quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Midiofobia - Nova onda de frio provoca fechamento de escolas e adiamento de voos nos EUA (I)

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,nova-onda-de-frio-provoca-fechamento-de-escolas-e-adiamento-de-voos-nos-eua,1121613,0.htm
Data: 22 de janeiro de 2014

Enfim de volta às aulas e talvez de volta às palavras...

Apesar de não se tratar de uma notícia relevante, pois diariamente nos jornais temos notícias de novas ondes de frio nos EUA (além de novas ondas de calor no Brasil), após minha viagem de férias não posso deixar de escrever sobre a experiência do inverno.

Não sou viajante com experiência, mas tenho refletido muito sobre o sentido de viajar.

Me parece que, com o desenvolvimento dos transportes e comunicações ao longo do século XIX até a atualidade, o sentido de viajar tem se transformado, pois o destino da viagem tem se tornado mais importante do que o percurso que leva a esse objetivo. Não percebemos as transformações do percurso, pois transporta-mo-nos através de aeroportos e companhias aéreas, escadas rolantes e aeronaves, procedimentos de emergências e bagagens muito similares, chegando a destinos previamente pesquisados e comunicados com automóveis e restaurantes típicos, franchises e quartos de hotel, marcas e propagandas igualmente muito similares.

Viajar tem sido cada vez mais uma viagem para dentro de si mesmo, importando menos cada vez menos o destino e o percurso.


Fonte: http://news.coinupdate.com/ireland-james-joyce-euro-silver-proof-coin-1925/
Legenda: moeda de (10 €URO) 10 euros em homenagem a James Joyce, escritor irlandês autor de Ulisses, uma releitura moderna da obra de Homero em que o herói homônimo numa grande viagem tenta voltar para casa, sua mulher Penélope e seu filho Telêmaco, após a Guerra de Tróia.


Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Odysseus_-01.jpg
Legenda: moeda de  Ítaca produzida entre 300 e 191 aC. mostrando a face de Odisseu ou Ulisses, herói da Odisséia de Homero, reapropriado por James Joyce através de Leopold Bloom, que passando um dia na Dublin de 1904 tenta recuperar o filho morto aproximando-se de Stephen Dedalus e a mulher Molly Bloom, que assim como ele, o trai.

Como boa parte dos formandos em ciências humanas no Brasil, sempre tive uma mentalidade pseudo-esquerdista de órfão da ditadura militar criticando a cultura de consumo dos EUA como potência imperialista. Porém, vivenciando o inverno mais rigoroso dos últimos 30 anos, fui forçado a rever alguns de meus preconceitos.

O fetiche do automóvel foi o que primeiro me chamou a atenção. Talvez juntamente com a indústria do cigarro, armas e bebida, a indústria automobilística poderia ser o D'Artagnan da Trindade da Morte apresentada pelo filme "Obrigado por Fumar" (veja o trailer aqui), até mesmo o filme "Clube da Luta" fala sobre isso quando Edward Norton explica qual o seu trabalho.

Contudo, ainda que tecnologias como aquecimento interno, freios ABS, four-wheel drive (tração nas quatro rodas), cruising (piloto semiautomático) e modelos SUVs (Sport Utility Vehicle) façam parte de uma "cultura de consumo" iniciada com o estado de bem estar social durante a Guerra Fria, a ausência dessas tecnologias tornam o transporte, função fundamental do automóvel, muito mais difícil e perigosa sob temperaturas inferiores a -20°C.

Não pretendo defender a cultura automobilística nos EUA, mas essa viagem me fez perceber que, como se dizia: não se pode jogar o bebê fora junto com a água da bacia. Exemplo disso são as propagandas da Silverado 2014 da Ford, recorrente num dos eventos mais assistidos da televisão estadunidense: os playoffs da NFL.



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