quarta-feira, 6 de maio de 2009

Midiafobia - Fumar vira obrigação para ampliar arrecadação na China

Fonte: Estado de São Paulo
Data: 05 de maio de 2009

Não se trata propriamente de uma reportagem, mas de uma fotografia de cerca de 1/8 de página com uma legenda que transcervo na íntegra:

"Chinesa fuma viajando de moto. Na província de Hubei, na região central da China, funcionários públicos que se recusarem a fumar uma cota determinada de cigarros serão multados. A nova regulamentação, do governo da cidade de Gong'an, determina os padrões para o número de cigarros consumidos e as marcas que devem ser compradas pelo funcionários. No total, todas as agências governamentais e instituições da província devem consumir 230 mil maços de cigarros produzidos na província por ano, ou 4 milhões de yuans (R$ 1,2 milhão)"

Muito apropriadamente essa imagem foi publicada na caderno economia do referido jornal, o que me inclinou a interpretar a notícia sob determinada óptica, porém, é preciso transcender a reflexão simplista sobre o consumo obrigatório de cigarros como uma alternativa à crise financeira que se abateu sobre as economias globais e aparentemente passou desapercebida pelo país asiático, que, conforme noticiado nas últimas semanas, se tornou o maior parceiro comercial do Brasil superando os Estados Unidos.

Há algumas semanas o governo do estado de São Paulo proibiu o fumo em estabelecimentos fechados de uso coletivo, gerando muita polêmica no que diz respeito a garantia das liberdades individuais previstas constitucionalmente, por outro, lado o governo chinês parece manter uma autoridade capilar entre sua população, pois a medida não trata apenas do simples vício do consumo de cigarro alimentando economicamente poderosas corporações e o empresariado multi-nacional interessado no lucro, mas da obrigatoriedade do consumo de certas substâncias comprovadamente cancerígenas alimentando o próprio Estado chinês.

Tudo indica que a autoridade conquistada pelo Estado chinês na imagem de Mao-Tsé-Tung ainda possui um enorme poder de coesão social, revelando uma nova configuração do regime de consumo no qual uma ideologia profundamente enraizada se apropria da cultura milenar para exercer o poder de intervenção estatal em suas consequências mais evidentes e imediatas como no desenvolvimento de graves enfermidades respiratórias.

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