Como um ritual de milhares de anos se processando em proporções logarítmicas, cinco desses planetas-deuses vestidos tão socialmente para a ocasião parecem ser o centro do movimento elíptico inexorável de todos os outros que certa vez lhe foram tão próximos, quando o Universo ainda vivia sua infância, e uma conjunção mística unia todos esses planetas-deuses, como se ainda fossem animados pelo mistério da Criação; e após milhares de anos, aquele alinhamento perfeito se repetia, exatamente naquela noite, sempre acompanhado por um padre, seja na união do casamento, seja na separação da morte.
Porém, mais um vez, apenas por um breve período de tempo. Os cinco planetas-deuses, primos e tios, se enlaçarem abraçados num equilíbrio repleto de dinamismo bêbado, pulando e cantando velhas canções sobre a juventude e o companheirismo, enquanto transpareciam em seus cabelos, alguns já bastante grisalhos, desalinhados e suas carnes moles pendendo sobre suas calças, um saudosismo, quase um remorso, que em pouco tempo seria novamente engolido pelo cotidiano orbital do vácuo vazio do Espaço.

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mandel_zoom_11_satellite_double_spiral.jpg
Autoria: Wolfgang Beyer

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