segunda-feira, 25 de julho de 2011

Imagem da semana

Autoria Bill Waterson

domingo, 24 de julho de 2011

Curso - Tópicos e desafios em redação - variedade de estilos

Nem sempre é fácil compreender a proposta de um exercício, ou mesmo de um curso completo. Esse exercício visa escrever em diferentes estilos de redação uma narrativa.

“Numa manhã de quarta-feira. Nas intermináveis rampas do Hospital das Clínicas que guiam os visitantes às mais diversas especialidades pelo maior complexo hospitalar da América Latina. Um homem de meia idade com os olhos transfigurados pela dor caminha apressadamente.

No penúltimo andar a linha vermelha como sangue termina. Atrás de um balcão uma jovem gorda e sonolenta diz:

- RG?

Sem dizer nada o homem lhe entrega o documento.

- Voluntário?

Abana a cabeça negativamente.

- Ariadne Dumont de Souza Reis.

- Última porta à esquerda para tomar o lanche antes da doação.

Caminha diretamente para a a primeira porta à esquerda. Entrega sua senha. Teste de anemia e pressão e temperatura e altura e peso e, enfim, entrevista.

- Bom dia sou a doutora Mirian e vou proceder uma pequena entrevista de rotina que é obrigatória para todos os doadores e que visa garantir que o senhor tenha uma boa doação. Alguma pergunta?

Negativo com a cabeça.

- O senhor fuma?

-Não.

- Bebe?

- Não.

- Usa ou fez uso de drogas alguma vez?

- Não.

Uma sucessão de perguntas todas respondidas quase que mecanicamente com “não”.

- Quantas parceiras teve no último ano?

Enfim o homem reage, erguendo a postura encurvada e recuperando o rubor sanguíneo nas faces.

- Bem... Eu acho que apenas uma e... quer dizer, duas na verdade.. mas...

- Desculpe, não entendi. Quantas parceiras o senhor teve no último ano?

- Foi só uma vez e eu usei camisinha e ela disse várias vezes que estava limpa... e nunca iria atrás de sexo pago, mas é que ela nunca quis...

- Senhor, preciso apenas saber quantas parceiras o senhor teve no último ano.

- Isso não é traição! Não é justo ela me abandonar... É que eu estava deprimido e ela tinha viajado e meu filho dormiu na casa de um colega da escola e... e... e eu me sinto tão sozinho...

- Senhor acalme-se, minha pergunta é bastante direta: com quantas pessoas o senhor fez sexo no ano passado?

- Ela não tinha direito de fazer isso... ela é uma criatura sagrada e eu um homem forte... é a nossa vida e não só a dela... não é só dela... é minha... sou eu que deveria estar lá...

- Senhor... O senhor está bem?

- Isso não é um hospital? Não são nos hospitais que vamos quando não nos sentimos bem? Não vê que estou precisando de ajuda?

- Mas é que sou apenas uma residente e meu trabalho é apenas preencher esse formulário. Agora se controle e me diga exatamente: quantas parceiras o senhor teve no último ano?

- Duas... Na realidade... Três...

Caminhando entre portas e corredores, filas e balcões, procurando, como se procurasse a si mesmo, as linhas demarcadas com cores para não perder-se no labiríntico hospital – criação de Dédalo! Desgraça de seu próprio filho Ícaro! – o homem volta às rampas do hospital, parando em frente a uma porta verde com vidros quadrados à altura dos olhos onde pende uma placa branca em letras vermelhas: “Unidade de Internação”.

Entra. Uma enfermeira de pele escura, possivelmente morena, mas vestida toda branco, à exceção das grossas lentes emolduradas por uma armação negra, se aproxima.

- RG?

Sem dizer nada o homem lhe entrega o documento.

- Paciente?

- Ariadne Dumont de Souza Reis."

sábado, 23 de julho de 2011

Citações

"Quem voa depois da morte? É a folha da árvore"

Dito de Tizangara, Mia Couto em "O Voo do Flamingo"

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Curso - Tópicos e desafios em redação - nominais e situacionais

Nesse exercício devemos escrever um texto com passagens nominais e situacionais atribuindo um estilo entrecoretado ao narrador... Não tenho muita certeza que está correto, mas fio bastante exercício tentar fazer isso!

Manhã de segunda-feira. Frio de outono. Chuva de verão. Metrô lotado. Carlos e Maria enfim conseguem chegar ao trabalho:

- Bom dia, Carlos!

- Bom dia, Maria... Café?

- Não, obrigado. Regime.

Pausa. Maria retoma a conversa.

- Sono?

- Noite mal dormida... Quarta-feira de futebol, partida final da Libertadores... Imperdível...

- Quais times?

- Santos e Once Caldas.

- Quanto foi?

- 4 X 2 pro Once Caldas.

Sobre a mesa um jornal. “Santos campeão da Libertadores! Meninos da Vila vencem por 2 X 1 os mexicanos do Once Caldas”. Interrompe a secretária.

- Sra Guttierrez?

- Sim?

- Ligação. Seus clientes do México. Urgente. Linha 4.

- Gracias, Roberta.

Roberta deixa a sala. Silêncio. Carlos fala baixo para Maria.

- Obrigado pela companhia ontem...

- “Azar no jogo, sorte no amor”. Revanche hoje a noite?

- Claro! Que viva México!

Ambos voltam ao trabalho.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

"Batatinha quando nasce..."

“Você não pode esperara pela inspiração. Você deve ir atrás dela com uma clava”

John Griffith

terça-feira, 19 de julho de 2011

Curso - Tópicos e desafios em redação - Documento Monumento Le Goff

Esse foi o primeiro texto que li na faculdade de história, bastante complexo para primeiro ano. O objetvo do exercício é reescrevê-lo de forma a simplificar sem perder a essência...

DOCUMENTO/MONUMENTO

1. Os materiais da memória coletiva e da história

A memória coletiva e a sua forma científica, a história, aplicam-se a dois tipos de materiais: os documentos e os monumentos.

De fato, o que sobrevive não é o conjunto daquilo que existiu no passado, mas uma escolha efetuada quer pelas forças que operam no desenvolvimento temporal do mundo e da humanidade, quer pelos que se dedicam à ciência do passado e do tempo que passa, os historiadores.

Estes materiais da memória podem apresentar-se sob duas formas principais: os monumentos, herança do passado, e os documentos, escolha do historiador.

A palavra latina monumentum remete para a raiz indo-européia men, que exprime uma das funções essenciais do espírito (mens), a memória (meminí). O verbo monere significa 'fazer recordar', de onde 'avisar', 'iluminar', 'instruir'. O monumentum é um sinal do passado. Atendendo às suas origens filológicas, o monumento é tudo aquilo que pode evocar o passado, perpetuar a recordação, por exemplo, os atos escritos. Quando Cícero fala dos monumenta hujus ordinis [Philippicae, XIV, 41], designa os atos comemorativos, quer dizer, os decretos do senado. Mas desde a Antiguidade romana o monumentum tende a especializar-se em dois sentidos: 1) uma obra comemorativa de arquitetura ou de escultura: arco de triunfo, coluna, troféu, pórtico, etc.; 2) um monumento funerário destinado a perpetuar a recordação de uma pessoa no domínio em que a memória é particularmente valorizada: a morte. [Pg. 536]

O monumento tem como características o ligar-se ao poder de perpetuação, voluntária ou involuntária, das sociedades históricas (é um legado à memória coletiva) e o reenviar a testemunhos que só numa parcela mínima são testemunhos escritos.

O termo latino documentum, derivado de docere 'ensinar', evoluiu para o significado de 'prova' e é amplamente usado no vocabulário legislativo. É no século XVII que se difunde, na linguagem jurídica francesa, a expressão titres et documents e o sentido moderno de testemunho histórico data apenas do início do século XIX. O significado de "papel justificativo", especialmente no domínio policial, na língua italiana, por exemplo, demonstra a origem e a evolução do termo. O documento que, para a escola histórica positivista do fim do século XIX e do início do século XX, será o fundamento do fato histórico, ainda que resulte da escolha, de uma decisão do historiador, parece apresentar-se por si mesmo como prova histórica. A sua objetividade parece opor-se à intencionalidade do monumento. Além do mais, afirma-se essencialmente como um testemunho escrito.

Para conhecer a história, a ciência da memória coletiva (a memória de um grupo de pessoas como o mundo, o país, o estado, o município, a família, etc) é preciso conhecer dois materiais: os documentos e os monumentos.

O que sobrevive do passado não é tudo que existiu, mas apenas parte de tudo que existiu, pois parte desse todo se perde parte devido ao curso natural da humanidade, parte pela atuação daqueles que se dedicam à ciência do passado, os historiadores.

Esse materiais que servem para contar uma versão da história do passado são os monumento, heranças do passado, e os documento, escolhas do historiador.

A palavra de origem latina monuentum é composta pelas palavras men, que significa mens, uma das funções essenciais do espírito, a ‘memória’, e pelo verbo monere, que significa 'fazer recordar', 'instruir'. Portanto, monumentum significa a instrução, o sinal do passado, tudo que pode evocar o passado, por exemplo os atos escritos. Quando o filósofo romano Cícero fala dos monumenta hujus ordinis [Philippicae, XIV, 41], quer dizer os atos comemorativos, quer dizer, os decretos do senado que já foram feitos e devem ser lembrados. Porém, desde a antiguidade romana o monumentum é representado por: 1) uma obra comemorativa de arquitetura ou de escultura como é o arco de triunfo, coluna, troféu, pórtico, etc.; 2) um monumento funerário destinado recordar uma pessoa que faleceu.

O monumento está ligado ao poder de preservar a memória, voluntaria ou involuntariamente, de sociedades (uma herança da memória coletiva de uma sociedade) e de confrontar esse poder de preservação com os testemunhos escritos, que ocorrem em menor quantidade.

O termo latino documentum tem origem em docere, que quer dizer ‘ensinar’ e evoluiu para ‘prova’, sendo usado no vocabulário legislativo. No século XVII se difunde, na linguagem jurídica francesa, a expressão titres et documents, mas apenas no início do século XIX surge o sentido moderno de testemunho histórico, como aparece no termo "papel justificativo", especialmente no domínio policial, na língua italiana. O documento será para a escola histórica positivista (fim do século XIX e início do século XX), o fundamento do fato histórico, ainda que dependa da escolha do historiador. Assim, o documento terá uma intenção, um objetivo escolhido pelo historiador, pois esse o escolhe ou não, diferente do monumento, que também tem intençao, mas não é selecionado, e sim revelado.

Fonte: http://pt.scribd.com/doc/8757274/Historia-e-Memoria-Jacques-Le-Goff

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Imagem da semana

Humor refinado hehehehe...

Autoria: Allan Sieber
Fonte: http://talktohimselfshow.zip.net/

terça-feira, 12 de julho de 2011

"Batatinha quando nasce..."

"Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um feito muito maior que o simples fato de respirar. Somente a ardente paciência fará com que conquistemos uma esplêndida felicidade."

Pablo Neruda

IncoMóbilis

Este é um dos meu hobbies.

Alguma pessoas me perguntam porque não vendo, acho que hobbies são hobbies e devem ser mantido assim, mas concordei em fazer algumas concessões e estou disponibilizando alguns móbiles que fiz para os interessados, sempre personalizados e sob encomenda.

A quem se interessar segue o link.

http://incomobiles.elo7.com.br/

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Curso - Tópicos e desafios em redação - Tema de redação 1

Estou fazendo um curso sobre redação e, por mais que os temas sejam dissertativos, é quase inevitável surgir uma narrativa.

Cor 1:2

Era uma vez, um rapaz, seu nome era Igor. Igor era um rapaz introvertido, gostava muito de ler e escrever, a ponto de sua introversão se manifestar fisicamente: rosto fechado mas bem delineado, cabelos negros lisos levemente desalinhados para o lado, pupilas miúdas emolduradas pela íris acastanhada, por sua vez emoldurada por um vermelho sangue vítreo devido às sucvessivas horas em frente a uma tela, e estes igualmente emoldurados por grossos aros pretos, que por fim emolduravam seu mundo de sucessivas horas lendo, escrevendo e vivendo em um mundo particular de tweets em seu smartphones, JD Salinger relido no original por meio de seu Kindle, facebook aacessado través de seu netbook, blogs atualizados utilizando seu Xoon... Ao contrário do que a propaganda de seu tablet favorito mostrava, Igor não era um geek on the scene, não era um doutor em física como Leonard que rompera as barreiras do experimentalismo científico e se expôs a uma linda garçonete loira como Penny... Era um romântico, um verdadeiro nerd à moda antiga.

Certa vez, caminhava da Paulista para o Centro Cultural, disposto a despender a preguiçosa tarde de outono aquecendo-se ao sol enquanto lia alguns de suas duas centenas de livros armazenados eletronicamente, segundo sua projeção, levaria cerca de doze anos completos para concluir todas as obras no ritmo que estava. De repente, atravessando o farol da Vergueiro próximo à Rua do Paraíso, Igor viu um linda garota ruiva: cabelos levemente ondulados arrumados em um alto coque sobre a cabeça, traços delicados e lábios finos como se aguardassem outros lábios para se fazerem completos... Lábios esses que o rapaz sonhou serem seus.

Ela encaminhou-se para o Centro Cultural onde, após considerar diversas vezes se seu cabelos estava devidamente arrumado olhando-se no reflexo de uma janela, sentou-se para ler um livro, enquanto o rapaz enamorado recuperava-se. Igor, sentou-se numa mesa, de modo que a pudesse observar sem chamar aatenção e ligou seu netbook enquanto a contemplava. Com as palmas das mãos suando, Igor acessou o wi-fi enquanto surgia em sua mente o questionamento primorida que, antes dele, todos os homens fizeram ao longo de toda a história da humanidade: o que faço agora?

Como convencer uma garota tão linda a se interessar por ele? Se interessar ao menos para que tivessem a oportunidade de se encontrarem novamente. Assim poderia pentear o cabelo com cuidado, se vestir melhor, usar algum desinfetante bucal, pois suas amizades mantidas através de redes sociais não exigiam cabelos arrumados, boas roupas e muito menos desinfetantes bucais. Talvez assim Igor tivesse alguma chance de se mostrar a ela como ele realmente era...

Como ele realmente era... – “Como realmente sou?”

Será que ele mesmo tinha clareza de como realmente era, depois de tanto tempo vivendo uma vida cuidadosamente manufaturada por ele mesmo num universo regulado por teclas de computador (em alguns casos nem por isso, mas por telas touchscreem)? E ainda que fosse capaz de encontrar a si mesmo – “Será que ela se sentiria atraída por quem eu realmente sei quem não sou?”

Esse último pensamento fez com o suor lhe escorresse pela testa, refrigerado pela gelada brisa leve que soprava da 23 de Maio, espalhando-se rapidamente para as axilas e braços quando pensou que a qualquer instante a linda garota poderia levantar-se e partir para nunca mais vê-lo. Precisava se mostrar como realmente não era, mas como ela gostaria que ele realmente fosse... Passou de um estado de pânico nervoso para um estado de pânico contemplativo, observando em cada detalhe da linda garota ruiva algo que lhe permitisse compreender que perfil de rapaz lhe interessaria.

Desconcentrado entre observá-la e pesquisá-la, Igor foi despertado por um som metalizado, “Poker Face” de Lady Gaga alertava no celular da garota ruiva de uma chamada telefônica, ela deixou o livro sobre o banco e levantou-se para atendê-lo. Temeroso que a chamada a levasse definitivamente dali, Igor voltou ao estado de pânico nervoso procurando desesperadamente pelo trecho da letra que ouvira no breve toque do celular, perfis de garotas ruivas no facebook, orkut, google + e twitter, informações sobre esse tal “O Aleph” (que parecia ter sido escrito por Jorge Luís Borges e nao por Paulo Coelho!), os últimos lançamentos de rasteirinhas... – “Mas porque perder todo esse tempo? Tudo se trata de amor...” – Amor... Como despertar o amor? – “Mas, afinal, o que é amor?” – pensou Igor abrindo uma nova tela para pesquisas: encontrou milhões de definições – “Como viver numa sociedade em que o acesso à informação permite que toda definição seja relativizada?”. Tentou cruzar outras informações com a palavra “amor”: cabelo estilo Amy Winehouse, esmalte vermelho cintilante, Paulo Coelho, meia calça, e outras milhõesde possibilidades surgiram: blogs de moda, vídeos no Youtube e até chats com acompanhantes íntimas! Entre abas e telas e pop-ups de sites de pôker on-line e páginas não encontradas e a cada clique, aumentava o tráfego de megabytes, a conexão ficava mais lenta. Entre URLs e hyperlinks, a conexão lenta compensada pelo Chrome cloud computing, Igor abriu seu notebook acessando World Wide Web num IP alternativo com seu G3 e então... Ela havia partido... Talvez para sempre...

“Existe uma esperança numa rede social!” – pensou Igor, afinal, vivemos num mundo muito pequeno, não pelas coincidências, pois a conteporaneidade assassinou o acaso, mas pela conectividade que a a tecnologia nos oferece.. Enquanto fechava as telas e abas pouco a pouco, como se procuresse vestígios daquela linda garota ruiva entre os encombros da Torre de Babel que desmoronara, Igor se deparou um site aberto quase que aleatoriamente durante o frenesi de suas pesquisas que mostrava letras de músicas, entre elas “Monte Castelo” da Legião Urbana:

“Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.”

Clicou sobre o link da música frustrado por tê-la perdido de vista e um site evangélico se abriu com o trecho que inspirou a música, o livro bíblico dos Coríntios escrito por Paulo, o apóstolo, contido na Bíblia Sagrada, a pera fundamental da cultura ocidental e o livro mais vendido do mundo com 6 bilhões de cópias (talvez, não devesse ser comercializado, pois afinal, trata-se de um livro sagrado):

1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

Igor não refletiu num por um momento: teclou rapidamente Alt+F4 e abiu uma nova página acessando o facebook para procurá-la.

sábado, 9 de julho de 2011

Imagem da semana


Nova fase do Sieber.. Sensacional, faz tempo que não me identifico com um tira como me identifiquei com essa...

Fonte www.allansieber.com

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Midiofobia - Heart Attack Grill

Verdadeiramente não li sobre o assunto em nenhum veículo de mídia, apesar de me contarem que alguns jornais publicaram algo a a respeito. Conheci a lanchonete Heart Attack Grill através de um vídeo no YouTube, eis aí a nova mídia do século XXI.

Em príncípio estava a procura de outro vídeo que não poderia deixar de publicar no blog, a propagando da Wikileaks sobre a Mastercard. Simplesmente genial:



Porém, de link em link, cheguei à Heart Attack Grill, uma nova lanchonete de Dallas, Texas, nos Estados Unidos cuja propaganda é: "Heart Attack Grill, a taste worth dying for!", traduzindo livremente, "Grill do Ataque Cardíaco, um sabor pelo qual vale a pena morrer!". A proposta do marketing é simples: apelar para a sinceridade: a comida não é saudável. Por exemplo, a lanchonete possui um lanche com quatro habúrgeres, o quadruple bypass burger, que afirmam possuir 8.oooo calorias, as batatas fritas fritas em pura gordura de porco podem ser cobertas por queijo cheddar e o milkshake da lanchonete se orgulha de ser o "World's Highest ButterFat Content", o que possui maior índice de gordura de manteiga do mundo conforme o site.

Seguindo a linha de marketing da lanchonete, as garçonetes trabalham vestidas de enfermeiras sexies e o gerente como médico cardiologista sempre com o estetoscópio a tiracolo, todos sem nenhuma formação específica na area médica. Essa "equipe médica", é responsável entregar um prêmio aos clientes que capazes de comer um quadruple bypass burger, cujo valor calórico é equivalente ao que uma pessoa noramel come em três dias: um passeio de cadeira de rodas guiadas pela sensuais enfermeiras até o carro.

Veja o interessante vídeo produzido numa reportagem da CBS.



Devo concordar que os donos do negócio são extremamente sagazes, o marketing é quase que viral, transmitindo ao cliente confiabilidade, pois "enquanto os outros tentam se passar por saudáveis nós admitimos que não o somos", o que garante à empresa uma importante prerrogativa jurídica, pois em nenhum momento afirma que sua comida é saudável, não podendo portanto ser diretamente responsabilizada por acidentes relacionados à alto teor de gordura saturada na comida servida pela lanchonete, transferindo toda a resposabilidade pela escolha para o cliente. Além disso, a Heart Attack Grill uniu o instinto primitivo de saciar a fome a outro instinto bastante primitivo, o sexo: a relação antropológica entre alimentação e sexo existe desde que o Homo sapiens lascou sua primeira pedra tornando-se o caçador que, por sua habilidade em saciar a fome do bando, era também o sexualmente mais cobiçado.

Maquiavélico, mas genial.


Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hieronymus_Bosch-_The_Seven_Deadly_Sins_and_the_Four_Last_Things.JPG
Legenda: Os sete Pecados Capitais de Hieronymus Bosch. Mal sabia Bosch o que eram pecados...

Trata-se da liberdade individual levada ao extremo, no país que criou e desenvolveu a ideia de neoliberalismo ao extremo. Talvez, quando as 13 Colônias se rebelaram contra a Grã-Bretanha no último quarto do século XVIII, essas primeiras ideias já estivessem sendo gestadas, ao menos no âmbito comercial, mas talvez por se considerarem vigiados por alguma espécie de Deus ou pelos próprios membros da maçonaria, os pais fundadores tomaram a independência assumindo essse risco, de conduzirem sua própria nação, com responsabilidade, o que levou os Estados Unidos da América em pouco mais de cem anos a assumir o posto de maior potência industrial e econômica do mundo.


Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Declaration_independence.jpg
Legenda: A Declaração da Indpendência segundo John Trumbull. Vale a pena ver o link, pois o Wikimedia Commons identifica TODOS os founding fathers no quadro.

A pergunta é: o povo americano, e também os outros, estão preparados para arcar com as consequencias de suas ações? Estamos prontos para arcar com nossas resposabilidades diante do Estado? Para aquele que se autodonominou, "o filho do medo", a resposta é não, e eis que surge o Estado Moderno baseado na ideia do filósofo inglês Thomas Hobbes de que "o homem é o lobo do homem" e portanto é necessário um conjunto de regras para estabelecer regras de boa convivência entre os homens. Contudo, o neoliberalismo praticado agressivamente durante a Guerra Fria, sobretudo nos anos 70 quando a URSS estava sucumbindo ao poderio econômico e político dos EUA, afrouxou essas regras, garantido a liberdade como moeda de troca à alternativa socialista, deixando a liberdade de escolha a cargo do indivíduo, mas muitas das consequencias dessa liberdade de escolha a cargo do Estado e da iniciativa privada: Aumento de doenças cardíacas pela alimentação desregrada, novas fraturas decorrentes de acidentes em alta velocidade, depressão profunda pela novas relações sociais e consumo de drogas e tantos outros.

Um brinde, com o milkshake da Heart Attack Grill "World's Highest ButterFat Content", à liberdade!



"And the star-spangled banner in triumph shall wave,
While the land of the free is the home of the brave."

"E a bandeira coberta de estrelas em triunfo ondulará,
Enquanto a terra dos livres for a casa dos bravos."

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Citações

"O factos só são verdadeiros depois de serem inventados"

Crença de Tizangara, Mia Couto em "O Voo do Flamingo"

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Avanti squadra Palestrina! - Brasil 0 X 0 Venezuela

Sei, sei, esse espaço é pra ser utilizado com meu clube de coração Sociedade Esportiva Palmeiras e tenho bastante a escrever sobre o time, sobretudo pela polêmica envolvendo a possível ida de Kléber ao Flamengo, a nova composição de zaga com Thiago Heleno e Maurício Ramos/Leandro Amaro, a estréia de Maikon Leite, a carência de um lateral esquerdo (a despeito da ótima partida de Gabriel Silva no último jogo), enfim... Mas não posso evitar em escrever algo sobre a seleção brasileira de futebol.

Apesar de ser um grande apreciador de futebol, não tenho tempo de acompanhar programas que considero fundamentais para compreender esse esporte, como o "Linha de Passe" da ESPN, que conta com, entre outros, o sempre equilibrado Juca Kfouri e o estrategista PVC. Antes de ontem consegui assistir parte do programa onde ouvi comentários bastante pertinentes como a presença do presidente da Nike, Sandro Rossell, no ônibus da seleção brasileira, sendo que Rossel está sob investigação por um possível desvio de verbas no jogo entre Brasil e Portugal em Brasília na qual sua empresa, a Ailanto Marketing Ltda, aparentemente uma empresa fantasma registrada pelo advogado Eduardo Duarte, apontado como laranja do banqueiro Daniel Dantas pela Operação Satiagraha, teria recebido R$ 9 milhões de reais para organizar o jogo. Mais informações no blog de Juca Kfouri.


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Brazil_1970.JPG
Legenda: foto da seleção brasileira de 1970 antes do jogo contra o Peru, os mesmos que jogariam a final contra a Itália (Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza, Félix, Clodoaldo and Everaldo; Jairzinho, Gérson, Tostão, Pelé e Rivelino) (ATENÇÃO! A LEI DE DIREITOS AUTORAIS NA ARGENTINA É DE APENAS 25 ANOS! FESTA PARA OS ICONÓGRAFOS!)

Mas em se tratando de futebol e menos de política, o comentário de Márcio Guedes foi o que mais me chamou a atenção: não se trata apenas de saudades do Brasileirão devido à apagada atuação da seleção brasileira contra a Venezuela, mas de nenhum jogador do time assumir que houve falhas, nem mesmo o técnico Mano Menezes, limitando-se a dizer que os gols simplesmente não aconteceram. Esse é um reflexo de um processo que acontece desde os anos 90: o torcedor brasileiro não acompanha mais a seleção de seu país com paixão.

Não é novidades que no Brasil se valorizam muito mais os times nacionais do que a seleção nacional, acredito mesmo que a rivalidade entre Palmeiras e Corinthians despertam mais paixões do que Brasil e Argentina, e issso se deve por diversos motivos como o futebol apresentado nos últimos anos (o que é bastante controverso, pois o futebol evoluiu de maneira que o futebol-arte tem cada vez menos espaço), a fuga de craques para o futebol europeu e árabe, o alto valor cobrado pelos ingressos mesmo de arquibancadas, etc. A conjunção desses fatores deixam o torcedor cada vez mais distantes, a ponto de, como comentou Guedes, parte da torcida deixar o estádio do Pacaembu no último jogo da carreira do atacante Ronaldo logo após sua saída de campo.

Não quero com isso retroagir o futebol à decada de 70, em que o nosso convencional 4-4-2, com variações como 4-3-1-2, era praticada pela aioer parte da seleções num 4-2-4. O futebol, como tudo, evolui ao longo do tempo e isso é inexorável, porém, nascido como entretenimento logo ganhou status de arte, e agora volta a tornar-se mero entretenimento para o desespero dos românticos da bola.

A Taça do Mundo é Nossa (Copa de 1958)

A taça do mundo é nossa
Com brasileiro não há quem possa
Êh eta esquadrão de ouro
É bom no samba, é bom no couro

A taça do mundo é nossa
Com brasileiro não há quem possa
Êh eta esquadrão de ouro
É bom no samba, é bom no couro

O brasileiro lá no estrangeiro
Mostrou o futebol como é que é
Ganhou a taça do mundo
Sambando com a bola no pé
Goool!

A taça do mundo é nossa
Com brasileiro não há quem possa
Êh eta esquadrão de ouro
É bom no samba, é bom no couro

A taça do mundo é nossa
Com brasileiro não há quem possa
Êh eta esquadrão de ouro
É bom no samba, é bom no couro

O brasileiro lá no estrangeiro
Mostrou o futebol como é que é
Ganhou a taça do mundo
Sambando com a bola no pé
Goool!

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=hJAriHOh1Jg

Boa parte da resposabilidade disso é do ógão que deveria regular o futebol nacional, a CBF, envolvida em polêmicas de disputas em torno da organização da Copa do Mundo de 2014. Como costumo dizer em relação à Copa no Brasil, minha maior demonstração de patriotismo é torcer CONTRA, pois parece que o país, na realidade, os políticos e empresários que comandam o país, atuam como a seleção brasileira: somente quando são constrangidos por extrema necessidade.

Quem sabe com uma derrota na Copa América, quem sabe com a derrota na Copa do Mundo de 2014, quem sabe com a desclassificação nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, quando a economia não estiver tão aquecida como hoje e o pão e o circo acabarem, esse se torne um país sério, com uma seleção nacional séria...

Pra Frente Brasil (Copa de 1970)

Noventa milhões em ação
Pra frente Brasil
Do meu coração

Todos juntos vamos
Pra frente Brasil
Salve a Seleção

De repente é aquela corrente pra frente
Parece que todo o Brasil deu a mão
Todos ligados na mesma emoção
Tudo é um só coração!

Todos juntos vamos
Pra frente Brasil, Brasil
Salve a Seleção

Fonte: http://letras.terra.com.br/hinos-de-futebol/394819/

terça-feira, 5 de julho de 2011

Midiofobia - Twittadas da semana

Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110625/not_imp736780,0.php
Data: 25 de junho de 2011

Existe muita discussão sobre o futuro da mídia impressa diante do desenvolvimento das novas tecnologias de informação aplicadas às internet. Sinceramente, não acredito no fim da mídia impressa, mas numa transição gradual até um equilíbrio entre ambas; sempre haverá um romântico que, como eu, apesar de necessitarem de um computador possuem em casa uma velha máquina de escrever em casa, enm que seja apenas um objeto de uso esporádico.

A respeito dessa discussão, as diversas mídias procuram se adaptar a essa nova realidade, como por exemplo publicando conteúdos em seus sites, como fez primeiro o Estado de São Paulo seguido pela Folha de São Paulo, ou deixando o papel para tornarem-se jornais unicamente disponiveis na internet, como o Jornal do Brasil no Rio de Janeiro. Entre essas tentativas de adaptarem-se à nova realidade da informação, o Estado de São Paulo tem publicado há alguns meses todos os sábados no caderno Cidades/Metrópole as "Twittadas da semana".

Considero que a possibilidade de coletivização da informação através da internet possa ser muito melhor aproveitada do que com algumas twittadas lidas nessa coluna sabática do Estado de São Paulo nas últimas semanas: "Bom dia, hoje acordei bem humorada!" ou "Genteeennn! Que frio faz em Sampa!"; definitivamente, existem usuários bastante prolixos. Contudo, alguns publicam reflexões interessantes, próprias ao século XXI, reflexões em 140 caracteres, uma delas a do deputado federal do Rio de Janeiro, Jean Wyllys:

"Defender projeto do Dia do Orgulho Hetero é mais que conservadorismo: é ignorância (e uma dose de cinismo!)"

JEAN WYLLYS / DEPUTADO FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, SOBRE A POLÊMICA CRIADA NA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO NESTA SEMANA


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:2004-GayPrideBrazil-45409.jpeg
Legenda: VIII Parada Gay em São Paulo, 14 de Junho de 2004, Agência Brasil

Ainda falta maturidade ao jovem deputado federal. Wyllys se refere à defesa da heterosexualidade como cinismo e ignorância, e talvez realmente seja, caso o BBB não fosse um deputado federal, mas na sua atual posição política, qualquer manifestação política que defenda causas, anda que estas violem a atual condição de legalidade, como é o caso do consumo de drogas como a maconha, é uma manifestação de liberdade consitucionalmente conquistada após um longo período de repressão ditatorial militar.

Não quero dizer com isso que o membro de uma cadeira no poder legislativo não deva manifestar suas opiniões concernentes aos assuntos em pauta, muito pelo contrário, se espera que um deputado ou senador se manifeste de modo a estimular o debate político que deve dar origem às decisões da casa. Contudo, é preciso ter muito cuidado para não confundir uma decisão política tomada em favor da coletividade com uma posição política defendida em favor de uma minoria, ainda que a necessidade de defesa da minoria seja necessária. Jean Wyllis é representate de interesses muito maiores do que interesses pessoais ou de grupos com os quais simpartize, é porta voz do interesse nacional (ou pelo menos da parte da nação que o elegeu, que se supõe ser uma maioria) e por isso não pode confundir maioria e minoria com direito constitucional.

Jean Wyllys é um produto da grande mídia, alçado à Câmara dos Deputados pela sua participação no Big Brother 5, seria esperado que utilizasse o Twitter para se manter na mídia, porém, ao contrário do que poderia supor, tem coletivizado o debate acerca do homosexualismo através da rede social, o que é muito positivo par a democracia brasileira. Da mesma maneira, o deputado federal Tiririca, humorista que participava do "Programa do Tom" na Record, num recente comercial tentou explicar de maneira clara para seus eleitores a irregularidade constitucional que é a prática no nepotismo, num linguagem direta e simples, atingindo muito mais pessoas do que os intelectuais que há anos estão no poder.

Talvez os eleitos mais criticados pela classe média brasileira sejam capazes de promover maiores mudanças do que se espera...

segunda-feira, 4 de julho de 2011

"Batatinha quando nasce..."

"Mas quando ela entrava em casa, alegre, indiferente, desbocada, ele não tinha que fazem nenhum esforço para dissimular a sua tensão, porque aquela mulher, cujo riso explosivo espantava os pombos não tinha nada que ver com o poder invisível que o ensinava a respirar para dentro e a controlar as batidas do coração, e lhe havia permitido entender porque os homens tem medo da morte"

Gabriel Garcia Márquez em "Cem Anos de Solidão"