Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/a_guerra_cibernetica_comeca_no_seu_smartphone
Data: 9 de julho de 2013
Assim como médicos e professores, para mim jornalistas são um mal necessário para a sociedade moderna, porém, entre esses poucos são dignos do meu respeito. Entre os jornalistas, um deles é Alberto Dines, que fundou e coordena o Observatório da Imprensa.
Como já escrevi aqui, me parece que todos esses movimentos de protesto no Brasil, a Primavera Árabe, a crise econômica européia, as denúncias de Edward Snowden e Julian Assange, tudo faz parte do esgotamento do sistema capitalista democrático representativo (clique aqui!). Como em algum momento da história, todo sistema político e econômico se esgota como o Absolutismo e o mercantilismo europeu do século XVII, faz parte da dinâmica da história, e Dines apresenta essa percepção com muita clareza em seu artigo ao afirma: "Este maravilhoso sistema ao qual estamos conectados a partir das células eletrônicas que carregamos nos bolsos & bolsas é simplesmente indestrinçável. Impossível “desligar” a indústria das conexões, ela foi longe demais, não há retorno. O caos criativo está ganhando mais uma parada. (...) A humanidade fez uma escolha há cerca de duas décadas e agora está pagando o preço. Maravilhada com a mágica das redes onde máquinas falam com máquinas e superam todas as barreiras do tempo e do espaço, a comunidade humana apostou cegamente no confortável conceito de conectividade e comunhão instantânea. Com elas turbinamos um inesgotável acervo de ferramentas para viver melhor e saber mais enquanto anulam-se progressivamente as liberdades e arbítrios individuais"
Essas conexões pelas quais vivemos hoje são, como afirma o jornalista, irrevogáveis. Algumas semanas antes de Snowden publicar suas denúncias contra o governo estadunidense, a revista Veja fez uma reportagem sobre o controle de dados conhecida como Big Data, no qual se destaca uma história interessante para exemplificar o que Dines quer dizer:
Há uma década, a Target, a gigantesca loja de departamentos com 1.800 pontos de venda nos Estados Unidos, atribuiu um número a cada um dos seus milhões de clientes e passou a rastrear e armazenar todas as pegadas digitais deixadas por eles: produtos preferidos, hábitos de consumo, média de gastos, uso de cupons, cartão de fidelidade. Somou a isso dados demográficos de cada um deles, adquiridos em empresas do ramo: sexo, idade, profissão, local de moradia, estimativa de renda. Contratou estatísticos para analisar essas informações e montou um retrato preciso do padrão de consumo de cada cliente. Um dia aconteceu um incidente.
Um senhor entrou esbravejando numa loja da Targer em Minnesota. Trazia nas mãos cupons de produtos para bebês. “Minha filha recebeu isto aqui pelo correio”: reclamou o senhor para o gerente. “Ela é uma adolescente. Vocês estão querendo estimulá-la a engravidar?”. O gerente conferiu a remessa dos cupons e, constrangido, pediu desculpas. Dias depois, com receio de perder o cliente, telefonou para ele a fim de desculpar-se outra vez. O pai da adolescente estava desconcertado do outro lado da linha: “Tive uma conversa com a minha filha. Fiquei sabendo de algumas coisas que estavam acontecendo dentro da minha casa”. Respirou fundo e completou: “Ela vai dar à luz em agosto…”.
Existe uma capilaridade entre a vida privada e a vida pública das quais não temos mais controle, esse controle está nas mãos do Estado e de empresas privadas interdependentes como previa o sistema democrático capitalista em sua gênese. A mídia desempenha um papel fundamental para a aceitação dessa submissão, propagandeando, através de reality shows, estereótipos que só podem ser conquistados através do consumo, garantindo aos consumidores de bundas durinhas e peitos siliconados a emoção mais fundamental para o ser humano: prazer.
Cribcaged
Pain of Salvation
The only cribs that we should care for
Are the ones that we are here for
The ones belonging to our children
That do that we do, scar from our wounds
The only cribs that make a difference
Where the magic really happens
Don't come with a Mercedes Benz
Or a wide screen showing nothing
Showing nothing...
I'm sick of home control devices
Sick of sickening home designers
Sick of drugs and gold and strip poles
Sick of homies, sick of poses
Despite the nodding staff that serves you
Despite your name on clothes and perfume
Despite the way the press observes you
You're just people...(6x)
Successful people
Dressed up people
Smiling people
Famous people
Red carpet people
Wealthy people
Important people
But still just people
So fuck the million dollar kitchen
Fuck the Al Pacino posters
Fuck the drugs, the gold, the strip poles
Fuck the homies, fuck the poses
Fuck the walls they build around them
Fuck the bedroom magic nonsense
I don't want to hear their voices
As long as they vote with their wallets
Fuck the silly "throw you out" joke
Fuck the framed cigar DeNiro smoked
Fuck their lack of originality and personality
Fuck this travesty
Fuck this new norm
Fuck conformity
Fuck their Kristal
Fuck their sordity
Fuck the way they fuck equality
Fuck their freebie gear
Fuck the ones they wear
You're just people...(6x)
Successful people
Dressed up people
Smiling people
Famous people
Red carpet people
Wealthy people
Important people
But still just people
Messed up people
Shallow people
Stupid people
Plastic people
Meta people
Theta people
Therapyople
Entropiople
Oh, fuck the ones they wear
I'm cribcaged
Cribcaged
The only cribs that we should care for
Are the ones that we are here for
The ones belonging to our children
That do what we do, scar from our wounds
Berços
Pain of Salvation
Os únicos berços com os quais deveríamos nos importar
São aqueles para os quais estamos aqui
Aqueles que pertencem a nossos filhos
Que fazem o que nós fazemos, cicatrizes de nossas feridas
Os únicos berços que fazem a diferença
Onde a mágica realmente acontece
Não vêm com uma Mercedes-Benz
Ou uma Wide-Screen não mostrando nada
Não mostrando nada...
Estou cansado de aparelhos de controle domésticos
Cansado de exaustar designers domésticos
Enjoado de drogas, ouro e Strip Poles
Enjoado dos lares, enjoado de poses
Apesar do pessoal que te acena, que te serve
Apesar do nome em roupas e perfumes
Apesar do jeito que a imprensa te observa
Vocês são só pessoas... (6x)
Pessoas bem sucedidas
Pessoas bem vestidas
Pessoas sorrindo
Pessoas famosas
Pessoas de tapete vermelho
Pessoas ricas
Pessoas importantes
Mas ainda assim, apenas pessoas
Então foda-se a cozinha de milhões de dólares
Fodam-se os pôsters do Al-Pacino
Fodam-se as drogas, o ouro, os Strip-Poles
Fodam-se o lares, fodam-se as poses
Fodam-se as paredes que eles construíram em volta deles
Foda-se o quarto de mágica sem sentido
Eu não quero ouvir as vozes deles
Enquanto eles votarem com suas carteiras
Foda-se a piada idiota de "te jogar fora"
Foda-se o cigarro filmado que DeNiro fumou
Foda-se a falta de originalidade e personalidade deles
Foda-se essa farsa grotesca
Foda-se essa nova norma
Foda-se o senso-comum
Foda-se o Kristal deles
Foda-se a sordidez deles
Foda-se o jeito que eles ferram a igualdade
Foda-se os brindes
Fodam-se aqueles que eles vestem
Vocês são só pessoas...
Pessoas bem sucedidas
Pessoas bem vestidas
Pessoas sorrindo
Pessoas famosas
Pessoas de tapete vermelho
Pessoas ricas
Pessoas importantes
Mas ainda assim, apenas pessoas
Pessoas bagunçadas
Pessoas superficiais
Pessoas idiotas
Pessoas plásticas
Meta pessoas
Theta pessoas
Therapessoas
Entropessoas
Oh, fodam-se os que eles vestem
Eu tenho berço
Berço
Os unicos berços que nós deveriamos nos importar
São aqueles para os quais estamos aqui
Aqueles que pertencem aos nossos filhos
Que fazem o que nós fazemos, cicatrizes de nossas feridas
Fonte: http://letras.mus.br/pain-of-salvation/862952/traducao.html
Contudo, essa capilaridade viola não apenas a particularidade dos indivíduos, mas de outros Estados afetando tantos milhões como no caso do Brasil. Luciano Martins Costa, também jornalista colaborador do Observatório da Imprensa escreveu artigo entitulado "O ‘big brother’ desmascarado" no dia 8 de julho (clique aqui!) especulando sobre a essa possibilidade desse controle de informações extapolar o âmbito privado (afinal, poucas pessoas são tão interessantes assim) e adentrar o Estado e empresas particulares, controlando o mercado global por conhecer a atuação de empresas petrolíferas e órgãos de controle da agricultura nacional, por exemplo. Com isso novamente se coloca em xeque esse sistema: "Para a imprensa brasileira, que viaja na fantasia da suposta “liberdade de mercado”, fundada no mito da livre concorrência, fica complicado admitir que a crença na absoluta autonomia dos negócios privados é pura ilusão."
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Illustration_Papaver_somniferum0.jpg
Legenda: ilustração de papula, da qual se fabrica o Ópio contida no livro do Prof. Dr. Otto Wilhelm Thomé Flora von Deutschland, Österreich und der Schweiz 1885, Gera, Alemanha.
Fonte: http://www.tfmetalsreport.com/blog/4451/narcoleptic-tuesday?page=6
Legenda: o primeiro navio de ferro do mundo, fabricado pelos britânicos para atuar militarmente em defesa da Companhia das Índias Ocidentais comandado pelo Lieutenant W. H. Hall. Com o a Inglaterra vitoriana expandindo seu poderio comercial para o Oriente, o acúmulo de riqueza como prata foi feito da seguinte forma: o Estado "concede" o monopólio do ópio indiano, país já submetido economicamente aos tecidos industrializados ingleses, a particulares, que o contrabandeam para a China cobrando em prata. Quando o imperado chinês reagiu (gerando a Primeira Guerra do Ópio), uma vez que estima-se que 1/4 da população chinesa era viciada na droga, o estado em defesa dos interesses de particulares, e com isso de seus próprios, estraçalhou a marinha chinesa com o Nêmesis, o navio a vapor ao fundo do lado direito do quadro.

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