quinta-feira, 18 de julho de 2013

Midiofobia - Manifestante é atingido por cinzeiro durante protesto em Copacabana

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/07/1310972-manifestante-e-atingido-por-cinzeiro-durante-protesto-em-copacabana.shtml
Data: 14 de julho de 2013

Após quase dois meses desde o início dos protestos, os cariocas, manifestantes mais inflamados (talvez rivalizando com os mineiros) mostraram novamente o aspecto obscuro desse despertar de consciência política durante o casamento de Beatriz Barata, filha de Jacob Barata, o "rei do ônibus"do Rio de Janeiro.

Não pretendo explicar o ocorrido, talvez o relato mais interessante seja de Hildegard Angel (clique aqui!), jornalista e atriz filha de Zuzu Angel que foi testemunha ocular do ocorrido (comparando-o com os protestos que levaram à tomada do Palácio das Tulherias durante a Revolução Francesa... Menos...), além disso, vale a pena o site da Folha de São Paulo (clique aqui! E aqui!), um pouco mais isento que o fluminense O Globo, (aliás já criminalizou os manifestantes em reportagem afirmando que o jovem atingido pelo cinzeiro foi detido por porte de maconha). O ocorrido é simples: sendo o direto ao protesto é garantido pela constituição, (ainda que exista uma problemática complexa entre particular e público que pretendo abordar nessa reflexão), ao atirar um objeto contra os manifestantes, a high society carioca abandona o Estado de Direito tornando uma brincadeira em homicídio doloso com pena de mínima de 12 anos (o que todos nós sabemos não ocorrerá com os Barata).

Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Marie-Antoinette;_koningin_der_Fransen.jpg
Legenda: Retrato de Maria Antonieta pintado em 1775 por Jean-Baptiste Gautier Dagoty (1740-1786). Tanto a rainha como o rei Luís XVI da França foram decapitados durante a Revolução Francesa. A rainha por ser austríaca fomentou o ódio do povo francês e tornou-se ainda mais odiada pela suposta frase "Se [o povo, faminto] não tem pão, que comam brioches!". Impossível não pensar na elite nacional, sobretudo com essa mãozinha sobre o globo... Não conheço nenhuma iconografia que mostre o rei francês na mesma posição...

Como já escrevi anteriormente, é perfeitamente compreensível e legal a revolta popular em forma de protestos contra o que chamamos de democracia capitalista ocidental, assim como legal o uso do órgão repressor quando o protesto deixam de ser legal e torna-se apenas compreensível. Contudo, me parece que o sentimento da catarse popular contra o Estado foi minorado e os protestos são agora uma manifestação mais deliberada e menos outorgada, perdendo o caráter absolutamente popular e apartidário como foram as primeiras manifestações, para surgirem organizações específicas como os black blocs, centrais sindicais, partidos políticos, skinheads, etc.


Essa nova ordem das manifestações deixaram a esfera puramente do Estado e se transferiram contra particulares, ainda que estes particulares sejam servidores do poder público, como é o caso de Jacob Barata. Não defendo sob nenhuma circunstância esses particulares, afinal, o Estado não existe enquanto instituição num sistema que defende a liberdade econômica levada às suas últimas consequencias, efetivamente, o Estado SÃO esses particulares. Porém, manifestações como essa durante o casamento de um dos diversos Rockefellers cariocas acabam levando à suspensão do Estado de Direito, seja ela provocada por abusos de manifestantes ou abuso dos manifestados, como foi o caso dos Barata, e a degeneração de qualquer ordem política que de alguma forma precisará ser reestabelecida, seja através de algum desses grupos políticos (clique aqui e aqui!) que, apesar de condenados pela história, se valem do direito à liberdade de expressão para se manifestarem, seja através do grupo político que se mantém no poder atualmente.



Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Jdr-king.JPG




Legenda: caricatura do Rockefeller original em 1901 na revista Puck, mais do que o presidente de uma país: "O Estado sou eu".


 Fonte: http://www.trilhasonoras.xpg.com.br/1973avoltadebetorockfeller.htm
Legenda: Luiz Gustavo e sua carreria espetacular entre a riqueza e a pobreza como o malandro paulistano de Beto Rockefeller (aqui na capa da trilha sonora da menos conhecida continuação da novela dem 1973) a Vavá do Sai de Baixo.
 Como Contardo Callgiaris, citado Gramsci, escreveu em seu artigo esclarecedor da semana passada (e também eu escrevi algo similar na semana passada) (clique aqui!),o que surge no hiato entre um fim e um início são "fenômenos estranhos, criaturas monstruosas e difíceis de serem decifradas"...

Nenhum comentário: