
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Day_16_Occupy_Wall_Street_October_2_2011_Shankbone_2.JPG
Legenda: Manifestane com um cartaz dizendo "Me ignore. Vá fazer compras."
Autor: David Shankbone
Analisando esse último exemplo, durante o pós-guerra, essa mesma classe média se beneficiava da política econômica que garantia a todos os cidadãos uma ampla casa com garagem e cercas brancas no subúrbio de uma boa cidade norte-americana, um marido trabalhador que sozinho poderia sustentar toda a família com seu salário, uma mulher dona de casa encantada com as incríveis tecnologias modernas, muitas delas criadas durante a Segunda Guerra Mundial, filhos fortes e bem alimentados, disputando uma vaga de capitão do time de football na escola e um grande carro norte-americano, geralmente um Chevy. Essa imagem, foi representada muito bem no seriado Wonder Years (seriado de grande repercussão no Brasil nos anos 90, aqui conhecido como “Anos Incríveis”). Portanto, assim estava afastada a ameaça comunista, afinal, para que lutar por igualdade econômica se a NOSSA situação econômica é muito boa?
Contudo, essas sucessivas crises que se seguem a partir dos anos 2000 reduziram sensivelmente a prosperidade econômica norte-americana já fragilizada pelo crescimento do gigante chinês desde o final dos anos 90, assim, surge motivo para se revoltar, surge um INCÔMODO: onde está o American Dream?
Continua...

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