Recoheço que não seria muito justo iniciar postagens para vocês meus futuros ex-alunos com algo negativo, mas não posso evitar em compartilhar um sentimento de culpa que me acompanha desde o final do segundo bimestre. Numa das capacitações internas, um congresso promovido pela própria escola, um professor de biologia, hoje já experiente, compartilhava através do canal da TV escola sua experiência profissional como docente e dizia algo como: você se lembra da sua primeira aula como professor? Eu me lembro, foi inesquecível! Mas sinceramene, espero que meus alunos esqueçam porque na verdade foi uma péssima aula! (...) No início, o professor ensina o que ele não sabe, depois passa a ensinar o que sabe, e por fim, ensina o que é necessário".
Tenho certa repulsa às práticas educacionais da maioria dos pedagogos que conheci, mas reconheço que essa capacitação interna, sobretudo esse vídeo, foi bastante esclarecedor para minha prática enquanto educador, talvez porque pela primeira vez na minha profissão me reconheci nesse sentimento declaradamente comum entre os profissionais da área da educação. A conclusão inevitável desse sentimenteo era que, até aquele momento, todas as minhas aulas ou boa parte delas, não haviam sido tão boas quanto imaginava que deveriam ser.
Como iniciante, me foram confiadas apenas três turmas, sendo duas de 7º ano e uma de 8º ano, vocês meus futuros ex-alunos. Particulamente na área de história, me parece que a matéria ministrada no 8º ano é a mais complexa de todo o curso do fundamental II, pois aborda temas bastante amplos como o conceito de revolução através das revoluções liberais do final do século XVIII, sobre os quais os estudantes iniciam um processo de deduções e inferências para enfim chegar à universalização desses conceitos. Com vocês, minha turma relativamente grande do 8º ano bastante agitada, nos dois primeiros bimestres do ano, tive algumas dificuldades em ministrar essa matéria dentro da disciplina e não pude evitar em reconhecer alguma responsabilidade pelo desempenho aquém do esperado quando ouvi aquele professor de biologia repetindo "espero que meus alunos esqueçam porque na verdade foi uma péssima aula!".
Como educador sei que não devo me abater diante das dificuldades, sei que a instituição de ensino está bancando minha inexperiência, mas como ser humano que sou, e me conhecço suficientemente para afirmar isso, não posso evitar certo desânimo que logo se torna estímulo para continuar. Algumas vezes, meus futuros ex-alunos, gostaria apenas de ser mais humano e menos educador, assim, não seria necessário me fazer desconhecido para dizer que ser humano é ser capaz de perceber suas limitações e superá-las.
Norman Rockwell, uma homenagem à educadora que primeiro me abriu as portas para a educação.

Autoria Norman Rockwell
Fonte: http://www.kiireyblog.com/2010/02/norman-rockwell/

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