segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Guarujá 40 mm



Autoria própria

domingo, 29 de novembro de 2009

Guarujá 40 mm



Autoria própria

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Citações


Autoria Boris Yaro (RickRaven)

"Não tema o caminho da verdade pela pequena quantidade de pessoas andando nele."

Robert F. Kennedy

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Avanti squadra Palestrina! - Campeonato Brasileiro 2009 - 35ª rodada

Talvez seja o ressentimento de um palmeirense que não gostaria de ver o bom time do São Paulo campeão pela quarta vez seguida, mas essa rodada foi muito proveitosa para o Flamengo apesar do empate em 1 X 1 contra o Goiás em pleno Maracanã tomado pelos rubro-negros.

Apesar de parecer ainda em aberto a disputa pelo título, acredito que time flamenguista ainda é mais capaz caso mantenha a concentração apesar das declarações do goleiro Bruno que afirmou que pressão da torcida atrapalhou o time no jogo contra o Goiás. As partidas restantes do São Paulo respectivamente contra o mesmo Goiás e o Sport, serão ambas fora do Morumbi a menos que o STJD aprove o recurso para que o tricolor mande a última partida em casa, serão bastante difícies, já os cariocas encaram repectivamente o Corinthians em São Paulo e Grêmio no Maracanã, sendo que o time gaúcho já declarou que não jogará com seus titulares.

Fonte: http://globoesporte.globo.com

Porém, mais surpreendente que a luta pelo título, a partida entre Grêmio e Palmeiras que terminou 2 X 0 para o time da casa marcou uma tranformação importante na história do clube alviverde de Parque Antártica.

Apesar da imprensa não divulgar essa entrevista, o presidente palmeirense suspenso Luiz Gonzaga Belluzzo declarou ao entrevistador do programa "Provocações" da TV Cultura, Antônio Abujamra, que "não gostaria de ter assumido a presidência do Palmeiras" (http://www2.tvcultura.com.br/provocacoes/programa.asp?progid=439&tipo=novo). Enquanto Belluzzo, após ter sido suspenso por nove meses do futebol assistia confortavelmente o time do Internacional assumir a terceira colocação do campeonato deixando o Palmeiras na incômoda quarta colocação, os ex-jogadores do Palmeiras, Maurício e Obina procuravam novas oportunidades depois de serem demitidos após desentenderem-se no confronto de quarta-feira com o Grêmio.

Quando a maior autoridade de um clube de futebol, o presidente do clube, perde o bom senso ofendendo verbalmente um árbitro ainda que este tenha cometido um erro, me parece que todos seus subordinados, outros profissionais do clube, e mesmo torcedores também sentem-se à vontade para agir de maneira semelhante como fizeram o zagueiro e o atacante palmeirenses e a torcida ao depredar o carro dos jogadores após o jogo contra o Sport, punir ambos é apenas uma forma de isentar o presidente de suas responsabilidades.

Como palmeirense sinto-me envergonhado das declarações do presidente Luiz Gonzaga Belluzzo e da decisão da diretoria em demitir Maurício e Obina.

Per favore non me rompere i coglioni...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Imagem da semana


Autoria Carlos Rúas
Fonte: http://www.umsabadoqualquer.com/

domingo, 22 de novembro de 2009

Citações

"Beleza é algo terrível! É terrível porque não foi explorada profundamente, Deus não nos deixou nada senão charadas. Nela todos os limites se encontram e toda as contradições existem lado a lado"

Fiódor Dostoievsky

sábado, 21 de novembro de 2009

Leica 35 - A. A. J.

A Luz apontava solene ouro entre as telhas pardas das casas humildes do Belém, como se o próprio Tempo se fizesse presente no ocaso, enquanto nuvens incendiavam-se contra o azul profundo abrasadas pelo farfalhar das recém brotadas folhas verde-amareladas saudando a primavera no pequeno largo.

Cálidos desejos vespertinos procuravam melancolicamente o suicídio enquanto o espírito do poente pousava delicadamente sobre uma silhueta corpulenta enegrecida pela Luz - ou seria pelo Tempo? - desdobrada entre uma pequena forma sombria agarrada à sestra e outra esbelta e escalvada - esta sim pelo Tempo - à sinistra, emolduradas pelos batentes ocres escurecidos e os azulejos tisnados de amêndoa no interior da igreja em cuja Luz procurava penetrar.

Leica 35


Fonte: http://www.dpreview.com/

A princípio essa idéia surgia do meu interesse por fotografia, muitas vezes precisei de uma câmera fotográfica para manifestar a arte implícita que cada um carrega dentro de si, mas não a possuia, o que possuia eram meus olhos, ouvidos, nariz, boca, língua, pele e o desejo quase inefável de capturar aquele momento.

Foi então que pensei em fotografar com palavras, pintar através de letras, esculpir com frases tudo o que os sentidos criassem, não para praticar a fluência narrativa mas para libertar minha fluência lírica.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Carta aberta aos meus futuros ex-alunos - notas soltas de uma aula inaugural

Bom dia...

Ainda não nos conhecemos, mas meu nom é P e serei seu professor de história esse bimestre.

Teremos bastante tempo para nos conhecer durante nossas aulas, por isso peço que me concedam essa aula inaugural para falar um pouco sobre nosso curso, mas sobretudo sobre como pretendo conduzir esse curso, afinal, mais importante do que o conteúdo programatico, a maneira como nós, vocês e eu, nos relacionaremos é determinante para melhor aproveitamento das aulas de história.

Em pesquisa realizada recentemente (2007-2008) conduzida pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), constatou-se que o Brasil é o país em que os professores mais disperdiçam tempo dedicado ao ensino com outras atividades. Entre essas outras atividades estão as funções administrativas como preenchimento de diário de classe e reuniões pedagógicas, porém, constatou-se que o professor brasileiro também perde muito tempo chamando a classe à aula.

Assim, queridos alunos, coloquem-se na posição de professor por mais difícil que lhes seja isso, pois afinal, suas preocupações são bastante diferentes das nossas: você tem familiares que dependem de seu salário para manter suas necessidade básicas como alimentação moradia e vestuário, seu salário advém de seu emprego, que no caso, é o de ministrar aulas de história para ensino fundamental. Dessa maneira, seu suceso em ministrar aulas de história está diretamente ligado à satisfação das necessidades básicas não apenas suas, mas também de seus familiares, pessoas com as quais você mantém poderoso vínculos afetivos.

Quando um professor entra em sala de aula e eventual e estatisticamente, como vimos na reportagem a que nos referimos, se depara com alunos que não apresentam um comportamento adequado para o bom andamento de uma aula, imediatamente se vê constragindo a forjar um ambiente adequado para que essa aula suceda. Sem dúvida existem outras variáveis importantes que levam o professor a esse constrangimento como o desejo sincero pela promoção social de seus alunos, o profissionalismo em relação à proposta pedagógica da escola, entre tantos outros.

Enquanto prática, a dispersão de alunos dento de sala de aula tem se tornado objeto de estudo entre os educadores, assim, esses educadores têm desenvolvido metodologias para lidar com a situação, mas segundo me parece, a grande maior parte ainda se divide entre duas alternativas: o medo ou a submissão. Segundo percebo, alguns professores procuram outras maneiras de lidar com a indisciplina como a culpa, a afetividade, a amizade, mas outros métodos tem se mostrado cada vez menos eficazes.

Analisemos brevemente cada um deles: o medo tem sido utilizado desde o surgimento de humanidade como forma de coerção como fez a igreja católica na idade média citando apenas um exemplo. Já a submissão se processa quando professores experientes trabalham em instituições perniciosas nas quais mantém seus empregos sem necessariamente demostrar resultados efetivos no processo de aprendizagem de seus alunos.

Contudo, há mais de quinhentos anos atrás, um pensador florentino chamado Nicolau Maquiavel (1469 — 1527) escreveu e publicou uma obra chamada "O Príncipe", um manual para os usurpadores que buscavam subjugar e submeter as inúmeras cidades italianas do século XVI. A obra de Maquiavel tornou-se tão célebre que mesmo um adjetivo foi cunhado com seu nome: "maquiavélico", que significa "indivíduo ardiloso, pérfido, possuidor de mente treinada em arquitetar friamente atos de má-fé, em que há astúcia, perfídia, dolo".

A grande mudança promovida por Maquiavel foi suprimir a moralidade cristã bastante presente na Europa pós-medieval em detrimento de objetivos mais palpáveis como poder e riqueza. Vejamos alguns trechos d"O Príncipe":

"É melhor ser amado que temido ou o inverso?".


Fonte: http://commons.wikimedia.org/
Autoria Altobello Melone
Legenda: "Retrato de um cavalheiro" (1500-1524), provavelmente Césare Bórgia, de Altobello Melone. Césare Bórgia era o modelo de príncipe no qual Maquiavel se inspirou para escrever sua obra-prima.

"Os homens tem menos receio de ofender a quem se faz amar do que a outro que se faça temer; pois o amor é mantido por vínculo de reconhecimento, o qual, sendo os homens perversos, é rompido sempre que lhes interessa, enquanto o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca te abandona".

"Assim, voltando à questão sobre ser temido e amado, concluo que, como os homens amam segundo sua vontade e temem segundo a vontade do príncipe, deve este contar com o que é seu e não com o que é de outros, empenhandos-se apenas em evitar o ódio como dissemos".

"É preciso entender que um príncipe sobretudo um príncipe novo, não pode observar todas aquelas coisas pelas quais os homens são considerados bons, sendo-lhe frequentemente necessário, para manter o poder, agir contra a fé, contra a caridade, contra a humanidade e contra a religião. Precisa, portanto, ter o espírito preparado para voltar-se para onde lhe ordenarem os ventos da fortuna e as variações das coisas e, como disse acima, não se afastar do bem, mas saber entrar no mal, se necessário."

Não faço aqui uma apologia de Maquiavel, muito menos uma apologia do medo, mas o filósofo florentino tem muito a nos ensinar sobre relações humanas.

Alguma dúvida?

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Avanti squadra Palestrina! - Campeonato Brasileiro 2009 - 35ª rodada

Definitivamente o campeonato brasileiro será decidi entre São Paulo e Flamengo, nem tanto matemantcamente falando, mas pela qualidade de futebol que os dois times tem apresentado nas últimas partidas. Ainda me parece que o sprint do Flamengo nas últimas rodadas é mais consistente, mas o time paulista ainda tem a vantagem de dois pontos e um futebol cosistente mesmo diante do estresse emocional que atinge alguns jogadores André Dias e Hugo apesar de vencer o time do Vitória por 2 x 0 com relativa tranquilidade no Morumbi.


Fonte: http://globoesporte.globo.com/

Por outro lado, há quem diga que o time rubro-negro teria mais vantagens extra-campo como declarou o volante são-paulino Arouca essa semana. Apesar dessa não ser um atitude ética, os cariocas não necessitam de nenhum tipo de ajuda extra-campo, prova disso foram as consistentes vitórias contra o Atlético-MG, adversário direto pela disputa do título, e o Náutico na última rodada. Talvez a lesão de Maldonado modifique a maneira de jogar do time flamenguista, mas até que o Goiás - um dos times que mais caiu de rendimento no segundo turno, mas que contra o candidato a rebaixamento Santo André conseguiu sua primeira vitória 3 X 1 em 49 dias - consiga uma vitória em pleno Maracanã lotado esse domingo, penso que o Flamengo ainda é o candidato mais forte ao título desse ano.

Na luta por uma vaga na Libertadores e talvez ainda em busca do título, o Internacional, depois de uma sequência de jogos sem vitória, conseguiu o placar robusto de 3 X 1 contra o time do Santos, no jogo em que Vanderlei Luxemburgo foi o foco das atenções devido à notícia ainda não confirmada que o treinador dirigirá o time gaúcho no ano que vem. Mais uma vez mais a falta de profissionalismo prejudica o time santista que poderia ter obtido uma posição um pouco mais confortável considerando a força de seu elenco. Empatado com o Internacional, mas sem recuperar a confiança, o Atlético-MG não conseguiu vencer o Coritiba no Couto Pereira, e deverá decidir a vaga pela Libertadores contra os coloradso gaúchos esse domingo no jogo mais emocionante da rodada.

Mais uma vez é digno de elogios o trabalho de Silas à frente do time do Avaí que, a despeito da expulsão do lateral corintiano Balbuena, tem dirigido o time com objetividade e inteligência, além de contar com um dos melhores e mais coesos elencos do campeonato, destaque para os laterais Eltinho e Luís Ricardo, o atacante Muriqui que jogará pela Palmeiras no ano que vem, o meia Marquinhos e o segundo volante Léo Gago. Sem dúvidas o time catarinense, que conseguiu o acesso à série A ano passado, é o destaque do campeonato brasileiro.

Novamente o Palmeiras teve uma péssima atuação, mas dessa vez diante de sua própria torcida. Para o torcedor palmeirense que apesar do preço abusivo dos ingressos prestigiou o time na última quarta-feira a noite, ficou evidente a veracidade das posteriores declarações do goleiro marcos: muitos jogadores não tem se empenhado durante as partidas, porém, o que Marcos não deve declarar e poucos comentaristas comentam é que o posicionamento do time está incorreto, não apenas na defesa, como nas descidas de Dutra do Sport nas costas do lateral Armero, como no ataque.

Como palmeirense apoio o time, apoio os aumentos implementados pelo presidente suspenso Luiz Gonzaga Belluzzo, apoio as alterações táticas do técnico Muricy Ramalho, enfim, apoio ao time, mas como palmeirense minha confiança nesse projeto está esmaecendo...

Per favore non me rompere i coglioni...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Citações

"Todo artista verdadeiro deve, em sua própria maneira, ser um mágico, um charlatão."

Orson Welles

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Mémoires du Cinemà - Bastardos e Inglórios (Inglorious Bastards) - 2009

Ficha técnica:
http://www.imdb.com/title/tt0361748/

Fonte: http://briandlast.wordpress.com/
Autoria reprodução

Juntamente com "Anticristo" de Lars Von Trier e "Budapeste" de Walter Carvalho, o western spaguetti de Quentin Tarantino, "Bastardos e Inglórios", está entre os melhores filmes que assisti este ano de 2009.

Basicamente "Bastardos e Inglórios" trata de vingança, como todos os filmes de Tarantino que conheço. Nesse caso, a vingança de judeus contra seus carrascos nazistas durante a segunda guerra mundial. Essa vingança acontece em duas frentes: a bela Shosshana (nome que em hebraico significa "rosa", interpretada por Mélanie Laurent) que teve os pais assassinados pelo coronel Hans Landa (a interpretação irretocável de Christoph Waltz lhe rendeu o prêmio de melhor ator no fetival de Cannes 2009), e o bando dos Bastardos Inglórios, um grupamento de soldados judeus comandado por tenente norte-americano Aldo "The Apache" Raine (interpretado brilhantemente por Brad Pitt) determinados a arrancar escalpos de nazistas no norte da França ocupada.

Li algumas resenhas e críticas e, invariavelmente todas elas, falavam sobre o processo de maturação artística de Quentin Tarantino em "Bastardos e Inglórios", apesar de não ser cr´tico de cinema, ainda que sonhe em ganhar a vida frequentando salas de cinema e escrevendo, mas penso que não se pode confundir uma crítica técnica com com impressão particular do espectador, isso posto, o filme de Tarantino me parece um marco na sua filmografia. Arnaldo Jabor percebeu a influência do controverso vanguardista da nouvelle vague, Jean Luc-Godard, enquanto Daniel Piza acusou traços do suspense moderno britânico de Alfred Hitcock, e a musicalidade inconfundível do western spaguetti italiano de Sergio Leone.

Porém, deixando a temática objetiva por um momento, a película do diretor estado-unidense trata basicamente sobre cinema.

Diferentemente das outras obras, o diretor não trata de cinema como arte através da peculiar violência pop tarantinesca, como a carnificina de "Kill Bill" quando a noiva (interpretada por Uma Thurman) finalmente encontra Bill (interpretado pelo inesquecível David Carradine) em um jardim japonês com chafarizes de sangue alinhados simetricamente a corpos decapitados, mas Tarantino busca uma nova estética da violência que se manifesta na menos na violência física e mais na violência cultural como na cena final em que Marcel (interpretado por Jacky Ido) utiliza películas clássicas para incendiar o cinema no qual os mais altos oficias nazistas, incluindo o füher, estão assistindo à estréia de gala do filme In Stolz der Nation, que retrata a batalha gloriosa de um soldado alemão contra os aliados guardando um campanário numa cidade ao norte da França.

Desse modo, Tarantino sugere ao espectador que confortavelmente senta numa poltrona de cinema para acompanhar seu último trabalho, que, assim como os carrascos nazistas também ele está assistindo a um filme reconstruindo o passado. Essa percepção de convergência entre a película e a experiência cinematográfica proporcionada pelo diretor me fez pensar se, como faz Marcel, também Tarantino e os "bandidos nazistas", demonizados pela história e pelo passado do qual o cinema é guardião, não pretendem trancar as portas do cinema aguardando o gran finale para incendiar a sala com 35 mm em busca de vingança contra os mocinhos judeus.

Se a história enquanto necessidade de compreeensão do passado foi escolhida por Tarantino para ambientar a trama, essa mesma história enquanto arte é violentada com fogo para encerrar a si mesma. Essa relação com a história seja ela memória, seja ela ideologia, seja ela arte, seja ela, conhecimento, é explorada de maneira bastante intreressante em se fazendo um leitura metalingüística de "bastardos e Inglórios". Particularidades que surgem para um historiador, também Abrahan Lincoln, cuja família era ligada à igreja protestante, mas possuia um nome judeu foi assassinado, não numa sala de cinema mas num teatro, e assim como boa parte dos nazistas que compareceram à estréia de In Stolz der Nation (curiosamente traduzido como "O Orgulho da Nação"), também foi morto a tiros.

Apesar da leitura metalingüística e minha impressão positiva como espectador, "Bastardos e Inglórios" também possui algumas inconsistências.

Enquanto desenrolam paralelamente, o enredo tem muita vitalidade, porém, quando finalmente as tramas da Shoshanna e do tenente Aldo Raine se encontram, e isso também se dá durante a estréia do filme, o enredo parece perder sua vitalidade, uma vez que o paralelismo parace não articular-se para o desfecho do filme. Do ponto de vista do enredo Tarantino foi capaz de produzir muitas personagens poderosas que poderiam desenvolver-se mais, tais como o sargento bastardo Donny Donowitz, conhecido como Bear Jew (interpretado por Eli Roth) por executar os prisioneiros com um taco de baseball a la Babe Ruth, ou o amante de Shoshanna, o negro francês vivendo na Paris ocupada, Marcel.

A despeito da maturidade na condução paciente do enredo através de diálogos que se desenvolvem com refinamento impressionante como a cena de abertura em que o coronel Hans Landa interroga o fazendeiro Perrier LaPadite (interpretado por Denis Menochet) acerca de famílias judias que viviam na região antes da ocupação nazista. A argumentação inteligente ainda que cuidadosamente enquadrada, resulta, e não redunda, em cenas um pouco lentas e longas ainda que necessárias e fundamentais do ponto de vista do enredo e também da estética.

Verdadeiramente, Tarantino não pode ser levado a sério, e nisso reside toda sua genialidade.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Avanti squadra Palestrina! - Campeonato Brasileiro 2009 - 34ª rodada

Gostaria de ter começado a dispor de espaço para escrever sobre futebol quando meu time estivesse numa situação um pouco mais confortável no campeonato brasileiro, porém, com a derrota para o Fluminense na última rodada, acredito que a Sociedade Esportiva Palmeiras não terá muitas oportunidades para se reerguer faltando apenas quatro rodadas para o final do campeonato.

Muitos jornais noticiaram que a 34ª foi uma ótima rodada para o São Paulo. Discordo. O time paulista tem apresentado um futebol capaz e consistente que somente clubes muito bem administrados conseguem apresentar, pois conseguem manter o foco de trabalho durante muitos anos, entre esses clubes, além do São Paulo, o Internacional, que sente muita falta do jogador como Nilmar, um segundo atacante que possa conduzir a bola de frente para o gol, e o Cruzeiro, que a despeito da desclassificação da Copa Libertadores da América no primeiro turno, se firmou no Campeonato Brasileiro como o melhor time do segundo turno até o momento.


Fonte: http://globoesporte.globo.com/

Nesta última rodada, dois jogos foram chave para a tabela: Grêmio x São Paulo e Atlético-MG x Flamengo, no qual os visitantes conseguiram bons resultados. Ao meu ver, o empate entre gaúchos e paulistas foi um ótimo resultado para estes últimos, ainda mais considerando as expulsões do time no segundo tempo do jogo. Mais uma vez o time gremista, que contava com poucos torcedores para um clássico desta importância, perdeu a oportunidade de aproximar-se da zona de classificação da Libertadores.

Apesar da excelente companha celeste no segundo turno, na minha opinião o Flamengo é, entre os grandes clubes, a grande sensação do campeonato: além de neutralizar com inteligência o ataque do alvinegro mineiro marcando Diego Tardelli e Ricardinho, o time carioca atacou com velocidade e eficiência. Depois que Andrade assumiu o time, o rubro-negro carioca vem desenvolvendo mais do que uma identidade, uma coesão digna de um campeão brasileiro se a matemática me permitir contradize-la.

Para finalizar, o erro do árbitro gaúcho José Eugênio Simon no jogo entre Fluminense X Palmeiras ao não validar o gol do atacante alviverde Obina, não justifica as declarações ofensivas dadas pelo presidente palmeirense Luiz Gonzaga Belluzzo, mas compreendo exatamente como Belluzzo sentiu-se ao ver o time perder a liderança após 19 rodadas na liderança, depois de chegar a abrir 7 pontos de vantagem para o segundo adversário, depois de ver um jogo como Santos 1 x 3 Palmeiras...

Per favore non me rompere i coglioni...

sábado, 7 de novembro de 2009

Imagem da semana


Autoria Balakov
Fonte: http://www.flickr.com/

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Tarde em verde clínico...

Ainda é estranho voltar o pensamento à minha ausência em setembro.

Poucos dias antes da notícia do tumor que se desenvolvera no cerebelo de um parente muito próximo, concluia a leitura de "O Estrangeiro" (L’Étranger) do escritor existencialista franco-argelino Albert Camus, no qual a protagonista, Monsieur Meursault é acusado de assassinar um árabe argelino a tiros que investiu contra ele numa praia.

Todo o enredo do livro aponta para o julgamento e condenação à morte de Meursault, porém, a despeito do desfecho, Camus preocupa-se em demonstrar toda complexidade psicológica da protagonista, como está no primero parágrafo, talvez o mais importante para a literatura existencialista, pois aproximou o autor de "O Estrangeiro" do filósofo françês Jean-Paul Sartre:

"Hoje morreu a mãe. Ou talvez ontem, não sei. Recebi um telegrama do asilo: 'Mãe morta. Enterro amanhã. Sinceros sentimentos'. Isso não quer dizer nada. Talvez tenha sido ontem"

Impressionam como Camus traduz em algumas linhas com o homem preocupa-se mais com o tempo do que com a morte, ainda que ambos sejam tão próximos. A partir desse primeiro parágrafo, Meursault nos conduz em primeira pessoa ao seu cotidiano brutalizado pelo trabalho e os dias e sua percepção da efemeridade da vida. Apesar da complexidade manifesta na longa descrição na qual a protagonista dispende todo um domingo fumando e observando a movimentação das ruas e a brevidade com que descreve seu encontro com uma jovem com quem logo depois começa a relacionar-se, literatura de Camus nos conduz não apenas ao obtuso e rústico universo psíquico de Meursault, mas à sua dimensionalidade, espacilidade e representatividade complexas.

Com extrema habilidade, Camus consegue nos tornar apaixonados por Meursault quando o torna um criminoso.




Autoria reprodução (Affendaddy)
Fonte: http://www.flickr.com
Legenda: reprodução da capa do single do conjunto de punk britânico The Cure "Killing An Arab", que contém a música homônima inspirada no livro de Camus.

Apesar das diversas variáveis que influenciaram a protagonista a atirar no árabe uma vez e mais quatro quando este já estava ferido é a frieza diante da morte da mãe é o argumento principal utilizado pelo advogado da acusação para justificar o pedido da sentença de morte de Monsieur Meursault, demosntrando assim que Meursault não pode ser acolhido pela sociedade.


"Como se essa grande cólera tivesse lavado de mim o mal, esvaziado de esperança, diante dessa noite carregada de signos e estrelas, eu me abria pela primeira vez è terna indiferença do mundo. Ao percebê-la tão parecida a mim mesmo, tão fraternal, enfim, eu senti que havia sido feliz e que eu era feliz mais uma vez. Para que tudo fosse consumado, para que eu me sentisse menos só, restava-me apenas desejar que houvesse muitos espectadores no dia de minha execução e que eles me recebessem com gritos de ódio."


Fonte: http://davidcorreiajunior.wordpress.com/

Legenda: Albert Camus, sem data

Não seria capaz de traduzir em palavras o que senti quando tive a notícia sobre o tumor naquele sábado ensolarado e cheio de possibilidades, mas a partir daquele momento senti a indiferença do mundo e toda minha vida mudando.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Citações

"O tempo que você aproveita disperdiçando, não é tempo disperdiçado."

Bertrand Russell