domingo, 24 de julho de 2011

Curso - Tópicos e desafios em redação - variedade de estilos

Nem sempre é fácil compreender a proposta de um exercício, ou mesmo de um curso completo. Esse exercício visa escrever em diferentes estilos de redação uma narrativa.

“Numa manhã de quarta-feira. Nas intermináveis rampas do Hospital das Clínicas que guiam os visitantes às mais diversas especialidades pelo maior complexo hospitalar da América Latina. Um homem de meia idade com os olhos transfigurados pela dor caminha apressadamente.

No penúltimo andar a linha vermelha como sangue termina. Atrás de um balcão uma jovem gorda e sonolenta diz:

- RG?

Sem dizer nada o homem lhe entrega o documento.

- Voluntário?

Abana a cabeça negativamente.

- Ariadne Dumont de Souza Reis.

- Última porta à esquerda para tomar o lanche antes da doação.

Caminha diretamente para a a primeira porta à esquerda. Entrega sua senha. Teste de anemia e pressão e temperatura e altura e peso e, enfim, entrevista.

- Bom dia sou a doutora Mirian e vou proceder uma pequena entrevista de rotina que é obrigatória para todos os doadores e que visa garantir que o senhor tenha uma boa doação. Alguma pergunta?

Negativo com a cabeça.

- O senhor fuma?

-Não.

- Bebe?

- Não.

- Usa ou fez uso de drogas alguma vez?

- Não.

Uma sucessão de perguntas todas respondidas quase que mecanicamente com “não”.

- Quantas parceiras teve no último ano?

Enfim o homem reage, erguendo a postura encurvada e recuperando o rubor sanguíneo nas faces.

- Bem... Eu acho que apenas uma e... quer dizer, duas na verdade.. mas...

- Desculpe, não entendi. Quantas parceiras o senhor teve no último ano?

- Foi só uma vez e eu usei camisinha e ela disse várias vezes que estava limpa... e nunca iria atrás de sexo pago, mas é que ela nunca quis...

- Senhor, preciso apenas saber quantas parceiras o senhor teve no último ano.

- Isso não é traição! Não é justo ela me abandonar... É que eu estava deprimido e ela tinha viajado e meu filho dormiu na casa de um colega da escola e... e... e eu me sinto tão sozinho...

- Senhor acalme-se, minha pergunta é bastante direta: com quantas pessoas o senhor fez sexo no ano passado?

- Ela não tinha direito de fazer isso... ela é uma criatura sagrada e eu um homem forte... é a nossa vida e não só a dela... não é só dela... é minha... sou eu que deveria estar lá...

- Senhor... O senhor está bem?

- Isso não é um hospital? Não são nos hospitais que vamos quando não nos sentimos bem? Não vê que estou precisando de ajuda?

- Mas é que sou apenas uma residente e meu trabalho é apenas preencher esse formulário. Agora se controle e me diga exatamente: quantas parceiras o senhor teve no último ano?

- Duas... Na realidade... Três...

Caminhando entre portas e corredores, filas e balcões, procurando, como se procurasse a si mesmo, as linhas demarcadas com cores para não perder-se no labiríntico hospital – criação de Dédalo! Desgraça de seu próprio filho Ícaro! – o homem volta às rampas do hospital, parando em frente a uma porta verde com vidros quadrados à altura dos olhos onde pende uma placa branca em letras vermelhas: “Unidade de Internação”.

Entra. Uma enfermeira de pele escura, possivelmente morena, mas vestida toda branco, à exceção das grossas lentes emolduradas por uma armação negra, se aproxima.

- RG?

Sem dizer nada o homem lhe entrega o documento.

- Paciente?

- Ariadne Dumont de Souza Reis."

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