domingo, 9 de março de 2014

"Minha batatinha quando nasce..."

Graduação

vento a rasgar rio de pedra negra
cativeiro de vidro aço e ar refrigerado
nós escravos brancos buscamos monções nossointerior

afluindo a um braço de chão batido despontam vales verdesmeraldas
entre árvores chamuscadas cinzas do último inverno
cintilam garoa fina um último refúgio

contudo sol mergulha na ressaca do dia turvo e pouco
a pouco também desperta sombras
trilha de pólvora sangue e suor farinha de mandioca e carne seca

enquanto olhos brilhantes afrontam o manto furtivo
uma lágrima ultramarina entre sardas deita
mechaspúrpuras sonham quente sobre ainda pedra

até repentinamente um motim

tempo verme entranhadonos consome lento
esperanças cercas brinquedo pneus fotografias
sem perceber devorando por fim

liberdade.

Silêncio

madrugada

silhueta errante caminha no quarto crescente pálido
cabelos anelados longos galho nas mãos
riscam na terra orvalhada

terra do

nunca

então vivemos
sem fé sem lei sem rei
parasempre jovens
eternamente perdidos

Autoria própria

Nenhum comentário: