Data: 8 de outubro de 2013
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2013/10/1352958-homens-de-bem.shtml
Realmente não escondo a minha preferência pelo Estado de São Paulo em detrimento da Folha de São Paulo, sobretudo no conteúdo de domingo, mas devo reconhecer que os colunistas e quadrinistas da Folha me interessam mais, vale muito a pena ler Gregório Duvivier (clique aqui), que além de humorista está se revelando uma ótimo cronista (existe algo muito próximo entre o cotidiano/crônica e a comédia), Antônio Prata (clique aqui) subretudo nessa fase de aventuras com filhos, o mesmo vale para os quadrinhos de Allan Sieber (clique aqui) também em fase paternal, claro um pouco mais sombria, também tenho lido com frequencia os polêmicos Luis Felipe Pondé (clique aqui) que recentemente escrevi nesse blog, e Contardo Calligaris (clique aqui) cujas dicas cinematográficas são indispensáveis.
Mas particularmente a crônica de João Pereira Coutinho, inspirada num artigo de Gustavo Ioschpe (um pouco elitista, mas ainda sensacional, vale muito a pena ler aqui), sobre o qual também já escrevi nesse blog, me chamou muito a atenção durante a minha rara leitura matinal do jornal. A questão de Ioschope é fundamental: de que vale uma vida ética se isso pode representar, digamos, uma "desvantagem competitiva"?
No Brasil, temos abundantes situações que demonstram que uma postura ética não traz vantagens, basta abrir qualquer revista ou assistir qualquer telejornal, porém, dentro da família (caso de Ioschpe) e da sala de aula, é preciso ensinar a ética aos estudantes. Em algumas famílias, como relata o autor do artigo, a ética é um valor institucional de pais e mães que se transmite por gerações, porém, em sala de aula, essa ética se torna um valor institucional imposto por mantenedores, diretores, coordenadores, professores, assistentes, monitores, assistentes, auxiliares, faxineiras, porteiro, etc, etc, etc.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Atenas
Legenda: Escola de Atenas de Rafel Sanzio. Sempre os gregos...
Especificamente no meu caso, essa diversidade de significações para ética, são ainda aprofundadas diante da necessidade do adolescente de romper com a instituição familiar em busca de sua identidade própria e não encontrar essa identidade através da instituição escolar. Assediado pelos amigos e pela mídia cotidianamente através da tecnologia digital, o adolescente se identifica com a ética de outras instituições como Justin Bieber e Miley Cyrus, e o papel da ética na formação da identidade do homem, num momento extremamente importante de sua vida, se evapora...
Coutinho define bem quando afirma que: "devemos educar os nossos filhos para a virtude? Afirmativo. Ninguém deseja para os filhos a punição exemplar das leis", mas nos coloca outro problema ainda mais importante: ética não é condição de felicidade, então como, ou ainda, o que é, educar eticamente?
Algumas vezes sinto-me conservador quando conduzo minhas relação com meus alunos, afinal, o professor é cotidianamente testado em sua ética, ou ao menos, no que ele entende por ética, quando não aceita uma lição de casa atrasada, quando se posiciona criticamente sobre uma atitude negativa da classe, quando não permite que um estudante entre atrasado em sala de aula, etc. Mas não se trata apenas de conservadorismo, trata-se de manter um equilíbrio entre a concepção de ética da instituição escolar e a concepção de ética da instituição familiar de cada uma dos estudantes, sem com isso deixar sua própria concepção de ética e ainda manter a coerência que garante a harmonia sobre a sala de aula. Explico.
Ainda que contra a minha vontade, temos um cachorro galgo no apartamento prestes a completar um ano de idade. Há alguns meses, iniciamos um adestramento para tentar ganhar maior autonomia em relação ao animal, porém, o adestrador tem insistido em alguns exercícios simples que, entre apenas quatro pessoas não conseguimos cumprir, como por exemplo, não agradar o cachorro quando ele pula sobre nós, pois se trata de reforçar positivamente uma atitude inconveniente.
Mais do que ética, me parece que se trata de ser coerente, o que falta a muitos donos de cachorro e professores. Considerando adolescentes que serão adultos, não ensinar a ética apenas como um instrumento de controle, mas um valor para exercer sua própria liberdade, diferente do que presenciei essa semana quando um grupo de estudantes colocou música alta numa sala de aula e a escola decidiu simplesmente mudar impedir o aceso dos estudantes ao computador alterando a senha de acesso...
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2013/10/1352958-homens-de-bem.shtml
Realmente não escondo a minha preferência pelo Estado de São Paulo em detrimento da Folha de São Paulo, sobretudo no conteúdo de domingo, mas devo reconhecer que os colunistas e quadrinistas da Folha me interessam mais, vale muito a pena ler Gregório Duvivier (clique aqui), que além de humorista está se revelando uma ótimo cronista (existe algo muito próximo entre o cotidiano/crônica e a comédia), Antônio Prata (clique aqui) subretudo nessa fase de aventuras com filhos, o mesmo vale para os quadrinhos de Allan Sieber (clique aqui) também em fase paternal, claro um pouco mais sombria, também tenho lido com frequencia os polêmicos Luis Felipe Pondé (clique aqui) que recentemente escrevi nesse blog, e Contardo Calligaris (clique aqui) cujas dicas cinematográficas são indispensáveis.
Mas particularmente a crônica de João Pereira Coutinho, inspirada num artigo de Gustavo Ioschpe (um pouco elitista, mas ainda sensacional, vale muito a pena ler aqui), sobre o qual também já escrevi nesse blog, me chamou muito a atenção durante a minha rara leitura matinal do jornal. A questão de Ioschope é fundamental: de que vale uma vida ética se isso pode representar, digamos, uma "desvantagem competitiva"?
No Brasil, temos abundantes situações que demonstram que uma postura ética não traz vantagens, basta abrir qualquer revista ou assistir qualquer telejornal, porém, dentro da família (caso de Ioschpe) e da sala de aula, é preciso ensinar a ética aos estudantes. Em algumas famílias, como relata o autor do artigo, a ética é um valor institucional de pais e mães que se transmite por gerações, porém, em sala de aula, essa ética se torna um valor institucional imposto por mantenedores, diretores, coordenadores, professores, assistentes, monitores, assistentes, auxiliares, faxineiras, porteiro, etc, etc, etc.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Atenas
Legenda: Escola de Atenas de Rafel Sanzio. Sempre os gregos...
Especificamente no meu caso, essa diversidade de significações para ética, são ainda aprofundadas diante da necessidade do adolescente de romper com a instituição familiar em busca de sua identidade própria e não encontrar essa identidade através da instituição escolar. Assediado pelos amigos e pela mídia cotidianamente através da tecnologia digital, o adolescente se identifica com a ética de outras instituições como Justin Bieber e Miley Cyrus, e o papel da ética na formação da identidade do homem, num momento extremamente importante de sua vida, se evapora...
Coutinho define bem quando afirma que: "devemos educar os nossos filhos para a virtude? Afirmativo. Ninguém deseja para os filhos a punição exemplar das leis", mas nos coloca outro problema ainda mais importante: ética não é condição de felicidade, então como, ou ainda, o que é, educar eticamente?
Algumas vezes sinto-me conservador quando conduzo minhas relação com meus alunos, afinal, o professor é cotidianamente testado em sua ética, ou ao menos, no que ele entende por ética, quando não aceita uma lição de casa atrasada, quando se posiciona criticamente sobre uma atitude negativa da classe, quando não permite que um estudante entre atrasado em sala de aula, etc. Mas não se trata apenas de conservadorismo, trata-se de manter um equilíbrio entre a concepção de ética da instituição escolar e a concepção de ética da instituição familiar de cada uma dos estudantes, sem com isso deixar sua própria concepção de ética e ainda manter a coerência que garante a harmonia sobre a sala de aula. Explico.
Autoria própria
Ainda que contra a minha vontade, temos um cachorro galgo no apartamento prestes a completar um ano de idade. Há alguns meses, iniciamos um adestramento para tentar ganhar maior autonomia em relação ao animal, porém, o adestrador tem insistido em alguns exercícios simples que, entre apenas quatro pessoas não conseguimos cumprir, como por exemplo, não agradar o cachorro quando ele pula sobre nós, pois se trata de reforçar positivamente uma atitude inconveniente.
Mais do que ética, me parece que se trata de ser coerente, o que falta a muitos donos de cachorro e professores. Considerando adolescentes que serão adultos, não ensinar a ética apenas como um instrumento de controle, mas um valor para exercer sua própria liberdade, diferente do que presenciei essa semana quando um grupo de estudantes colocou música alta numa sala de aula e a escola decidiu simplesmente mudar impedir o aceso dos estudantes ao computador alterando a senha de acesso...


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