quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Avanti squadra Palestrina! - adeus a Barcos...

Na realidade minha proposta era fazer outras postagens, mas o golpe no estômago que senti quando o atacante argentino Hernan Barcos foi anunciado como novo reforço do Grêmio tornou essa mais urgente, apesar de ainda não ter aceitado a saída de Barcos do elenco do alviverde Parque Antártica.

Na tarde de ontem recebi uma mensagem dizendo que havia grande possibilidade de Barcos deixar o Palmeiras, inicialmente imaginei que se traava de mais uma proposta como tantas que surgiram no final de 2012, todas negadas pelo atacante, mas ao acessar site de esportes vi a confirmação: o negócio entre o Palmeiras e o Grêmio esta muito próximo de ser concretizado envolvendo a troca do atacante pelo zagueiro Vilson, e possivelmente os volantes Léo Gago e Rondinelly, além dos atacantes Marcelo Moreno e Leandro (apenas por empréstimos até o final de 2013), além de R$ 4 milhões.

A primeira reação é a de torcedor, que pelo que tenho acompanhado, é a única emoção que muitos são capazes de ter: revolta. Não faz sentido, depois de tantas propostas no ano passado, Barcos abandonar o Palmeiras resistindo às pressões econômicas de tantos clubes, sobretudo, se transferindo para um clube que durante os anos 90 foi o grande rival do alviverde, como na Libertadores de 1995 naqueles 5 x 0 no Olímpico seguido de um 5 x 1 no Parque Antártica.



Porém, se efetivamente Barcos não estivesse interessado em permanecer no Palmeiras poderia ter deixado o clube nates da queda para a série B, poderia ter feito isso também após o encerramento da temporada passada, a permanência do atacante até essa semana demonstra que efetivamente o sentimento de carinho que Barcos declara pelo clube se justifica, afinal foi graças às suas atuações no Palmeiras (que particularmente acredito serem muito mais mérito do próprio jogador do que propriamente do time que facilitou sua atuação) que o atacante realizou um de seus sonhos, jogar na seleção argentina.

A justificativa do argentino de pensar na sua carreria apontam outro fator incompreensível para o torcedor (por mais que torça para o Palmeiras é preciso aceitar o fato), mas verdadeiramente, a ascenção técnica de Barcos é muito superior ao time que disputa a série B. O atacante Hernan Barcos possui 28 anos de idade, está no augue de sua forma física e, caso não se destaque como um jogador de renome mundial dentro de dois ou três anos, já terá idade demais para ser competitivo suficiente para um grande time da Europa ou mesmo para a seleção argentina. Como todos que trabalham, Barcos deseja uma melhor posição profissional e o cumprimento das obrigações contratuais do empregador, uma vez que a Sociedade Esportiva Palmeiras atrasou três meses de salário do argentino (cerca de R$ 1,5 milhões) (clique aqui!). Quem posdse trabalhar sem receber salário, ou quem não trocaria uma empresa que oferece um bom salário, mas não cumpre com suas obrigações financeiras por outra que o faz?

Isso sem dúvida não justifica as declarações ignorantes de Mauro Martins, pai e empresário do jogador Marcelo Moreno, que sentiu-se incomodado com a atitude do Grêmio envolvendo seu filho e investimento num negócio sem ser consultado, e acabou direcionando essa insatisfação ao Palmeiras, que na minha opinião poderia estudar a possibilidade de processar o empresário. Está mais do que justificada a revolta do goleiro Marcos no facebook (clique aqui!).

Fonte: http://blogdojuca.uol.com.br/
Legenda: triste, mas nada mais verdadeiro...

Aliás, alguns comparam Barcos a Marcos, goleiro, idolo do verdão, que se aposentou recentemente, contudo, se tratam de contextos diferentes: o atacante é argentino, não foi formado na base do clube e ainda não viveu seu auge como jogador, enquanto Marcos veio da base alviverde, venceu a Copa Libertadores da América em 1999 e foi campeão da Copa do mundo de futebol da FIFA em 2002 (sendo eleito terceiro melhor goleiro do mundo).

Então qual a grande revolta da torcida palmeirense? Quando era mais novo assistia  aum seriano no SBT chamado "Um maluco no pedaço", no original "Fresh Prince of Bel-Air", com Will Smith ainda bem jovem. A história era de um jovem negro da periferia de Los Angeles, Califórnia que se mudava para o bairro de classe alta em Bel-Air para morar com so primos, em boa parte dos episódios, a comédia se focava em dois pontos: a dificuldade de Will em se adapatar à sociedade de Bel Air sendo o "primo pobre", e sua superioridade em relação ao primo Carlton em esportes e questões práticas da vida, como relacionamentos.


Num dos episódios, Will se destaca como o melhor jogador de basquete da escola, liderando o time às finais do campeonato estadual, e, é claro, o primo Carlton tomado de inveja põe tudo à perder na grande final. Uma cena que me marcou bastante nesse episódio foi a orientação do técnico do time no intervalo da grande final: todos se concentram em torno do treinador que, e perguntando a cada um dos jogadores se entenderam sua função em quadra conclui sempre com a mesma frase: "... e passa pro Will!" - algo como:
- "O que você faz?"
- "Eu driblo o primeiro marcador..."
- "... E passa pro Will!"

Barcos era o Will do Palmeiras, era quem sempre, ou quase sempre, poderia surpreender com uma jogada que resultassse em gol e vitória como fez tantas vezes. Sem um jogador diferenciado como Barcos, o torcedor perde, em menos de três anos, referências não apenas de bom futebol, mas referências emocionais do time como Marcos, que se aposentou, Valdívia, que se mostra pouco comprometido com o clube, Kléber gladiador, que enfrentou a direção e técnico, Marcos Assunção, que foi ignorado na renovação de seu contratao pela última administração, Felipão, que afirmou ficar no clube mesmo se fosse rebaixado, e agora Barcos... Talvez o que de pior as últimas administrações tenham feito tenham sido acabar com essa referências emocionais do torcedor...

Me parece que a torcida ao chamar Barcos de "mercenário" quer dizer: "você é a nossa última esperança! Não vá!", ao menos era o que eu gostaria de ter dito. Contudo, afastando o sentimento apaixonado de torcedor, a negociação foi vantajosa para compôr um elenco, ainda mediano na minha opinião, para disputar um bom Campeonato Paulista, Brasileirão e Copa do Brasil, evitando tantas contusões, diferenças salariais (à exceção de Valdívia que também deveria deixar o clube) e disputas internas. O alviverde está se reconstruindo e, querendo ou não, deve se comportar como time em reconstrução como fez o Corinthians quando foi para a segunda divisão.

Per favore non me rompere i coglioni...

Nenhum comentário: