terça-feira, 16 de julho de 2013

Mémoires du Cinemà - Superman: Man of Steel (2013)

Ficha técnica: http://www.imdb.com/title/tt0770828/?ref_=fn_tt_tt_23

Já há bastante tempo não escrevo sobre cinema, ainda que devesse, tenho visto muitos filmes interessantes, sobretudo na TV Cultura nos programas: Mostra Internacional de Cinema (veja o site aqui!) como os axcelentes italianos "Reality - A Grande Ilusão" (2012), "Estranhos normais" (2010) e o francês "Deixa ela Entrar" (2008); além disso, alguns clássicos interessantes do cinema nacionla no programa Mestres do Riso com filmes de Mazzaropi geniais como "O Puritano da Rua Augusta" (1965); e, para relaxar, faroestes estadunidenses no "Clube do filme".

Mas não pretendo escrever sobre filmes reprisados na televisão, e sim no cinema. Especificamente, hoje, sobre o último filme do astro da DC Comics Super-Homem (penso se até neste caso o hífem foi afetado pela criptonita da reforma ortográfica... em todo caso como se trata de um nome próprio me atrevo a mantê-la), o "Superman: Man of Steel" (2013) dirigido por Zack Snider, e é indispensável recordar, escrito e produzido por Cristopher Nolan.


Sempre defendi o cinema do diretor britânico Cristopher Nolan por conseguir fazer com maestria o que pouco diretores conseguem: um blockbuster que seja capaz de refletir sobre a realidade do espectador, como fez em na trilogia de Batman. Ainda que não seja o diretor, Nolan consegue parcialmente esse feito em "Man of Steel".

Nola procura produzir o filme inteligentemente: usa como temática um super herói como outros que se consagraram nas telas de cinema nos últimos anos (ainda que revitalizar a personagem do Super-Homem seja extremamente complexo), escolhe um ator protagonista apenas carismático cercado por atores reconhecidos (como Laurence Fishburne, Kevin Costner e Russell Crowe), adapta o roteiro de uma HQ já conhecida pelos fãs (originalmente o primeiro número de Superman foi lançado em 1938 na revista Action Comics #1, pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial, quando o Partizo Nazista na Alemanha, planejava cientificamente a criação de um Super Homem, o Übermensch, citado por Nietzsche em "Assim falou Zaratustra"), esolhe um diretor com bons trabalhos em efeitos especiais (como provou Zack Snyder em "300"(2009) e "Watchmen" (2009), por tudo isso, o filme (ou a produção do filme) impressiona, mas, assim como "The Dark Knight Rises" (2012) de Nolan as discussões mais interessantes do filme ficam em segundo plano. É exatamente sobre essas discussões que pretendo escrever.


Fonte: http://www.geekrest.com/2012/01/popeye-strikes-classic-superman-pose-in-action-comics-homage/
Legenda: capa do número 1 de Super-Homem

O blogspot permite que algumas estatísticas sejam consultadas dentro do blog, e no caso desse que vos lê, a postagem mais consultada é refernte a um filme chamado "Solomon Kane" (2009) (veja aqui). Depois de reler a postagem algumas vezes entendo o porque desse interesse: trata-se de uma postagem sobre a nossa própria concepção enquanto seres humanos, e talvez por isso tenha resolvido escrever sobre o filme: a personagem de Clarck Kent é extremamente mais interessante que a personagem do Super-Homem, até mesmo a atuação de Henry Cavill parece melhor para o repórter do que para o herói. Sem dúvida, é muito mais simples identificar-se com Clark do que com Kal-El, pois o protagonista afinal, é um adolescente se tornando adulto, talvez um dos conflitos mais complexos do amadurecimento humano, pois nesse momento os laços que ligavam o adolescente à afetividade paterna se rompem.

No caso de Kent, essa iniciação ao universo adulto é acentuada pelo reconhecimento de sua dupla descendência (a alienígena/biológica sendo filho de Jor-El e Faora-Ul do planeta Kripton, e a humana/cultural sendo filho de Jonathan Kent e Martha Kent do planeta Terra), sendo o processo mais do que adentrar a maturidade, mas determinar o destino das raças kriptoniana e humana. Infelizmente pouco desenvolvida, a discussão se embasa numa premissa extremamente interessante para se refletir sobre a vida adulta: Super-Homem tem uma vantagem sobre seus inimigos, pois sendo criado no planeta Terra aprendeu a controlar seus sentidos para então utilizar seus incríveis poderes, ou seja, através do auto controle (algumas cenas retratam um Clark Kent quase em nirvana resistindo a seus desejos) se estabelecem meios de realizar suas potencialidades.


Não quero dizer com isso que ser adulto significa reprimir seus desejos - Sigmund Freud já demonstrou as dificuldades psicológicas das práticas repressoras - mas de discutir como tornar seus desejo/potencialidade em realidade/plenitude, como escrever um romance mesmo sendo um matemático.

Infelizmente o filme também perde a oportunidade de articular uma discussão política, pois afinal (não estou estragando o filme!), o Homem de Aço vence a ameaça alienígena, determinando assim, a continuidade da raça humana. Essa decisão é tomada numa das cenas mais emocionantes, e mais uma vez, pouco explorada, do filme: o diálogo de Clark Kent com um padre, no qual o religioso lembra o super herói que algumas vezes é preciso ter fé para depois ter confiança. Contudo, essa mesma raça humana, se mostra pouco confiável...

Primeiramente quando o editor chefe do Planeta Diário, Perry White (Laurence Fishburne) proibe a jornalista Lois Lane (Amy Adams) de publicar notícias da CIA em seu jornal, fazendo com que esta última recorra a Glen Woodburn (Chad Krowchuk), um ativista cibernético como Julian Assange (qualquer semelhança entre a personagem Woodburn, traduzindo livremente, madeira queimando, e o ativismo político de Assange NÃO é mera coincidência) aceito pelo governo e mídia estadunidense, muito diferentemente da realidade. Essa confiança do super herói também se mostra frágil quando Super-Homem descobre que o governo estadunidense desenvolveu satélites para espionar e tentar estabelecer algum controle sobre ele (crítica consideravelmente irônica ao país se recordarmos que o disfarce do Super-Homem para tornar-se Clark Kent é apenas um óculos de armação negra e grossa), outra referência óbvia, dessa vez às denúncias de Edward Snowden acerca do software PRISM.



Ainda assim, um filme bastante interessante, a despeito do desserviço prestado às leis da Física moderna. Talvez fosse mais interessante que Nolan pedisse ajuda ao roteirista do Papaléguas...

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