No país dos Andrades
No pais dos Andrades, onde o chão é
forrado pelo cobertor vermelho de meu pai,
indago um um objeto desaparecido há trinta anos,
que não sei se furtaram mas só acho formigas.
No país do Andrades, lá onde não há cartazes
e as ordens são peremptórias, sem embargo tácitas,
ja não distingo porteiras, divisas, certas rudes pastagens
plantadas no ano zero e transmitidas no sangue.
No país dos Andrades, somem agora os sinais
que fixavam a fazenda, a guerra e o mercado,
bem como outros destritos; solidão das vertentes.
Eis que me vejo tonto, agudo e suspeitoso.
Será outro país? O governo pilhou? O tempo o corrompeu?
No país dos Andrades, secreto latifúndio,
A tudo pergunto e invoco; mas o escuro soprou; e ninguém me secunda.
Adeus, vermelho
(viajarei) cobertor de meu pai.
Carlos Drummond de Andrade
No pais dos Andrades, onde o chão é
forrado pelo cobertor vermelho de meu pai,
indago um um objeto desaparecido há trinta anos,
que não sei se furtaram mas só acho formigas.
No país do Andrades, lá onde não há cartazes
e as ordens são peremptórias, sem embargo tácitas,
ja não distingo porteiras, divisas, certas rudes pastagens
plantadas no ano zero e transmitidas no sangue.
No país dos Andrades, somem agora os sinais
que fixavam a fazenda, a guerra e o mercado,
bem como outros destritos; solidão das vertentes.
Eis que me vejo tonto, agudo e suspeitoso.
Será outro país? O governo pilhou? O tempo o corrompeu?
No país dos Andrades, secreto latifúndio,
A tudo pergunto e invoco; mas o escuro soprou; e ninguém me secunda.
Adeus, vermelho
(viajarei) cobertor de meu pai.
Carlos Drummond de Andrade

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