sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sobre a escrita - Necro-filomante (I)

Autoria reprodução

Existem muitas maneiras de relacionar-se. Não me refiro apenas a interações inter-pessoais como relações familiares ou profissionais, mas maneiras de estabelecer trocas que extrapolam mesmo o referencial humano como o romantismo de Frédéric Chopin com as insones madrugadas polonesas que resultaram na composição de noturnos de inexprimível beleza ou como a mítica Dublin do modernismo concreto do irlandês James Joyce com suas ruas velhas e poeirentas alaranjadas pelo crepúsculo profetizando o ocaso de um século em Dublinenses.

Assim, também busco relacionamentos que se ocupem da arte, ainda que não da música como fez o pianista, por isso, assim como nas primeiras postagens me pergunto qual o sentido de um blog procurando estabelecer uma relação com essa nova maneira de se expressar, talvez seja pertinente perguntar qual a relação que estabeleço com a escrita, uma vez que através dela me ocupo para me expressar aqui. Conforme já alertei, esse blog pretende ser um espaço virtual extremamente particular no sentido de comportar reflexões pertinentes ao seu autor e aqueles que as considerarem de alguma relevância, assim, quando me questiono sobre qual o sentido da escrita, não pretendo construir as fundações de um teoria literária crítica que tenha validade científica, mas penso simplesmente em refletir qual o sentido da escrita para mim.

Grande parte de meu esforço ao longo da vida tem sido o auto-conhecimento, não através de livros de auto-ajuda, que reconheço desempenham função importante para muitos, mas um auto-conhecimento entranhado em profundas experiências de vida. Paradoxalmente, ao longo da infância e adolescência, apreendi, através vivências e práticas de disciplina filosófica, uma postura investigava embebida de certo cientificismo para lidar com essas experiências, desse modo, essas vivências necessitavam não apenas de um grande impacto sensorial e emocional, mas um registro objetivo que me permitisse acessar essas experiências novamente tendo em vista aprimorar essa busca por auto-conhecimento.

Assim, a escrita surgiu para mim como uma ferramenta prática não apenas pela facilidade de acesso bem como de transporte de uma caderneta e uma lapiseira, mas também por desempenhar uma função informativa, que ao longo dos anos revelou um aspecto estético e artístico saturado de um sentido muito mais profundo e revelador do que qualquer registro técnico.

Victor Frankenstein não podendo suportar a morte animou partes de cadáveres para dar vida a sua criatura, assim também eu...

Nenhum comentário: