terça-feira, 16 de abril de 2013

Midiofobia - Uma primavera vaticana

Antes tarde do que nunca... Bem... Antes tarde com certeza... Nunca só se tiver ficado muito ruim...

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,uma-primavera-vaticana,1003634,0.htm
Data: 2 de março de 2013

Verdade que demorei bastante para escrever sobre o novo papa. Mas sempre fico receoso ao escrever sobre religião, além de sofrer uma ressaca midiática (em absolutamente TODAS as reportagens sobre o argentino Jorge Mario Bergoglio um jornalista comenta que o nome foi escolhido em homenagem a São Francisco I, pior ainda não especificam qual Francisco, se o de Assis ou Xavier, imagino que devam existir ainda outros santos chamados Francisco). Por isso pensei bastante ao escrever algo sobre a sucessão do papa Bento XVI.


Fonte: http://tlm-md.blogspot.com.br/2013/01/st-francis-of-sales-bishop-confessor.html.
Legenda: imagem de São Francisco de Sales, mais um entre tantos Franciscos da Igreja Católica... Esse é francês, nascido em 1567 e morto em 1622. Milagre? Segunda a Wikipédia "na exumação dos seus restos mortais [em 1632, ou seja, dez anos depois de sua morte], seu corpo encontrava-se em perfeito estado e inclusive com elasticidade nos braços, e ao mesmo tempo uma fragrância doce emanava de seu túmulo" e " aceitou em sua casa um jovem com dificuldade de audição e criou uma linguagem de símbolos para possibilitar a comunicação", milagres repetidos por Lênin e tantos educadores de surdos.

O melhor artigo que li sobre o assunto foi publico no domingo dia 2 de março no suplemento Aliás do Estado de São Paulo escrito por um sacerdote alemão chamado Hans Küng (para ler clique aqui).

A análise comparativa entre o sacerdócio do bispado de Roma e o movimento da Primavera Árabe me parecem extremamente razoáveis, até porque com a Santa Sé se atualizando como vem fazendo, constando inclusive casos de vazamento de dados secretos, como o caso do Vatileaks, nada mais natural que a madre igreja passasse pela sua Primavera Árabe também...

Apesar de não ser católico e já ter sido em algum momento da vida uma pessoa mais religiosa, tenho alguma reflexões sobre essa, que é uma das maiores insituições do mundo atual.

Existe muito debate acerca do que pretendia Jesus, chamado, o Cristo (o salvador) quando estabeleceu as bases do catolicismo no início do que se convencionou chamar século I, numa perpectiva bastante cristã (outras culturas como os povos autóctones dos continentes americanos, asiáticos e europeus tiveram sua forma peculiar de contar o tempo, religiões como o Islamismo e o Judaísmo seguem seus próprios calendários, mesmo revolucionários duranteo século XVIII e XIX como franceses durante a Revolução Francesa de 1789 e russos durante a Revolução Russa de 1917 alteraram seus calendários contrariando a organização do tempo cristão). Alguns afirmam que Jesus nunca quis efetivamente instituir uma religião, o que do ponto de vista da teoria da história faz bastante sentido...

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Calendrier-republicain-debucourt2.jpg
Legenda: Calendário da Primeira República Francesa, elabora do 1791. Segundo os franceses Jesus nasceu em Primidi de Nivosi de -1791 da década II, já para os hebreus em 3761 de Theveth 18, por fim entre os afegão em -622 Jadhi 11. Vale a pena ver esse conversor de calendários. Clique aqui!

Numa aula simples de introdução à teoria da história se aprende o quanto a escolha de documentos determina a história, como a tradução desses documentos determina a história, como a data em que se escreveu e o autor desses documentos determina a história, a interpretação que se faz desses documentos determina a história... Ao longo do tempo, diversas disputas se deram em todos esses campos, só para exemplificar parte dos livros do Antigo Testamento cristão formam a Torá judaica, porém em cada um das religiões alguns livros foram descartados e adicionados, um filme hollywoodiano interessante sobre o assunto chama-se "Stigmata".
 
Outro exemplo é da interpretação ds escrituras. Existe um campo do conhecimento específico dentro da Igreja Católica que trabalha com interpretações das escrituras associando essas escrituras, já produzidas por autores desconhecidos, em momentos desconhecidos, com tradições orais. Todas as grandes religiões tem seu conhecimento estruturado semelhantemente, talvez o livro de Matheus não se refira a uma instituição:

"TAMBÉM TE DIGO QUE TU ÉS PEDRO, E SOBRE ESTA PEDRA EU EDIFICAREI A MINHA IGREJA" (Mt.16,18)


A eleição de um papa que perpetue o monopólio da interpretação das escrituras e controle do conhecimento como é a Cúria Romana a que se refere o texto de Kung, significa a manutenção de uma perpectiva religiosa muito mais de opressão do que propriamente de libertação religiosa. Interessa muito mais entender as limitações impostas pela Cúria Romana, pelos dogmas católicos, pelos interesses políticos na eleição de um papa em um país emocionalmente abalado e pronto para abraçar uma salvação do que procurar na figura de Jorge Mario Bergoglio, como tem feito a mídia, um herói que conseguirá durante o pontificado banir com sua espada de fogo os males do mundo.

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