Poucos filmes me emocionaram como esse, porém, mais do que emoção, trata-se de um filme que demonstra com uma delicada sutileza a fragilidade sob a qual nossa sociedade está equilibrada.
Recém-formado, o estudante Christopher McCandless (Emile Hirsch) decide empreender uma jornada pela América em direção ao Alaska à procura da condição humana mais elementar, não sob uma perspectiva filosófica moderna do lobo do homem hobbesiano ou bom selvagem roussoniano, mas sob um perspectiva literária contemporânea da iconoclastia de Jack Kerouac e John Burroughs, e talvez até de Michel Foucault, negando sistematicamente toda forma de poder do mundo moderno como os automóveis, consumismo, sexo, etc.
Durante seu percurso, McCandless se lança à estrada auto-batizado de Alexander Supertramp (do inglês, "andarilho"), conhece pessoas deixando nelas marcas profundas, não apenas pela natureza de jornada, mas sobretudo pela sua personalidade, uma amalgama de um adolescente iluminado pela determinação ingênua de conquistar o mundo através da conquista de si mesmo, e um homem obscurecido pela incapacidade de ajustar-se aos designios que a humanidade impôs a si mesma como o afastamento de sua própria natureza.
Autoria reproduçãoFonte: http://blog.cleveland.com/
O ator Sean Penn, que atua como diretor e roteirista, demonstrou ser bastante capaz, desejo que assim como fez Clint Eastwood, um dos melhores diretores norte-americanos dos últimos tempos, também Sean Penn se enverede pela senda de grandes atores que se tornam grandes diretores. Sem dúvida a equipe de quem se cercou em muito contribuiu para o excelente resultado do filme, especial destaque para a atuação de Emile Hirsch, a fotografia de Eric Gautier (diretor de fotografia de "Diários de Motocicleta") e a trilha sonora de Eddie Vadder, vocalista do Perl Jam (vencedor do Globo de Ouro de 2007 pela trilha sonora, música "Guaranteed").
Baseado em fatos reais, afinal a "realidade" ou "história real" objetivamente não existem, o filme "Na Natureza Selvagem" é de uma beleza estética caudalosa que merece um olhar corajoso para dentro e para o entorno de si, pois não somos ensinados a ser humanos tendo medo e incertezas, e por isso passamos a vida evitando o que Alexander Supertramp mais anseia: liberdade.

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Fonte: http://bamboufrip.wordpress.com/
"Vou parafrasear Thoreau ... Ao invés de amor, de fé, de fama, de justiça... Me dê a verdade" - Alexandre Supertramp

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