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Fonte: http://eightiesology.com/
Se em determinado momento a escrita surgiu para mim como registro informativo que pudesse remontar vivências importantes reativando a memória como fez a personagem fictíca de Mary Shelley, Victor Frankenstein, tentando controlar o próprio deus Cronos através de sua obssessão científica reanimando partes de cadáveres para enfim controlar a vida, hoje, a prática da escrita agregou outras significações.
Quando a busca por auto-conhecimento se afastou de minhas práticas de disciplina filosófica, me deparei com tormentosas dúvidas, pois após muitos anos, minhas convicções mais profundas se estilhaçavam irreparavelmente. O vácuo deixado por essa ruptura passou a pressionar-me, quase inconscientemente eu ansiava por algo, e assim, depois de algum tempo, a arte, manifesta através da literatura e o cinema, surgiu para ocupar esse espaço, convertendo-se não apenas em meras manifestações histórico-culturais, mas em epifanias que recolhi aos cacos para recompor a vida.
Desse modo, a arte me insuflou novamente a vida, e a escrita tornou-se a prática não apenas de recordar o passado, mas de ritualizá-lo, além de reconstruir a realidade. A escrita tornou-se minha religião.

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