terça-feira, 4 de junho de 2013

Carta aberta aos meus futuros ex-alunos - resiliência

Vocês, meus futuros ex-alunos, não são capazes de conceber outro tipo de escola senão uma escola que trata seus funcionários como parte de um mecanismo que atua sobre uma matéria-prima, no caso vocês, para gerar um produto a ser vendido. Foram os jacobinos franceses que com suas mãos ensaguentadas pela loucura do Terror que mancharam a instituição escolar pública moderna com o signo do controle a educação.

Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Robespierre_ex%C3%A9cutant_le_bourreau.jpg
Legenda: charge francesa do final do s;eculo XVIII mostrando o líder do Comitê de Salvação Pública, Robespierre, executando o executor, o último homem que sobrou na França depois de decretar a morte de todos os franceses... É a cara da escola de hoje...

Nós, herdeiros da buguesia iluminista francesa, somos também herdeiros desta escola que visa manter a "chama da revolução" permanentemente acesa, uma escola que ensina a manter a revolução mas não refletir sobre ela. A escola moderna só ensina a manter as regras e não a desobedecer as regras, como disse o filósofo português, Boaventura Santos:

"O nosso grande problema educacional é que temos formado conformistas incompetentes, quando o que precisamos, na verdade,é de rebeldes competentes. "

A escola moderna nasce pelega.

Fonte: http://pelegodoconflito.blogspot.com.br/2012/07/promocao-mes-de-julho-pelego-preto-145.html

Das definições da palavra pelego, gealmente temos como pelego, sobretudo aqueles que se interessam por história: "designação comum aos agentes mais ou menos disfarçados do Ministério do Trabalho nos sindicatos operários; pessoa subserviente/servil/dominada por outra, capacho, puxa-saco, bajulador", mas efetivamente o pelego é uma: "a pele do carneiro com a lã", comumente utilizada por cavaleiros para diminuir, suavizar o impacto da sela sobre o cavalo e mesmo para dormir.

Por que escrevo sobre isso? Porque tento não ser um professor pelego, porque não quero suavizar o impacto da realidade sobre suas mentes mesmo que ainda tenham 13 ou 14 anos de idade. Ainda preciso aprender muito sobre como proporcionar a vocês, meus futuros ex-alunos, uma educação que não seja pelega, mas já discutimos que para manter a sociedade funcionando como está é preciso de um discurso ideológico eficciente, como vimos que ocorreu com o "panis et circenses" no império romano, como aconteceu na sociedade tripartite da Igreja Católica na Idade Média e como aconteceu na França revolucionária com o lema "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" que gerou a escola moderna.

Esse processo de convencimento torna-se cada vez mais refinado  e gostaria de reproduzir aqui a vocês mesmo que jamais leiam essa postagem (ainda que tenham lido tantas): resiliência.

O blog do Dr. Cristiano Nabuco (clique aqui!) reflete sobre a concepção de resiliência para a psicologia: como as "pessoas respondem às frustrações diárias, em todos os níveis, e sua capacidade de recuperação emocional". O discurso do Dr. Nabuco se encaixa muito bem à necessidade de adaptar aos "problemas e das dificuldades que vivemos ", em buscar um "sentido de vida". no final da postagem Dr. Nabuco afirma que sao três as bases para desenvolver a resiliência: (a) desenvolva um papel ativo em sua vida (não se sinta vítima de sua existência), (b) elabore um grande projeto pessoal (caso ainda não o tenha) e finalmente (c) entenda suas emoções."

Mas pergunto até que ponto devemos nos responder às adversidades de forma passiva? Ser resiliente também não pode ser se revoltar contra esse discurso ideológico que determina a escola a ensinar a cumprir as regras e não a desobedecê-las? Fui acusado de não possuir essa qualidade... Ainda bem...

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