Há muito tempo estou para comentar o vídeo de Salman Khan no TED para refletir sobre uma coisa óbvia: como a Khan Academy conquistou tanto sucesso e como isso pode ou deve ser importante para a educação hoje?
Para pensar sobre isso pesquisei o site da Kahn academy (clique aqui!), para os interessados, a Khan Academy está sendo aos poucos traduzida para o português (clique aqui!). Não se trata apenas de discutir a eficácia do método, mas sua concepção como um todo.
Inicialmente acessei o site da instituição, porém é preciso logar no site através do Facebook ou do Google, o que por si só já demonstra o caráter empresarial do ensino proposto por Khan, o que na minha opinão é extremamente incômodo, uma vez que grandes corporações tem cada vez mais acesso a informações privadas (como é o caso da Google que exige seu número de celular para criar uma conta), bem como o Estado (como é o caso recente de denúncias de espionagem contra o governo Obama). Assim, a abertura do site me parece bastante reveladora: "Learn almost anything, for free". Afinal, o que é "learn" (aprender) e o que é "for free" (gratuitamente)?
Ainda não me sentei com calma suficiente para escrever sobre as denúncias de espionagem contra o governo republicano estadunidense, mas queria começar com uma reflexão sobre "for free" (gratuitamente). Talvez, numa das diversas adapatações que o capitalismo tem feito ao longo de todo o século XVIII até os dias de hoje para se manter como regime político-econômico mais eficiente da história da humanidade (quer me agrade ou não, isso é incontestável historicamente falando), tenho a sensação de que o discurso da gratuidade tem assumido um papel determinante para manutenção desse regime.
Muito dessa política de gratuidade, da qual a internet é o núcleo, sugere que a sociedade da informação do século XXI desenvolveu o acesso gratuito, ainda que em muitos aspectos ilegal, ao conhecimento, desenvolvendo uma pretensa democracia digital, e, ainda que esse discurso seja perceptivelmente incoerente, grandes corporações acumulam informações privadas tornado todo usuário da internet, pelo simples fato de serem usuário dessa gratuidade. Me parece que a gratuidade, por exemplo, de filmes baixados ilegalmente, que poderiam ser evitados, mas essa é a moeda de troca para que as mesmas corporações de mídia tenha informações privadas desses usuários/potenciais consumidores e então planejem novos projetos comerciais.
E como se trata de uma gratuidade no mínimo duvidosa, o que se pode aprender com ela? O que interessa a essa grandes corporações, e essa talvez seja minha crítica mais contundente ao projeto da Kahn Academy: como ensinar ciências humanas?
Ainda que seja jovem e por isso seja estranho um discurso tão contundente contra as vantagens da tecnologia, e na realidade esse é um assunto muito mais complexo do que estou me propondo a discutir nessa postagem, qualquer historiador que minimamente se dedique a estudos acerca da Revolução Industrial perceberá que o desenvolvimento tecnológico sempre fez parte, numa relação ambígua de causa e consequencia, do desenvolvimento econômico, e portanto, sob determinado ponto de vista, social e político, do ser humano.
Penso que o desenvolvimento tecnologia faz parte de um processo de ampliação das capacidade humanas, voltando à Revolução Industrial: durante o século XIX, a Europa passava por profundas transformações após homens como Mattew Bolton e James Watt utilizarem a pressurização do vapor como fonte de energia para o maquinário têxtil na Grã Bretanha no século XVIII, ampliando a capacidade de produção de tecidos entre 20 e 30 vezes. Essa profunda transformação libertou as forças produtivas da humanidade, gerando a Revolução Industrial, e então, a humanidade tornou-se capaz de realizar o que antes seria impossível como sonhou a literatura do escritor francês Jules Verne em diversos de seus livros como Volta aos mundo em 80 dias ou Viagem ao centro da Terra: os homens tornavam-se deuses.
Continua...
Para pensar sobre isso pesquisei o site da Kahn academy (clique aqui!), para os interessados, a Khan Academy está sendo aos poucos traduzida para o português (clique aqui!). Não se trata apenas de discutir a eficácia do método, mas sua concepção como um todo.
Inicialmente acessei o site da instituição, porém é preciso logar no site através do Facebook ou do Google, o que por si só já demonstra o caráter empresarial do ensino proposto por Khan, o que na minha opinão é extremamente incômodo, uma vez que grandes corporações tem cada vez mais acesso a informações privadas (como é o caso da Google que exige seu número de celular para criar uma conta), bem como o Estado (como é o caso recente de denúncias de espionagem contra o governo Obama). Assim, a abertura do site me parece bastante reveladora: "Learn almost anything, for free". Afinal, o que é "learn" (aprender) e o que é "for free" (gratuitamente)?
Ainda não me sentei com calma suficiente para escrever sobre as denúncias de espionagem contra o governo republicano estadunidense, mas queria começar com uma reflexão sobre "for free" (gratuitamente). Talvez, numa das diversas adapatações que o capitalismo tem feito ao longo de todo o século XVIII até os dias de hoje para se manter como regime político-econômico mais eficiente da história da humanidade (quer me agrade ou não, isso é incontestável historicamente falando), tenho a sensação de que o discurso da gratuidade tem assumido um papel determinante para manutenção desse regime.
Muito dessa política de gratuidade, da qual a internet é o núcleo, sugere que a sociedade da informação do século XXI desenvolveu o acesso gratuito, ainda que em muitos aspectos ilegal, ao conhecimento, desenvolvendo uma pretensa democracia digital, e, ainda que esse discurso seja perceptivelmente incoerente, grandes corporações acumulam informações privadas tornado todo usuário da internet, pelo simples fato de serem usuário dessa gratuidade. Me parece que a gratuidade, por exemplo, de filmes baixados ilegalmente, que poderiam ser evitados, mas essa é a moeda de troca para que as mesmas corporações de mídia tenha informações privadas desses usuários/potenciais consumidores e então planejem novos projetos comerciais.
E como se trata de uma gratuidade no mínimo duvidosa, o que se pode aprender com ela? O que interessa a essa grandes corporações, e essa talvez seja minha crítica mais contundente ao projeto da Kahn Academy: como ensinar ciências humanas?
Ainda que seja jovem e por isso seja estranho um discurso tão contundente contra as vantagens da tecnologia, e na realidade esse é um assunto muito mais complexo do que estou me propondo a discutir nessa postagem, qualquer historiador que minimamente se dedique a estudos acerca da Revolução Industrial perceberá que o desenvolvimento tecnológico sempre fez parte, numa relação ambígua de causa e consequencia, do desenvolvimento econômico, e portanto, sob determinado ponto de vista, social e político, do ser humano.
Penso que o desenvolvimento tecnologia faz parte de um processo de ampliação das capacidade humanas, voltando à Revolução Industrial: durante o século XIX, a Europa passava por profundas transformações após homens como Mattew Bolton e James Watt utilizarem a pressurização do vapor como fonte de energia para o maquinário têxtil na Grã Bretanha no século XVIII, ampliando a capacidade de produção de tecidos entre 20 e 30 vezes. Essa profunda transformação libertou as forças produtivas da humanidade, gerando a Revolução Industrial, e então, a humanidade tornou-se capaz de realizar o que antes seria impossível como sonhou a literatura do escritor francês Jules Verne em diversos de seus livros como Volta aos mundo em 80 dias ou Viagem ao centro da Terra: os homens tornavam-se deuses.
Continua...


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