sexta-feira, 31 de julho de 2009

"Play it again, Sam..."

Engenheiros do Hawaii - 3ª do plural

Corrida pra vender cigarro
cigarro pra vender remédio
remédio pra curar a tosse
tossir, cuspir, jogar pra fora
corrida pra vender os carros
pneu, cerveja e gasolina
cabeça pra usar boné
e professar a fé de quem patrocina

Eles querem te vender, eles querem te comprar
querem te matar, de rir ... Querem te fazer chorar
quem são eles?
quem eles pensam que são?

Corrida contra o relógio
silicone contra a gravidade
dedo no gatilho, velocidade
quem mente antes diz a verdade
satisfação garantida
obsolescência programada
eles ganham a corrida antes mesmo da largada

Eles querem te vender, eles querem te comprar
querem te matar, à sede...eles querem te sedar
quem são eles?
quem eles pensam que são?

Vender... Comprar... Vedar os olhos
jogar a rede contra a parede
querem te deixar com sede
não querem nos deixar pensar
quem são eles?
quem eles pensam que são?

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Carta aberta aos meus ex-alunos - alea jacta est!


Autoria reprodução
Fonte: http://www.slapsticon.org

Na última terça-feira, dia 28 de julho de 2009, embasados pelos estudos de propagação do vírus H1N1 entre crianças e adolescentes realizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Secretaria de Educação de São Paulo conjuntamente com a Secretaria de Saúde do estado suspenderam o início das aulas na rede pública do estado de São Paulo até o dia 17 de agosto. Recomendou-se que também a rede particular suspendesse o início das aulas, e com isso, meus futuros ex-alunos, só nos encontraremos na próxima semana.

Confesso que novamente senti saudades, particularmente nessa última semana enquanto preparava as salas de aula para o retnor de vocês na próxima segunda-feira.

Com isso, temos mais tempo para planejar os próximos dois bimestres, surgem assim muitas reuniões e à medida que participo do dia-a-dia da escola percebo quanta hipocrisia é preciso para consolidar o processo educativo de vocês. Às vezes me questiono se ainda sofro de certo "idealismo juvenil", ainda estranho a alguns de vocês, quando faço críticas tão contundentes, ou ainda, se, em aceitando a maneira com que as condutas se processam dentro da instituição, ainda acredito que as mesmas poderiam ocorrer de maneira mais humana.

A maneira com que boa parte da direção e coordenação mediam suas relações com outros funcionários da escola como professores e assistentes por si só já se mostra completamente discrepante com a proposta educacional. Como se pretende cobrar de vocês atitudes que nem mesmo a própria direção da escola é capaz de ter como escutar respeitosamente a um argumento ou atender a um pedido de por favor? Cada vez mais me parece que Curley, Larry e Moe desempenhariam funções pedagógicas mais efetivas do que tenho presenciado nas últimas semanas.

Ainda que talvez reste algum resquício desse "idealismo juvenial", minha vivência já demonstrou que não é inteligente insurgir contra autoridades constituídas, ainda que você mesmo tenha sido lesado por essa hipocrisia. Mais uma vez "alea jacta est!" ou "a sorte está lançada", famosa frase supostamente proferida pelo general romano Júlio César quando cruzou o rio Rubicão na fronteira norte junto à Gália (atual França), violando o território de Roma e iniciando a última guerra do primeiro trinvirato romanopor volta de 60 A.C., composto por Crasso, Pompeu e César.

Da mesma maneira que Roma antiga experimentou dois triunviratos para depois tornar-se um Império no qual todo poder centralizava-se na figura augusta do César, será que também a estrutura administrativa dessa instituição escolar com três direções distintas também não está condenada a lutar até que um golpe centralize todo o poder?



Autoria reprodução
Fonte: http://mnms62.wordpress.com/

Enquanto generais sentam-se confortavelmente hipócritas atrás de suas mesas, suas legiões morrem nos descampados da Gália...

terça-feira, 28 de julho de 2009

Imagem da semana


Autoria Doug Savage

domingo, 26 de julho de 2009

Midiofobia - Em meio a epidemia, estudantes de Medicina deixam hospital de Passo Fundo

Fonte: Zero Hora
Data: 22 de julho de 2009

Autoria markjarvisphotography
Fonte: http://www.flickr.com/photos/markjarvisphotography/2934442453/
Legenda: Grafite londrino na Leake Street

O flagrante da repórter Marielise Ferreira do jornal Zero Hora se deu na cidade de Passo Fundo, uma das atingidas pela nova variação da gripe A, H1N1: cerca de 50 residentes de medicina da Universidade de Passo Fundo abandonaram seus postos no Hospital São Vicente.

Até o dia da reportagem, 22 de julho de 2009, o hospital atendera 1.125 casos relacionados à gripe, 57 casos suspeitos, entre os quais o de três médicos e três enfermeira da própria instituição, e confirmara três mortes relacionadas ao influenza A H1N1. O diretor médico do hospital Rudah Jorge desabafou "Nem preciso comentar como vai fazer falta".

Na sociedade em que vivemos atualmente a informação é um artifício muito importante, senão determinante, para a existência prática do ser humano, e, ainda que a terceira revolução industrial disparada com o pós-guerra e guerra fria tenha realizado progressos notáveis no que diz respeito à comunicação, nossa capacidade de informa-se está cada vez mais susceptível a arbitrariedades como a manipulação da informação por grandes conglomerados empresariais multinacionais como as empresas do cidadão Rupert "Kane" Murdoch.

Lembro-me que certa vez me revoltei com um e-mail denunciando irregularidades em projetos de lei que tramitavam pela câmara dos deputados, e, indignado escrevi a diversos deles. Um desses deputados dignou-se a responder-me como bom servidor público, desmentindo as acusações através de links do portal da câmara dos deputados (http://www2.camara.gov.br/) que demonstravam o arquivamento daquele projeto de lei. Entre suas frases, aquela que mais me chamou a atenção foi: "Vocês consomem qualquer informação divulgada pela mídia".

Desculpei-me, sugerindo que a câmara dos deputados criasse um portal para debater o que está em pauta nos grandes órgãos de mídia do país, pois um povo que não dialoga com seus representantes governistas se mantém refém, mas não obtive resposta.

Desse dia em diante passei a checar as informações, sobretudo aquelas que recebo por e-mail, tanto na internet como telefonando, replicando a meus interlocutores de modo a demonstrar as inconsistências daquilo que repassam. Existem sites muitos interessantes a respeito desses mitos divulgados pela Grande Rede, quando receber um e-mail suspeito pesquise as palavras-chaves no google e divirta-se!

Esse episódio me evidenciou a complexidade de fazer uma afirmação categórica com base em informações divulgadas pela mídia. Entretanto, parece-me que o relatado na reportagem não é uma notíca e sim um fato bastante factível considerando a declaração do diretor médico do hospital e talvez até o absurdo do comportamento desses residentes.

Não sou uma pessoa religiosa, ao menos não no sentido institucional da palavra, mas alguns trechos de Livros Sagrados contém "verdades práticas", "verdades objetivamente saudáveis" para a vida cotidiana independente se essa ou aquela instituição religiosa possui uma "verdade doutrinária".

"Quem achar sua vida perde-la-à; e quem perder a sua vida, por amor de mim, acha-la-à" (Mt 10:39)

Considerando que primeiro e maior mandamento de Jesus foi "amar ao próximo", então esse trecho do evangelho de Mateus é bastante interessante. Não que os 50 residentes de medicina da Universidade de Passo Fundo estejam condenados ao fogo do inferno, mas terão que viver à sombra de sua consciência por contribuirem para precarização do atendimento médico que lhes foi confiado através do conhecimento adquirido ao longo do ensino superior.

Falando em termos práticos, toda escolha profissional envolve uma ética, muitas vezes legalizada como é a ética médica, a quebra com esse compromisso deve resultar em punições igualmente legais. Só relembrando...

Juramento de Hipócrates - tradicional juramento feito por todos os fomando de Medicina.

"Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higéia e Panacéia, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.

Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva.

Conservarei imaculada minha vida e minha arte.

Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.

Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados.

Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.

Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça."

Hipócrates

Autoria deconhecida
Fonte: http://pro.corbis.com/
Legenda: retrato de Hipócrates 460-370 a.C., famoso médico grego

Corram crianças porque ainda há tempo para fugir, ainda que não exista espaço...

sábado, 25 de julho de 2009

Entre gringos...




Autoria própria

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Entre gringos...




Autoria própria

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Midiofobia - Um herói para chamar de seu

Fonte: Estado de São Paulo
Data: 21 de junho de 2009


Autoria Dave Gibbons/Alan Moore
Fonte: http://inspirationoflyric.files.wordpress.com
Legenda: Dr Manhattan, um dos heróis da renomada graphic novel de Alan Moore e Dave Gibbons, Watchmen

O artigo de meia página da geneticista e assessora de relações institucionais da FUNDEP (Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa), Andrea Kauffman Zeh, está num dos melhores cadernos dominicais entre os jornais paulistanos, o "Aliás" do Estado de São Paulo.

A periodicidade do jornal não dá conta da análise de notícias sob uma perpectiva de médio e longo prazo, relegando essa função a outras publicações como revistas. A iniciativa dO Estado de São Paulo com o caderno "Aliás" é publicar artigos confeccionados por especialistas e jornalistas que dialoguem tanto com as notícias mais relevantes como com o formato jornalístico, tornando sua leitura ainda mais interesante; além de destinar espaços para as frases e imagens mais marcantes da semana, enquetes com os leitores, humor publicado semanalmente por Tutty Vasquez, destaque especial para a última página "Um retrato de..." contendo reportagens sempre muito interessantes como a do dia 21 de julho, "A Letra da Lei" sobre o juiz Márcio Moraes, que, novato à época, foi convocado para presidir a ação movida pela viúva de Vladimir Herzog contra o Estado. numa decisão inédita, Moraes responsabilizou o poder público pela morte do jornalista, atestando que sua prisão fora ilegal por não contar com ordem expedida por uma autoridade competente, além de invalidar o laudo atestando suicídio por não contar com a presença de dois peritos no momento da autópsia e valorizar os depoimentos dos jornalistas Rodolfo Konder e George Duque Estrada detidos no DOI-Codi juntamente com Herzog confirmavam que este fora torturado.

Voltando aZeh, a autora explora o conceito de heróismo segundo Charles Darwin: "aquele disposto a sacrificar a sua vida, como muitos selvagens fazem em vez de trair seus companheiros, frequentemente não deixando descendentes para herdar sua nobreza". Segundo Darwin, seria perfeitamente lógico morrer pelos filhos, uma vez que se está defendendo a própria sobrevivência genética, mas morrer pelos outros seria contraproducente do ponto de vista evolutivo; já o o biólogo Lee Dugatkin, acredita que o heroísmo se desenvolveu entre as primeiras organizações de tribos nômades para preservar ao menos parte do seu pool genético.

Polêmicas à parte, a afirmação do naturalista inglês é algo perturbadora: primeiro porque determina geneticamente a nobreza do caráter heróico; não que eu atribua a um deus a distribuição do caráter heróico entre os homens, mas também não possuo competência técnica para essa discussão, talvez uma mesa de bar na companhia de uma grande amiga leitora de Richard Dawkins pudesse me esclarecer. Segundo porque faz questionar quais características nos têm selecionado, considerando que o meio em que vivemos não são mais as inóspitas planícies africanas nas quais dividimos terreno com animais selvagens.

Refletindo me parece essencial imergir nossa cultura de início de século XXI: é possível afirmar que, apesar de boa parte dos países desenvolvidos do mundo apresentarem taxas de natalidade negativa, a perpetuação da espécie está ligada ao bem estar físico proporcionado pelo sucesso financeiro. Se esse sucesso é determinante, então a evolução têm selecionado aqueles que se adaptam a um sistema de consumo que privilegia características bastante discutíveis moral e eticamente como a exploração indiscriminada dos recursos naturais pela China sustentada por um discurso ideológico visando manter a coesão da cultura capitalista na qual vivemos.

Em determinado ponto de seu artigo, Andrea afirma que "a gêmea maligna" do heroísmo é a brutalidade, citando a filósofa alemã Hannah Arendt acompanhando o julgamento de Adolf Eichmann, um responsáveis pelo genocídio judaico na segunda guerra mundial. A esse propósito, a autora relata o experimento de Stanford, algo similar ao filme inspirado em fatos reais A Onda (do original The Wave) do diretor e documentarista norte-americano Alexander Grasshoff, filmado para a TV em 1981:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Experimento_de_aprisionamento_de_Stanford

Em inglês, mais completo e com maior número de referências:

http://en.wikipedia.org/wiki/Stanford_prison_experiment


Autoria reprodução

Por fim, entre as muitas questões que fica em aberto, uma das mais intrigantes é: se o heroísmo é antiproducente do ponto de vista biológico, em que medida a história da espécie humana não é determinada por atos heróicos como o sacrifício de Giordano Bruno na fogueira da Santa Inquisição por defender o heliocentrismo copernicano? Talvez quem determine o heroísmo não seja a ação do homem em si, mas o que oo outros homens fazem dessa ação, afinal, os papas, santos representantes da igreja católica, que convocaram o concílio de Trento para reorganizar a Santa Inquisição tinham como objetivo o heróico banimento dos hereges.

domingo, 19 de julho de 2009

Imagem da semana


Autoria desconhecido

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Citações

"Tudo é possível contanto que se seja suficientemente insensato"

Orson Welles

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Imagem da semana


Autoria Ilya Yefimovich Repin
Fonte: http://commons.wikimedia.org/

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Midiofobia - Nossa, como eles sofrem

Fonte: Veja
Data: 03 de junho de 2009

Em entrevista concedida à repórter Juliana Linhares da revista Veja São Paulo, o psicanalista Contardo Calligaris fala sobre seus estudos acerca da condição psíquica do homem na sociedade contemporânea, numa palavra, Calligaris procura compreender como “o homem passou a não saber mais como ‘ser homem’”.

Segundo o psicanalista italiano radicado no Brasil, o homem encarna, a partir do século XIX, dois papéis sociais que lhe permitiram exercitar sua virilidade: o papel de provedor e o papel de aventureiro. Com as conquistas femininas, e feministas, de espaços tradicionalmente masculinos nas últimas décadas, a mulher vem ascendendo social e culturalmente como provedora, disputando, ainda que de maneira desigual, colocações profissionais e tornando-se financeiramente responsável pelo núcleo familiar.

Com isso, o homem, que se colocava como aventureiro enfrentando heroicamente o cotidiano profissional, passa a sentir-se incapaz de exercer seu poder e procura satisfazer sua necessidade de auto-afirmação viril em outras aventuras como esportes e sexo, pois, segundo Calligaris, ao contrário da mulher, o homem não tem capacidade de apreciação da vida simples, “eles [os homens] se relacionam muito mal com essa vida cotidiana”.

Assim, o homem passa a questionar qual seu novo papel, e “isso é uma coisa que quase todos os homens gostariam de saber”, uma vez que “ele [o homem] não toca nem de perto a constelação de imagens que culturalmente constituem o universo de figuras masculinas com a qual sonhou”.

Antes de mais nada, devo pontuar que sou admirador da inteligência de Contardo Calligaris: aprecio sua coluna semanal publicada pelo jornal Folha de São Paulo às quintas-feiras, na qual o psicanalista promove reflexões muito interessantes acerca dos fatos noticiosos divulgados amplamente pela mídia e representações artísticas tais como o cinema, o teatro e a literatura entre outros. Ao término da leitura não pude deixar de surpreender-me, primeira e novamente com o profissionalismo e sensibilidade de Calligaris ao construir esse modelo de homem contemporâneo com o qual já flertara algumas vezes antes de conhecer o trabalho do psicanalista; em segundo lugar, com o tom desafiador, quase cínico, com que a jornalista Juliana Linhares conduz a entrevista.


Autoria Belmiro de Almeida (1887)/Acervo do Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
Fonte: http://commons.wikimedia.org
Legenda: Arrufos, de Belmiro de Almeida, 1887

Justamente por identificar-me com os estudos Calligaris em desenvolvimento desde a década de 80, gostaria de fazer algumas reflexões que julgo interessantes.

Possibilidades biofisiológicas

Ainda que essa não seja exatamente minha especialização, parece-me que a construção do papel masculino na organização social e cultural tem raízes mais profundas se considerarmos a questão do ponto de vista antropológico e evolutivo, pois os ancestrais masculinos da espécie humana gozavam de certas adaptações biofisiológicas que lhe permitiram maior vigor físico, determinando-lhes funções ligadas ao papel de provedor e aventureiro como a caça e proteção do bando. Assim, talvez esses papéis não sejam somente construídos culturalmente sob a roupagem de preconceitos fabricados ao longo do século XIX, mas talvez segundo certas especificidades biológicas enraizadas há milhares de anos e que permanecem latentes.

Ascendência da mulher

Certa vez um professor da faculdade disse-nos que se tivessem feito a ele a mesma pergunta que fizeram ao renomado historiador inglês Eric Hobsbawn, quando lançou seu livro A Era dos Extremos, uma leitura muito interessante sobre a história do século XX – “Qual a imagem que sintetiza o século XX? – ele nos disse que responderia imediatamente – “Uma mulher”. Hoje compreendo o que quis dizer com isso, pois o desastre das duas primeiras guerras representam não apenas o fracasso do homem enquanto espécie, mas do homem enquanto gênero, pois à medida que trincheiras se enchiam de homens mortos, desfigurados e aleijados, as mulheres, pela primeira vez em séculos deixavam o lar, lutavam na frente de batalha mais importante das guerras: produção de alimentos e água, fabricação de armamentos e munições, preparação de medicamentos entre tantos outros.


Autoria reprodução

Assim, com o fim da segunda guerra mundial e a divisão do mundo em dois grandes blocos políticos durante a guerra fria, o gênero feminino mais consciente da sua importância passou a reivindicar maior autonomia dando início a inúmeros movimentos de caráter emancipacionista. Com a queda do muro de Berlim o mundo se “reunificou” num grande bloco de consumo, no qual as mulheres encontraram oportunidade de exercer a recém conquistada autonomia, não por reconhecimento da mesma, mas por uma lógica de mercado que, demandando competitividade, ou seja, redução do custo final do produto para o consumidor, preferia empregar mulheres a baixos salários a homens.

O homem e o século XXI

Por fim, me parece que o assunto investigado pelo psicanalista Contardo Calligaris merece mais seriedade do que “nossa, como eles sofrem”.


Autoria reprodução/J. Howard Miller
Fonte: http://finneyfrock.files.wordpress.com/
Legenda: pôster norte-americano produzido durante a segunda guerra mundial conhecido como Rosie the Riveter.

Trata-se de uma transformação social e cultural profunda e complexa da espécie humana, tanto para o gênero masculino como para o gênero feminino, pois papéis enraizados antropológica e culturalmente estão se resignificando, o que deveria merecer senão nossa consideração ao menos nosso respeito.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

"Play it again, Sam..."

Engenheiros do Hawaii - Ninguém = Ninguém

Há tantos quadros na parede
Há tantas formas de se ver o mesmo quadro
Há tanta gente pelas ruas
Há tantas ruas e nenhuma é igual a outra
Ninguém = ninguém

Me encanta que tanta gente sinta
(se é que sente) a mesma indiferença
Há tantos quadros na parede
Há tantas formas de se ver o mesmo quadro

Há palavras que nunca são ditas
Há muitas vozes repetindo a mesma frase:
Ninguém = ninguém
Me espanta que tanta gente minta
(descaradamente) a mesma mentira

São todos iguais
E tão desiguais
uns mais iguais que os outros

Há pouca água e muita sede
Uma represa, um apartheid
(a vida seca, os olhos úmidos)
Entre duas pessoas
Entre quatro paredes

Tudo fica claro
Ninguém fica indiferente
Ninguém = ninguém
Me assusta que justamente agora
Todo mundo (tanta gente) tenha ido embora

São todos iguais
E tão desiguais
uns mais iguais que os outros

O que me encanta é que tanta gente
Sinta (se é que sente) ou
Minta (desesperadamente)
Da mesma forma

São todos iguais
E tão desiguais
uns mais iguais que os outros
São todos iguais
E tão desiguais
uns mais iguais...
uns mais iguais...