terça-feira, 25 de outubro de 2011

Citações

"Those are my principles, and if you don't like them... well, I have others."

Groucho Marx

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Midiofobia - Filósofo na praça (II)

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,filosofo--na-praca-,786092,0.htm
Data: 16 de outubro de 2011

Além de um movimento de INCÔMODO, e também um movimento INSTÁVEL.

Todas as grandes revoluções, e concordo que se deva guardar as proporções do Occupy Wall Street, surgem a partir de pessoas que, por diversos motivos, estão insatisfeitas. É exatamente essa insatisfação que move as pessoas, mas suas motivações para essa insatisfação são muito diversas. Assim, um grupo de pessoas aos poucos se reune e, quando ganham visibilidade midiática, agregam outros grupos, nem todos com motivações similares.

Um exemplo é a própria Revolução Francesa ocorrida em 1789: contra os desmandos do rei Luís XVI, diversos grupos do terceiro estado se reunem com o único objetivo comum de aprovar uma nova constituição após a negativa real em mudar o sistema de votação dos Estados Gerais de votos por estado para votos por cabeça, como retrata o pintor Jacques Louis David.

Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Serment_du_jeu_de_paume.jpg
Legenda: Jacques-Louis David. Juramento da Sala de Péla, 1791. Musée national du Château de Versailles

Dessa forma, todos os grupos do chamado Terceiro Estado Francês se uniram em torno de um único objetivo, porém, conquistado esse único objetivo havia outros: jacobinos e sans cullotes defendiam propostas mais radicais como o fim da monarquia e o estabelecimento de uma república, girondinos defendendo uma república mais conservadora na qual inclusive o rei poeria reinar sob uma constituição, e assim, de contra em contra-revolução a revolução estende-se até o século XIX.

O movimento Occupy Wall Street também agrega diversos grupos de insatisfeitos, aos poucos o movimento se difunde arrastando atrás de si multidões de defensores de ideias diversas, que muitas vezes distorcem o propósito original daquele primeiro grupo de manifestantes, por exemplo na Itália e Grécia, o Occupy Wall Street é contra as medidas de austeridade fiscal de seus governos para recuperar-se da crise do Euro, já nos EUa a crítica é também ao aumento de impostos, mas à política paternalista do governo norte-americano em relação aos responsáveis pela crise, no Brasil tivemos no último feriado protestos a favor da discriminalização da maconha e até mesmo pessoas que simplesmente se aproveitam do movimento para defender interesses ainda mais particulares, dando um caráter extremamente INSATÁVEL ao movimento como um todo como mostra o áudio desse programa de Howard Stern.

http://hotair.com/archives/2011/10/17/audio-howard-sterns-crew-interviews-occupy-wall-street-protesters/



Continua...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

"Batatinha quando nasce..."

Os prazeres de uma vida normal

"Pois eu que durmo tão mal, durmi de oito da noite até seis da manhã. Dez horas: senti um orgulho pueril. Acordei com o corpo todo aumentado nas suas células. Ah, isso é vida normal, então? mas então é muito bom!

E eu que nunca fiz luxo para comer, andei há um tempo fazendo dieta para perder uns quilos a mais. Aí experimentei uma vida anormal para comer. Andava exasperada como se outros estivessem comendo o que era meu. Então, de raiva e fome, de repente comi o que bem quis. E como é bom comer, dá até vergonha. E certo orgulho também, o orgulho de ser um corpo exigente. Ah, que me perdoem os que não têm o que comer; o que vale é que esses não são os que me lêem.

Outro prazer que é normal é quando escrevo o que se chama de inspirada. O pequeno êxtase da palavra fluir junto do pensamento e do sentimento: nessa hora como é bom ser uma pessoa!

E receber o telefonema de um amigo, e a comunicação de vozes e alma ser perfeita? Quando se desliga: que prazer dos outros existirem e de a gente se encontrar nos outros. Eu me encontro nos outros. Tudo o que dá certo é normal. O estranho é a luta que se é obrigado a travar para obter o que simplesmente seria o normal."

Clarice Lispector em Aprendendo a Viver

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Midiofobia - Filósofo na praça (I)

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,filosofo--na-praca-,786092,0.htm
Data: 16 de outubro de 2011

A vida de professor funciona em ciclos bimestrais ou trimestrais, dentro desse período de tempo, temos o tempo fora da escola quase que completamente tomado com provas bimestrais ou trimestrais, editais de prova, lista de exercícios de reforço, correção destas mesmas provas, e quando enfim tudo parece terminar, surgem as correções em sala de aula das provas, e com elas invitavelmente pedidos de revisão de algumas notas, quando enfim, mais essa etapa está vencida, surgem então os conselhos de classe e com eles as reuniões de pais nas quais são discutidas as possibilidades de alunos ficarem de recuperação e então mais editais, mais provas mais exercícios de reforço desta vez para a recuperação, até que enfim tudo parece concluido, mas ainda faltam os diários de classe, mas então, aí sim, quando tudo isso então por fim está devidamente finalizado... Já estamos iniciado as mensais do outro bimestre ou trimestre.

Ainda assim, é quase impossível deixar de escrever, talvez seja possível sim deixar de escrever num blog por exemplo, mas não em todos eles...

Enfim, pensando em escola e pensando em mídia, não pude deixar de ler a pequena notícia no caderno “Tv” do Estado de São Paulo de domingo entitulado “Filósofo na praça”. Apesar do caderno tratar de tv, também amplia o seu conteúdo para além da tv (para o bem de todos!) e lista semanalmente vídeos interessantes que ganharam destaque durante a semana e, o mais importante, estão disponíveis para visualização atraves de sites de compartilhamento de vídeos como o YouTube.

O vídeo em questão é um discurso do filósofo esloveno, Zlavok Zizek para os manifestantes do movimento Occupy Wall Street, a referência ao filósofo na praça remete à Atenas clássica em que os “cidadãos” eram convocados para debater as decisões políticas na ágora e assim manifestar suas opiniões e soluções a problemas relativos à vida comum.



Antes de tudo, acho importante fazer uma breve reflexão sobre o que é movimento Occupy Wall Street. Antes de mais nada é um movimento de INCÔMODO.

INCÔMODO às sucessivas crises econômicas. A raiz comum a todas essa crises econômicas são os ataques terrorista que culminaram com a queda das Torres Gêmeas do World Trade Center em setembro de 2001, desde o início da “guerra ao terror”, o que em árabe poderia se chamar apropriadamente de jihad, uma guerra santa, a economia norte-americana sofreu um redirecionamento visando sustentar os gastos militares, sem que com isso houvesse um plano econômico adequado como foi durante a Segunda Guerra Mundial em que a a indústria cultural de massa vendia os bônus de guerra para manter os marines norte-americanos lutando contra os japoneses no Pacífico, ou durante a Guerra Fria quando a mesma indústria cultural de massa juntamente com os benefícios do American Way of Life sustentavam a corrida armamentista contra a União Soviética.


Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Day_16_Occupy_Wall_Street_October_2_2011_Shankbone_2.JPG
Legenda: Manifestane com um cartaz dizendo "Me ignore. Vá fazer compras."
Autor: David Shankbone

Analisando esse último exemplo, durante o pós-guerra, essa mesma classe média se beneficiava da política econômica que garantia a todos os cidadãos uma ampla casa com garagem e cercas brancas no subúrbio de uma boa cidade norte-americana, um marido trabalhador que sozinho poderia sustentar toda a família com seu salário, uma mulher dona de casa encantada com as incríveis tecnologias modernas, muitas delas criadas durante a Segunda Guerra Mundial, filhos fortes e bem alimentados, disputando uma vaga de capitão do time de football na escola e um grande carro norte-americano, geralmente um Chevy. Essa imagem, foi representada muito bem no seriado Wonder Years (seriado de grande repercussão no Brasil nos anos 90, aqui conhecido como “Anos Incríveis”). Portanto, assim estava afastada a ameaça comunista, afinal, para que lutar por igualdade econômica se a NOSSA situação econômica é muito boa?

Contudo, essas sucessivas crises que se seguem a partir dos anos 2000 reduziram sensivelmente a prosperidade econômica norte-americana já fragilizada pelo crescimento do gigante chinês desde o final dos anos 90, assim, surge motivo para se revoltar, surge um INCÔMODO: onde está o American Dream?

Continua...

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Citações

Um dos maoires humoristas de todos os tempos sem sombra de dúvida..

"Man does not control his own fate. The women in his life do that for him."

Groucho Marx

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Avanti squadra Palestrina! - Atlético-GO 1 X 1 Palmeiras

Depois de tanto tempo sem uma mínima postagem não é fácil retomar com um tema tão complicado como este...

Estou numa fase da minha vida em que escuto rádio, talvez por um saudosismo de um tempo que não vivi, os anos dourados do rádio brasileiros na década de 20 e 30, pouco antes do aparelhos de televisão conquistarem a imaginação do público que deixou de ouvir para imaginar e passou a ver para imaginar o que as grande corporações de comunicação transmitem.

Além de conhecer muitas emissoras de rádio, algumas desconhecidas até para mim que sempre fui um grande ouvinte de rádios, esse período auditvo tem permitido trabalhar com a minha imaginação para assimilar (pois assimilar é imaginar, eis o grande segredo da educação! Mas isso é para outra postagem) notícias, entrevistas, músicas e também jogos de futebol.

Reconheco que nesse sentidoa imaginação teve um papel fundamental nos últimos 10 jogos do alviverde de Parque Antártica, através do rádio, ouvindo a transmissão de grandes radialistas, entre os meus preferidos Deva Pascovitch, José Silvério e Ulisses Costa imaginei um time muito diferente do que vi no jogo de domingo contra o dragão: o meu time imaginado era muito melhor do que o time visto.


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Luiz_Felipe_Scolari.jpeg
Legenda: Luís Felipe Scolari, o Felipão, em 31 de Agosto de 2003, na época técnico da seleção portuguesa de futebol.
Autoria : José Cruz/ABr

Assisti ao jogo pela Sportv e definiria o time do Palmeiras numa única palavra: limitado. Não estou falando nada que outros comentaristas já tenham falado, mas fazendo uma análise simples do jogo, o time paulista fez seu gol como sairam a maior parte dos gols dos últimos 11 gols dos últimos 10 jogos, em bolas paradas cruzadas por Marcos Assunção e escorada do primeiro pau por um dos zagueiros, ou Henrique ou Maurício Ramos. Depois disso novamente limitações, postura defensiva sem velocidade para contra ataques, deixando o jogo em aberto e permitindo assim o empate do adversário.

Essa situação, vantagem palmeirense seguida de retranca que não suportou a pressão adversária, se repetiu nada menos que cinco vezes nos últimos dez jogos contra o Bahia no Canindé (1 X 1), contra o São Paulo no Morumbi (1 X 1), contra o Cruzeiro no Pacaembu (1 x1), contra o Atlético-Pr na Arena da Baixada (2 x 2) e contra o Atlético-GO no Serra Dourada (1 x1). Assim, pergunto se realmente se deve criticar o ataque ou a defesa, mas talvez a estratégia do time.

Não quero dizer com isso que a responsabilidade dos últimos resultados do elenco palestrino seja de Luis Felipe Scolari, atribuir responsabilidades envolve muitas variáveis e portanto seria muito simples responsabilizar apenas uma pessoa. Mas para mim, o técnico, antes intocável, já passa a ser questionado pela pouca versatilidade com que dispõe o time. Não se trata apenar de ser versátil, mas de perceber que algumas estratégias se esgotam pela capacidade limitada dos jogadores e por isso é preciso versatilidade, por exemplo o time de 1999, sempre com a mesma formação mas com jogadores com potencial para criar, dentro da mesma estratégia, jogadas versáteis como Alex e Júnior.



Considero Felipão um dos melhores técnicos do Brasil, mas a relação do treinador com os jogadores, diretoria e torcida está bastante desgastada e talvez, por respeitar a Sociedade Esportiva Palmeiras, melhor seria se desligar do clube.Entendo a posição do treinador que honra seus contratos, assim como entendo a posição da diretoria que não aceita a rescisão do contrato pelos gastos envolvidos, mas alguma grande mudança precisa acontecer em breve, pois de outra maneira jogadores, comissão técnica e diretoria, que são hoje, o clube, enfrentarão o que considero a pior atitude que um torcedor pode ter em relação ao clube: indiferença.

Não gostaria de perder Felipão, mas antes dele não gostaria de perder meu clube de coração. Alguma grande mudança tem que ser feita, alguém tem que .ceder em nome dos torcedores e do clube.

Per favore non me rompere i coglioni...

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

"Batatinha quando nasce..."

Medo da Libertação

Fonte: http://www.museedesenfants.ch/Peintres/Klee/Posters/expo.htm

Se eu me demorar demais olhando Paysage aux Oiseaux Jaunes (Paisagens com Pássaros Amarelos, de Klee), nunca mais poderei voltar atrás. Coragem e covardia são um jogo que se joga a cada instante. Assusta a visão talvez irremediável e que talvez seja a da liberdade. O hábito que temos de olhar através das grades da prisão, o conforto que trás segurar com as duas mãos as barras frias de ferro. A covardia nos mata. Pois há aqueles para os quais a prisão é a segurança, as barras um apoio para as mãos. Então reconheço que há poucos homens livres. Olho de novo a paisagem e de novo reconheço que covardia e liberdade estiveram em jogo. A burguesia total cai aos se olhar Paysage aux Oiseaux Jaunes. Minha coragem, inteiramente possível, me amedronta. Começo até a pensar que entre os loucos há os que não são loucos. E que a possibilidade, a que é verdadeiramente, não é pra ser explicada a um burguês quadrado. E à medida que a pessoa quiser explicar se enreda em palavras, poderá perder a coragem, estará perdendo a liberdade. Les Oiseaux Jaunes não pede sequer que o entenda: esse grau é ainda mais liberdade: não ter medo que não ser compreendido. Olhando a extrema beleza dos pássaros amarelos calculo o que seria se eu perdesse totalmente o medo. O conforto da prisão burguesa tantas vezes me bate no rosto. E, antes de aprender a ser livre, eu agüentava – só para não ser livre.

Clarice Lispector em Aprendendo a Viver

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Avanti squadra Palestrina! - Palmeiras 2 X 1 Corinthians

Recentemente ganhei uma fitinha do Senhor do Bonfim de uma grande amiga que viajou à Salvador, um presente típico com o qual não me deparava a anos. Não sou exatamente místico, mas pelo carinho da lembrança aceitei um dos talismãs na cor verde escuro, imaginando que a tonalidade poderia trazer sorte ao meu glorioso alviverde de Palestra Itália.

Na mitologia árabe, ao contrário do que mostram os desenhos da Disney, os gênios são vistos como criaturas malignas que, realizado os desejos dos homens, pretendem revelar à espécie humana a incoerência de seus próprio desejos que se viram contra eles mesmos. Foi pensando nisso que, enquanto se faziam os nós, resolvi fazer desejos simples, entre eles de que a Sociedade Esportiva Palmeiras seja Campeão Brasileiro de Futebol de 2011.

Um desejo simples que se inicou com a "derrota" para o Vasco no meio da semana passada apesar do placara de 3 X 1 contra o Gigante de Colina, desfalcado de diversos titulares. Pensei talvez as divindades do Candomblé e da Umbanda de toda Bahia tivessem me abandonado a meros nós num tecido grosseiro, o que seria compreensível caso o Bahia demonstrasse alguma possibilidade de vencero campeonato, mas a derrota do alvi-verde paulista foi essencial para concentrar o time unicamente na disputa do campeonato nacional.

Não se trata de uma vitória contra o maior rival regional, trata-se da persistência de um time que, a despeito de boas atuações, como foi o caso dos jogos contra Corinthians, Vasco e São Paulo, não conquistou vitórias, mas persistiu. Não defendo, o futebol apresentado pelo time, que como já escrevi anteriormente, não é um bom futebol, sobretudo depois da volta de Valdívia que não tem apresentado o futebol esperado, mas, diante das limitações e possibilidades é um futebol de resultados.

Porém, o que mais incomoda é a expectativa criada em torno do clube palestrino.

O Palmeiras está entre os cinco ou seis primeiros colocados do campeonato praticamente desde o início do Brasileirão 2011 e, apesar de poucos órgãos de imprensa enfatizarem essa informação, o alvi verde palista foi o time que sofreu menos gols no campeonato até o momento. Poucos comentaristas percebem que, até agora, o time realiza uma boa campanha se comparada com outros times candidatos ao título como o Internacional e o Cruzeiro, ainda que essa boa camapanha não seja suficientemente boa para garantir uma classifcação na Taça Libertadores de América de 2012.

Com a vitória de domingo, uma vitória pouco expressiva, levando em conta que o campeão do século XX deixou de atacar o rival após o segundo gol, preocupando-se apenas em se defender em seu próprio campo, o Palmeiras aparece na mídia como o novo candidato ao título. Essa manipulação de informações se expressa muito bem através do jogador mais importante do jogo, o novo centroavante palestrino Fernandão: Fernandão foi contratado unto ao Guarani dois dias antes de sua estréia, não estava relacionado nem mesmo para o banco de reservas, ganhando essa posição quando Maikon Leite se contundiu justamente no dia da partida, e só pode jogar pois o gol do Sheik forçou Luis Felipe Scolari a atacar o Corinthians e Patrik teve atuação discreta novamente.

A posição do time dos Jardins Suspensos de Parque Antártica na tabela do Campeonato Brasileiro é fruto de um trabalho prolongado que somente verdadeiros torcedores são capazes de perceber. Acreditar que um acaso como a entrada de Fernandão colocam o Palmeiras na luta pelo título é comprar a ideia de que o posicionamento do time na tabela seja resultado de uma série de coincidências e de que não exista um trabalho, sobretudo da comissão técnica, que justifique tal situação.

Mais uma vez a mídia se esquece de analisar o que dizem os números e analisam o que diz o ibope, mais uma vez o time do Palmeiras pode sofrer uma grave derrota...

Per favore non me rompere i coglioni...

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Citações

“Até minhas fraquezas são mais fortes do que eu”

Felipe, amigo dentuço da Mafalda, de Quino

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Avanti squadra Palestrina! - Vasco 1 X 0 Palmeiras

Apesar de não ter escrito ultimamente, mutos assuntos interessantes tem surgido nos últimos tempos que merecem reflexão, como os casos de corrupção no Ministério dos Transportes, Ministérios da Agricultura e Ministérios do Turismo, além das investigações da Polícia Federal acerca do amistoso da seleção brasileira contra Portugal em Brasília e uma nova coluna que pretendo começar a escrever em breve.

Mas diante de todos, escrevo hoje sobre meu time de coração.

Não se trata apenas de falar o que a mídia já repetiu exaustivamente como a falta de na conclusão do ataque do time ou as falhas do setor defensivo nas bolas aéreas, mas falta ao alviverde de Palestra Itália alguém que se interesse pelo clube. Não se trata de agradar torcedores, pois como o técnco Luis Felipe Scolari disse em entrevista, a turma do limão (antiga turma do amendoin) nunca está satisfeita.



Esse vídeo de Marcelo Adnet mostra de maneira caricaturada o que acontece na seleção e em muitos clubes brasileiros, sobretudo clubes que tem dificuldades em conquistar títulos de expressão por muito tempo. Não apenas jogadores, mas também técnicos, assistentes técnicos, massagistas, fisioterapeutas, dirigentes, cartolas, todos estão muito preocupados consigo mesmo e por isso deixam de lado a maior paixão do torcedor: o clube.

Ainda que seja uma visão bastante distorcida, pois a maior parte da informação sobre os times através da mídia, me parece que poucos se interessam com o time ou se interessam egositicamente, se interessam da maneira que julgam mais adequada de seu próprio ponto de vista, desconsiderando toda a estrutura que envolve um clube de futebol. Me parece que o goleiro Marcos é um dos poucos que tem real identificação com a Soceidade Esportiva Palmeiras, à exceção de poucos outros, entre eles, o volante Pierre, que será emprestado ao Atlético-MG. Ainda que a competição por vagas no meio de campo palmeirense seja acirrada, Pierre tem mais do que um bom futebol, tem atitude em relação ao clube e só por isso deveria ser aproveitado. Que a estada do volante em Belo Horizonte não seja longa...

Além disso, há uma questão de estratégia. Não é novidade que a volta de Valdívia ao meio de campo palmeirense após a Copa América, fez com que o técnico palestrino recuasse ainda mais o lateral direito Cicinho e o volante Marcos Assunção, para garantir o setor defensivo do time enquanto o chileno recupera sua forma física. Contudo, também sem o apoio da lateral esquerda, seja pela inconstância de Gabriel Silva, seja pela adaptação de Gerley, o Palmeiras concentra todo seu potencial criativo em Valdívia que não tem rendido o que se espera, e Patric que também tem sido bastante irregular.

Desse modo, o time verde e branco da Barra Funda não ataca, ficando ainda mais susceptível na defesa.

Talvez Scolari esteja preparando um Palmeiras que jogue de maneira diferente, num 4-4-2 mais tradicional com dois meias e dois atacantes, porém, alterações estratégicas profundas foram feitas com a volta do meia da seleção do Chile ao elenco, e o time tem tido dificuldades de encontrar o bom futebol apresentado antes da Copa América.

Enquanto o técnico Luis Felipe Scolari não encontra o time que consiga jogar como clube e um elenco que consiga jogar com o meia Valdívia será preciso muita paciência...

Per favore non me rompere i coglioni...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Citações

Amanhã sem falta escrevo algo mais inspirado (mais do que Groucho Marx? Difícil...)

"Money will not make you happy, and happy will not make you money"

Groucho Marx

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Citações

Difícil escrever, a urgência não permite concentração...

"Ele estava só. Estava abandonado, feliz, perto do coração selvagem da vida"

James Joyce

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Imagem da semana

Autoria Bill Waterson

domingo, 24 de julho de 2011

Curso - Tópicos e desafios em redação - variedade de estilos

Nem sempre é fácil compreender a proposta de um exercício, ou mesmo de um curso completo. Esse exercício visa escrever em diferentes estilos de redação uma narrativa.

“Numa manhã de quarta-feira. Nas intermináveis rampas do Hospital das Clínicas que guiam os visitantes às mais diversas especialidades pelo maior complexo hospitalar da América Latina. Um homem de meia idade com os olhos transfigurados pela dor caminha apressadamente.

No penúltimo andar a linha vermelha como sangue termina. Atrás de um balcão uma jovem gorda e sonolenta diz:

- RG?

Sem dizer nada o homem lhe entrega o documento.

- Voluntário?

Abana a cabeça negativamente.

- Ariadne Dumont de Souza Reis.

- Última porta à esquerda para tomar o lanche antes da doação.

Caminha diretamente para a a primeira porta à esquerda. Entrega sua senha. Teste de anemia e pressão e temperatura e altura e peso e, enfim, entrevista.

- Bom dia sou a doutora Mirian e vou proceder uma pequena entrevista de rotina que é obrigatória para todos os doadores e que visa garantir que o senhor tenha uma boa doação. Alguma pergunta?

Negativo com a cabeça.

- O senhor fuma?

-Não.

- Bebe?

- Não.

- Usa ou fez uso de drogas alguma vez?

- Não.

Uma sucessão de perguntas todas respondidas quase que mecanicamente com “não”.

- Quantas parceiras teve no último ano?

Enfim o homem reage, erguendo a postura encurvada e recuperando o rubor sanguíneo nas faces.

- Bem... Eu acho que apenas uma e... quer dizer, duas na verdade.. mas...

- Desculpe, não entendi. Quantas parceiras o senhor teve no último ano?

- Foi só uma vez e eu usei camisinha e ela disse várias vezes que estava limpa... e nunca iria atrás de sexo pago, mas é que ela nunca quis...

- Senhor, preciso apenas saber quantas parceiras o senhor teve no último ano.

- Isso não é traição! Não é justo ela me abandonar... É que eu estava deprimido e ela tinha viajado e meu filho dormiu na casa de um colega da escola e... e... e eu me sinto tão sozinho...

- Senhor acalme-se, minha pergunta é bastante direta: com quantas pessoas o senhor fez sexo no ano passado?

- Ela não tinha direito de fazer isso... ela é uma criatura sagrada e eu um homem forte... é a nossa vida e não só a dela... não é só dela... é minha... sou eu que deveria estar lá...

- Senhor... O senhor está bem?

- Isso não é um hospital? Não são nos hospitais que vamos quando não nos sentimos bem? Não vê que estou precisando de ajuda?

- Mas é que sou apenas uma residente e meu trabalho é apenas preencher esse formulário. Agora se controle e me diga exatamente: quantas parceiras o senhor teve no último ano?

- Duas... Na realidade... Três...

Caminhando entre portas e corredores, filas e balcões, procurando, como se procurasse a si mesmo, as linhas demarcadas com cores para não perder-se no labiríntico hospital – criação de Dédalo! Desgraça de seu próprio filho Ícaro! – o homem volta às rampas do hospital, parando em frente a uma porta verde com vidros quadrados à altura dos olhos onde pende uma placa branca em letras vermelhas: “Unidade de Internação”.

Entra. Uma enfermeira de pele escura, possivelmente morena, mas vestida toda branco, à exceção das grossas lentes emolduradas por uma armação negra, se aproxima.

- RG?

Sem dizer nada o homem lhe entrega o documento.

- Paciente?

- Ariadne Dumont de Souza Reis."

sábado, 23 de julho de 2011

Citações

"Quem voa depois da morte? É a folha da árvore"

Dito de Tizangara, Mia Couto em "O Voo do Flamingo"

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Curso - Tópicos e desafios em redação - nominais e situacionais

Nesse exercício devemos escrever um texto com passagens nominais e situacionais atribuindo um estilo entrecoretado ao narrador... Não tenho muita certeza que está correto, mas fio bastante exercício tentar fazer isso!

Manhã de segunda-feira. Frio de outono. Chuva de verão. Metrô lotado. Carlos e Maria enfim conseguem chegar ao trabalho:

- Bom dia, Carlos!

- Bom dia, Maria... Café?

- Não, obrigado. Regime.

Pausa. Maria retoma a conversa.

- Sono?

- Noite mal dormida... Quarta-feira de futebol, partida final da Libertadores... Imperdível...

- Quais times?

- Santos e Once Caldas.

- Quanto foi?

- 4 X 2 pro Once Caldas.

Sobre a mesa um jornal. “Santos campeão da Libertadores! Meninos da Vila vencem por 2 X 1 os mexicanos do Once Caldas”. Interrompe a secretária.

- Sra Guttierrez?

- Sim?

- Ligação. Seus clientes do México. Urgente. Linha 4.

- Gracias, Roberta.

Roberta deixa a sala. Silêncio. Carlos fala baixo para Maria.

- Obrigado pela companhia ontem...

- “Azar no jogo, sorte no amor”. Revanche hoje a noite?

- Claro! Que viva México!

Ambos voltam ao trabalho.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

"Batatinha quando nasce..."

“Você não pode esperara pela inspiração. Você deve ir atrás dela com uma clava”

John Griffith

terça-feira, 19 de julho de 2011

Curso - Tópicos e desafios em redação - Documento Monumento Le Goff

Esse foi o primeiro texto que li na faculdade de história, bastante complexo para primeiro ano. O objetvo do exercício é reescrevê-lo de forma a simplificar sem perder a essência...

DOCUMENTO/MONUMENTO

1. Os materiais da memória coletiva e da história

A memória coletiva e a sua forma científica, a história, aplicam-se a dois tipos de materiais: os documentos e os monumentos.

De fato, o que sobrevive não é o conjunto daquilo que existiu no passado, mas uma escolha efetuada quer pelas forças que operam no desenvolvimento temporal do mundo e da humanidade, quer pelos que se dedicam à ciência do passado e do tempo que passa, os historiadores.

Estes materiais da memória podem apresentar-se sob duas formas principais: os monumentos, herança do passado, e os documentos, escolha do historiador.

A palavra latina monumentum remete para a raiz indo-européia men, que exprime uma das funções essenciais do espírito (mens), a memória (meminí). O verbo monere significa 'fazer recordar', de onde 'avisar', 'iluminar', 'instruir'. O monumentum é um sinal do passado. Atendendo às suas origens filológicas, o monumento é tudo aquilo que pode evocar o passado, perpetuar a recordação, por exemplo, os atos escritos. Quando Cícero fala dos monumenta hujus ordinis [Philippicae, XIV, 41], designa os atos comemorativos, quer dizer, os decretos do senado. Mas desde a Antiguidade romana o monumentum tende a especializar-se em dois sentidos: 1) uma obra comemorativa de arquitetura ou de escultura: arco de triunfo, coluna, troféu, pórtico, etc.; 2) um monumento funerário destinado a perpetuar a recordação de uma pessoa no domínio em que a memória é particularmente valorizada: a morte. [Pg. 536]

O monumento tem como características o ligar-se ao poder de perpetuação, voluntária ou involuntária, das sociedades históricas (é um legado à memória coletiva) e o reenviar a testemunhos que só numa parcela mínima são testemunhos escritos.

O termo latino documentum, derivado de docere 'ensinar', evoluiu para o significado de 'prova' e é amplamente usado no vocabulário legislativo. É no século XVII que se difunde, na linguagem jurídica francesa, a expressão titres et documents e o sentido moderno de testemunho histórico data apenas do início do século XIX. O significado de "papel justificativo", especialmente no domínio policial, na língua italiana, por exemplo, demonstra a origem e a evolução do termo. O documento que, para a escola histórica positivista do fim do século XIX e do início do século XX, será o fundamento do fato histórico, ainda que resulte da escolha, de uma decisão do historiador, parece apresentar-se por si mesmo como prova histórica. A sua objetividade parece opor-se à intencionalidade do monumento. Além do mais, afirma-se essencialmente como um testemunho escrito.

Para conhecer a história, a ciência da memória coletiva (a memória de um grupo de pessoas como o mundo, o país, o estado, o município, a família, etc) é preciso conhecer dois materiais: os documentos e os monumentos.

O que sobrevive do passado não é tudo que existiu, mas apenas parte de tudo que existiu, pois parte desse todo se perde parte devido ao curso natural da humanidade, parte pela atuação daqueles que se dedicam à ciência do passado, os historiadores.

Esse materiais que servem para contar uma versão da história do passado são os monumento, heranças do passado, e os documento, escolhas do historiador.

A palavra de origem latina monuentum é composta pelas palavras men, que significa mens, uma das funções essenciais do espírito, a ‘memória’, e pelo verbo monere, que significa 'fazer recordar', 'instruir'. Portanto, monumentum significa a instrução, o sinal do passado, tudo que pode evocar o passado, por exemplo os atos escritos. Quando o filósofo romano Cícero fala dos monumenta hujus ordinis [Philippicae, XIV, 41], quer dizer os atos comemorativos, quer dizer, os decretos do senado que já foram feitos e devem ser lembrados. Porém, desde a antiguidade romana o monumentum é representado por: 1) uma obra comemorativa de arquitetura ou de escultura como é o arco de triunfo, coluna, troféu, pórtico, etc.; 2) um monumento funerário destinado recordar uma pessoa que faleceu.

O monumento está ligado ao poder de preservar a memória, voluntaria ou involuntariamente, de sociedades (uma herança da memória coletiva de uma sociedade) e de confrontar esse poder de preservação com os testemunhos escritos, que ocorrem em menor quantidade.

O termo latino documentum tem origem em docere, que quer dizer ‘ensinar’ e evoluiu para ‘prova’, sendo usado no vocabulário legislativo. No século XVII se difunde, na linguagem jurídica francesa, a expressão titres et documents, mas apenas no início do século XIX surge o sentido moderno de testemunho histórico, como aparece no termo "papel justificativo", especialmente no domínio policial, na língua italiana. O documento será para a escola histórica positivista (fim do século XIX e início do século XX), o fundamento do fato histórico, ainda que dependa da escolha do historiador. Assim, o documento terá uma intenção, um objetivo escolhido pelo historiador, pois esse o escolhe ou não, diferente do monumento, que também tem intençao, mas não é selecionado, e sim revelado.

Fonte: http://pt.scribd.com/doc/8757274/Historia-e-Memoria-Jacques-Le-Goff

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Imagem da semana

Humor refinado hehehehe...

Autoria: Allan Sieber
Fonte: http://talktohimselfshow.zip.net/

terça-feira, 12 de julho de 2011

"Batatinha quando nasce..."

"Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um feito muito maior que o simples fato de respirar. Somente a ardente paciência fará com que conquistemos uma esplêndida felicidade."

Pablo Neruda

IncoMóbilis

Este é um dos meu hobbies.

Alguma pessoas me perguntam porque não vendo, acho que hobbies são hobbies e devem ser mantido assim, mas concordei em fazer algumas concessões e estou disponibilizando alguns móbiles que fiz para os interessados, sempre personalizados e sob encomenda.

A quem se interessar segue o link.

http://incomobiles.elo7.com.br/

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Curso - Tópicos e desafios em redação - Tema de redação 1

Estou fazendo um curso sobre redação e, por mais que os temas sejam dissertativos, é quase inevitável surgir uma narrativa.

Cor 1:2

Era uma vez, um rapaz, seu nome era Igor. Igor era um rapaz introvertido, gostava muito de ler e escrever, a ponto de sua introversão se manifestar fisicamente: rosto fechado mas bem delineado, cabelos negros lisos levemente desalinhados para o lado, pupilas miúdas emolduradas pela íris acastanhada, por sua vez emoldurada por um vermelho sangue vítreo devido às sucvessivas horas em frente a uma tela, e estes igualmente emoldurados por grossos aros pretos, que por fim emolduravam seu mundo de sucessivas horas lendo, escrevendo e vivendo em um mundo particular de tweets em seu smartphones, JD Salinger relido no original por meio de seu Kindle, facebook aacessado través de seu netbook, blogs atualizados utilizando seu Xoon... Ao contrário do que a propaganda de seu tablet favorito mostrava, Igor não era um geek on the scene, não era um doutor em física como Leonard que rompera as barreiras do experimentalismo científico e se expôs a uma linda garçonete loira como Penny... Era um romântico, um verdadeiro nerd à moda antiga.

Certa vez, caminhava da Paulista para o Centro Cultural, disposto a despender a preguiçosa tarde de outono aquecendo-se ao sol enquanto lia alguns de suas duas centenas de livros armazenados eletronicamente, segundo sua projeção, levaria cerca de doze anos completos para concluir todas as obras no ritmo que estava. De repente, atravessando o farol da Vergueiro próximo à Rua do Paraíso, Igor viu um linda garota ruiva: cabelos levemente ondulados arrumados em um alto coque sobre a cabeça, traços delicados e lábios finos como se aguardassem outros lábios para se fazerem completos... Lábios esses que o rapaz sonhou serem seus.

Ela encaminhou-se para o Centro Cultural onde, após considerar diversas vezes se seu cabelos estava devidamente arrumado olhando-se no reflexo de uma janela, sentou-se para ler um livro, enquanto o rapaz enamorado recuperava-se. Igor, sentou-se numa mesa, de modo que a pudesse observar sem chamar aatenção e ligou seu netbook enquanto a contemplava. Com as palmas das mãos suando, Igor acessou o wi-fi enquanto surgia em sua mente o questionamento primorida que, antes dele, todos os homens fizeram ao longo de toda a história da humanidade: o que faço agora?

Como convencer uma garota tão linda a se interessar por ele? Se interessar ao menos para que tivessem a oportunidade de se encontrarem novamente. Assim poderia pentear o cabelo com cuidado, se vestir melhor, usar algum desinfetante bucal, pois suas amizades mantidas através de redes sociais não exigiam cabelos arrumados, boas roupas e muito menos desinfetantes bucais. Talvez assim Igor tivesse alguma chance de se mostrar a ela como ele realmente era...

Como ele realmente era... – “Como realmente sou?”

Será que ele mesmo tinha clareza de como realmente era, depois de tanto tempo vivendo uma vida cuidadosamente manufaturada por ele mesmo num universo regulado por teclas de computador (em alguns casos nem por isso, mas por telas touchscreem)? E ainda que fosse capaz de encontrar a si mesmo – “Será que ela se sentiria atraída por quem eu realmente sei quem não sou?”

Esse último pensamento fez com o suor lhe escorresse pela testa, refrigerado pela gelada brisa leve que soprava da 23 de Maio, espalhando-se rapidamente para as axilas e braços quando pensou que a qualquer instante a linda garota poderia levantar-se e partir para nunca mais vê-lo. Precisava se mostrar como realmente não era, mas como ela gostaria que ele realmente fosse... Passou de um estado de pânico nervoso para um estado de pânico contemplativo, observando em cada detalhe da linda garota ruiva algo que lhe permitisse compreender que perfil de rapaz lhe interessaria.

Desconcentrado entre observá-la e pesquisá-la, Igor foi despertado por um som metalizado, “Poker Face” de Lady Gaga alertava no celular da garota ruiva de uma chamada telefônica, ela deixou o livro sobre o banco e levantou-se para atendê-lo. Temeroso que a chamada a levasse definitivamente dali, Igor voltou ao estado de pânico nervoso procurando desesperadamente pelo trecho da letra que ouvira no breve toque do celular, perfis de garotas ruivas no facebook, orkut, google + e twitter, informações sobre esse tal “O Aleph” (que parecia ter sido escrito por Jorge Luís Borges e nao por Paulo Coelho!), os últimos lançamentos de rasteirinhas... – “Mas porque perder todo esse tempo? Tudo se trata de amor...” – Amor... Como despertar o amor? – “Mas, afinal, o que é amor?” – pensou Igor abrindo uma nova tela para pesquisas: encontrou milhões de definições – “Como viver numa sociedade em que o acesso à informação permite que toda definição seja relativizada?”. Tentou cruzar outras informações com a palavra “amor”: cabelo estilo Amy Winehouse, esmalte vermelho cintilante, Paulo Coelho, meia calça, e outras milhõesde possibilidades surgiram: blogs de moda, vídeos no Youtube e até chats com acompanhantes íntimas! Entre abas e telas e pop-ups de sites de pôker on-line e páginas não encontradas e a cada clique, aumentava o tráfego de megabytes, a conexão ficava mais lenta. Entre URLs e hyperlinks, a conexão lenta compensada pelo Chrome cloud computing, Igor abriu seu notebook acessando World Wide Web num IP alternativo com seu G3 e então... Ela havia partido... Talvez para sempre...

“Existe uma esperança numa rede social!” – pensou Igor, afinal, vivemos num mundo muito pequeno, não pelas coincidências, pois a conteporaneidade assassinou o acaso, mas pela conectividade que a a tecnologia nos oferece.. Enquanto fechava as telas e abas pouco a pouco, como se procuresse vestígios daquela linda garota ruiva entre os encombros da Torre de Babel que desmoronara, Igor se deparou um site aberto quase que aleatoriamente durante o frenesi de suas pesquisas que mostrava letras de músicas, entre elas “Monte Castelo” da Legião Urbana:

“Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.”

Clicou sobre o link da música frustrado por tê-la perdido de vista e um site evangélico se abriu com o trecho que inspirou a música, o livro bíblico dos Coríntios escrito por Paulo, o apóstolo, contido na Bíblia Sagrada, a pera fundamental da cultura ocidental e o livro mais vendido do mundo com 6 bilhões de cópias (talvez, não devesse ser comercializado, pois afinal, trata-se de um livro sagrado):

1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

Igor não refletiu num por um momento: teclou rapidamente Alt+F4 e abiu uma nova página acessando o facebook para procurá-la.

sábado, 9 de julho de 2011

Imagem da semana


Nova fase do Sieber.. Sensacional, faz tempo que não me identifico com um tira como me identifiquei com essa...

Fonte www.allansieber.com

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Midiofobia - Heart Attack Grill

Verdadeiramente não li sobre o assunto em nenhum veículo de mídia, apesar de me contarem que alguns jornais publicaram algo a a respeito. Conheci a lanchonete Heart Attack Grill através de um vídeo no YouTube, eis aí a nova mídia do século XXI.

Em príncípio estava a procura de outro vídeo que não poderia deixar de publicar no blog, a propagando da Wikileaks sobre a Mastercard. Simplesmente genial:



Porém, de link em link, cheguei à Heart Attack Grill, uma nova lanchonete de Dallas, Texas, nos Estados Unidos cuja propaganda é: "Heart Attack Grill, a taste worth dying for!", traduzindo livremente, "Grill do Ataque Cardíaco, um sabor pelo qual vale a pena morrer!". A proposta do marketing é simples: apelar para a sinceridade: a comida não é saudável. Por exemplo, a lanchonete possui um lanche com quatro habúrgeres, o quadruple bypass burger, que afirmam possuir 8.oooo calorias, as batatas fritas fritas em pura gordura de porco podem ser cobertas por queijo cheddar e o milkshake da lanchonete se orgulha de ser o "World's Highest ButterFat Content", o que possui maior índice de gordura de manteiga do mundo conforme o site.

Seguindo a linha de marketing da lanchonete, as garçonetes trabalham vestidas de enfermeiras sexies e o gerente como médico cardiologista sempre com o estetoscópio a tiracolo, todos sem nenhuma formação específica na area médica. Essa "equipe médica", é responsável entregar um prêmio aos clientes que capazes de comer um quadruple bypass burger, cujo valor calórico é equivalente ao que uma pessoa noramel come em três dias: um passeio de cadeira de rodas guiadas pela sensuais enfermeiras até o carro.

Veja o interessante vídeo produzido numa reportagem da CBS.



Devo concordar que os donos do negócio são extremamente sagazes, o marketing é quase que viral, transmitindo ao cliente confiabilidade, pois "enquanto os outros tentam se passar por saudáveis nós admitimos que não o somos", o que garante à empresa uma importante prerrogativa jurídica, pois em nenhum momento afirma que sua comida é saudável, não podendo portanto ser diretamente responsabilizada por acidentes relacionados à alto teor de gordura saturada na comida servida pela lanchonete, transferindo toda a resposabilidade pela escolha para o cliente. Além disso, a Heart Attack Grill uniu o instinto primitivo de saciar a fome a outro instinto bastante primitivo, o sexo: a relação antropológica entre alimentação e sexo existe desde que o Homo sapiens lascou sua primeira pedra tornando-se o caçador que, por sua habilidade em saciar a fome do bando, era também o sexualmente mais cobiçado.

Maquiavélico, mas genial.


Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hieronymus_Bosch-_The_Seven_Deadly_Sins_and_the_Four_Last_Things.JPG
Legenda: Os sete Pecados Capitais de Hieronymus Bosch. Mal sabia Bosch o que eram pecados...

Trata-se da liberdade individual levada ao extremo, no país que criou e desenvolveu a ideia de neoliberalismo ao extremo. Talvez, quando as 13 Colônias se rebelaram contra a Grã-Bretanha no último quarto do século XVIII, essas primeiras ideias já estivessem sendo gestadas, ao menos no âmbito comercial, mas talvez por se considerarem vigiados por alguma espécie de Deus ou pelos próprios membros da maçonaria, os pais fundadores tomaram a independência assumindo essse risco, de conduzirem sua própria nação, com responsabilidade, o que levou os Estados Unidos da América em pouco mais de cem anos a assumir o posto de maior potência industrial e econômica do mundo.


Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Declaration_independence.jpg
Legenda: A Declaração da Indpendência segundo John Trumbull. Vale a pena ver o link, pois o Wikimedia Commons identifica TODOS os founding fathers no quadro.

A pergunta é: o povo americano, e também os outros, estão preparados para arcar com as consequencias de suas ações? Estamos prontos para arcar com nossas resposabilidades diante do Estado? Para aquele que se autodonominou, "o filho do medo", a resposta é não, e eis que surge o Estado Moderno baseado na ideia do filósofo inglês Thomas Hobbes de que "o homem é o lobo do homem" e portanto é necessário um conjunto de regras para estabelecer regras de boa convivência entre os homens. Contudo, o neoliberalismo praticado agressivamente durante a Guerra Fria, sobretudo nos anos 70 quando a URSS estava sucumbindo ao poderio econômico e político dos EUA, afrouxou essas regras, garantido a liberdade como moeda de troca à alternativa socialista, deixando a liberdade de escolha a cargo do indivíduo, mas muitas das consequencias dessa liberdade de escolha a cargo do Estado e da iniciativa privada: Aumento de doenças cardíacas pela alimentação desregrada, novas fraturas decorrentes de acidentes em alta velocidade, depressão profunda pela novas relações sociais e consumo de drogas e tantos outros.

Um brinde, com o milkshake da Heart Attack Grill "World's Highest ButterFat Content", à liberdade!



"And the star-spangled banner in triumph shall wave,
While the land of the free is the home of the brave."

"E a bandeira coberta de estrelas em triunfo ondulará,
Enquanto a terra dos livres for a casa dos bravos."

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Citações

"O factos só são verdadeiros depois de serem inventados"

Crença de Tizangara, Mia Couto em "O Voo do Flamingo"

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Avanti squadra Palestrina! - Brasil 0 X 0 Venezuela

Sei, sei, esse espaço é pra ser utilizado com meu clube de coração Sociedade Esportiva Palmeiras e tenho bastante a escrever sobre o time, sobretudo pela polêmica envolvendo a possível ida de Kléber ao Flamengo, a nova composição de zaga com Thiago Heleno e Maurício Ramos/Leandro Amaro, a estréia de Maikon Leite, a carência de um lateral esquerdo (a despeito da ótima partida de Gabriel Silva no último jogo), enfim... Mas não posso evitar em escrever algo sobre a seleção brasileira de futebol.

Apesar de ser um grande apreciador de futebol, não tenho tempo de acompanhar programas que considero fundamentais para compreender esse esporte, como o "Linha de Passe" da ESPN, que conta com, entre outros, o sempre equilibrado Juca Kfouri e o estrategista PVC. Antes de ontem consegui assistir parte do programa onde ouvi comentários bastante pertinentes como a presença do presidente da Nike, Sandro Rossell, no ônibus da seleção brasileira, sendo que Rossel está sob investigação por um possível desvio de verbas no jogo entre Brasil e Portugal em Brasília na qual sua empresa, a Ailanto Marketing Ltda, aparentemente uma empresa fantasma registrada pelo advogado Eduardo Duarte, apontado como laranja do banqueiro Daniel Dantas pela Operação Satiagraha, teria recebido R$ 9 milhões de reais para organizar o jogo. Mais informações no blog de Juca Kfouri.


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Brazil_1970.JPG
Legenda: foto da seleção brasileira de 1970 antes do jogo contra o Peru, os mesmos que jogariam a final contra a Itália (Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza, Félix, Clodoaldo and Everaldo; Jairzinho, Gérson, Tostão, Pelé e Rivelino) (ATENÇÃO! A LEI DE DIREITOS AUTORAIS NA ARGENTINA É DE APENAS 25 ANOS! FESTA PARA OS ICONÓGRAFOS!)

Mas em se tratando de futebol e menos de política, o comentário de Márcio Guedes foi o que mais me chamou a atenção: não se trata apenas de saudades do Brasileirão devido à apagada atuação da seleção brasileira contra a Venezuela, mas de nenhum jogador do time assumir que houve falhas, nem mesmo o técnico Mano Menezes, limitando-se a dizer que os gols simplesmente não aconteceram. Esse é um reflexo de um processo que acontece desde os anos 90: o torcedor brasileiro não acompanha mais a seleção de seu país com paixão.

Não é novidades que no Brasil se valorizam muito mais os times nacionais do que a seleção nacional, acredito mesmo que a rivalidade entre Palmeiras e Corinthians despertam mais paixões do que Brasil e Argentina, e issso se deve por diversos motivos como o futebol apresentado nos últimos anos (o que é bastante controverso, pois o futebol evoluiu de maneira que o futebol-arte tem cada vez menos espaço), a fuga de craques para o futebol europeu e árabe, o alto valor cobrado pelos ingressos mesmo de arquibancadas, etc. A conjunção desses fatores deixam o torcedor cada vez mais distantes, a ponto de, como comentou Guedes, parte da torcida deixar o estádio do Pacaembu no último jogo da carreira do atacante Ronaldo logo após sua saída de campo.

Não quero com isso retroagir o futebol à decada de 70, em que o nosso convencional 4-4-2, com variações como 4-3-1-2, era praticada pela aioer parte da seleções num 4-2-4. O futebol, como tudo, evolui ao longo do tempo e isso é inexorável, porém, nascido como entretenimento logo ganhou status de arte, e agora volta a tornar-se mero entretenimento para o desespero dos românticos da bola.

A Taça do Mundo é Nossa (Copa de 1958)

A taça do mundo é nossa
Com brasileiro não há quem possa
Êh eta esquadrão de ouro
É bom no samba, é bom no couro

A taça do mundo é nossa
Com brasileiro não há quem possa
Êh eta esquadrão de ouro
É bom no samba, é bom no couro

O brasileiro lá no estrangeiro
Mostrou o futebol como é que é
Ganhou a taça do mundo
Sambando com a bola no pé
Goool!

A taça do mundo é nossa
Com brasileiro não há quem possa
Êh eta esquadrão de ouro
É bom no samba, é bom no couro

A taça do mundo é nossa
Com brasileiro não há quem possa
Êh eta esquadrão de ouro
É bom no samba, é bom no couro

O brasileiro lá no estrangeiro
Mostrou o futebol como é que é
Ganhou a taça do mundo
Sambando com a bola no pé
Goool!

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=hJAriHOh1Jg

Boa parte da resposabilidade disso é do ógão que deveria regular o futebol nacional, a CBF, envolvida em polêmicas de disputas em torno da organização da Copa do Mundo de 2014. Como costumo dizer em relação à Copa no Brasil, minha maior demonstração de patriotismo é torcer CONTRA, pois parece que o país, na realidade, os políticos e empresários que comandam o país, atuam como a seleção brasileira: somente quando são constrangidos por extrema necessidade.

Quem sabe com uma derrota na Copa América, quem sabe com a derrota na Copa do Mundo de 2014, quem sabe com a desclassificação nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, quando a economia não estiver tão aquecida como hoje e o pão e o circo acabarem, esse se torne um país sério, com uma seleção nacional séria...

Pra Frente Brasil (Copa de 1970)

Noventa milhões em ação
Pra frente Brasil
Do meu coração

Todos juntos vamos
Pra frente Brasil
Salve a Seleção

De repente é aquela corrente pra frente
Parece que todo o Brasil deu a mão
Todos ligados na mesma emoção
Tudo é um só coração!

Todos juntos vamos
Pra frente Brasil, Brasil
Salve a Seleção

Fonte: http://letras.terra.com.br/hinos-de-futebol/394819/

terça-feira, 5 de julho de 2011

Midiofobia - Twittadas da semana

Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110625/not_imp736780,0.php
Data: 25 de junho de 2011

Existe muita discussão sobre o futuro da mídia impressa diante do desenvolvimento das novas tecnologias de informação aplicadas às internet. Sinceramente, não acredito no fim da mídia impressa, mas numa transição gradual até um equilíbrio entre ambas; sempre haverá um romântico que, como eu, apesar de necessitarem de um computador possuem em casa uma velha máquina de escrever em casa, enm que seja apenas um objeto de uso esporádico.

A respeito dessa discussão, as diversas mídias procuram se adaptar a essa nova realidade, como por exemplo publicando conteúdos em seus sites, como fez primeiro o Estado de São Paulo seguido pela Folha de São Paulo, ou deixando o papel para tornarem-se jornais unicamente disponiveis na internet, como o Jornal do Brasil no Rio de Janeiro. Entre essas tentativas de adaptarem-se à nova realidade da informação, o Estado de São Paulo tem publicado há alguns meses todos os sábados no caderno Cidades/Metrópole as "Twittadas da semana".

Considero que a possibilidade de coletivização da informação através da internet possa ser muito melhor aproveitada do que com algumas twittadas lidas nessa coluna sabática do Estado de São Paulo nas últimas semanas: "Bom dia, hoje acordei bem humorada!" ou "Genteeennn! Que frio faz em Sampa!"; definitivamente, existem usuários bastante prolixos. Contudo, alguns publicam reflexões interessantes, próprias ao século XXI, reflexões em 140 caracteres, uma delas a do deputado federal do Rio de Janeiro, Jean Wyllys:

"Defender projeto do Dia do Orgulho Hetero é mais que conservadorismo: é ignorância (e uma dose de cinismo!)"

JEAN WYLLYS / DEPUTADO FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, SOBRE A POLÊMICA CRIADA NA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO NESTA SEMANA


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:2004-GayPrideBrazil-45409.jpeg
Legenda: VIII Parada Gay em São Paulo, 14 de Junho de 2004, Agência Brasil

Ainda falta maturidade ao jovem deputado federal. Wyllys se refere à defesa da heterosexualidade como cinismo e ignorância, e talvez realmente seja, caso o BBB não fosse um deputado federal, mas na sua atual posição política, qualquer manifestação política que defenda causas, anda que estas violem a atual condição de legalidade, como é o caso do consumo de drogas como a maconha, é uma manifestação de liberdade consitucionalmente conquistada após um longo período de repressão ditatorial militar.

Não quero dizer com isso que o membro de uma cadeira no poder legislativo não deva manifestar suas opiniões concernentes aos assuntos em pauta, muito pelo contrário, se espera que um deputado ou senador se manifeste de modo a estimular o debate político que deve dar origem às decisões da casa. Contudo, é preciso ter muito cuidado para não confundir uma decisão política tomada em favor da coletividade com uma posição política defendida em favor de uma minoria, ainda que a necessidade de defesa da minoria seja necessária. Jean Wyllis é representate de interesses muito maiores do que interesses pessoais ou de grupos com os quais simpartize, é porta voz do interesse nacional (ou pelo menos da parte da nação que o elegeu, que se supõe ser uma maioria) e por isso não pode confundir maioria e minoria com direito constitucional.

Jean Wyllys é um produto da grande mídia, alçado à Câmara dos Deputados pela sua participação no Big Brother 5, seria esperado que utilizasse o Twitter para se manter na mídia, porém, ao contrário do que poderia supor, tem coletivizado o debate acerca do homosexualismo através da rede social, o que é muito positivo par a democracia brasileira. Da mesma maneira, o deputado federal Tiririca, humorista que participava do "Programa do Tom" na Record, num recente comercial tentou explicar de maneira clara para seus eleitores a irregularidade constitucional que é a prática no nepotismo, num linguagem direta e simples, atingindo muito mais pessoas do que os intelectuais que há anos estão no poder.

Talvez os eleitos mais criticados pela classe média brasileira sejam capazes de promover maiores mudanças do que se espera...

segunda-feira, 4 de julho de 2011

"Batatinha quando nasce..."

"Mas quando ela entrava em casa, alegre, indiferente, desbocada, ele não tinha que fazem nenhum esforço para dissimular a sua tensão, porque aquela mulher, cujo riso explosivo espantava os pombos não tinha nada que ver com o poder invisível que o ensinava a respirar para dentro e a controlar as batidas do coração, e lhe havia permitido entender porque os homens tem medo da morte"

Gabriel Garcia Márquez em "Cem Anos de Solidão"

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Citações - nome do blog?

Achei muito interessante uma das frases do filme "A Caixa" (2009) de Richard Kelly, até porque tem a ver com o título deste blog, Caixa com Pedra (nunca expliquei esse nome eu acho...). Aliás esse é um filme muito original que, apesar de se perder na sua metade final, propõe uma reflexão interessante: você apertaria o botão de uma caixa para ganhar um milhão de dólares sendo que, logo após apertar o botão uma pessoa desconhecida morreria em algum lugar do mundo?


Fonte: http://www.moviewallpaper.net/w/Frank_Langella_in_The_Box_Wallpaper_2_1024.html

Martin Teague: Sir? If you don't mind my asking... why a box?
Arlington Steward: Your home is a box. Your car is a box on wheels. You drive to work in it. You drive home in it. You sit in your home, staring into a box. It erodes your soul, while the box that is your body inevitably withers... then dies. Where upon it is placed in the ultimate box, to slowly decompose.
Martin Teague: It's quite depressing, if you think of it that way.
Arlington Steward: Don't think of it that way... think of it as a temporary state of being.

Fonte: http://www.imdb.com/title/tt0362478/quotes

Traduzindo livremente:

Martin Teague: Senhor? Se não se importar com a pergunta... por que uma caixa?
Arlington Steward: Sua casa é uma caixa. Seu carro é uma caixa com rodas. Você o dirige para trabalhar. Você o dirige até sua casa. Você se senta na sua casa, olhado para uma caixa. Ela corrói sua alma, enquanto a caixa que é o seu corpo inevitavelmente seca.. E então morre. Ele então é colocado na última das caixas, para então decompor lentamente.
Martin Teague: É bastante depressivo, se você pensar nisso dessa maneira.
Arlington Steward: Não pense nisso dessa maneira... Pense nisso como um estado temporário de ser.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Citações

"O mundo não é o que existe, mas o que acontece"

Dito de Tizangara, Mia Couto em "O Voo do Flamingo"

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Midiofobia - Liberada, Marcha da Maconha deve começar no sábado

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,liberada-marcha-da-maconha-deve-comecar-no-sabado,733125,0.htm
Data: 16 de junho de 2011

Adoraria comentar sobre o assunto em sala de aula, mas a escola em que leciono, e pelo que ouço de conversas em rodas de colegas professores o mesmo acontece em outras escolas, está muito preocupada em formar alunos conteudistas, relegando a segundo plano o aspecto humanístico da educação. Em poucas palavras, tocar no assunto "Marcha da Maconha" em sala de aula é tocar em um tema polêmico que a escola prefere, na maior parte das vezes, evitar preservando-se idônea diante das famílias.

Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Protests_Madrid_2004_2.jpg
Legenda: Marcha da Maconha em Madrid, 2004

Talvez a escola se preocupe com o tema caso este seja tema de redação de vestibulares de universidades públicas, mas a reflexão pode ser redirecionada mesmo ao se refletir sobre a formação do Estado Moderno enquanto se discute Revolução Francesa, e foi precisamente isso que me chamou atenção na reportagem veiculada hoje pelo jornal Estado de São Paulo.

Como eu poderia abordar essa decisão unânime do STF em sala de aula: o que é mais importante: garantir a liberdade de expressão conforme consta na carta constitucional do país (na realidade o termo liberdade de expressão inexiste na Constituição Brasileira de 1988, temos no Artigo 5 parágrafo IV: "é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;") ou proibir a divulgação de ideias que defendem o consumo, quando este for descriminalizadoa, da droga conhecida como Cannabis sativa?

Juristas podem argumentar que a Constituição do país está acima de qualquer pessoa ou lei e por isso não pode ser violada sob nenhuma hipótese. Isso equivale a dizer que o conjunto de princípios básicos que norteiam toda uma nação, interpretados livremente por pré-socráticos sofistas vestindo Armani em pleno século XXI, podem tornar legal uma manifestação que defenda algo ilegal.

Segundo o jornal Estado de São Paulo, em outra reportagem (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110616/not_imp733001,0.php): "os ministros deixaram claro que as manifestações não podem servir para atos de violência ou discriminatórios ou para o consumo de drogas. Luiz Fux acrescentou que participantes devem sempre informar autoridades com antecedência sobre a marcha e não poderão incentivar o consumo da maconha", porém, uma passeata a favor da "discriminalização da maconha", significa, literalmente, uma passeata a favor de "não tratar como crime ou como criminoso"(discriminalizar) a maconha: a passeata pretende defender a discriminalização da planta
Cannabis sativa para cultivo doméstico com o objetivo de consumir a erva, estimulando assim o consumo, e consequenteme se opondo diametralmente à posição do STF.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Bob-Marley.jpg
Autoria Eddie Mallin
Legenda: Bob Marley em show nos anos 80


Para mim é extremamente incômodo o argumento do STF, pois
o Estado renuncia à posição de órgão responsável por regular as relações entre os homens em detrimento da garantia do exercício da liberdade individual, sendo que estudos médicos comprovam que essa liberdade resulta em danos cerebrais permanentes, como ocorre com outras drogas lícitas como o álcool e a nicotina. Não leio mais as colunas do Felipe Pondé na Folha de São Paulo, pois agora assino outro jornal, não gosto de suas opiniões, mas me trazem reflexões interessantes: se o Estado não deve mais ser um Estado Moderno, tido como moralista, devemos assumir que o público está pronto para lidar com as consequências do exercício de sua liberdade individual, o que incluiria por exemplo, tratamentos médicos particulares para pacientes com câncer de pulmão pelo excesso de nicotina que agora poderia ser consumida novamente em ambientes fechados?

terça-feira, 14 de junho de 2011

Imagem da semana









Autoria própria

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Midiofobia - Comentário de policial em palestra gera protesto global da 'marcha das vagabundas'

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,comentario-de-policial-em-palestra-gera-protesto-global-da-marcha-das-vagabundas,717188,0.htm
Data: 10 de maio de 2011

Foi com surpresa que conheci a marcha de protesto conhecida como "Slutwalk": um movimento organizado por mulheres em Toronto, Canadá, após um policial declarar durante uma palestra que uma jovem canadense foi estuprada por usar roupas insinuantes, como se fosse uma vagabunda ("slut").

Achei interesante a postura que a imprensa tomou diante desse movimento, pois nenhum dos dois maiores jornais de São Paulo assumiram posturas objetivas: o Estado de São Paulo pouco noticiou o evento enquanto a Folha de São Paulo apesar de maior destaque se limitou a ouvir manifestantes. Mas afinal, qual a função de um jornal senão garantir o acesso à informação e à formação de seus leitores?

Não é simples asumir uma postura, sobretudo num tema polêmico, mas não posso deixar de refletir sobre o ocorrido, pois assim como alguns protestos de minorias, a "Slutwalk" parece perder o contato com a realidade objetiva

Primeiramente, o que o movimento contesta? Se contesta, como está escrito no site oficial, a conduta do policial canadense (e a polícia canadense como um todo caso esta não tenha se manifestado contra o comentário), de se referir à mulheres de roupas insinuantes como "sluts", concordo com uma mobilização daqueles que se vestem dessa maneira, pois generaliza como vagabunda pessoas que possuem o mesmo estilo de vestir-se. Ainda que não me agrade a maneira insinuante de muitas mulheres se vestirem, vivemos numa sociedade em que as liberdades individuais são garantidas consitucionalmente e por isso devem ser respeitadas.

Além disso, o comentário parte de um profissional que deve evitar delitos como estupros. Dessa maneira, a questão torna-se ainda mais complexa, pois a polícia que deveria servir e proteger, responsabiliza pelo delito aquele que o sofre, como se se eximisse da responsabilidade de seu próprio dever.

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Henri_de_Toulouse-Lautrec_064.jpg
Legenda: A Toalete, de Henri de Toulouse-Lauterc, 1891

Até esse momento parece interessante a proposta do "Slutwalk", porém, a proposta tem se perdido. Como acontece com movimento sociais que crescem, como foi o movimento hippie nos anos 60 e o movimento punk nos anos 70, pessoas forjam identidades para se identificarem distorcendo as propostas. No caso da "Slutwalk", a impressão que tenho pelo que leio e ouço, é que o movimento está muito mais voltado à moda do que propriamente à defesa das liberdades individuais.

Deixando de lado a questão preconceituosa da declaração do oficial canadense e desdobrando a reflexão para um campo mais amplo, não concordo com a maneira que as muitas pessoas se vestem, sobretudo com a extravagância que nossa sociedade permite a todos, mas isso não quer dizer que devam ser estupradas por isso; como escreveu Voltaire: "Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo". Porém, me pergunto se a humanidade está pronta para lidar com toda essa liberdade que o século XXI nos proporciona, pois querendo ou não, nenhuma força policial jamais estará sufiicientemente preparada para garantir a segurança de pessoas que utilizam sua liberdade para atrair a atenção.

Não se trata de censurar qualquer tipo de manifestação ou mesmo vestimenta, mas de reconhecer que não vivemos num mundo proposto pelos ideais constitucionais de filósofos iluministas do século XVIII, e sim num mundo em que o Estado, mesmo em países desenvolvidos como o Canadá, não é capaz de garantir a segurança da população contra um abuso sexual, seja qual for o motivo que leve a isso.

Parece-me que se expor demasiadamente para exercer sua liberdade individual é deixar a cargo do Estado sua segurança, abrindo mão de sua própria responsabilidade sobre si mesmo, e nenhum país, nem pessoa, está, ou deveria estar, pronto para isso.

O preço da liberdade não é a eterna vigilância, é a eterna responsabilidade.