domingo, 11 de março de 2012

Carta aberta aos meus futuros ex-alunos - Carta presente para ex-alunos

Olá meu presentes ex-alunos... Essa é só para vocês...

Ano passado foi a formatura da primeira turma para quem dei aula, desde que assumi minha vocação de professor.

Talvez não tenha me emocionado tanto com essa formatura, afinal, apesar de deixarem de ser meus alunos, ainda existe algum vínculo pois muitos ainda estão na escola, mas no Ensino Médio. Porém, reconheço que, apesar de serem uma das minhas primeiras turmas, tive poucos momentos prazerosos...

Preparando material para as aulas dessa semana, encontrei um daqueles trabalhos que a escola obriga a incluir no planejamento, ainda que aparentemente pouco proveitoso. Apesar de ser um professor bastante cuidadoso com o que os alunos produzem, reconheço que, a dificuldade financeira da escola em promover encontros interdisciplinares para que esse trabalho fosse articulado à área de teatro, e a falta de tempo, me fizeram dar pouca atenção para esse valioso trabalho cujo espaço no meu armário se fez pequeno demais...

Deixando o romantismo de lado, a verdade é que MUITOS alunos fizeram esse trabalho somente para garantir sua nota de participação em história, mas outros fizeram algo realmente cuidadoso. Me surpreendi com a atenção dispensada por alguns alunos que não imaginei serem tão sensíveis... Em cada pequeno envelope uma emoção silenciada por um universo alienígena esverdeado de divórcios com comunhão de bens, e por isso, de filhos; constantes mudanças de cidade para garantir o dinheiro, e o tempo, no trabalho, e; vazios de afeto dando lugar a um universo violáceo azulfrio de silêncio e solidão.

Pequenas vidas estavam naqueles envelopes que hoje joguei no lixo, e, ainda que separar esse lixo para reciclagem alivie minha consciência ambiental, o ser humano permanece insondável...

Gostaria de poder fazer mais por vocês meus, hoje ainda mais, presentes ex-alunos...

Um comentário:

Anônimo disse...

Humildemente me coloco. Gostei muito do que li. Aprendi com o Universo que devemos fazer seja lá o que fizermos, com amor e dedicação. Tenho certeza de que foi assim que o fez. Acrescento ainda que, quando fazemos tudo o que de fato podemos, naquele momento, ficamos em paz. Sempre vamos poder fazer mais, porém só quando aumentarmos o nosso limite e ele só aumenta, para a vivência seguinte. Por fim, fazemos o nosso melhor e entregamos, ponto e basta.
assino...Lancelot.