quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Mémoires du Cinemà - Lincoln (2012) (I)

Ficha técnica: http://www.imdb.com/title/tt0443272/


Fonte: http://www.filmschoolrejects.com/news/lincoln-movie-poster-steven-spielberg-daniel-day-lewis.php
Autoria reprodução

Há tanto tempo não escrevo sobre cinema... Não por falta de filmes ou de vontade, talvez simplesmente tenha deixado de me comover com os últimos lançamentos para o cinema... Mas isso se quebrou, primeiramente com Lincoln de Spielberg e o Django de Tarantino, cada um por um motivo diferente...

Vamos ao filme histórico sobre o presidente dos EUA, que sinceramente "mexeu" mais do que a vingança do escravo liberto no sul dos EUA com a ajuda de um alemão.


Antes de mais nada, Lincoln trata de um tema extremamente importante aos norte-americanos: sua própria história. Não me recordo, o que se explicaria por ser um leigo no que diz respeito à sétima arte, de tantos filmes sobre fatos históricos como os filmes norte-americanos, sempre construídos sobre eixos fundamentais da cultura do país. Porém, ainda que eu não seja um especialista em história norte-americana, essa manipulação fica evidente em muitas cenas do filme.

Antes de criticar alguém que já ganhou três prêmios da Academy Awards (Oscar) como melhor diretor, deixe-me enfatizar alguns pontos altos de Lincoln:

Ainda que muitos não reconheçam, por trás de uma boa atuação há um ótimo ator mas também um excelente diretor e uma incrível personagem. A atuação de Daniel Day-Lewis é impressionante por todos esses motivos - Lewis já demonstrou seu talento com dois prêmios Oscar de melhor ator - mas é preciso considerar essa relação íntima entre diretor e ator que tantas vezes produzem atuações espetaculares como o Lincoln de Lewis, ou ainda o Guido Anselmi de Marcello Mastroiani e Federico Fellini em 8 1/2, mas também existem personagens que facilitam grandes atuações, novamente como o Lincoln de Lewis, ou ainda o Hans Landa de Christoph Waltz em Bastardos Inglórios.

 Fonte: http://lauravandevorst.wordpress.com/2011/05/20/crisp-whites-sharp-glasses/
Legenda: Guido Anselmi de Marcello Mastroiani e Federico Fellini em 8 1/2

 Fonte: http://cinefilles.wordpress.com/2012/12/25/oooh-thats-a-tarantino-bingo/film-title-inglourious-basterds/
Legenda:  Hans Landa de Christoph Waltz em Bastardos Inglórios.


Daniel Day Lewis incorpora a mística construída em torno dos presidentes norte-americanos, e especificamente do presidente Lincoln, tão presente ao longo da história do país, talvez reonhecendo a necessidade política dos norte-americanos: um presidente que trabalhou como lenhador e ascendeu contra todas as possibilidades ao cargo político supremo do país, como fez Barack Obama. Talvez falte a Obama a confiança demostrada pela persongem de Lincoln, uma liderança sustentada pela dureza dos traços físicos do rosto anguloso e barba embranquecida pelo peso da responsabilidade mas postura ereta e serena de quem mantém o otimismo se apoiando em citações da Bíblia e histórias bem humoradas. Para os que se interessam, o IMDB tem um link de citações de filmes. Clique aqui!

Outra invariável obra de arte nos filmes de Spielberg é a fotografia, comandada por Janusz Kaminski, fotógrafo polonês que trabalha com Spielberg desde a Lista de Schindler em 1993. É necessário grande habilidade para fotografar um filme como Lincoln que se desenrola dentro do antigos prédios do século XIX onde a luz é um elementos raro que precisa ser utilizado com cautela, a habilidade de Kaminski com a luz e a sombra mesclada à tessitura vermelho-aveludada emoldurada pela solidez sóbria dos móveis maciços de madeira escura fazem o espectador tremer de frio nas tomadas externas. Semana passada, a TV à cabo transmitia um filme sobre a vida de Ernest Hemingway, no qual Clive Owen interpreta o escritor estadounidense, ao qual nem me dei ao trabalho de pesquisar o nome, porém numa cena, o fotógrafo húngaro Robert Capa em meio à Guerra Civil Espanhola dá um conselho a uma jovem sobre como fazer boas fotografias: "Basta nascer na Hungria". Depois de alguns trabalhos de Janusz Kaminski (pouco se fala, mas achei muito boa a fotografia de Munique), eu refaria a frase: "basta nascer no Leste Europeu" (apesar da fotografia ridícula do final do filme Cavalo de Guerra).

Por fim, vale muito a pena o enredo do filme, a discussão é como conseguir votos para aprovar a 13a emenda que acaba com a escravidão nos Estados Unidos da América, mas o drama trata de algo pessoal: Lincoln perdeu um filho quando ainda era uma criança e seu único filho quer abandonar os estudos para servir como soldado durante a Guerra Civil Americana, outro drama bastante atual para a sociedade norte-americana considerando as recentes guerras no Iraque e Afeganistão: é mais importante acabar o mais rapidamente com a guerrra, salvando muitos filhos inclusive o seu próprio filho ou prolongar a a guerra para acabar com a escravidão, e assim evitar a morte e tortura de tantos outros que também são filhos de alguém?

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