quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Midiofobia - Uso de banheiro feminino por Laerte termina em polêmica

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,uso-de-banheiro-feminino-por-laerte-termina-em-polemica,827344,0.htm
Data: 26 de janeiro de 2012

Somente os que não acompanham as tirinhas de Laerte se surpreenderam com o ocorrido na semana passada numa padaria da Sumaré: o cartunista paulistano vestido como mulher utilizou o banheiro feminino do estabelecimento e foi ofendido verbalmente por uma das clientes cuja filha utilizava o mesmo banheiro. Infelizmente o jornal Estado de São Paulo, mostra claramente o ponto de vista de Laerte, mas pouco explora o ponto de vista da cliente que supostamente ofendeu o cartunista. Como sempre, acabamos reféns de corporações...

Por tratar-se de um fenômeno social pouco usual, me parece previsível que em pouco tempo Laerte estivesse nas páginas do Metrópole do Estado de São Paulo, a diferença entre o que é normal e o que é comum é bastante delicada. Não é novidade que o cartunista é um cross dresser, termo que conheço apenas de suas entrevistas, porém, esse fenômeno social pouco comum, causa estranhamento para a maior parte das pessoas, e tudo que não é comum atrai a atenção, porém isso não deve se transformar em ofensa ou restrição de liberdade.

Proteção não se conquista com preconceito.

Diante desses novos fenômenos sociais, o poder público como responsável pela ordem do país deveria através de seus deputadores e senadores, analisar e criar leis, e seus juízes e magistrados, julgar essas leis, tudo sob orientação da presidente que garantiria a execução dessas leis e julgamentos, porém, o Brasil está voltado para as disputas políticas em torno do CNJ e as declarações de Dilma Roussef sobre a blogueira-ativista (e porque não incluir, prisioneira) Yoana Sánchez. Assim, questões como a de Laerte e de tantas outras pessoas são relegadas à no Legislativo, um sinônimo para a incompetência administrativa do Brasil.

Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:The_Roses_of_Heliogabalus.jpg
Legenda: As Rosas de Heliogabalus de Lawrence Alma-Tadema, 1888.

Para a mãe ofendida, os leitores desavisados e o editor pouco cuidadoso, uma breve pesquisa na internet revelaria que o cross dressing não necessariamente sente desejo pelo sexo oposto, não se trata de um homosexual ou transsexual, mas apenas o desejo de vestir-se com roupas e acessórios do sexo oposto. Não se trata de concordar ou não com o cross dressing, mas de informa-se, pois como idsse Voltaire: "A ignorância afirma ou nega veementemente; a ciência duvida".

No
último livro que li do pensador francês, Pirronismo da história, Voltaire critica a maneira que os historiadores romanos conceberam a história do césares de Roma, apontando incosistências metodológicas (ainda que em alguns momentos seu argumento se confunda com a sua proposta humanista reformadora) para a confecção das imagens de imperadores como Calígula, Nero ou Heliogábalo, o jovem que com 14 anos se torna o homem mais poderoso do mundo.


Me parece sinceramente, mesmo com toda admiração que tenho pelo trabalho de Laerte, que esse é o preço que se paga por não ser comum...

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