quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Midiofobia - Sobre o que não escrevi...

Minha experiência com a escrita e a história demonstram cada vez mais que escrever é uma das maneiras mais intensas de presentificação, porque fossiliza o presente em raridade a ser reconstruída com a calma e a técnica indispensáveis à materialidade científica, mas também com a paixão e o virtuosismo inexoráveis da alma etérea que a partir de si reconstrói o passado enquanto presente para lhe fazer sentido futuro... E desde que o tempo é tempo, vem destruindo o futuro e com ele o presente que um dia foi e sempre será, de agora em diante, passado... (estou influenciado pela sublime morte do poeta modernista Augusto Frederico Schmidt na minissérie "JK" interpretado por Antonio Calloni, alguns poemas dele estão em http://www.revista.agulha.nom.br/afs.html, o meu preferido até agora é: "Vazio")

Não pretendo escrever sobre esse assuntos que considero tão relevantes mas não posso deixar de citar ao menos um deles: a eleição e posse de atual presidente Dilma Roussef. Apesar de depender muito do PMDB para governar, um partido comprovadamente ao longo da história pouco confiável, sobretudo no momento em que seu maior expoente, o ex-governador de São Paulo, Orestes Quérica falece, abrindo espaços para novas lideranças como Michel Temer, a eleição da primeira mulher para a presidência do país, ainda que pelos motivos errados como programas de transferência de renda e não exatamente a consciência de igualdade entre gêneros, é, do meu ponto de vista uma grande conquista.

Autoria: José Cruz/ABr
Fonte: Agência Brasil
Legenda: Sarney ainda precisa de uma década no governo, além de cantar mal, errou a letra do hino nacional...

É preciso que em nome do bem do país que o PSDB e mesmo supostos aliados do governo, mais do que todos conscientes do quanto o inchaço da máquina pública onera o contribuinte inflacionando a economia, aprendam a fazer o papel de oposição e não de opositores, como fizeram ao trabalhar até o final de dezembro para aprovar covardemente seus próprios aumentos salariais de mais de 60%, enquanto agora, no ano seguinte, defendem apaixonadamente um aumento do salário mínimo em nome do povo quando realmente a aprovação serve como moeda de troca para cargos políticos de segundo escalão.

Aos interessados segue o link com a sessão em questão: http://www.camara.gov.br/internet/ordemdodia/ordemDetalheReuniaoPle.asp?codReuniao=24969. Não é possível ouvir os discursos proferidos na sessão, as faltas ou os votantes, com tudo isso, me pergunto o quanto as ferramentas de acesso ao exercício pleno da democracia foram fabricadas para uso do demos, como é possível perceber na linguagem jurídica, que se confunde entre um avanço na luta pelo estado de direito e um entrave semântico na construção da democracia popular no Brasil.

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