terça-feira, 2 de julho de 2013

Midiofobia - Comentário de Ricardo Boechat no dia seguinte aos protestos

Fonte: www.youtube.com/watch?v=lcqT0JfKlKsc
Data: 20 de junho de 2013

Por muito tempo refleti sobre a série de manifestações que tem acontecido desde o início da Copa das Confederações, e acabei deixando de me manifestar através do blog. Talez muitos pensem que se trata de falta de atitude política, afinal, como um professor de história pode deixar de manifestar-se sobre um assunto que, pelas suas proporções, ainda que não, ou melhor, ainda não, pelas suas conquistas, faz parte da história do Brasil e será estudado por seus próprios filhos e netos?

Gostaria de ter a coragem ou ousadia de Ricardo Boechat, âncora da Rede Bandeirantes, uma das poucas vozes do jornalismo que falam com propriedade e sem teleprompter nos grandes jornais do país, de dar declarações esta feita na BandNews FM (ouça aqui) e nessa entrevista ao Pato com Laranja (clique aqui). Li e ouvi muito sobre as manifestações por todo país e, ainda que não me sinta completamente à vontade, acho que devo escrever algo sobre o assunto.

Fui cauteloso para escrever pois vivemos numa sociedade que exige respostas precisas em pouco tempo, existe pouco espaço para dúvidas, e no meu caso, professor de história, torna-se ainda mais condenável a dúvida. Penso que, exatamente por ser professor de história, tenho muita responsabilidade sobre tudo que falo e a necessidade de um distanciamento dos fatos históricos para entende-los, por isso também não a dúvida, mas a cautela em se manifestar.

Fonte: http://selvasp.com/
Legenda: policial se defendendo de linchamento manifestantes após a tentativa de prisão. Terceiro dia dos protestos. 11 de junho de 2013. Parece cena de filme...

 Desde o início das manifestações a mídia tem produzido milhares de horas de opiniões sobre o que vem acontecendo em São Paulo e, do mais interessante que vi, li e ouvi, ainda é a crônica de Antônio Prata "A Passeata" (clique aqui). Minha cautela em relação aos movimentos tem a ver com entendê-los, pois ainda que considere absolutamente compreensível a revolta popular contra o Estado, ainda é muito difícil compreender como essa revolta se tornou manifestação.

Boechat tem toda a razão ao redicalizar e afirmar que os vândalos são os que roubam milhões dos cofres públicos e mantém grande parte da população em condições de vida miseráveis, e talvez, seja nesse ponto que eu como professor de história deva refletir sobre uma análise histórica, não do que está acontecendo objetivamente, mas do que está já ocorreu...

Aliás, talvez essa seja a grande contribuição do âncora fluminense: o povo faz o papel do povo (ainda que, como afirmei anteriormente, me seja difícil compreender como a revolta vira protesto), protestando, e eventualmente até mesmo vandalizando, e nesse sentido sou obrigado a concordar, com legitimidade mas sem legalidade; enquanto o governo não faz o papel do governo, incluindo a polícia (muitas vezes mal preparada incorrendo em abusos), demorando a dar uma resposta política e moral diante de protesto.




Vale pena consultar midias independentes, desde que você seja independente.

Sem Facebook, gostei muito do coletivo SelvaSP e dos vídeos de Matias Maxx no Youtube, talvez os dois registros iconográficos mais interessantes até o momento. Além é claro da criatividade dos cartazes (clique aqui), gostei da ideia de escrever em inglês, exportar o protesto.


Continua...

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