terça-feira, 30 de julho de 2013

Midiofobia - Educação, uma pauta pouco relevante

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/07/1317885-escola-para-meninas-ensina-modos-de-princesa.shtml
Data: 28 de julho de 2013

Talvez seja o último dia de férias, quer dizer, na realidade já tive uma reunião ontem e amanhã volto para meus alunos (como seue eu tivesse poder sobre eles... meus, e como se eles fossem somente isso.. alunos).

Na realidade me interessa mais o título da reportagem de Rolf Kuntz (clique aqui!) de 9 de julho de 2013, ainda que sua conclusão seja correta: "Neste ano, haverá de novo escassez de mão de obra qualificada, segundo os economistas da Confederação Nacional da Indústria (CNI)", por isso a educação ainda ser uma pauta pouco relevante. Ou não?

Com a partida do papa Francisco no final de semana a imprensa órfã, que ainda prolongou até segunda após o anúncio do pontífice sobre homosexualismo, voltou sua pauta para qualquer coisa que aparecesse e acabou aparecendo a educação (ao longo do dia outras pautas mais interessantes como estouro de adutora no Rio de Janeiro, retomada da negociação de paz no Oriente Médio) com a publicação de dados do IPEA sobre o IDHM brasileiro. Clique aqui para o link da reportagem da Folha de São Paulo, o jornal que coloca infográficos até nos quadrinhos!

Não tenho essa concepção de educação cor-de-rosa Hello Kit de que a educação é a grande salvação da humanidade e o professor o pastor dessa solução milagrosa... Aqueles que se incomodaram sugiro a leitura do livro de Theodor Adorno, filósofo da Escola de Frankfurt, entitulado Educação e Emancipação no qual já desconstrói alguns desses mitos nos anos 30! Mas é incontestável que uma educação de qualidade seria a longo prazo o melhor investimento que um país poderia fazer nos campos econômico, social e político.


Fonte: http://www.abolitionist.com/theodor-adorno.html
Legenda: Imagem do filósofo Theodor Adorno, difícil de respeitar depois que diz que cinema e Beatles são alienação de um projeto de massificação cultural... Mas...

Numa concepção ampla de educação, um exemplo seria o quanto uma boa educação faria a diferença para a mobilidade urbana se os cursos de condutores realmente educassem os motoristas (meus pais não me ensinaram a dirigir antes da autoescola, talvez se tivesse aprendido com eles meu senso de esponsabilidade sabendo carregá-los no carro teria me tornado um motorista diferente... meu instrutor nos anos 90, Vladimir, nome e cara de russo mau humorado, dizia: "Não interessa o que são os cones de baliza na vida real porra! O que interessa é você passar no exame do DETRAN!"), possivelmente haveria menos acidentes com mortes, o que reduziria também os gastos públicos com acidentes, que poderia investir em lazer por exemplo.

A longo prazo tudo passa por um bom sistema educacional, contuo o nosso sistema político eleitoral com 4 anos de mandato par ao poder executivo favorece a elaboração de metas a curto e médio prazo, porém verdadeira reforma no sistema educacional brasileiro é algo que só ocorreria a longo prazo, quando posssivelmente um político de outro partido colheria os louros da vitória, como Dilma faz com os dados do IPEA.

Assim, os governo acabam abrindo mão de sua responsabilidade sobre a educação promovendo uma "privatização forçada pelo abandono", e particulares, tentando reestabelecer o papel fundamental da educação na família e no Estado do século XXI desenvolvem estratégias cada vez mais curiosas. A última que vi foi numa reportagem da Folha de São Paulo sobre uma escola de princesas em Uberlândia, Minas Gerais.


Legenda: desenho da Fox Anastasia lançado em 1997, uma visão sobre a Revolução Russa para crianças na qual a pobreza dos camponeses e operários russos desaparece, o responsável pela revolução é o místico Rasputin que tem inveja do czar... E "minhas alunas" ainda querem ser princesas....

Ao contrário do que parece, a proposta, devida e inteligentemente patenteada pela empresária Nathália de Mesquita, é interessante (algumas mães aprovam, veja aqui) pois não se trata de formar uma princesa, mas de educar meninas para exercer funções de sua vida cotidiana (assim como da vida cotidiana do homem, uma escola de príncipes seria ainda mais necessária e bem vinda para acabar com os preconceitos, mas provavelmente teria dificuldade em encontrar consumidores) como cozinhar, lavar passar costurar. Em outras palavras, Nathália Mesquita percebeu que a educação familiar, assim como tantas outras como a formaçao de motoristas, está se perdendo, mas ainda existe uma parte do mercado com poder aquisitivo disposto a pagar por esses valores.

Eu seria um crítico da temática das princesas, mas vejo alunas em escolas particulares vestidas como princesas mesmo dentro das escolas seja no Ensino Infantil seja no Ensino Médio, então qual o problema?

Citações


Minifesto

      ave a raiva desta noite
a baita lasca fúria abrupta
      louca besta vaca solta
ruiva luz que contra o dia
      tanto e tarde madrugastes

      morra a calma desta tarde
morra em ouro
      enfim, mais seda
a morte, essa fraude,
      quando próspera

      viva e morra sobretudo
este dia, metal e vil,
      surdo, cego e mudo,
nele tudo foi e, se ser foi tudo,
      já nem tudo nem sei
se vai saber a primavera
      ou se um dia saberei
quem nem eu saber nem ser nem era

Paulo Leminski

Imagem da semana

Autoria Fábio Moon e Gabriel Bá
Fonte: http://10paezinhos.blog.uol.com.br/

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Citações

Aviso aos náufragos

      Esta página por exemplo,
não nasceu para ser lida.
      nasceu para ser pálida,
um mero plágio da Ilíada
      alguma coisa que cala,
folha que volta pro galho,
      muito depois de caída.

      Nasceu para ser praia,
quem sabe Andrômeda, Antártida
      Himalaia, sílaba sentida,
nasceu para ser última
      a que não nasceu ainda.

      Palavras trazidas de longe
pelas águas do Nilo,
      um dia, esta página, papiro,
vai ter que ser traduzida,
      para o símbolo, para o sânscrito,
para todos os dialetos da Índia,
       vai ter que dizer bom-dia
ao que só se diz ao pé do ouvido,
      vai ter que ser a brusca pedra
onde alguém deixou cair o vidro.
      Não é assim a vida?

Paulo Leminski

Imagem da semana

Autoria André Dahmer
Fonte: http://www.malvados.com.br/

domingo, 28 de julho de 2013

Citações


pra que a cara feia?
na vida
ninguém paga meia.

Paulo Leminski

Imagem da semana




Autoria Michael Shainblum
Fonte: http://www.shainblumphoto.com/p420686629

sábado, 27 de julho de 2013

Avanti squadra Palestrina! - Novo Palmeiras - o time

Antes de começar, um parágrafo de silêncio para o grande Djalma Santos...

...

Sobre o Palmeiras time, escrevo enquanto Palmeiras sofre para manter o 1 X 1 contra o Guaratinguetá, e uma boa análise tática do time nesse jogo revela muito do que é o Palmeiras time.

Apesar de muito criticada no ano passado e mesmo por alguns comentaristas este ano, sendo a melhor defesa da série B e a segunda melhor considerando tanbém as estatísticas da série A, os zagueiros palmeirenses tem encontrado um bom entrosamento, sobretudo Henrique e André Luís, contudo, o sistema defensivo é composto não apenas por zagueiros, mas sobretudo por laterais e volantes.

Entre os gols sofridos pelo time na série B, a maior parte ocorreu pelas laterais, pois Juninho e Luis Felipe não conseguem fazer a cobertura com uma marcação eficiente. O setor defensivo esquerdo é o mais frágil da defesa alvi verde, pois além de Juninho, o primeiro ponto frágil do setor defensivo do time, o atacante Vinícius atuando como ponta de lança, semelhantemente a Luan no ano passado, tem muita dificuldade para marcar pelo setor. Uma boa solução tática foi apresentada por Gilson Kleina no final do jogo contra o Guaratinguetá, após a substituição de Vinícius por Mendieta, o volante paraguaio passou a fechar a marcação com Márcio Araújo, dando liberdade para os laterais atacarem, e Luis Felipe teve boas chances pelo setor como ocorreu na reestreia do jovem lateral na série B.

Durante a Copa das Confederações, o técnico da seleção brasileira, Luis Felipe Scolari, deu entrevista falando sobre a dificuldades em fazer com que todos os jogadores convocados rendam na seleção brasileira o mesmo que redem em seus clubes. O técnico afirmou que os posicionamentos são diversos na selação e no clube e que seria impossível que todos jogassem como jogam em seus clubes, pois haveria conflitos de posicionamento. Em parte, Scolari est;a correto, porém, é preciso valorizar as habilidades específicas de cada jogador até para que este sinta-se estimulado, e algo parecido ocorre com os laterais do Palmeiras: a despeito de ser um jogador extremamente esforçado, Juninho já se mostrou também exageradamente inseguro, não sem justificativa, pois foi um dos jogadores hostilizados pelos desmedidos protestos dos torcedores no ano passado, já Luis Felipe provou possuir muita qualidade quando apoia o ataque e precisa de uma boa cobertura para apoiar o ataque.

Assim como os laterais, os volantes também ficam a desejar. Apesar das críticas dos torcedores, alguns comentaristas reconhecem a utilidade tática de Márcio Araújo e Charles para o time, e, na minha opinião, ambos tem características complementares, pois apesar de não ter uma boa finalização, Márcio Araújo tem tem uma ótima condução de bola, podendo mesmo apoiar o ataque com mais frequencia, enquanto Charles tem uma ótima finalização. Contudo, o time palestrinio vem, há cerca de dois anos, desenvolvendo a função que costumo chamar de "terceiro volante", função sem sem nenhuma significância tática exercida por Wesley, que comete muitas faltas enquanto volante e arma poucas jogadas enquanto meia, tornando o volante o segundo ponto frágil do setor defensivo palmeirense. Como entendo o time, Wesley deveria disputar posições com Charles como segundo volante, liberando mais o primeiro, para que seja efetivamente um segundo volante, e recuando mais o segundo, para que também se torne um segundo volante.

Por outro lado, o setor ofensivo, ao contrário do que se poderia imaginar, é, na minha opinião, senão o melhor setor do time, o que tem maior potencial para se desenvolver, apesar da pouca criatividade, que, ccomo já escrevi anteriormente, poderia ser explorada pela direita com Luis Felipe e com a extinção dessa função de "terceiro volante" exercida por Wesley.

A dependência criativa de Valdívia é evidente, pois o chileno atrai muitos marcadores abrindo espaço para outros jogadores avançarem, contudo, o Palmeiras não possui outro meia armador mas algumas promessas da base como Diego Souza. Com a possibilidade do avanço de Luis Felipe para a criatividade, outra alternativa pode ser Leandro atuando mais recuado como vem fazendo hoje, sendo responsável pela maior parte das assistência do time na série B.

Talvez a maior deficiência no setor ofensivo seja sua versatilidade. Atualmente o ataque titular é composto ppor Leandro, um ótimo jogador muito bem formado nas bases do Grêmio, sendo bem equilibrado em todos os fundamentos necessários a um atacante, e Vinícius, um jogador previsível e com menos recursos que seu companheiro de ataque que atua como ponta de lança pela esquerda como Felipão acostumou Luan. Me parece que falta mobilidade ao time, mobilidade essa que Allan Kardec, jogando como centroavante poderia fornecer, pois é um jogador que protege muito bem a bola e, atuando como pivô, semelhantemente a Barcos, daria mais liberdade a Leandro para cair pelos lados do campo.

 Per favore non me rompere i coglioni...

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Citações

Pérola trazida pelo Cortella num vídeo do Youtube...

Conheço muitos que não puderam quando deviam, porque não quiseram quando podiam.

François Rabelais

Imagem da semana

Autoria Jim Davies

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Citações


           it's only life
           but I like it

let's go
baby
           let's go

this is life

it's not
           rock and roll

Paulo Leminski

Imagem da semana




Autoria Nani
Fonte: http://www.nanihumor.com/

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Avanti squadra Palestrina! - O novo Palmeiras - o clube

O que a mídia tem propagandeando o time palestrino nos últimos dias é que existe um novo Palmeiras.Para minimamene tentar responder a essa questão me parece que existem dois aspectos importantes: primeiramente o Palmeiras clube, e em segundo lugar o Palmeiras time.

Enquanto Palmeiras clube, acredito que, pelo pouco que leio e ouço, a atual administração está a caminho para formar um novo Palmeiras: Nobre e Brunoro tem feito progressos garantindo a continuidade da construção do Allianz Parque (nome que escolhi entre os três, afinal é o único que faz menção ao estádio orginal), reforma das ruas no entorno (leia mais no blog do PVC que faz uma crítica muito correta ao lembrar que o governo favorece outros estádios com incentivos fiscais), adaptação de áreas internas do clube, encerramento do patrocínio do clube para outros esportes e categorias (ainda que a exceção seja o basquete que tem patrocínio próprio, é uma enorme perda para o esporte, por exemplo, o melhor tenista brasileiro de mesa de todos os tempos, Hugo Hoyama, dez medalhas de ouro em jogo Panamericanos, fazia parte da equipe da Sociedade Esportiva Palmeiras), entre outros.


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Hugo_Hoyama.jpg
Legenda: Hugo Hoyama depois de vencer a medalha de ouro nos Jogos Panamericanos em 24 de julho de 2007. Agência Brasil. Wilson Dias/ABr

Contudo, ainda me parece indispensável que a administração do clube faça uma reforma política, sobretudo no que diz respeito ao processo eleitoral dentro do clube, democratizando o acesso de sócios aos cargos políticos; além de uma reforma financeira, que já está em curso mas ainda distante da necessidade do clube, por exemplo, no mês de 31 de maio (último lançamento, veja aqui) um déficit de mais de 15 milhões de reais(exatos 16.724.202,62) na manutenção dos esportes no clube.

- Receitas com esportes profissionais e não profissionais 57.119.880,68
- Despesas com esportes profissionais e não profissionais 73.844.083,30

Ttristemente, existe uma necessidad de explorar comercialmente a relação entre o torcedor e o clube, o marketing futebolistisco sem dúvida pode ser uma das principais fontes de renda de um clube, porém, ainda existe uma grande distância emocional entre torcedores e clube. Atualmente, o torcedor da Sociedade Esportiva Palmeiras, se identifica muitos mais com o time do que com o clube. A administração atual deveria se concentrar em reconstruir essa relação, um plano interessante de sócio-torcedor deve ser implementado quando o time voltar a ter seu estádi.

Além das reformas política e financeira, talvez uma das maiores diferenças entre Palmeiras de 2012 e o de 2013 seja a relação do clube com a mídia, afinal, muito se comentou sobre as dificuldades entre o assessor de imprensa de Felipão, Acaz Felleger, e dos conselheiros de oposição com a Diretoria do clube. Com a saída de Luis Felipe Scolari e o rebaixamento para a série B, aparentemente os grupos de conselheiros de posição e oposição se uniram, protegendo o clube dos assédios da mídia. O poder da mídia para desestabilizar um clube pode ser verificado parcialmente em outro time da capital paulista, o São Paulo Futebol Clube (que tem hoje partida com o Internacional adiantada pela rodada do Brasileirão), e escrevo parcialmente, pois, sem vitórias, a tendência é que a oposição liderada po Marco Aurélio Cunha possa utilizar a imprensa para desestabilizar o entronizado Juvenal Juvêncio como dá a impressão no caso do e-mail enviado por engano aos sócios torcedores demonstrando relações bastante suspeitas entre a organizada tricolor e a Diretoria (leia aqui!) para favorecer a posição nas eleições do clube.

Durante a Guerra do Vietnã por exemplo, o comandante James Bond (não é piada esse é mesmo o nome do cara!) Stockdale foi preso em 1965 após ter seu avião abatido e permaneceu prisioneiro dos vietcongs por sete anos sendo torturado regularmente. Entre as torturas psicológicas, era obrigado a escrever cartas endereçadas a jornais estadunidenses revelando supostos segredos de Estado, desestabilizando o governo do país, por exemplo, um de seus companheiros revelou a existência de um esquema de fraude dentro do exército comandado pelo tenente Clark Kent (vulgo Superman, mas isso era desconhecido pelos vietcongs). Essa talvez seja a guerra em que a mídia tenha efetivamente se consolidado como poder dentro do país, assim como a mídia faz dentro do Brasil também nos esportes, afinal, a guerra interessa pela quantidade de lucro que elas podem gerar.


Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/File:USS_Maddox_%28DD-731%29.jpg

Legenda: SS Maddox no início dos anos 60. Um incidente com esse navio de guerra, nunca completamente esclarecido pelo governo ou pela mídia. determinou a entrada dos EUA naquela que é considerada uma das piores guerras do país. Não é possível arbitrar sobre a vida humana ("and how many deaths will it take till he knows. That too many people have died?"diria Bob Dylan), mas as perdas dos EUA em guerras são segundo dados da Wikipédia:

Segunda Guerra Mundial 1.076.245
Guerra Civil Americana: 646.392
Primeira Guerra Mundial 320.518
Guerra do Vietnan: 211.454
Guerra da Coréia: 128.650

O Vietnan é 7a guerra com mais mortes percentuais em relação ao total da população estadunidense (0,030%) ficando atrás da Guerra de 1812 e a Guerra México-Americana. Seria a mais violenta ou a mais vigiada? Para se fazer uma comparação, a Guerra ao Terror (Iraque e Afeganistão) teve 57.614 mortos representando (0,002%) da população do país.

Per favore non me rompere i coglioni...

Citações


o barro
toma a forma
que você quiser

você nem sabe
estar fazendo apenas
o que o barro quer

Paulo Leminski

Imagem da semana

Autoria Fábio Moon e Gabriel Bá
Fonte: http://10paezinhos.blog.uol.com.br/

terça-feira, 23 de julho de 2013

Midiofobia - A guerra cibernética começa no seu smartphone


Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/a_guerra_cibernetica_comeca_no_seu_smartphone
Data: 9 de julho de 2013

Assim como médicos e professores, para mim jornalistas são um mal necessário para a sociedade moderna, porém, entre esses poucos são dignos do meu respeito. Entre os jornalistas, um deles é Alberto Dines, que fundou e coordena o Observatório da Imprensa.

Como já escrevi aqui, me parece que todos esses movimentos de protesto no Brasil, a Primavera Árabe, a crise econômica européia, as denúncias de Edward Snowden e Julian Assange, tudo faz parte do esgotamento do sistema capitalista democrático representativo (clique aqui!). Como em algum momento da história, todo sistema político e econômico se esgota como o Absolutismo e o mercantilismo europeu do século XVII, faz parte da dinâmica da história, e Dines apresenta essa percepção com muita clareza em seu artigo ao afirma: "Este maravilhoso sistema ao qual estamos conectados a partir das células eletrônicas que carregamos nos bolsos & bolsas é simplesmente indestrinçável. Impossível “desligar” a indústria das conexões, ela foi longe demais, não há retorno. O caos criativo está ganhando mais uma parada. (...) A humanidade fez uma escolha há cerca de duas décadas e agora está pagando o preço. Maravilhada com a mágica das redes onde máquinas falam com máquinas e superam todas as barreiras do tempo e do espaço, a comunidade humana apostou cegamente no confortável conceito de conectividade e comunhão instantânea. Com elas turbinamos um inesgotável acervo de ferramentas para viver melhor e saber mais enquanto anulam-se progressivamente as liberdades e arbítrios individuais"

Legenda: A diferença entre o Big Bother de Orwell em "1984" (a piada pronta é o nome do ator que interpreta o protagonista é Winston Smith) é que a exposição pública seria condenada e hoje ela é, além de tolerada, idolatrada em programas de TV e redes sociais. Muito bem diz Dines, "A guerra cibernética começa no seu smartphone"e completo, na sua rede social, no seu tablet, no seu twitter e é claro... Nesse blog....

Essas conexões pelas quais vivemos hoje são, como afirma o jornalista, irrevogáveis. Algumas semanas antes de Snowden publicar suas denúncias contra o governo estadunidense, a revista Veja fez uma reportagem sobre o controle de dados conhecida como Big Data, no qual se destaca uma história interessante para exemplificar o que Dines quer dizer:

Há uma década, a Target, a gigantesca loja de departamentos com 1.800 pontos de venda nos Estados Unidos, atribuiu um número a cada um dos seus milhões de clientes e passou a rastrear e armazenar todas as pegadas digitais deixadas por eles: produtos preferidos, hábitos de consumo, média de gastos, uso de cupons, cartão de fidelidade. Somou a isso dados demográficos de cada um deles, adquiridos em empresas do ramo: sexo, idade, profissão, local de moradia, estimativa de renda. Contratou estatísticos para analisar essas informações e montou um retrato preciso do padrão de consumo de cada cliente. Um dia aconteceu um incidente.

Um senhor entrou esbravejando numa loja da Targer em Minnesota. Trazia nas mãos cupons de produtos para bebês. “Minha filha recebeu isto aqui pelo correio”: reclamou o senhor para o gerente. “Ela é uma adolescente. Vocês estão querendo estimulá-la a engravidar?”. O gerente conferiu a remessa dos cupons e, constrangido, pediu desculpas. Dias depois, com receio de perder o cliente, telefonou para ele a fim de desculpar-se outra vez. O pai da adolescente estava desconcertado do outro lado da linha: “Tive uma conversa com a minha filha. Fiquei sabendo de algumas coisas que estavam acontecendo dentro da minha casa”. Respirou fundo e completou: “Ela vai dar à luz em agosto…”.

Existe uma capilaridade entre a vida privada e a vida pública das quais não temos mais controle, esse controle está nas mãos do Estado e de empresas privadas interdependentes como previa o sistema democrático capitalista em sua gênese. A mídia desempenha um papel fundamental para a aceitação dessa submissão, propagandeando, através de reality shows, estereótipos que só podem ser conquistados através do consumo, garantindo aos consumidores de bundas durinhas e peitos siliconados a emoção mais fundamental para o ser humano: prazer.
 Cribcaged
Pain of Salvation

The only cribs that we should care for
Are the ones that we are here for
The ones belonging to our children
That do that we do, scar from our wounds

The only cribs that make a difference
Where the magic really happens
Don't come with a Mercedes Benz
Or a wide screen showing nothing
Showing nothing...

I'm sick of home control devices
Sick of sickening home designers
Sick of drugs and gold and strip poles
Sick of homies, sick of poses

Despite the nodding staff that serves you
Despite your name on clothes and perfume
Despite the way the press observes you

You're just people...(6x)

Successful people
Dressed up people
Smiling people
Famous people
Red carpet people
Wealthy people
Important people
But still just people

So fuck the million dollar kitchen
Fuck the Al Pacino posters
Fuck the drugs, the gold, the strip poles
Fuck the homies, fuck the poses
Fuck the walls they build around them
Fuck the bedroom magic nonsense
I don't want to hear their voices
As long as they vote with their wallets

Fuck the silly "throw you out" joke
Fuck the framed cigar DeNiro smoked
Fuck their lack of originality and personality
Fuck this travesty
Fuck this new norm
Fuck conformity
Fuck their Kristal
Fuck their sordity
Fuck the way they fuck equality
Fuck their freebie gear
Fuck the ones they wear

You're just people...(6x)

Successful people
Dressed up people
Smiling people
Famous people
Red carpet people
Wealthy people
Important people
But still just people

Messed up people
Shallow people
Stupid people
Plastic people
Meta people
Theta people
Therapyople
Entropiople

Oh, fuck the ones they wear
I'm cribcaged
Cribcaged

The only cribs that we should care for
Are the ones that we are here for
The ones belonging to our children
That do what we do, scar from our wounds









 Berços
Pain of Salvation

Os únicos berços com os quais deveríamos nos importar
São aqueles para os quais estamos aqui
Aqueles que pertencem a nossos filhos
Que fazem o que nós fazemos, cicatrizes de nossas feridas

Os únicos berços que fazem a diferença
Onde a mágica realmente acontece
Não vêm com uma Mercedes-Benz
Ou uma Wide-Screen não mostrando nada
Não mostrando nada...

Estou cansado de aparelhos de controle domésticos
Cansado de exaustar designers domésticos
Enjoado de drogas, ouro e Strip Poles
Enjoado dos lares, enjoado de poses

Apesar do pessoal que te acena, que te serve
Apesar do nome em roupas e perfumes
Apesar do jeito que a imprensa te observa

Vocês são só pessoas... (6x)

Pessoas bem sucedidas
Pessoas bem vestidas
Pessoas sorrindo
Pessoas famosas
Pessoas de tapete vermelho
Pessoas ricas
Pessoas importantes
Mas ainda assim, apenas pessoas

Então foda-se a cozinha de milhões de dólares
Fodam-se os pôsters do Al-Pacino
Fodam-se as drogas, o ouro, os Strip-Poles
Fodam-se o lares, fodam-se as poses
Fodam-se as paredes que eles construíram em volta deles
Foda-se o quarto de mágica sem sentido
Eu não quero ouvir as vozes deles
Enquanto eles votarem com suas carteiras

Foda-se a piada idiota de "te jogar fora"
Foda-se o cigarro filmado que DeNiro fumou
Foda-se a falta de originalidade e personalidade deles
Foda-se essa farsa grotesca
Foda-se essa nova norma
Foda-se o senso-comum
Foda-se o Kristal deles
Foda-se a sordidez deles
Foda-se o jeito que eles ferram a igualdade
Foda-se os brindes
Fodam-se aqueles que eles vestem

Vocês são só pessoas...

Pessoas bem sucedidas
Pessoas bem vestidas
Pessoas sorrindo
Pessoas famosas
Pessoas de tapete vermelho
Pessoas ricas
Pessoas importantes
Mas ainda assim, apenas pessoas

Pessoas bagunçadas
Pessoas superficiais
Pessoas idiotas
Pessoas plásticas
Meta pessoas
Theta pessoas
Therapessoas
Entropessoas

Oh, fodam-se os que eles vestem
Eu tenho berço
Berço

Os unicos berços que nós deveriamos nos importar
São aqueles para os quais estamos aqui
Aqueles que pertencem aos nossos filhos
Que fazem o que nós fazemos, cicatrizes de nossas feridas

Fonte: http://letras.mus.br/pain-of-salvation/862952/traducao.html

Contudo, essa capilaridade viola não apenas a particularidade dos indivíduos, mas de outros Estados afetando tantos milhões como no caso do Brasil. Luciano Martins Costa, também jornalista colaborador do Observatório da Imprensa escreveu artigo entitulado "O ‘big brother’ desmascarado" no dia 8 de julho (clique aqui!) especulando sobre a essa possibilidade desse controle de informações extapolar o âmbito privado (afinal, poucas pessoas são tão interessantes assim) e adentrar o Estado e empresas particulares, controlando o mercado global por conhecer a atuação de empresas petrolíferas e órgãos de controle da agricultura nacional, por exemplo. Com isso novamente se coloca em xeque esse sistema: "Para a imprensa brasileira, que viaja na fantasia da suposta “liberdade de mercado”, fundada no mito da livre concorrência, fica complicado admitir que a crença na absoluta autonomia dos negócios privados é pura ilusão."

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Illustration_Papaver_somniferum0.jpg
Legenda: ilustração de papula, da qual se fabrica o Ópio contida no livro do Prof. Dr. Otto Wilhelm Thomé Flora von Deutschland, Österreich und der Schweiz 1885, Gera, Alemanha.

Fonte: http://www.tfmetalsreport.com/blog/4451/narcoleptic-tuesday?page=6
Legenda: o primeiro navio de ferro do mundo, fabricado pelos britânicos para atuar militarmente em defesa da Companhia das Índias Ocidentais comandado pelo Lieutenant W. H. Hall. Com o a Inglaterra vitoriana expandindo seu poderio comercial para o Oriente, o acúmulo de riqueza como prata foi feito da seguinte forma: o Estado "concede" o monopólio do ópio indiano, país já submetido economicamente aos tecidos industrializados ingleses, a particulares, que o contrabandeam para a China cobrando em prata. Quando o imperado chinês reagiu (gerando a Primeira Guerra do Ópio), uma vez que estima-se que 1/4 da população chinesa era viciada na droga, o estado em defesa dos interesses de particulares, e com isso de seus próprios, estraçalhou a marinha chinesa com o Nêmesis, o navio a vapor ao fundo do lado direito do quadro.

Citações

Pra quebrar o ritmo de Leminski um pouco...

As três palavras mais estranhas

Quando pronuncio a palavra Futuro,
a primeira sílaba já pertence ao passado.
Quando pronuncio a palavra Silêncio,
destruo-o.
Quando pronuncio a palavra Nada,
crio algo que não cabe em nenhum não-ser.

Wislawa Symborska

Imagem da semana

Autoria Carlos Rúas
Fonte: http://www.umsabadoqualquer.com/

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Avanti squadra Palestrina! - Figueirense 2 X 3 Palmeiras

A resposta do alvi verde de Parque Antártica a sua torcida nessa série B tem sido satisfatória (muito bom seria não ter sofrido o descenso), não que o resultado contra o Figueirense seja marcante pela conquista da primeira colocação (até porque o o Chapecoense, com 20 pontos diante dos 21 do Palmeiras, tem um jogo a menos), mas talvez por marcar a estréia das contratações e definir o plantel do clube para o ano de 2013.

Segundo site do Globoesporte (clique aqui!), as possíveis movimentações no mercado alvi verde são de:

LATERAIS:
- Luís Ricardo, lateral direito da Portuguesa (que também interessa ao São Paulo), negociando sua vinda em troca de Ayrton, também lateral direito do Palmeiras.
- Wendell, lateral do Londrina, interessa ao Palmeiras (talvez uma alternativa a Luis Ricardo).

VOLANTES:
- João Denoni, volante do Palmeiras, assinando com o Oeste por empréstimo (negócio que segundoa a mídia já está fechado).


 ATACANTES:
- Pablo Velásquez, atacante do Libertad, interessa ao Palmeiras (com a ótima estréia de Allan Kardec e bom desempenho de Serginho nas partidas que entrou, acho difícil a diretoria investir em outros atacantes)
- Wéverton, atacante do Londrina., interessa ao Palmeiras (talvez uma alternativa e um investimento caso os outros atacantes, com o passe mais caro, não sejam viáveis)
- Carlos Tenório, atacante do Vasco, interessa ao Palmeiras (como a troca com Maikon Leite já não é possível acho difícil que a negociação, sobretudo com a necessidade que o Vasco tem em manter jogadores)
- Rafael Moura, atacante do Internacional, interessa ao Palmeiras (mais um atacante, essa venda vegtada pelo técnico Dunga do clube gaúcho)

Assim, o plantel do time para disputar a série B e a Copa do Brasil é, segundo o site do clube (clique aqui!):


GOLEIROS - talvez a posição mais injustiçada, pois a formação dos goleiros dentro da própria equipe sempre foi muito boa. Fernando Prass é um goleiro com bastante experiência e, talvez, seja esse o motivo principal de sua contratação.
Bruno
Alemão
Fábio
Fernando Prass

LATERAIS - me parece o setor mais instável instável da equipe, o que é preocupante, pois envolve o equilíbrio entre ataque e defesa. Os titulares Juninho e Luis Felipe, são melhores atacando, sobretudo esse último, a grande surpresa da equipe nas últimas rodadas, e por isso acabam enfraquecendo a equipe quando precisam marcar como no último jogo contra o Figueirense. Sobre a titularidade no setor, as poucas vezes que acompanhei partidas de Fernandinho gostei e acredito que Gilson Kleina poderia dar mais chances ao jogador; já com a possível saída de Ayrton, que exerce funções de lateral direito e não de armador pela direita como fez no Coritiba onde se destacou, e Weldinho, a titularidade de Luis Felipe pode ser contestada com a chegada de Luis Ricardo da Portuguesa.

Talvez esteja me enganando, as laterais no futebol nacional são muito pouco exploradas taticamente pelos treinadores, muitos clubes brasileiros possuem laterais pouco versáteis defendendo e atacando, função que passou aos segundo volantes desde Hernanes, ex-São Paulo, passando por Ramires, ex-Cruzeiro e se encerrando com Paulinho, ex-Corinthians. Essa deficiência tática dos treinadores faz com que os laterais titulares da seleção brasileira não atuem como atuam por seus clubes, basta observar Daniel Alves, no Barcelona, e Marcelo, no Real Madrid.



Juninho
Fernandinho
Ayrton
Weldinho
Victor Luis
Luis Felipe

ZAGUEIROS - ainda que seja um setor bastante criticado, o time da Pompéia ainda é a defesa menos vazada da série B. Aos poucos Henrique tem assumido a liderança da zaga e desde que passou a atuar com André Luiz, o time sofreu apenas um gol contra o ABC, ainda que a dupla Henrique-Vilson também possa atuar apesar da proximidade no posicionamento de ambos. Além disso, vale a pena destacar a versatilidade do setor no qual tanto Henrique como Vilson possuem experiência atuando como primeiros volantes, criando mesmo a possibilidade de jogar com três zagueiros, Henrique, André Luiz e Vilson, deixando os laterais mais avançados (o que favoreceria sobretudo Ayrton).

Assim como no caso de Fernandinho, acredito que o treinador poderia aproveitar alguns jogos da série B para garantir experiência tanto Wellington como Luiz Gustavo, jogadores jovens que já atuaram muito bem entre os titulares.

Henrique
Wellington
Luiz Gustavo
Marcos Vinícius
Vilson
André Luiz
Tiago Alves
Thiago Martins

VOLANTES - na minha opinião, um dos setores mais qualificados do time, pois possue jogadores versáteis. Apesar de muitas críticas da torcida, Márcio Araújo desempenha uma função importante, que poderia ser refinada por Marcelo Oliveira,que jogou muito bem na lateral esquerda desde que chegou ao clube, mas acabou perdendo espaço se não me engano por uma contusão. Já como segundos volantes existem disputas importantes, pois muitas vezes Wesley atua como um meia e Charles como segundo volante, ambos tem qualidades bastante diferentes, mas Wesley, mesmo com alguns lançamento em profundidade e assistências, ainda tem muitas deficiências atuando como armador, perdendo espaço para Charles, que assim como Léo Gago, aparece como elemento surpresa com uma boa colocação e boa capacidade de finalização.

Assim como Mendieta, Felipe Menezes e Allan Kardec, Egurem parece atuar bem nos treinos, mas assim como tantos outros antes deles (Kléber, Muricy Ramalho, Vágner Love) precisam jogar para se configurarem em jogadores importantes para o clube.

Márcio Araújo
Wesley
Renatinho
Wendel
Marcelo Oliveira
Charles
Léo Gago
Eguren

MEIAS - talvez o setor mais carente do futebol brasileiro. O Palmeiras resolveu sua dependência das supostas boas atuações de Valdívia, sempre machucado, de duas formas: primeiramente com a promoção de jogadores da base como Patrick Vieira, Bruno Dybal, Diego Souza e Edilson (tanto estes jogadores como João Denoni e Vinícius, promovidos durante a segunda passagem de Luis Felipe Scolari pelo clube pelas poucas opções oferecidas pela Diretoria ao treinador) acabaram desgastados pela responsabilidade precoce e talvez merecessem como João Denoni, ganhar mais experiência entre os profissionais em equipes menores. Diante disso, a Diretoria investiu em reforços, alguns com resultados pouco satisfatórios e outros ainda sem resultado objetivos como Medieta, Felipe Menezes e Serginho, mesmo com a boa atuação de deste último contra o ABC.

Valdívia me parece nesse momento um caso mais clínico do que técnico, o desempenho do meia tem sido bom. Ainda acredito que a responsabilidade pela criação de jogadas não pode depender tanto do chileno e talvez nem mesmo de outro meia como Wesley, que não desempenha a função adequadamente, mas de leterais e segundos volantes.

Valdivia
Patrick Vieira
Bruno Dybal
Diego Souza
Edilson
Ronny
Rondinelly
Serginho
Mendieta
Felipe Menezes

ATACANTES - setor ainda frágil. Mesmo com o ótimo desempenho de Leandro, que tem atuado fora da área fazendo assistências, Vinícius ainda atua como um jogador inexperiente. Talvez a melhor dupla de ataque seja o emprestado atacante gremista com Allan Kardec, mas este fora de forma ainda precisa se firmar como titular, esvaziando o banco de opções. Ananias é um jogador veloz como Vinícius e pode ser um bom reserva.

Maikon Leite
Vinicius
Caio
Leandro
Ananias
Alan Kardec

Per favore non me rompere i coglioni...

Citações

Amor, então
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.

Paulo Leminski

Imagem semana

Autoria Benett
Fonte: http://blogdobenett.blog.uol.com.br/

domingo, 21 de julho de 2013

Citações


acordei bemol
tudo estava sustenido

sol fazia
só não fazia sentido

Paulo Leminski

Imagem da semana

Autoria Benett
Fonte: http://blogdobenett.blog.uol.com.br/

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Avanti squadra Palestrina! - Palmeiras 4 X 1 ABC

Demorei bastante para escrever sobre futebol novamente, mas preferi propositadamente esperar um pouco, afinal no início de qualquer campeonato, mesmo a série B, o desempenho dos times pode demorar a se estabilizar, pois cada campeonato tem caraterísticas muito específicas. Entendo que a série B é um dos campeonatos mais disputados do país, pois subir à série A desperta interesses de todos os setores de um clube: receber cotas de TV, valorizar jogadores, adquirir patrocínios, disputar um campeonato internacional como a Copa Sul Americana, etc.

O alviverde de Parque Antártica parece não tem sentido esse tipo de pressão, pelo menos até o momento com cerca de 1/5 do campeonato disputado. As diretoria palmeirense nos últimos anos, entenda-se as adminsitrações Bulluzo e Tirone, acabaram apostando em contratações pouco eficentes em parte por amadorismo e em parte por falta de sorte, com isso, o ano passado foi marcado pelo desenvolvimento de um postura valente dentro do campo (ou como definiu muito bem um comentarista da ESPN no ano passado, se não me engano foi o PVC, "o Palmeiras é um time cascudo") reforçada pelo estilo Felipão.


Fonte: http://www.roteirobaby.com.br/2013/06/copa-das-confederacoes-roupinhas-para-pequenos-torcedores.html
Legenda: Felipão conseguiu dar uma cara aguerrida ao Palmeiras de 2012, mas não pensou em abandonar o time após prometer que cairia com o clube. Depois disso pegou a seleção desacreditada de Mano Meneses e a conduziu ao título da Copa das Confederações... Na família Scolari do alviverde, Felipão era o padrasto...

Devido à incompetência gerencial das administrações anteriores, o time que prometia se tornar uma das maiores forças da América, com muiots investimentos e grandes nomes como Muricy Ramalho, Kléber, Valdívia, foi encolhendo até ser ver forçado a jogar como time pequeno. Ao final do ano passado o Palmeiras já tinha atitudes de um time rebaixado jogando apoiado em poucos talentos como Marcos Assunção e Barcos, esperando por uma bola parada para depois segurar o resultado. Sob determiando ponto de vista, o Palmeiras já se preparava para o descenso.

Sempre pensei no que o Corinthians fez quando caiu, reformulando sua estrutura para se tornar um dos maiores campeões do Brasil nos últimos anos. A queda fez bem ao clube e gostaria muito que a rivalidade ficasse de lado e a atual administração do clube fizesse as reformas fundamentais para que mesmo com o time na série B a administração se tornasse de série A.

Nesse sentido, antes de mais nada o time tem procurado se reforçar em 2013 com nomes como Mendieta, Allan Kardec e Eguren. Esses reforços porém, juntamente com o acumulado das últimas administrações, gerou um acúmulo de dívida na casa dos 21 milhões de reais (clique aqui!), pois Nobre  e Brunoro assumiram juntamente com a adminsitração, a responsabilidade de trazer o Palmeiras de volta para a elite do futebol em 2014. A falta de investimentos revoltaria a torcida mesmo que o time tivesse um excelente desempenho na série B, pois o que falta ao torcedor é a reidentificação com o time que perdeu ícones importantes como o goleiro Marcos e o voltane Marcos Assunção, e outros como Valdívia, ainda que joguem bem, não são identificados pelo torcedor como essses ícones. Será parte do trabalho de Gilson Kleina reconstruir esse vínculo do time com a torcida e quem sabe até do clube com a torcida.

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=yjbZo77ApW4
Legenda: o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, impagával na apresentação do técnico Paulo Autuori. Ainda melhor foi a edição do GloboEsporte (clique aqui!). Com todas as críticas que tenho a forma de trabalhodo São Paulo, sobretudo em relação aos contratos de jogadores da base, o icônico presidente tricolor mantém uma unidade entre torcida e clube, assim como Rogério Ceni o faz entre toricda e time (ainda que nos bastidores os dois discutam bastante)

Também visando uma melhor adminsitração e maior cuidado com as finanças do clube, o plantel, que acabaou sse tornando grande demais com as novas contratações, precisa ser enxugado e a adminitração demora para resolução da situação de jogadores como Maikon Leite (por quem o Palmeiras brigou tanto com o Santos para garantir o cumprimento do pré-contrato assinado quando ainda jogava pelo time do literal paulista), que recebem altos salários e não são aproveitados. Ainda pensando em reestruturação financeira a administração poderia emprestar mais jogadores inexperientes para times menores como fez com João Denoni para o Oeste, pois existe uma boa geração de jogadores formados na base como o meia Diego Souza e o zagueiro Wellington, que poderia adiquirir experiência por empréstimo voltando ao clube como fez o volante Souza, um dos melhores jogadores do campeonato brasileiro de 2012 pelo Náutico e agora vendido para o Cruzeiro em troca do também volante Charles.

Por fim, falta ao time um patrocínio, o departamento de marketing (que até onde me consta não existe formalmente) não pode permitir que se lance uma nova camisa sem patrocínio, que se passe a data do 20 anos da conquista do paulista de 1993 sem um novo produto... Os contratos com a Allianz pela arena do time, não bastam, pois com uma torcida menor que a do Corinthians e do São Paulo não se pode permitir que a arrecadação diminui a grandeza da tradição e tírulos do clube.

O excelente trabalho de Nobre e Brunoro parecem caminham a passos largos, mas ainda descoordenados em todos os setores.

Per favore non me rompere i coglioni... 

Citações


meus amigos
quando me dão a  mão
sempre deixam
outra coisa

presença
olhar
lembrançacalor

meus amigos
quando me dão
deixam na minha
a sua mão

Paulo Leminski

Imagem da semana



Autoria Angeli

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Citações


quero a vitória
         do time de várzea

valente

covarde

         a derrota
         do capeão

5 X 0

         em seu próprio chão
                                 circo
                                 dentro
                                 do pão

Paulo Leminski

Imagem da semana





Autoria William Dolan
Fonte: http://www.dolanart.com/drawings.html

Midiofobia - Manifestante é atingido por cinzeiro durante protesto em Copacabana

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/07/1310972-manifestante-e-atingido-por-cinzeiro-durante-protesto-em-copacabana.shtml
Data: 14 de julho de 2013

Após quase dois meses desde o início dos protestos, os cariocas, manifestantes mais inflamados (talvez rivalizando com os mineiros) mostraram novamente o aspecto obscuro desse despertar de consciência política durante o casamento de Beatriz Barata, filha de Jacob Barata, o "rei do ônibus"do Rio de Janeiro.

Não pretendo explicar o ocorrido, talvez o relato mais interessante seja de Hildegard Angel (clique aqui!), jornalista e atriz filha de Zuzu Angel que foi testemunha ocular do ocorrido (comparando-o com os protestos que levaram à tomada do Palácio das Tulherias durante a Revolução Francesa... Menos...), além disso, vale a pena o site da Folha de São Paulo (clique aqui! E aqui!), um pouco mais isento que o fluminense O Globo, (aliás já criminalizou os manifestantes em reportagem afirmando que o jovem atingido pelo cinzeiro foi detido por porte de maconha). O ocorrido é simples: sendo o direto ao protesto é garantido pela constituição, (ainda que exista uma problemática complexa entre particular e público que pretendo abordar nessa reflexão), ao atirar um objeto contra os manifestantes, a high society carioca abandona o Estado de Direito tornando uma brincadeira em homicídio doloso com pena de mínima de 12 anos (o que todos nós sabemos não ocorrerá com os Barata).

Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Marie-Antoinette;_koningin_der_Fransen.jpg
Legenda: Retrato de Maria Antonieta pintado em 1775 por Jean-Baptiste Gautier Dagoty (1740-1786). Tanto a rainha como o rei Luís XVI da França foram decapitados durante a Revolução Francesa. A rainha por ser austríaca fomentou o ódio do povo francês e tornou-se ainda mais odiada pela suposta frase "Se [o povo, faminto] não tem pão, que comam brioches!". Impossível não pensar na elite nacional, sobretudo com essa mãozinha sobre o globo... Não conheço nenhuma iconografia que mostre o rei francês na mesma posição...

Como já escrevi anteriormente, é perfeitamente compreensível e legal a revolta popular em forma de protestos contra o que chamamos de democracia capitalista ocidental, assim como legal o uso do órgão repressor quando o protesto deixam de ser legal e torna-se apenas compreensível. Contudo, me parece que o sentimento da catarse popular contra o Estado foi minorado e os protestos são agora uma manifestação mais deliberada e menos outorgada, perdendo o caráter absolutamente popular e apartidário como foram as primeiras manifestações, para surgirem organizações específicas como os black blocs, centrais sindicais, partidos políticos, skinheads, etc.


Essa nova ordem das manifestações deixaram a esfera puramente do Estado e se transferiram contra particulares, ainda que estes particulares sejam servidores do poder público, como é o caso de Jacob Barata. Não defendo sob nenhuma circunstância esses particulares, afinal, o Estado não existe enquanto instituição num sistema que defende a liberdade econômica levada às suas últimas consequencias, efetivamente, o Estado SÃO esses particulares. Porém, manifestações como essa durante o casamento de um dos diversos Rockefellers cariocas acabam levando à suspensão do Estado de Direito, seja ela provocada por abusos de manifestantes ou abuso dos manifestados, como foi o caso dos Barata, e a degeneração de qualquer ordem política que de alguma forma precisará ser reestabelecida, seja através de algum desses grupos políticos (clique aqui e aqui!) que, apesar de condenados pela história, se valem do direito à liberdade de expressão para se manifestarem, seja através do grupo político que se mantém no poder atualmente.



Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Jdr-king.JPG




Legenda: caricatura do Rockefeller original em 1901 na revista Puck, mais do que o presidente de uma país: "O Estado sou eu".


 Fonte: http://www.trilhasonoras.xpg.com.br/1973avoltadebetorockfeller.htm
Legenda: Luiz Gustavo e sua carreria espetacular entre a riqueza e a pobreza como o malandro paulistano de Beto Rockefeller (aqui na capa da trilha sonora da menos conhecida continuação da novela dem 1973) a Vavá do Sai de Baixo.
 Como Contardo Callgiaris, citado Gramsci, escreveu em seu artigo esclarecedor da semana passada (e também eu escrevi algo similar na semana passada) (clique aqui!),o que surge no hiato entre um fim e um início são "fenômenos estranhos, criaturas monstruosas e difíceis de serem decifradas"...

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Citações


confira

tudo que respira
conspira

Paulo Leminski

Imagem da semana

Autoria Fabio Moon e Gabriel Ba
Fonte: http://10paezinhos.blog.uol.com.br/


terça-feira, 16 de julho de 2013

Mémoires du Cinemà - Superman: Man of Steel (2013)

Ficha técnica: http://www.imdb.com/title/tt0770828/?ref_=fn_tt_tt_23

Já há bastante tempo não escrevo sobre cinema, ainda que devesse, tenho visto muitos filmes interessantes, sobretudo na TV Cultura nos programas: Mostra Internacional de Cinema (veja o site aqui!) como os axcelentes italianos "Reality - A Grande Ilusão" (2012), "Estranhos normais" (2010) e o francês "Deixa ela Entrar" (2008); além disso, alguns clássicos interessantes do cinema nacionla no programa Mestres do Riso com filmes de Mazzaropi geniais como "O Puritano da Rua Augusta" (1965); e, para relaxar, faroestes estadunidenses no "Clube do filme".

Mas não pretendo escrever sobre filmes reprisados na televisão, e sim no cinema. Especificamente, hoje, sobre o último filme do astro da DC Comics Super-Homem (penso se até neste caso o hífem foi afetado pela criptonita da reforma ortográfica... em todo caso como se trata de um nome próprio me atrevo a mantê-la), o "Superman: Man of Steel" (2013) dirigido por Zack Snider, e é indispensável recordar, escrito e produzido por Cristopher Nolan.


Sempre defendi o cinema do diretor britânico Cristopher Nolan por conseguir fazer com maestria o que pouco diretores conseguem: um blockbuster que seja capaz de refletir sobre a realidade do espectador, como fez em na trilogia de Batman. Ainda que não seja o diretor, Nolan consegue parcialmente esse feito em "Man of Steel".

Nola procura produzir o filme inteligentemente: usa como temática um super herói como outros que se consagraram nas telas de cinema nos últimos anos (ainda que revitalizar a personagem do Super-Homem seja extremamente complexo), escolhe um ator protagonista apenas carismático cercado por atores reconhecidos (como Laurence Fishburne, Kevin Costner e Russell Crowe), adapta o roteiro de uma HQ já conhecida pelos fãs (originalmente o primeiro número de Superman foi lançado em 1938 na revista Action Comics #1, pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial, quando o Partizo Nazista na Alemanha, planejava cientificamente a criação de um Super Homem, o Übermensch, citado por Nietzsche em "Assim falou Zaratustra"), esolhe um diretor com bons trabalhos em efeitos especiais (como provou Zack Snyder em "300"(2009) e "Watchmen" (2009), por tudo isso, o filme (ou a produção do filme) impressiona, mas, assim como "The Dark Knight Rises" (2012) de Nolan as discussões mais interessantes do filme ficam em segundo plano. É exatamente sobre essas discussões que pretendo escrever.


Fonte: http://www.geekrest.com/2012/01/popeye-strikes-classic-superman-pose-in-action-comics-homage/
Legenda: capa do número 1 de Super-Homem

O blogspot permite que algumas estatísticas sejam consultadas dentro do blog, e no caso desse que vos lê, a postagem mais consultada é refernte a um filme chamado "Solomon Kane" (2009) (veja aqui). Depois de reler a postagem algumas vezes entendo o porque desse interesse: trata-se de uma postagem sobre a nossa própria concepção enquanto seres humanos, e talvez por isso tenha resolvido escrever sobre o filme: a personagem de Clarck Kent é extremamente mais interessante que a personagem do Super-Homem, até mesmo a atuação de Henry Cavill parece melhor para o repórter do que para o herói. Sem dúvida, é muito mais simples identificar-se com Clark do que com Kal-El, pois o protagonista afinal, é um adolescente se tornando adulto, talvez um dos conflitos mais complexos do amadurecimento humano, pois nesse momento os laços que ligavam o adolescente à afetividade paterna se rompem.

No caso de Kent, essa iniciação ao universo adulto é acentuada pelo reconhecimento de sua dupla descendência (a alienígena/biológica sendo filho de Jor-El e Faora-Ul do planeta Kripton, e a humana/cultural sendo filho de Jonathan Kent e Martha Kent do planeta Terra), sendo o processo mais do que adentrar a maturidade, mas determinar o destino das raças kriptoniana e humana. Infelizmente pouco desenvolvida, a discussão se embasa numa premissa extremamente interessante para se refletir sobre a vida adulta: Super-Homem tem uma vantagem sobre seus inimigos, pois sendo criado no planeta Terra aprendeu a controlar seus sentidos para então utilizar seus incríveis poderes, ou seja, através do auto controle (algumas cenas retratam um Clark Kent quase em nirvana resistindo a seus desejos) se estabelecem meios de realizar suas potencialidades.


Não quero dizer com isso que ser adulto significa reprimir seus desejos - Sigmund Freud já demonstrou as dificuldades psicológicas das práticas repressoras - mas de discutir como tornar seus desejo/potencialidade em realidade/plenitude, como escrever um romance mesmo sendo um matemático.

Infelizmente o filme também perde a oportunidade de articular uma discussão política, pois afinal (não estou estragando o filme!), o Homem de Aço vence a ameaça alienígena, determinando assim, a continuidade da raça humana. Essa decisão é tomada numa das cenas mais emocionantes, e mais uma vez, pouco explorada, do filme: o diálogo de Clark Kent com um padre, no qual o religioso lembra o super herói que algumas vezes é preciso ter fé para depois ter confiança. Contudo, essa mesma raça humana, se mostra pouco confiável...

Primeiramente quando o editor chefe do Planeta Diário, Perry White (Laurence Fishburne) proibe a jornalista Lois Lane (Amy Adams) de publicar notícias da CIA em seu jornal, fazendo com que esta última recorra a Glen Woodburn (Chad Krowchuk), um ativista cibernético como Julian Assange (qualquer semelhança entre a personagem Woodburn, traduzindo livremente, madeira queimando, e o ativismo político de Assange NÃO é mera coincidência) aceito pelo governo e mídia estadunidense, muito diferentemente da realidade. Essa confiança do super herói também se mostra frágil quando Super-Homem descobre que o governo estadunidense desenvolveu satélites para espionar e tentar estabelecer algum controle sobre ele (crítica consideravelmente irônica ao país se recordarmos que o disfarce do Super-Homem para tornar-se Clark Kent é apenas um óculos de armação negra e grossa), outra referência óbvia, dessa vez às denúncias de Edward Snowden acerca do software PRISM.



Ainda assim, um filme bastante interessante, a despeito do desserviço prestado às leis da Física moderna. Talvez fosse mais interessante que Nolan pedisse ajuda ao roteirista do Papaléguas...

Citações


a vida é as vacas
que você põe no rio
para atrair as piranhas
enquanto a boiada passa

Paulo Leminski

Imagem da semana




Autoria Nick Gentry
Fonte: http://www.nickgentry.com/artworks.html

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Citações


eu queria tanto
ser um poeta maldito
a massa sofrendo
enquanto eu profundo medito

eu queria tanto
ser um poeta social
rosto queimado
pelo hálito das multidões

em vez
olha eu aqui
pondo sal
nesta sopa rala
que mal vai dar pra dois

Paulo Leminski

Imagem da semana





Autoria Guido Mocafico
Fonte: http://www.guidomocafico.com/mo1.html

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Citações

via sem saída
via bem

via aqui
via além
não via o trem

via sem saída
via tudo
não via a vida

via tudo que havia
não via a vida
a vida havia

Paulo Leminski

Nada objetivamente relacionado à poesia maravilhosa de Leminski, mas não poderia deixar de postar essa (re)descoberta. Minha exmadrastaquesempreseraumamãe nos anos 90 possuia diversos cassetes que ouvi durante minha adolescência como "The Division Bell" do Pink Floyd (até hoje um dos meus álbuns favoritos), "Live at the Acropolis"de Yanni e "The Memory Of Trees" de Enya, porém, quando os cassetes começaram a perder espaço para os CDs, me lembro destes dividirem as estantes com coletâneas de músicas New Age que vinham com revistas sobre misticismo. Foi então que conheci Peter Ratzenbeck, violonista alemão, e Waldviertler Nächte.

Imagem da semana





Autor J Bennett
Fonte: http://www.behance.net/gallery/Industrial-Landscaping/7253691

terça-feira, 9 de julho de 2013

Citações


como um coto caro ao roto
incrédulo tiago
toco as chagas
que me chegam
do passado
mutilado

toco o nada
aquele nada que não para
aquele agora nada
que tinha
a minha
cara

nada não
que nada nenhum
declara tamanha danação

Paulo Leminski

Imagem da semana





Autoria Regan Rosburg
Fonte: http://www.reganrosburg.com/projects/new-work-2013--maelstrom/

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Midiofobia - Um governo do 1%, pelo 1% e para o 1%

Fonte: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/um-governo-do-1-pelo-1-e-para-o-1/
Data: 3 de junho de 2013

Como venho escrevendo nas outras postagens, me parece que a questão mais importante acerca das manifestações no Brasil ocorrendo a um mês, é simples: o sistema capitalista democrático representativo não é capaz de atendar às demandas da sociedade moderna.

Já escrevi certa vez sobre o filme "Cosmópolis" do canadense David Cronemberg, que mostra a trajetória de um rico e jovem investidor da bolsa de valores atravessando a cidade com sua limousine em meio a manifestações para ter seu cabelo cortado. A abertura do filme e o mote ao longo de toda a trajetória de Eric Packer (interpretado por Robert Pattinson), é marcada por um poema do polonês Zbigniew Herbert entitulado "Report from the Besieged City" (numa tradução livre, Relatório da cidade sitiada), especificamente o trecho “a rat became the unit of currency." (em outra tradução livre, um rato se torna a unidade monetária).



Report from the Besieged City

Too old to carry arms and fight like the others -

they graciously gave me the inferior role of chronicler
I record - I don't know for whom - the history of the siege

I am supposed to be exact but I don't know when the invasion began
two hundred years ago in December in September perhaps yesterday at dawn
everyone here suffers from a loss of the sense of time

all we have left is the place the attachment to the place
we still rule over the ruins of temples spectres of gardens and houses
if we lose the ruins nothing will be left

I write as I can in the rhythm of interminable weeks
monday: empty storehouses a rat became the unit of currency
tuesday: the mayor murdered by unknown assailants
wednesday: negotiations for a cease-fire the enemy has imprisoned our messengers
we don't know where they are held that is the place of torture
thursday: after a stormy meeting a majority of voices rejected
the motion of the spice merchants for unconditional surrender
friday: the beginning of the plague saturday: our invincible defender
N.N. committed suicide sunday: no more water we drove back
an attack at the eastern gate called the Gate of the Alliance

all of this is monotonous I know it can't move anyone

I avoid any commentary I keep a tight hold on my emotions I write about the facts
only they it seems are appreciated in foreign markets
yet with a certain pride I would like to inform the world
that thanks to the war we have raised a new species of children
our children don’t like fairy tales they play at killing
awake and asleep they dream of soup of bread and bones
just like dogs and cats

in the evening I like to wander near the outposts of the city
along the frontier of our uncertain freedom.
I look at the swarms of soldiers below their lights
I listen to the noise of drums barbarian shrieks
truly it is inconceivable the City is still defending itself
the siege has lasted a long time the enemies must take turns
nothing unites them except the desire for our extermination
Goths the Tartars Swedes troops of the Emperor regiments of the Transfiguration
who can count them
the colours of their banners change like the forest on the horizon
from delicate bird's yellow in spring through green through red to winter's black

and so in the evening released from facts I can think
about distant ancient matters for example our
friends beyond the sea I know they sincerely sympathize
they send us flour lard sacks of comfort and good advice
they don’t even know their fathers betrayed us
our former allies at the time of the second Apocalypse
their sons are blameless they deserve our gratitude therefore we are grateful
they have not experienced a siege as long as eternity
those struck by misfortune are always alone
the defenders of the Dalai Lama the Kurds the Afghan mountaineers

now as I write these words the advocates of conciliation
have won the upper hand over the party of inflexibles
a normal hesitation of moods fate still hangs in the balance

cemeteries grow larger the number of defenders is smaller
yet the defence continues it will continue to the end
and if the City falls but a single man escapes
he will carry the City within himself on the roads of exile
he will be the City

we look in the face of hunger the face of fire face of death
worst of all - the face of betrayal
and only our dreams have not been humiliated

Zbigniew Herbert

Para outros poemas do autor clique aqui.

Não vou escrever sobre a relação do filme com o "Metrópolis" de Fritz Lang, sobre as duas revoluções industriais (acho que já escrevi sobre isso...), mas o que importa é dizer que talvez, como constataram pensadores como o filósofo esloveno Slavoj Žižek no movimento Occupy Wall Street, esse sistema não atende mais às demandas da sociedade. Tomando o Brasil e suas manifestações como exemplo, temos só na Folha de São Paulo de domingo passado três reportagens que demostram isso: a isenção do IPI para carros teria sido suficiente para criar 150 km de linhas de metrô (clique aqui), ou seja, mais do que o dobro do que temos hoje; as viagens de congressistas, em especial, os presidentes do Senado e da Câmara de Deputados (sendo o primeiro o presidente temporário caso a presidente e o vice-presidente estejam fora do país), para compromissos não oficiais como a final da Copa das Confederações e o casamento de amigos (clique aqui); e, por fim, a queda de popularidade da presidente que perde apoio em 2014 e precisa encontrar outras formas de governar a partir do ano que vem (clique aqui), ou seja, nomear aliados ou possíveis aliados para cargos, se necessário criado-os.

Alguns economistas e cientistas políticos defendem que esses são efeitos colaterais desse sistema democrático representativo, mas se trata de algo mais complexo, pois políticos se apropriam dessa autoridade, muitas vezes com autoritarismo, representativa comprometendo o princípio elementar da democracia, a vontade da maioria. Por exemplo, a política de alianças para manter a taxa de governabilidade é um problemas senão de todas, de quase todas, as democracias representativas, o que resultou no mensalão do PT, entre tantos outros mensalões Brasil afora. Tomando um exemplo de outros países, em defesa da segurança nacional contra o terrorismo, o governo estadunidense conseguiu uma liminar especial do Poder Judiciário para monitorar, através dos softwares PRISM e Tempora, os meios de comunicação de civis não apenas em seu país como no exterior.

A manutenção da democracia se tornou mais importante do qu a própria democracia.

Fonte: http://www.americavictorious.com/2013/06/11/putin-to-whistleblower-we-have-gymnasts-and-anna-chapman/
Legenda: a espiã russa, ex-KGB, Ann Chapman que propôs casamento a Edward Snowden para que se refugie na Rússia.


Fonte: http://www.barbara-bach.com/spywholovedme3.html
Legenda: Qualquer semelhança é mera conincidência... A espiã Anya Amasova, representada por Bárbara Bach na série 007, "O espião que me amava" (1977)... Sobretudo se o possível casal acabar nas páginas de revistas ganhando alguns milhões...

Talvez o que muitos comentaristas não tenham percebido é que o governo, como afirma o economista nobel Joseph Stiglitz, ao qual pretendo dedicar outra postagem, "do 1%, pelo 1% e para o 1%" tanto no seu aspecto político democrático como no seu aspecto econômico capitalista, está em crise, e isso se reflete nas manifestações no Brasil, no movimento Occupy Wall Street, na Primavera Árabe, nos protestos no Chile, enfim, em grande parte dos movimentos políticos e sociais que vemos noticiados pela mídia.

E talvez isso seja o mais importante das minhas reflexões sobre os movimentos de protesto no Brasil e no mundo: diante dessa constatação, será que existe interesse, sobretudo da classe política e empresarial, em reformar as instituições democráticas de forma a implementar uma política adequada às demandas da sociedade moderna?

Tomando o caso brasileiro, é preciso pontuar que o PT se mostra, através da presidente Dilma Roussef, "ouvinte das vozes das ruas", mas tem feito muito pouco, pois a proposta de uma constituinte ou de uma reforma política - essa última de absoluta importância - se torna vítima da política criada pelo próprio governo petista na eleição de Lula: um governo federal inchado com o apoio do Congresso mensaleiro que se tornou um poder independente e assumiu funções em excesso, sobretudo, legislativas e judiciárias. Com a perda de apoio após os protestos, o poder do governo federal se esvaziou, pois as funções políticas para criação de qualquer tipo de consulta popular pertencem efetivamente à Câmara dos Deputados e o Senado, e qualquer interferência do Executivo nesse momento poderia ser interpretada como intervencionista. Por outro lado, o PSDB, não como partido, pois o PSDB como partido simplesmente não existe, mas representado na minha realidade paulistana pelo governador Geraldo Alckmin, ainda que não tenha o mesmo poder de atuação que o PT como governo federal, ao menos foi capaz de pensar em como limitar os gastos fundindo e extinguindo algumas secretarias, cortando benefícios, entre outros, mesmo sem propostas efetivas para mudança da política nacional ou estadual.

Me parece que dirigentes de outros países também tem sido negligentes, o que me leva a uma nova questão: se não existe a possibilidade de reforma política desse sistema capitalista democrático representativo, como desenvolver outros mecanismos de atuação política e econômica? Com a premissa da razão como única medida comum entre todos os homens, os filósofos ilmunistas desenvolverem o modelo político moderno ao longo do século XVIII, porém , diante de sinais de esgotamento, econômicos como a Crise de 1929, ou políticos, como o desemprego em massa da Primeira Revolução Industrial, surgem outras possibilidades experimentadas durante o século XIX e XX, como o comunismo e o fascismo. Me parece que diante de um novo esgotamento, existem no mundo moderno condições para novas experimentações (talvez essa última reflexão seja apenas reflexo de uma perspectiva histórica incrédula influenciada pela matéria ministrada no segundo bimestre) ou velhas experimentações revisitadas...

Sob certo ponto de vista, algumas condições econômicas e políticas da atualidade são similares da às da República de Weimar nos anos 20 quando da ascensão do nazismo na Alemanha como a desilusão política (hoje, pela falta de representativadade da democracia, antes, pela acirrada disputa de poder entre os partidos surgidos a partir do fim da Primeira Guerra Mundial) e as crises econômicas (hoje, a crise de crédito de 2008, antes, a crise de hiperinflação em 1923 e a Crise de 1929).

Não pretendo acusar manifestantes ou imprensa, mas dadas condições próximas, seria interessante comparar alguns discursos no Brasil, sobretudo de manifestantes, imprensa e dirigentes do país, com as observações da filósofa Hanna Arendt no que se refere à ascensão do nazismo na Alemanha:

Seria um erro ainda mais grave esquecer, em face dessa impermanência, que os regimes totalitários, enquanto no poder, e os líderes totalitários, enquanto vivos, sempre "comandam e baseiam-se no apoio das massas". A ascensão de Hitler ao poder foi legal dentro do sistema majoritário, e ele não poderia ter mantido a liderança de tão grande população, sobrevivido a tantas crises internas e externas, e enfrentado tantos perigos de lutas intrapartidárias, se não tivesse contado com a confiança das massas.
[...]
Os movimentos totalitários são possíveis onde quer que existam massas que, por um motivo ou outro, desenvolveram certo gosto pela organização política. As massas não se unem pela consciência de um interesse comum e falta-lhes aquela específica articulação de classes que se expressa em objetivos determinados, limitados e atingíveis. O termo massa só se aplica quando lidamos com pessoas que, simplesmente devido ao seu número, ou à sua indiferença, ou a uma mistura de ambos, não se podem integrar numa organização baseada no interesse comum, seja partido político, organização profissional ou sindicato de trabalhadores. Potencialmente, as massas existem em qualquer país e constituem a maioria das pessoas neutras e politicamente indiferentes, que nunca se filiam a um partido e raramente exercem o poder de voto.
Em sua ascensão, tanto o movimento nazista da Alemanha quanto os movimentos comunistas da Europa depois de 1930 recrutaram os seus membros dentre essa massa de pessoas aparentemente indiferentes, que todos os outros partidos haviam abandonado por lhes parecerem demasiado apáticas ou estúpidas para lhes merecerem a atenção. A maioria dos seus membros, portanto, consistia em elementos que nunca antes haviam participado da política. Isto permitiu a introdução de métodos inteiramente novos de propaganda política e a indiferença aos argumentos da oposição os movimentos, até então colocados fora do sistema de partidos e rejeitados por ele, puderam moldar um grupo que nunca havia sido atingido por nenhum dos partidos tradicionais.


ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. pág. 356, 360, 361.

Sob nenhum aspecto a história pode ser tomada como uma ciência de caráter cíclica, no qual a história pura e simplesmente se repete, mas pode ser interpretada por seu caráter espiral, como um fio de telefone, quando ainda existiam fios nos telefones, no qual segue uma linearidade que retoma a circuntânccias semelhantes a anteriores. Para os que se identificam com os atuais protestos, vale a pena se quisetionar a respeito dessas reflexões. Minha sugestão é não esquecer.

O Analfabeto Político

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

Bertolt Brecht

Fonte: http://pensador.uol.com.br/frase/MjMzMDA5/