terça-feira, 29 de janeiro de 2013

"Batatinha quando nasce..." - JD Salinger

Não queria postar outra poesia, preferia escrever algo, mas as aulas começam amanhã! Bom começo lembrando dos estudantes adolescentes...

Tinha certeza que já tinha postado isso, mas...

"Não sei muito bem se a danada da Phoebe entendeu o que eu estava dizendo. Ela é muito criança e tudo. Mas, pelo menos, estava escutando. Se uma pessoa pelo menos presta atenção, aí não é tão ruim.
- Papai vai te matar. Vai te matar.
Mas eu nem estava ouvindo. Estava pensando noutro troço, uma coisa amalucada.
- Você sabe o quê que eu quero ser? - perguntei a ela. - Sabe o que é que eu queria ser? Se pudesse fazer a merda da escolha?
- O quê? Pára de dizer nome feio.
- Você conhece aquela cantiga: "Se alguém agarra alguém atravessando o campo de centeio"? Eu queria...
- A cantiga é "Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio"! - ela disse. - É dum poema do Robert Burns.
- Eu sei que é dum poema do Robert Burns.
Mas ela tinha razão. É mesmo "Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio". Mas eu não sabia direito.
- Pensei que era "Se alguém agarra alguém" - falei. - Seja lá como for, fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto - quer dizer, ninguém grande - a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o quê que eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso
que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer. Sei que é maluquice."



Holden Caufield em O Apanhador no Campo de Centeio


O poema de Burns (intrudizível) é:


Coming Through The Rye
by Robert Burns

Coming thro' the rye, poor body,
Coming thro' the rye,
She draiglet a' her petticoatie
Coming thro' the rye.

O, Jenny's a' wat, poor body;
Jenny's seldom dry;
She draiglet a' her petticoatie
Coming thro' the rye.

Gin a body meet a body
Coming thro' the rye,
Gin a body kiss a body -
Need a body cry?

Gin a body meet a body
Coming thro' the glen,
Gin a body kiss a body -
Need the warld ken?

domingo, 27 de janeiro de 2013

Imagem do dia

Há muitas imagens num dia, sobretudo num dia triste como esse emque uma tragédia se abateu sobre a cidade de Santa Maria no Rio Grande do Sul.

Muito a se lamentar, pouco a se dizer nesse momento.


Autor: Gilmar
Fonte: http://gilmaronline.zip.net/

Para os que se interessam por quadrinhos e cinema, vale a pena acessar o site dos gêmeos Fábio e Gabriel que gravaram um de seus quadrinhos mais célebres: Mesa para dois. Acesse aqui!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

"Batatinha quando nasce..."

"No momento em que se pensa ter compreendido tudo, se adquire no rosto uma expressão assassina de alguma coisa. Não há como compreender tudo. No edifício do pensamento, não encontrei nenhuma categoria em que pudesse pousar a cabeça. Em compensação, que belo travesseiro é o caos."

Emil Cioran

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Carta aberta aos meus futuros ex-alunos - "Gustavo Ioschpe"

Apesar de não escrever há muito tempo, tenho certeza do quanto refleti sobre tantos acontecimentos na minha profissão nos últimos tempos...

Talvez não seja a maneira mais convidativa para se iniciar um debate de início de ano escolar com esse assunto, mas estou há tempos ensaiando um post sobre Gustavo Ioschpe, com a leitura de algumas colunas do economista na revista Veja, achei que essa fosse uma boa oportunidade.

Antes de mais nada achei que seria importante entender quem é Ioschpe, com a ajuda de alguns oráculos como a Wikipédia: economista gaúcho e membro do Conselho de Administração do grupo RBS, afiliado da Rede Globo no Rio Grande do Sul. Então com qual autoridade Ioschpe escreve sobre educação?

O colunista é participante e fundador de diversas ONGs ligadas à educação como o Compromisso Todos pela Educação e membro dos Conselhos do Instituto Ayrton Senna, Instituto Ecofuturo (Grupo Suzano), Fundação Iochpe e Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura. Não tenho conhecimento profundo sobre nenhuma delas, mas isso explica as críticas bastante esclarecidas que Ioschpe faz acerca da situação da educação nacional, pois  sua atuação junto as ONGs somada à sua formação nas ciências econômicas geram uma concepção estrutural sobre a educação brasileira.


No artigo "Se eu fosse prefeito" (clique aqui!), o economista discorre sobre algumas poucas ações que poderiam fazer a diferença diante de tantas promessas de campanha. Iochpe, fundamentalmente defende mudanças que façam a diferença no processo de comunicação dentro da estrutura escola em diversos níveis, talvez um dos maiores problemas pelo menos da instituição em que trabalho, particular.

- Forjar alianças: perfeito! "A maioria da população acha que a escola do filho é boa e não demanda melhorias. Os sindicatos de professores e funcionários, muito numerosos, só aceitam mudanças que envolvam maiores salários e menos trabalho". Há uma diversgência entre diversos setores da sociedade sobre a educação, levando a pouca movbilização. Não por acaso, as escolas com os melhores resultados nas avaliações nacionais em todos os segmentos são particulares. a sugestão de Ioschpe de dispor na entrada da escola a pontuação no IDEB é bastante interessante, no pouco tempo que trabalho como professor percebi que alguns estudantes reconhecem atitudes incorretas quando se chama sua atenção em aula, mas, quando a estratégia não funciona, a exposição dessas atitudes incorretas para a classe é bastante efetiva.

 Intervir no que acontece no dia a dia das salas de aula: o modelo chinês apresentado tem sido de maneira bastante tímida, até pela disponibilidade de tempo dessas reuniões, aplicado em reuniões de área na instituição escolar para qual trabalho, com resultados senão efetivos na atuação dentro da sala de aula, ao menos como estímulo e reflexão para outros professores. Não raramente, a troca de experiências entre professores intermediada por diretores, coordenadores ou assessores, é entendida como cerceamento da liberdade pedagógica do docente, estimulando a competitividade entre os próprios docentes. Essa mentalidade se explica parcialmente pela falta de estabilidade profissional da categoria a despeito das leis trabalhistas, mas sobretudo por uma mentalidade sindicalista pseudo esquerdista dos docentes que consideram a si próprios como mais importantes do que a própria disciplina ministrada, que o segmento com o qual trabalha, do que a instituição para que trabalha e, sobretudo, para o estudante que educa, pois, em alguma medida, a uniformização de algumas práticas peremitem que se estabeleça maior controle sobre o processo educativo, facilitando intervenções reparadoras sobre o mesmo.

- Fazer monitoramento constante e intervenção rápida: sobre a atuação do decente em tarefas de casa, e Iochpese foca bastante na área de exatas, o sentido da palavra "exercício" é ainda mais próximo ao sentido literal, o maior entrave são as lições desafiadoras. Talvez a grande crise do sistema educacional hoje possa ser resumida a uma única palavra: curiosidade. Uma música de uma das minhas bandas favoritas, Pain of Salvation, sintetiza minha concepção:

"We believe it's personality,
but it's really sexuality.
We put faith in love and honesty,
but the stuff that makes our history and sets us free
is curiosity."


Cada vez mais o encanto do aluno se perde à medida que o interesse por outros assuntos fora da escola se multiplicam, sobretudo com o desenvolvimento de novas tecnologias, muitas vezes não assimiladas, ou assimiladas com uma mentalidade obsoleta pela escola. Intervir rapidamente é ainda menos complexo do que encantar um estudante e pouco se discute esse encantamento.

- Ter diretores qualificados em todas as escolas: diante da realidade de escola particular, pouco posso afirma acerca da atuação dos diretores que em geral se mostram muito presentes, sobretudo junto às famílias, mas ainda estão encarregados de muitas responsabilidades administrativas. O que mais interessa nesse ponto é o quanto se responsabiliza o professor pelo processo educativo, deixando de lado a atuação da família, monitores, coordenador, diretor, e até certo ponto, auxiliares, faxineiros, bedéis. A escola é uma instituição educacional e o deve ser em todos os aspectos. Iochpese refere-se, e com bastante propriedade, à escola pública, que diante da estrutura burocrática de cargos públicos muitas vezes não consegue selecionar profissionais comprometidos com a aspecto pedagógico da sua profissão, mas com a estabilidade financeira que essa profissão oferece.

- Focar a alfabetização: mais do mesmo, tanto português quanto matemática são a base sobre as quais todas as outras disciplinas se fundam, daí a grande dificuldade dos estudantes em química e física, que tratam de maneira ainda mais profunda a interepretacão de enunciados (português) e a resolução de problemas (matemática).

 - Criar e comunicar expectativas altas:  gosto do ditado "Não sabendo que era impossível, ele fez". Baixas expectativas evitam frustrações, mas geram imobilidade.


Uma última reflexão, talvez um tanto quanto preconceituosa: requer muita habilidade e adaptabilidade para que um colunista ligado a duas das maiores instituições de comunicação do Brasil, como a Rede Globo e a revista Veja, seja capaz de escrever com tanta autoridade. Ainda não o vi escrever sobre educação e comunicação de massa, mas é preciso reconhecer seu mérito.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

"Batatinha quando nasce..."

Mais uma do livro de Morris West "Salamandra", dessa vez de outra personagem, também muito interessante: Bruno Mazini, partizan no final da Segunda Guerra Mundial procurando uma identidade política para a Itália durante a Guerra Fria (algo retratado com genialidade por Ettore Scola no filme "nós que nos amávamos tanto"). Termina essa semana, e como todo bom livro, as personagens já deixam saudades antes de se depedirem...



"Mas a liberdade é um estado de espírito raro. O povo tem que aceitá-la, tem de ser preparado para ela. E este país está apenas meio preparado, e em alguns pontos, não tem praparação alguma. Muitos preferem a tirania à liberdade, porque os tiranos podem se corrompidos, ao passo que a liberdade exige uma inocêrncia rigososa, uma batalha como a de Santo Antônio com os demoônios... Eu não sou inocente, nem você."

Morris West

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Avanti squadra Palestrina! - Contratações 2013

Dia 7 de janeiro de 2013 foi o marco de um ano que parece ser sombrio dentro da Sociedade Esportiva Palmeiras...

As primeiras notícias sobre o clube que vi na TV após voltar a São Paulo depois de uma viagem de férias, foram a reapresentação do meia chileno Jorge Valdívia e a despedida do volante Marcos Assunção. O comentário de um repórter da Bandeirantes no Jogo Aberto presente na reapresentação do chileno afirmou: "O torcedor do Palmeiras pode se preparar pois essa não será uma temporada fácil", ele perguntou ao meia Valdívia na entrevista coletiva que deu depois de reapresentar-se atrasado ao Palmeiras se ele valia o salário que o clube estava pagando a ele.

Definitivamente uma pergunta provocativa, mas que todo torcedor alviverde gostaria de ouvir respondida...



No mesmo dia, Marcos Assunção se despedia depois de longas negociações sem sucesso com o clube, negociações que se iniciaram o meio de 2012 e se prolongaram até o triste 7 de janeiro de 2013.


Como qualquer pessoa com o mínimo de bom senso, não necessariamente um torcedor do Palmeiras, é indiscutível entre os dois, qual o jogador mais importante do elenco palmeirense, sob diversos aspectos Marcos Assunção leva vantagens: condições físicas (Assunção com 36 anos, Valdívia com 29 anos), condições técnicas (Assunção jogou 48 jogos marcando 10 gols, Valdívia jogu 35 jogos marcando 3 gols), liderança, entre tantos outros. Como se justifica a opção por Valdívia ao invés de Marcos Assunção?

Inicialmente, a falta de entendimento se deu por questões finanaceiras, o que não se sustenta, uma vez que o volante pediu um suposto aumento salarial para receber 380 mil reais mensais (Clique aqui!) enquanto o meia chileno recebe 430 mil mensais.Para garantir a manutenção dos interesses dos proprietários do jogador, entre eles muitos diretores e conselheiros do clube, o clube usou como justificativa a falta de aprovação do COF, o Conselho de Orientação e Fiscalização do Palmeiras, conselho criado para conter os desmandos financeiros cometidos desde a administração Beluzzo, todas as negociações financeiras deveriam ser aprovadas pelo conselho (diga-se de passagem, muitos dos responsáveis por esses desmandosfazem parte como membros efetivos, entendo que sejam membros vitalícios, desse conselho como Luiz Gonzaga Belluzzo e Mustafá Contursi).

Porém, no recente caso da proposta pelo jogador argentino Riquelme, o COF, controlado por membros da oposição e candidatos à presidência de 2013, afirmou que deve punir o presidente caso o negócio se concretize, pois isso fere o estatuto do clube (Clique aqui!). Com a necessidade de aprovação do COF, um novo poder se instaura no clube e as mudanças estatuárias que serão votadas dia 19 de janeiro perdem sua força política pois somente dizem respeito à Diretoria Executiva.

 No site do Palmeiras é possível ver as pautas da votação do dia 19 de janeiro (Clique aqui!)

 1-) ELEIÇÕES DIRETAS
A partir de novembro/2014, o Presidente e os Vice-Presidentes da Diretoria  Executiva passarão a ser eleitos pelos associados (voto direto)
(   ) Concordo  (  ) Não Concordo

2-) ALTERAÇÃO DA DATA DE POSSE DA DIRETORIA ELEITA
A posse da Diretoria Executiva eleita (Presidente e Vice-Presidentes) ocorrerá no dia 15 de dezembro ou cinco dias após a realização da última partida oficial de futebol profissional no ano.
(   ) Concordo  (  ) Não Concordo

3-) INSCRIÇÃO DOS CANDIDATOS POR CHAPAS
Os candidatos aos cargos da  Diretoria Executiva (Presidente e Vice-Presidentes) se inscreverão reunidos em CHAPAS, ao invés de inscrições individuais.
(   ) Concordo  (  ) Não Concordo

4-)ESTABELECIMENTO DE QUÓRUM DE APROVAÇÃO DAS INSCRIÇÕES DE CHAPAS
Para aprovar as inscrições das chapas será necessário  um quórum:
(  ) Concordo com o quórum de 15% dos Conselheiros presentes na reunião do Conselho Deliberativo

(  ) Concordo com o quórum de 20% dos Conselheiros presentes na reunião do Conselho Deliberativo

(  ) Não Concordo

5-) O QUE FAZER SE NÃO HOUVER QUÓRUM DE APROVAÇÃO DAS CHAPAS?
Se não houver a obtenção do quórum de aprovação das chapas, será iniciado novo processo de aprovação das chapas, com os mesmos candidatos.
(   ) Concordo  (  ) Não Concordo

6-) QUAL O QUÓRUM DE APROVAÇÃO SE HOUVER SOMENTE UMA CHAPA INSCRITA?
Se houver somente uma chapa inscrita, o quórum de aprovação da inscrição da chapa será de 50% +1 dos votos dos associados
(   ) Concordo  (  ) Não Concordo

7-) O QUE OCORRE SE HOUVER MAIS DE 50% DE VOTOS BRANCOS OU NULOS?
Havendo mais de 50% de votos brancos ou nulos, haverá convocação de nova Assembléia Geral, no prazo de quinze dias, para a mesma chapa concorrer à eleição. A não obtenção da votação mínima na segunda Assembléia Geral, ensejará o início de novo processo de escolha das chapas, para nova submissão à Assembléia Geral
(   ) Concordo  (  ) Não Concordo

8-) O ASSOCIADO DEVERÁ TER SIDO CONSELHEIRO POR QUANTOS ANOS,  PARA PODER CANDIDATAR-SE AOS CARGOS DA DIRETORIA EXECUTIVA?
Para se candidatar aos cargos da Diretoria Executiva (Presidente e Vice-Presidentes), os candidatos deverão ter exercido mandato efetivo no Conselho Deliberativo:
(   ) Concordo com o requisito de cumprimento de 4 anos de mandato efetivo no Conselho Deliberativo

(   ) Concordo com o requisito de cumprimento de 8 anos de mandato efetivo no Conselho Deliberativo

(  ) Não Concordo

9-) TRANSFERÊNCIA OBRIGATÓRIA DE TODAS AS INFORMAÇÕES À GESTÃO ELEITA
Torna-se obrigatória realização de transição de todas as informações do Clube, pelos gestores em final de mandato aos gestores eleitos
(   ) Concordo  (  ) Não Concordo

10-) APRESENTAÇÃO OBRIGATÓRIA DE PROPOSTA DE ADMINISTRAÇÃO
Torna-se obrigatória a apresentação de proposta de administração pelas Chapas, no ato da inscrição para os cargos da Diretoria Executiva, com disponibilização eletrônica de seu teor aos associados, mediante solicitação
(   ) Concordo  (  ) Não Concordo

Ainda mais impressionante é a postura pouco profissional de Alberto Strufaldi, presidente do COF, que afirmou ao jornal Estado de São Paulo que "Se fosse o Messi, a gente respeitava. Mas o cara já tem 34 anos, não joga faz tempo (desde a final da Libertadores) e ainda fecharia por três temporadas. Tem tudo para dar errado". Não que não concorde com a opinião do presidente, mas se essa determinação em "respeitar" a contratação de Leionel Messi, poderia também ser aplicada a Marcos Assunção.

Acho que o mundo acabou definitivamene em 2012 e esqueçeram de me contar...

Per favore non me rompere i coglioni...

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

"Batatinha quando nasce..."

A propósito da postagem de ontem... Linda música, lindo vídeo... Um pouco romântica... Em especial: "Now life devalues day by day/As friends and neighbours turn away/And there's a change that, even with regret, cannot be undone"

A Great Day For Freedom
Pink Floyd

On the day the wall came down
They threw the locks onto the ground
And with glasses high we raised a cry for freedom had arrived

On the day the wall came down
The Ship of Fools had finally run aground
Promises lit up the night like paper doves in flight

I dreamed you had left my side
No warmth, not even pride remained
And even though you needed me
It was clear that I could not do a thing for you

Now life devalues day by day
As friends and neighbours turn away
And there's a change that, even with regret, cannot be undone

Now frontiers shift like desert sands
While nations wash their bloodied hands
Of loyalty, of history, in shades of gray

I woke to the sound of drums
The music played, the morning sun streamed in
I turned and I looked at you
And all but the bitted residue slipped away...slipped away


No dia em que o muro veio abaixo
Eles jogaram os cadeados no chão
E com as taças erguidas nós gritamos pois a liberdade havia chegado

No dia em que o muro veio abaixo
O Navio dos Tolos finalmente atracou
Promessas incendiaram a noite como pombos de papel em vôo

Eu sonhei que você havia me deixado
Sem calor, nem mesmo o orgulho sobrou
E mesmo que você precisasse de mim
Ficou claro que eu não poderia fazer nada por você

Agora a vida perde valor a cada dia
À medida que amigos e vizinhos partem
E há uma mudança que, mesmo com arrependimento, não pode ser desfeita

Agora fronteiras mudam como areias dos desertos
Enquanto nações lavam suas mãos ensanguentadas
De lealdade, de história, em tons de cinza

Eu acordei aos sons de tambores
A música tocava, o sol da manhã entrava
Eu me virei e olhei para você
E tudo menos o resíduo amargo fugia... fugia

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Midiofobia - Hollande e a guerra

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,hollande-e-a-guerra-,984367,0.htm
Data: 15 de janeiro de 2013

Depois da aquisição de mais um animal de estimação, no meu caso de muito pouca estima e muito mais de ação, estou cada vez mais ansioso para retornar às aulas. Muitas coisas mudarão esse ano e ainda que isso cause um pouco de ansiedade e inseguraca, ainda é muito melhor do que permanecer em casa.

Escrevo sobre a volta pois leio as notícias no jornal e acho que cada vez mais será difícil falar sobre política para adolescentes de 8º ano com as últimas reviravoltas na França: os franceses elegem um candidato politicamente socialista, mas de orientação liberal que legaliza a união homossexual (e com isso a adoção por casais homossexuais) diante de protestos do povo (estatísticas mostram segundo notícias do Estado de São Paulo que a sociedade está bastante dividida acerca do tema, alguns institutos de pesquisa apontando mesmo uma divisão precisa de 50% contra e 50% a favor) e enquanto isso uma política pós colonialista no Mali procura legitimação nos centros de poder internacionais como a ONU.

 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Eug%C3%A8ne_Delacroix_-_La_libert%C3%A9_guidant_le_peuple.jpg. Legenda: Eugène Delacroix (1798–1863) "La Liberté guidant le peuple" ou "A Liberdade Guiando o Povo" (1830)

Fonte: http://80ssoundtracksaor.blogspot.com.br/2010/06/rocky-iv-score-2010.html. Legenda: uma das capas do filme Rocky IV, de Silvester Stallone (1985).

 
Fonte: http://www.amigodecristo.com/2012/11/casamento-gay-causa-protestos-contra-e-a-favor-na-franca.html. Legenda: protestos dessa semana contra a união homossexual na França aprovada pelo presidente Fraçois Hollande dia 14 de janeiro.

Mesmas posturas, diferentes bandeiras. Acho que essa três imagens são bastante relevantes para se pensar a França atual: o povo se omvendo diante de interesses da burguesia francesa acabando com séculos de dominação religiosa desde Carlos Magno e os francos até o absolutismo do Rei-Sol, Luís XIV, no século XVII;  a submissão ao liberalismo anglo-norte-americano Tatcher(ela estava internada no início do ano, o que será dela hoje?)/Reagan nos anos 80 brilhantemente caracterizado por Silvester Stallone (sinceramente um dos diretores senão brilhantes no que diz respeito à concepção artística, brilhante no que que diz respeito à comunicação em massa) e os protestos dessa semana, uma imagem simbólica de protestos contra essa liberdade pela qual tanto se lutou durante tanto tempo...

Já li algumas vezes e ouvi na rádio Estadão (digno de nota: uma pena o fim da parceria Estadão/ESPN, ainda mais triste o fim da radio ESPN... Estou procurando a rádio Bradesco para suprir minha carência de esportes no rádio, mas a equipe da ESPN é excelente. Mais notícias esse portal de imprensa me pareceu bastante interessante. Clica aqui!) o jornalista Gilles Lapouge, enviado especial do Estadão a Paris, noticiando notícias do Velho Mundo e achei bastante interessante sua opinião no dia 15 de janeiro: a situação do Mali preocupa a França não por um ressurgimento de um suposto neoneocolonialismo como Lapouge afirma num determinado momento, mas pelo que afirma no final do artigo "Por que Hollande entendeu que era necessário salvar o Mali? O Mali é um país imenso, miserável, semidesértico, no centro do Sahel. Faz fronteira com Argélia, Mauritânia, Senegal, Guiné, Costa do Marfim, Burkina Fasso, Níger. Todos esses países são permeáveis. Suas fronteiras são mal fiscalizadas. Seus governos são fracos (exceto Argélia e Senegal). No caso de o Mali ser submetido à lei de ferro do islamismo, o vírus poderá atravessar as fronteiras e ser criado um império islâmico numa área imensa do continente africano. A partir daí, o terror poderá ser exportado e atacar, quando necessário, o Mediterrâneo e a França."

Essa mesma conclusão é atingida por Vicky Huddlestone (o Estado de São Paulo não cita a fonte da notícia em seu site! Quem escreve é Vicky Huddlestone, embaixandora norte americana, e quem publica é o New York Times) em artigo no jornal de hoje (Clique aqui!) sempre ocupada em determinar por que o Mali interessa de um ponto de vista bastante ianque.

Como representou com genialidade (nunca vou me cansar de escrever isso) o Coringa de Heath Ledger (muitos vídeos estão no Youtube para conferir sua filosofia do terror) no filme "Batman Cavaleiro das Trevas" de Christopher Nolan, o terror é o grande inimigo da da cristandade ocidental no século XXI, como um câncer que é gerado dentro do sistema até consumí-lo completamente. Aliás o cinema tem retomado essa ideia recorrentemente desde "Matrix", passando por "Batman Cavaleiro das Trevas", recentemente com "Os Vingadores" e um dos melhores filmes de James Bond "007 - Skyfall", porém, antes de todos eles Marx afirmava já no Manifesto Comunista que todo sistema carrega dentro de si a semente da sua própria destruição.


Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:William_Merritt_Chase_Keying_up.jpg. Legenda: "Keying Up - the Court Jester" (1875) de William Merritt Chase, pintor norte-americano do início do século XX. O bobo da corte, imagem na qual se inspira o Coringa de Batman, era uma personagem relativamente comum na Europa medieval contratada para entreter a nobreza, podendo através do humor criticar o poder vigente.

Há uma confusão no que o Coringa de Ledger diz no filme com a realidade: o discurso da persongam é de anarquia, mas não se trata apenas de anarquia, se trata de terror, palavra escrita em maiúscula depois do ataque de 11 de setembro às Torres Gêmeas. O discurso esquerdista dos anos 90 de que as guerras ao redor do mundo tratavam de disputas por recursos naturais, sobretudo petróleo, já não vale mais, até porque essas guerras por recursos se consolidaram no anos 8o quando a URSS já falida não podia mais competir economicamente com os EUA que instalaram autocratas por todo o Oriente Médio e norte da África. Nos primeiros anos do século XXI essas autocracias se rebelaram como Saddan Houssein e Osama Bin Laden, e a sua estratégia foi o Terror.

Talvez um dos maiores responsáveis pela ausência de preocupação com os recursos naturais, não do ponto de vista ecológico, pois nenhuma das conferências ambientais - como a Eco 92 realizada no Rio de Janeiro - foram conclusivas, mas do ponto de vista econômico, talvez a única forma de efetivamente atuar para mudança nos padrões de consumo desses recursos, é o cientista indiano Rajendra Kumar Pachauri, que fraudou resultados de pesquisas científicas no IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) para comprovar o derretimento dos pólos e um colapso climático que colocaria em risco a humanidade.

Fonte: http://wevelostcontrol.com/2011/10/25/thomas-hoepker-911-from-brooklyn/. Legenda: foto de Thomas Hoepker do atentyado às Torres Gêmeas visto do Brooklin.

Sobre a África, essa ideia já circula há muito tempo na mídia, mas ainda a força da propaganda com os bordões "faça sua parte"ao estilo Coca-Cola impedem uma reflexão crítica: "Pelo amor de Deus! Parem de ajudar a África!". Parece simples aceitar a ideia de James Shikwati como forma de se livrar da responsabilidade moral que temos enquanto membros da cristandade occidental em ajudar a África (Clique aqui!), verdadeiramente nossa civilização é a grande responsável pelo caos reinante nos países africanos e tentar "ajudar"só tem fortalecido as relações entre instituições (sobretudo de petroleiras, mineradoras, e farmacêuticas) e autocracias tribais. Fechar os olhos não seria simples, mas abrí-los demais como no caso de Ruanda não tem contribuído para a autonomia africana.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

"Batatinha quando nasce..."

Apesar de todas as tentativas desesperadas de escrever algo durante as férias, apesar de tentar, em vão, manter alguma disciplina para escrever nas férias, esse período tem se tornado, a cada ano mais, momento da suspensão de toda rotina, seja ela profissional, seja ela particular.

A rotina garante uma segurança incômoda.

Depois de alguma insistênca de minha última avó, resolvi ler um de seus autores favoritos, o australiano Morris West, best seller com "As Sandálias do Pescador" e "O Advogado do Diabo" (que ganhou uma versão cinematográfica com Keanu Reeves e Al Pacino em 1997). Alguns elementos particulares contribuiram para a habilidade de West em contar uma boa história como ter viajado muito durante toda a vida, a rígida formação religiosa e seu rompimento com ela - aliás, arrisco-me a dizer que rompimentos com a religião produzem seres humanos cada vez mais interessantes - e a participação no exército australiano durante a Segunda Guerra Mundial (agradecimentos especiais ao oráculo Wikipédia).

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=dcR047m8_bU


Seu estilo de escrita direto e objetivo, permeado de muito diálogos, revela algo que cada vez mais tem se pedido na literatura: a capacidade de contar uma boa história.

Estou lendo um livro chamado "Salamandra" que se passa na Itália pós Segunda Guerra Mundial, na qual o país, como muitos outros durante a Guerra Fria, flertava com perspectivas ideológicas diversas mergulhando em conflitos internos, observando com muita astúcia está Dante Alighieri Matucci, que, trabalhando despojado de qualquer emoção política, se torna um investigador extremamente eficiente do SID (Servizio Informazione Difesa). Matucci investiga a morte de uma general simpatizante do regime fascista temendo que o fato desencadeie um golpe de Estado, descobrindo conspirações e intrigas de potências estrangeiras interessadas no futuro político da Itália.


West viveu na Itália e no Vaticano durante um período de sua vida e talvez escreva com tanta propriedade sobre o país, apesar de não ser italiano de nascença, minha percepção, pelo que leio e estudo, e talvez um dia veja com meus próprios olhos, é de uma Itália, e talvez mesmo de um panorama político mundial, retratada à perfeição até os dias de hoje pelas palavras de outra personagem muito interessante, o Diretor do SID

"É uma homem presunçoso, Coronel. Contudo, posso perodá-lo porque também sou presunçoso, com frequencia e em demasia. Sou presunçoso quanto à minha família, quanto à minha forutna e quanto a considerar-me um produtos de todas as aliaças feliz e infelizes de nossa história. De certo modo,  sou um homem de ontem, mas també a Itália é um país de onttem tanto quanto hoje. Construimos nossas casas sobre túmulos, levantamos nossa prosperidade sobre ruínas, monumentos papais e gênios dos antigos mortos. Nossas leis são uma mistura de disparatas de justiniano, do Código de Direito Canônico, de Napoleão, de Mussolini e de fundadores dos Estados Unidos. Nossa nobreza é uma salada de velhas famílias e dos arrivistas posteriores, enobrecido pela Casa de Savóoia. Em politica, somos marxistas, monarquistas, socialistas, liberais, fascistas e democratas-cristãos - oportunistas todos! Somos os melhores homens de negócios e os piores burocratas do mundo. Somos uma nação de anticlericais e há séculos manobramos a Igreja Católica. Proclamamos uma democracia republicana federal e temos em cada província um continente à parte. O país de cada homem é a miserável aldeia que por acaso nasceu... Agora, você meu caro Coronel, quer que eu lhe diga os fins que tenho em vista e para onde estou encaminhando o Serviço de Informação de Defesa... Deixe-me inverter a questão e perguntar o que era que você faria se estivesse no meu lugar, como um dia poderá estar se tiver frieza e habilidade suficientes e estiver dispostoa pagar o preço que terá que ser pago... Não tem resposta? Então aqui está a minha. Os nossos problemas não serão resolvidos por uma eleição, por uma coligação de partidos ou pela vitória de um sistema sobre o outro. Somos mediterrâneos, Coronel. Somos, quer isso nos agrade, quer não, uma mistura mestiça de gregos, latinos, fenícios, árabes, celtíberos, vikings, visigodos e dos hunos de Átila. Vivemos, como há séculos estamos vivendo, num equilíbrio precário de interesses de tribos e de famílias. Quando o equilíbrio se quebra,, ainda que ligeiramente, murgulhamos na desordem a na luta civil. Quando essa luta, se torna sangrenta para todos nós, pedimos trégua, e um libertador, que pode ser a Igreja, um salvador pessoal ou, o que é mais patético de tudo, políticos e burocratas tão ensanguentados e confusos como todos nós. Os espanhóis, os gregos e os portugueses recorreram a ditadores. Os árabes se livraram das potências coloniais e as substituíram por autocratas locais. Nós os italianos, experimentamos um ditador e reduzimos a democracia a cacos. Agora, não sabemos o que queremos. Eu? Não sei o que o povo quer. Não posso nem julgar o que os tolerará. Em vista disso, manejo informações e situações para manter as coisas em equilíbrio, tanto quanto me for possível. Não quero uma ditadura e não quero o marxismo. Tenho certeza de que a espécie de democracia que temos é instável demais para durar. Mas, aconteça o que acontecer, tentarei fazer o que vier o mais tolerável possível. A política é a arte do possível. A política mediterrânea é a arte do impossível, e eu compreendo isso mais do que a maioria. Você está preocupado com Leporello, mas não tem provas contra ele, e eu nao vou antagonizá-lo no momento exato em que podemos precisar dele. Está preocupado com a Salamandra que, confesso, não faz sentido ainda para mim. Quer fazer uma investigação livre? Concordo com isso, mas compreenda, Matucci. Quando eu começar a me mover no tabuleiro, o rei serei eu, e você passará a simples peão. Serve assim?"