sábado, 20 de novembro de 2010

Estafa de fim de ano

Prefiro pensar que estou colhendo material para escrever, mas verdadeiramente o meu tempo está curto com o acúmulo de aulas devido a uma inesperada saída de uma professora de história e o atraso na entrega de dois freelances.

Não quero perder tempo, logo esse material estará disponível em letras.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

domingo, 31 de outubro de 2010

sábado, 30 de outubro de 2010

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O Estrangeiro e O Marketeiro...

Recentemente fui assistir ao monólogo de Guilherme Leme sobre o livro O Estrangeiro, do escritor franco-argelino Albert Camus, porém, qual não foi minha surpresa ao ser informado pelo funcionário da bilheteria do teatrocaixa que, por ser professor da rede privada de ensino, não tinha direito a meia-entrada peranteconforme a lei.

Me causou bastante estranhamento essa restrição, uma vez que desde que trabalho como professor, sempre do ensino privado, nunca fui impedido de comprar meia-entrada para shows, cinemas, teatros, etc. Diante desse estranhamento enviei um e-mail para o SINPRO (Sindicato dos Professores de São Paulo) que confirmou: "infelizmente a legislação só permite meia entrada para os professores da rede oficial do estado, existe um projeto de lei do professor e vereador Carlos Giannazi que infelizmente foi vetado na Câmara Municipal que legaliza a meia entrada nas atividades culturais(cinema, teatro, etc.) para os professores da rede municipal e privada. O mesmo aguarda tramitação.

Não conformado, afinal nem a casa de espetáculos nem o SINPRO me informaram qual o número da lei que determina esse tipo de arbitrariedade fui até o google, onde cheguei ao projeto de lei nº 10.858/2001 da câmara municipal de São Paulo que assegura "o pagamento de 50% (cinqüenta por cento) do valor realmente cobrado para o ingresso em casas de diversões, praças desportivas e similares, aos professores da rede pública estadual de ensino", ou seja, por lei, nem professores municipais, nem professores da rede privada de ensino tem direito ao pagamento de meia-entrada em eventos culturais.

Procurando por projetos de lei (PL) sobre o assunto em âmbito federal, não localizei absolutamente nenhum projeto de lei do tipo no site do Senado Federal, por outro lado, encontrei seis projetos de lei defendendo a meia-entrada para TODOS os professores no site da Câmara dos Deputados: a maior parte deles, desde 1996, arquivados como o projeto de lei de autoria de Aloizio Mercadante - PT/SP (PL-4142/ 2001) e Jurandir Loureiro - PSC/ES (PL-1863/2007);, diferindo dos dois, o projeto de lei de Hermes Parcianello - PMDB/PR (PL-3699/2008) devolvido ao autor sob o argumento de que segundo o regimento interno da Câmara dos Deputados não estava "devidamente formalizado e em termos" (art. 137, § 1º, inciso I);, o projeto de lei de Léo Alcântara - PSDB/CE (PL-4637/2001) aguardando parecer do deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL) desde outubro de 2009; e o projeto de lei de Iran Barbosa - PT /SE (PL-6209/2009) que está "pronto para pauta" desde setembro de 2010.

http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_lista.asp?formulario=formPesquisaPorAssunto& Ass1=meia+entrada& co1=+AND+& Ass2=professor& co2=+AND+& Ass32=& Submit2=Pesquisar& sigla=& Numero=& Ano=& Autor=& Relator=& dtInicio=& dtFim=& Comissao=& Situacao=& OrgaoOrigem=todos

Já no âmbito estadual, não localizei nenhum projeto de lei na Assembléia Legislativa de São Paulo, enquanto o site da Câmara Municipal é muito limitado para pesquisas, restringindo os campos de busca a número e ano de projeto de lei e não por palavras-chave, o que dificulta o acompanhamento do cidadão ao trabalho dos vereadores paulistanos.

Não sou especialista em legislação, sou apenas um professor de história pagando R$ 50 num espetáculo teatral visando não apenas evitar o constrangimento de deixar a bilheteria com minha namorada sem um ingresso para o monólogo que planejamos assistir no feriado, mas também ampliar minha cultura e consequentemente meu trabalho como educador . No meu entender, à medida que o poder público se revela pouco interessado em qualificar profissionais da educação em detrimento de quantificar esses mesmos profissionais para justificar empréstimos bancários internacionais e intenções de votos de quatro em quatro anos, cabe ao poder privado enquanto importante setor de representação da sociedade civil compartilhar essa qualificação.

Contudo, parte do setor privado, representada na imagem do empresariado que administra esse tipo de instituição artística da qual faz parte a referida casa de espetáculo, apenas replica as mesmas políticas públicas educacionais sem reconhecer sua responsabilidade social para com a educação, propagandeando em seus valores corporativos a cultura/informação como poder transformador que objetiva construir um mundo melhor e mais justo, enquanto sob a atmosfera blasé de seus concertos, shows, noites de jazz, palestras, cafés filosóficos e noites de autógrafos não se digna a oferecer, como tantos outros setores do empresariado fazem, R$ 25 de desconto para professores da rede pública municipal e professores da rede particular.

Aliás, o espetáculo é ótimo...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

"Play it again, Sam..."

Los Hermanos - Deixa O Verão

Deixa eu decidir se é cedo ou tarde
espere eu considerar
ver se eu vou assim chique-à-vontade
qual o tom do lugar.

Enquanto eu penso você sugeriu
um bom motivo pra tudo atrasar.
E ainda é cedo pra lá
chegando às seis tá bom demais
Deixa o verão pra mais tarde

Uh ah ãã aeãeã

Não tô muito afim de novidade
Fila em banco de bar
Considere toda hostilidade
que há da porta pra lá

Enquanto eu fujo você inventou
qualquer desculpa pra gente ficar
E assim a gente não sai
que esse sofá tá bom demais
Deixa o verão pra mais tarde

Uh ah ãã aeãeã

E eu digo,cá entre nós
deixa o verão pra mais tarde

Uh ah ãã aeãeã

Fonte: http://letras.terra.com.br/los-hermanos/67555/

A eterna luta entre o lirismo de Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante...

domingo, 24 de outubro de 2010

sábado, 16 de outubro de 2010

Imagem da semana


Autoria Bill Waterson

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Midiofobia - Maioria dos chilenos culpa empresa por acidente de mineiros bloqueados

Fonte: Folha de Sâo Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/mundo/788960-maioria-dos-chilenos-culpa-empresa-por-acidente-de-mineiros-bloqueados.shtml)
Data: 25 de agosto de 2010

A terça-feira, dia 12 de outubro, homenagem à Nossa Senhora Aparecida e às crianças. Poderia parecer mais um feriado muito similar a um domingo: estradas lotadas e programação deprimente na televisão. Porém, com o anúncio do resgate dos mineiros chilenos presos há mais de dois meses na mina San José, a caompaixão pela situação desse homens, presos na escuridão a umidade de 70% e temperatura de mais de 30º durante dois meses, me fez ficar acordado até um pouco mais tarde.


Fonte: http://dailycaller.com/2010/08/29/chile-miners-must-move-tons-of-rocks-in-own-rescue/
Legenda: o ministro da minas chileno Laurence Golborne olhando para um dos dutos que fazem a comunicação entre os mineiros e as equipes de resgate. É inquestionável a eficiência do governo chileno no resgate, mas assim que todos os mineiros estiverem seguros, é preciso relembrar ao mundo que os grandes responsáveis pelo desastre são a empresa particular, a Minera San Esteban e o órgão de fiscalização governamental, o Serviço Nacional de Geologia e Mineração (Sernageomin).
Autoria AP Photo/Roberto Candia

Não pretendo exaltar o ótimo trabalho desenvolvido pelo governo chileno, a despeito da construção de uma robusta plataforma política para o recém-empossado presidente Sebastian Piñera, que tão logo se encerrem os resgates viaja para a Europa para se laurear com o desastre; não pretendo também exaltar a euforia mundial em torno dos resgates, ainda que esses resgates sejam consequencia da incompetência da empresa Minera San Esteban, e do órgão de fiscalização do governo chileno, o Serviço Nacional de Geologia e Mineração (Sernageomin), mas acho interessante abrir espaço para outra reflexão pouco explorada pela grande mídia: o papel da tecnologia no resgate dos 33 mineiros chilenos presos na mina San José próximo à cidade de Capiapó por 69 dias.

Minha relação com a tecnologia é bastante paradoxal: penso que na presente sociedade somos quase coagidos a utilizar a tecnologia em todos os campos da vida, porém, particularmente tenho muito pouca paciência para utilização dessa tecnologia, ainda que a domine relativamente bem. Na minha opinião Woody Allen sintetizou com perfeição o papel da tecnologia na nossa sociedade ao falar sobre computadores: "Os computadores vieram para resolver todos os problema que nunca tivemos".

A despeito da minha relação, é óbvio que o desenvolvimento tecnológico, sobretudo durante o século XX, trouxe admiráveis avanços para a humanidade enquanto espécie, ainda que poucas pessoas considerem o custo, não apenas financeiro, desse desenvolvimento: desenvolvemos o armazenamento da energia da fissão e fusão de átomos mas também bombas de poder de destruição jamais imaginados, desenvolvemos antibióticos potentes para curar, mas também bactérias de alta letalidade em laboratórios militares e ainda, desenvolvemos tanto técnicas cirúrgicas para reimplantação de membros amputados quanto acidentes automobilísticos para garantir a utilização dessas ténicas.



Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:FrameBreaking-1812.jpg
Legenda: trabalhadores ludistas destruindo um tear. A prática foi condenada pelo Parlamento Inglês em 1721 e no ano de 1812 foi imposta a pena de morte para esse tipo de delito.

Mas se prendendo ao aspecto positivo do desenvolvimento tecnológico, o que as perfuradoras projetadas pelo governo chileno em parceria com a NASA operaram nas últimas horas foi um verdadeiro milagre: a perfuratriz atingiu uma profundidade de 630 metros, equivalente a um edifício de 210 andares, pouco mais de duas vezes o tamanho da torre Eiffel ou mais de vinte vezes o tamanho do Cristo Redentor, em apenas 57 dias, ou seja, perfurou e extraiu terra à velocidade de 11 metros por dia, cerca de 0,45 metros por hora. Considerando não apenas a perfuração, mas também o volume de terra que é preciso transportar para fora do duto, temos 215 m3 de terra, aproximadamente uma casa de 72 m2 completamente vazia (para efeito de comparação uma casa de 7 metros de frente por 10,2 metros de fundo) cheia de terra até o teto. Um trabalho que dificilmente o ser humano, ainda que unido em sua coletividade, poderia desempenhar sem o apoio de algum tipo de tecnologia bastante avançada.

A vida desse homens foi salva pela tecnologia envolvida no processo, mas quem opera essa tecnologia é o homem... Por isso ao final desse resgaste acho que vale a pena perguntar: Qual a finalidade política da utilização da tecnologia? Como garantir o acesso democrático aos grandes desenvolvimentos tecnológicos? Quais os maiores beneficiados com o desenvolvimento tecnológico? O episódio dos mineiros chilenos respondem a algumas dessas questões, mas a principal delas na minha opinião é pensar quais as motivações humanas para o desenvolvimento dessa tecnologia, que no caso era tão única?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Citações

"Há muita tendência em atribuir a Deus o mal que o homem faz com seu livre arbítrtio"

Agatha Christie

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Avanti squadra Palestrina! - Campeonato Brasileiro 2010 - 29ª rodada - Botafogo 0 X 0 Palmeiras

O que se ouve nos bastidores do time do Palmeiras há meses é uma grande tensão entre a oposiçao e a posição.

Devido à cirugia de revacularização e cateterismo a que foi submetido o presidente Luiz Gonzaga Belluzzo há quase um mês atrás, o vice Hugo Salvador Palaia, assumiu o time e numa atitude mais brasílica do que propriamente ítalo, dissolveu a diretoria no primeiro dia como vice presidente interino no melhor estilo Dom Pedro I quando recém-empossado imperador e "defensor perpétuo" do Brasil, fechou a Assembléia Constituinte que formulava a primeira Magna Carta do país, prendendo e exilando muitos dos membros da Assembléia.

Mas a verdade é que sob a administração de Palaia, o Palmeiras voltou a vencer. Realmente é preciso reconhecer o esforço da posição em trazer o atacante Kléber, o meia Valdívia e o técnico Luiz Felipe Scolari, mas antes disso não se pode esquecer das multas recisórias que espoliam em centenas de reais os cofres palmeirenses, a ausência ainda presente de jogadores de posições específicas como laterias e atacantes entre tantas outras ingerências da diretoria da posição.

O empate desse final de semana contra o Botofago não é o resultado esperado consideranddo as boas exibições da equipe alvi-verde nas últimas rodadas, mas um empate fora de casa ainda é considerado um resultado bom diante do desempenho demosntrado pelo time, não apenas nos resultados mas também na busca por esses resultados. Sem dúvida, uma vitória sobre o vacilante time do Botafogo seria uma boa oportunidade de alcançar o G-4 (ou G-3, sabe-se o que será decidido sobre a classificação para a Taça Libertadores da América), mas considerando o elenco e a tensão ainda existente na dirtoria palmeirense importa mais manter o time motivado e em harmonia com o tecedor palmeirense que nos últimos meses tem sofrido muito com as atuações do time.

Luiz Felipe Scolari mais uma vez demonstra inteligência ao deixar em segundo plano o Campeonato Brasileiro para se concentrar na Copa Sul Americana, afinal, conhece suas habilidades (foi campeão da Copa do Brasil, também em sistema eliminatório, com o Criciúma em 1991) e tem bastante controle sobre o grupo, fazendo por exemplo Lincoln voltar a atuar apesar do atraso da diretoria em pagar sua rescisão com o Galatasaray da Turquia. Mas as escolhas do clube tem um preço, o Palmeiras irá se concentrar para o jogo contra o Universitário Sucre da Bolívia e a tendência é que i time seja poupado para os jogos do nacional.

Não se pode ter tudo, mas me parece que, contrariando toda a lógica politicamente correta que se vive nos últimos meses para as eleições, o pequeno golpe de Palaia conseguiu dar mais direcionamento à diretoria e ao time, um dos benefícios dos regimes ditatoriais.

Per favore non me rompere i coglioni...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Carta aberta aos meus futuros ex-alunos - Uma educação pra que afinal?

Um dos momentos mais curiosos de tornar-se professor são os momentos fora da sala de aula, como as festas de dia dos professores, os congressos de formação pedagógica e as reuniões. Após um dia cansativo de aulas, essa reuniões se arrastam longas e intermináveis noite adentro, e são inúmeras e ainda mais, necessárias: reuniões da área, reuniões da unidade, reuniões de rede, reuniões de tutoria, reuniões de sindicato, reuniões de formação, etc, etc, etc.

Nessas reunião que preparamos planejamentos, analisamos resultados e discutimos estratégias, como uma empresa a cuidar de seus interesses, temos apenas um único objetivo preocupar-se com a qualidade da educação fornecida pela empresa-escola aos cliente-alunos.

A propósito dessas reuniões que buscam a tal qualidade no ensino, assisti nos últimos dias a um filme lançado ano passado que se chama "Educação" da diretora Lone Scherfig, cujo título original em inglês é "An Education". Ainda que eu não seja um grande conhecedor da gramática da língua inglesa, a palavra "an" é um artigo indefinido que significa "um" ou "uma", assim, a tradução literal do título do filme seria "Uma Educação". Nunca despendi tempo pesquisando quem são as empresas que contratam os tradutores, ou melhor, os poetas-tradutores, que, sentindo-se livres para utilizar a "licença poética", violam os títulos de filmes estrangeiros. Sem dúvida, são pessoas desprovidas de qualquer senso crítico, pois o filme de Scherfig perde completamente o sentido quando o título é alterado.

Fonte: http://www.britflicks.com/Gallery/Forms/AllItems.aspx?RootFolder=%2FGallery%2FFilms

Em linhas gerais, o filme se passa na Inglaterra nos anos 60, onde Jenny (interpretada belamente por Carey Mulligan), uma baby-boomer filha da segunda grande Guerra Mundial, vive uma vida comum entre a classe média alta londrina: pais conservadores e temerosos depositam sua expectativa nas aulas de cello da filha e em seu ingresso em Oxford ou Harvard, enquando Jenny representa o esperado papel familiar impecável para se manter-se secretamente seduzida pelas canções de Juliette Gréco a emergente contra-cultura francesa inspirada pelos anéis de fumaça do cigarro ouvindo Juliette Gréco e lendo Camus.

Esse universo harmônico é rompido quando David (interpretado por Peter Sarsgaard), um homem mais velho, oferece uma carona à garota, e pouco a pouco a conquista realizando suas utpoias francesas, uma estratégia de sedução comum, ainda que de certa forma covarde, que homens mais velhos utilizam para seduzir garotas mais jovens. A vida de Jenny com David se distancia muito da expectativa de seus pais e ao final do filme a garota precisa escolher: realizar as expectativas dos pais concluindo seus estudos com louvor, ingressando em uma boa universidade, formar-se e trabalhar para estabelecer-se como mulher independente, ou realizar suas próprias expectativas partindo com o namorado para viver uma vida de glamour às suas custas, sem a necessidade de estudar ou trabalhar.

Não estragaria o final do filme contando-o, mas posso contar sobre o título original, onde reside a riqueza da película de Lone Scherfig: Jenny escolhe não "a educação", mas "uma educação".

Esse momentos de reunião discutem muito "a educação", mas não " uma educação", não discute as escolhas de vocês meud futuros ex-alunos e sim as escolhas de nós, pais, professores, assessores, coordenadores, diretores do que consideramos melhor pra vocês, como se vocês mesmos fossem apenas coadujuvantes de suas próprias vidas. Não tenho experiência suficiente para essa afirmação, mas vou concluir ousando afirmar que a percepção de realidade na qual se baseia a pedagogia moderna parte sempre do instrutor para o instruído, arruinando parte da proposta da educação, seja ela escolar ou não, que é a integração consigo mesmo e com a socciedade em que se vive.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Imagem da semana

Juro que tentei conseguir uma autorizaçao por e-mail com o Laerte... Paciência, publico sem a autorização prévia, afinal, na minha opinião é o melhor autor de quadrinhos, tiras, charges e coisas afins, que já conheci....


Fonte: http://verbeat.org/blogs/manualdominotauro/2010/09/
Autoria: Laerte

terça-feira, 21 de setembro de 2010

"Batatinha quando nasce..."

11. Jesus continuou: "Um homem tinha dois filhos.
12. O filho mais novo disse ao pai: "Pai, dá-me a parte da herança que me cabe". E o pai dividiu os bens entre eles.
13. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E aí esbanjou tudo numa vida desenfreada.
14. Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome nessa região e ele começou a passar necessidade.
15. Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para os seus campos cuidar dos porcos.
16. O rapaz queria matar a fome com a vianda que os porcos comiam, mas nem isso lhe davam.
17. Então, caindo em si, disse: "Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui a morrer de fome...
18. Vou levantar-me, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra Deus e contra ti;
19. já não mereço que me chamem teu filho. Trata-me como um dos teus empregados".
20. Então levantou-se e foi ter com o pai. Quando ainda estava longe, o pai avistou-o e teve compaixão. Correu ao seu encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos.
21. Então o filho disse: "Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho".
22. Mas o pai disse aos empregados: "Depressa, trazei a melhor túnica para vestir o meu filho. E colocai-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés.
23. Pegai no novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete.
24. Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado". E começaram a festa.
25. O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança.
26. Então chamou um dos criados e perguntou o que estava a acontecer.
27. O criado respondeu: "É o teu irmão que voltou. E teu pai, porque o recuperou são e salvo, matou o novilho gordo".
28. Então, o irmão ficou com raiva e não queria entrar. O pai saiu e insistiu com ele.
29. Mas ele respondeu ao pai: "Eu trabalho para ti há tantos anos, nunca desobedeci a nenhuma ordem tua; e nunca me deste um cabrito para eu festejar com os meus amigos.
30. Quando chegou esse teu filho, que devorou os teus bens com prostitutas, matas o novilho gordo!"
31. Então o pai disse-lhe: "Filho, estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu.
32. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado"

Jesus Cristo, segundo São Lucas (LC 15:11-32)

sábado, 18 de setembro de 2010

Imagem da semana

Autor: Adão
Fonte: http://adao.blog.uol.com.br/

Mais uma tira genial do nômade de Adão Iturrusgarai!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Midiofobia - Leia com atenção - ou não

Fonte: Folha de São Paulo (http://contardocalligaris.blogspot.com/2010/09/leia-com-atencao-ou-nao.html)
Data: 09 de setembro de 2010

Como faço todas as quintas-feiras, cheguei à escola bem cedo, não apenas porque o trânsito de São Paulo é muito ruim em qualquer horário do dia, o que creio eu, ao longo da evolução humana, tornará os paulistanos as espécies mais pacientes e precavidas já conhecidas, mas também para ler com calma os dois cadernos mais importantes da Folha de São Paulo que se pode ler em quinze minutos, pois como já escrevi, o trânsito de São Paulo é, definitivamente, muito ruim: o caderno de esportees, sobretudo quando temos notícias diferentes do que "Palmeiras perde mais uma em casa", "Felipão se diz decepcionado com o time" e "Apesar de exames não detectarem lesão, Lincoln reclama de dores e segue fora" e a Ilustrada, com especial atenção os quadrinhos de Laerte, Adão e Caco Galhardo (para minha surpresa em nova fase com a "Lili ex"), além da crônica sempre muito interessante de Contardo Calligaris.

Por estar numa sala de professores lotada, com mestres e seus aventais brancos lutando uns contra os outros por um café e um pedaço de pão francês com manteiga, a crônica "Leia com atenção - ou não" se tornou mais um cômica. O artigo trata de o quanto é possível estabelecer boas relações em estado de "atenção flutuante", termo emprestado de Freud pelo psicanalista italiano radicado no Brasil para explicar recentes estudos.

Calligaris toma como exemplo o médico da série House, que resolve os misteriosos casos médico quando finalmente deixa de refletir objetivamente sobre o assunto e procura distrair-se : "House entra num bar para assistir a um jogo de futebol. Vergonha: ele deveria estar preocupado com seu paciente, não é? Mas eis que um zagueiro faz um gol contra, e a distração desse momento-futebol permite que House se lembre de que, às vezes, o organismo também faz gol contra: heureca, doença autoimune!". Esse estado de "atenção flutuante" é apresentado por muitos estudantes, entre os quais me incluo, em sala de aula, e é visto por professores muitas vezes como falta de concentração.

A esse propósito, Calligaris divulga estudo demonstrando que nos anos 70 nos Estados Unidos o índice de crianças com TDH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) eram de 12 em cada mil nos anos 70, enquanto nos anos 90 chegou-se a 34 em cada mil. Uma mudança em nossas crianças? Não. O psicanalista afirma que ocorreu uma grande mudança na nossa cultura, uma vez que hoje a divagação enquanto habilidade não é valorizada como nos anos 70, sendo substituída pelo "controle executivo", função também indipensável.

Enquanto os mestres devoravam seus pães franceses com manteiga e bebiam seus café refleti o quanto enquanto professores ainda somos ingênuos ao analisar como se processa o aprendizado do estudante, até porque nós enquanto seres que estão em constante proceso de aprendizagem também possuimos nossos próprios processo de aprendizagem que são tão particulares. Além disso, refleti o quanto os pais estão dispostos a gastar de seu tempo com seus filhos para compartilhar experiências que possam levar a criança a uma nova condição valorizando sua própria maneira da aprender, e não gastar seu dinheiro, que é muito mais barato do que seu tempo, para garantir o aprendizado através da medicalização do ensino, a "pedagogia da Ritalina".


Fonte: http://www.cidademarketing.com.br/2009/n/987/novartis-compra-corthera-e-ganha-direito-de-remdio-para-corao.html

Impossível concluir essa postagem sem inserir o que Calligaris esceve ao final de sua crônica: "À luz dessas pesquisas, seria bom reavaliar nossa hipervalorização da atenção focada e, sobretudo, nossa medicalização sistemática de crianças que, às vezes, com toda razão, gostam de sonhar de olhos abertos."

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Citações

"Eu prefiro os erros do entusiasmo do que a indiferença da sabedoria"

Anatole France

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Leica 35 - F. J. T.

O negro manto é rasgado por um facho de luz enluarado e raios lasers azuis e vermelhos, enquanto flashes estrelados refletem-se no grande globo espelhado em torno do qual orbita uma multidão de planetas-deuses cósmicos de todos os panteões da Terra trajando smokings e óculos 3d, vestidos longos acompanhados por tiaras antenadas multicoloridas, braceletes e colares neon congelados dentro de um pequeno, mas confortável salão de festas da cidade de São Bernardo do Campo em São Paulo.

Como um ritual de milhares de anos se processando em proporções logarítmicas, cinco desses planetas-deuses vestidos tão socialmente para a ocasião parecem ser o centro do movimento elíptico inexorável de todos os outros que certa vez lhe foram tão próximos, quando o Universo ainda vivia sua infância, e uma conjunção mística unia todos esses planetas-deuses, como se ainda fossem animados pelo mistério da Criação; e após milhares de anos, aquele alinhamento perfeito se repetia, exatamente naquela noite, sempre acompanhado por um padre, seja na união do casamento, seja na separação da morte.

Porém, mais um vez, apenas por um breve período de tempo. Os cinco planetas-deuses, primos e tios, se enlaçarem abraçados num equilíbrio repleto de dinamismo bêbado, pulando e cantando velhas canções sobre a juventude e o companheirismo, enquanto transpareciam em seus cabelos, alguns já bastante grisalhos, desalinhados e suas carnes moles pendendo sobre suas calças, um saudosismo, quase um remorso, que em pouco tempo seria novamente engolido pelo cotidiano orbital do vácuo vazio do Espaço.


Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mandel_zoom_11_satellite_double_spiral.jpg
Autoria: Wolfgang Beyer

domingo, 12 de setembro de 2010

Citações

"Announce your anthems on the ceiling. We dance, annexed by power. Casual neckties embrace, the hungry hunger further, images rule through the media, commercial Orwellianism, producing unveiled icebergs, running transparent electrical cables, curving string ensembles, witnessed by hangings from flagpoles of souls avenged by Dr. Clock. Fresh paint, naked melting figures mixing the revolution against T.V. sentencing, at the hands of brutal men and their military business world. Let us instigate the revolt, down with the system!"

System Of A Down

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Avanti squadra Palestrina! - Campeonato Brasileiro 2010 - 20ª rodada - Vitória 1 X 1 Palmeiras

A instabilidade do time do Palmeiras já conta quase um ano, desde as últimas rodadas do campeonato brasileiro do ano passado quando o time era dado como campeão, depois como classificado à Libertadores e por fim como quinto colocado apesar de ter o craque do brasileirão de 2009, Diego Souza, hoje on Atlético-MG.

Desde então, a diretoria foi renovada com a chegada do presidente Luiz Gonzaga , economista e assessor pessoal do presidente Lula, que, atraindo investidores, trouxe reforços para o time como o técnico Murici Ramalho. Contudo, os investimentos não foram suficientes para que o time permanecesse instável na tabela do campeonato paulista obtendo uma 11ª colocação , até que por fim, a diretoria elaborou uma nova estratégia: reestruturar a moral do clube e do torcedor resgatando algumas raízes recentes do clube como o atacante Kléber e o meio campo Jorge Valdívia, que tiveram passagem vitoriosa pelo clube em 2007 e 2008, além de Luís Felipe Scolari, que obteve o maior título do clube, a taça libertadores da América em 1999.

Hoje temos na tabela de calssificação do campeonato brasileiro um Palmeiras ainda muito parecido com o que terminou o Campeonato Paulista

Paulistão 2010
11º lugar (de 20 times)
7 vitórias
6 empates
3 derrotas
SG -1

Brasilerão 2010
12º lugar (de 20 times)
5 vitórias
10 empates
5 derrotas
SG -1

Assim, percebe-se um time que empata muito, não perde tanto quando poderia perder pela posição em que se encontra na tabela (o Atlético-PR, 7º colocado perdeu 8 partidas) e que vence muito pouco. A minha análise é que trata-se de um time desmotivado, que joga o suficiente para que a imprensa não declare uma crise.

No último jogo contra o Vitória, o Palmeiras, mais uma vez mostrou deficiências primárias para um time com a tradição da Sociedade Esportiva Palmeiras. sem dúvida, a maior delas que tem sae envidenciado a cada jogo, é a ausência de jogadores em suas posições: o time jogou com 6 volantes de formação: Edinho, Pierre, Rivaldo, Tinga, Marcos Assunção e Marcio Araújo, o que revela a incompentência da situação e a competência da oposição da diretoria para gerenciar as contas do clube. Sem vontade, o presidente que chegou ao comando do Palmeiras aclamado pela sua posição no cenário político atual, Belluzo revelou desmotivado em entrevista ao programa "Provocações", fortalecendo a oposição dentro do próprio clube, proporcionando situações vergonhosas para o torcedor do Palmeiras como as motivações que levaram o clube a demitir Vanderlei Luxemburgo, Muricy Ramalho e Antônio Carlos Zago, que custam milhões ao clube pelos vencimentos de contrato, a precipitada saída de Keirrison para o exterior que pouco mais de um ano depois voltou para o rival Santos, o atraso nas obras da Arena Palestra Itália, o encerramento de contrato de praticamente todos os laterais do clube como Eduardo e Armero, além do atual atraso nos salários de muitos jogadores que segundo a mídia tem divulgado indiretamente, tem afetado o desempenho de alguns atletas do clube.

Me sinto orgulhoso quando vejo a luta solitária de Kléber no ataque alvi-verde, quando Valdívia arrisca dribles na armação de jogadas ainda que esteja fora de forma, quando Marcos divide as bolas com os atacantes adversários ainda que isso lhe custe outra semana de fisioterapia, e até mesmo quando outros jogadores que demostram espírito guerreiro em campo como Pierre, Edinho, Marcos Assunção e Maurício Ramos, mas não se trata apenas de estratégia e motivação, afinal, como montar uma estratégia para Márcio Araújo que sempre atuou como volante, jogar na lateral direita, ou como motivar o mesmo Márcio Araújo se o jogador está fora de sua posição e sente que não tem feito boas apresentações em função disso?

Falta ao clube uma boa administração, não apenas competente, mas que a exemplo do que faz Andrés Sanches no Corinthians, coloque os interesses do clube acima dos interesses políticos de cada diretor. Tenho MUITA confiança no técnico e na maior parte dos jogadores do clube.

Per favore non me rompere i coglioni...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Imagem da semana


Autoria Kioskerman

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Midiofobia - Aumenta número de professores formados em área carente do ensino

Fonte: Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/saber/794305-aumenta-numero-de-professores-formados-em-area-carente-do-ensino.shtml)
Data: 05 de setembro de 2010

Há anos como leitor de jornais vejo notícias sobre falta de profissionais de determinadas áreas do conhecimento no ensino fundamental e médio, sobretudo nas áreas de exatas como matemática, biologia, física e química. A reportagem publicada na Folha de São Paulo no início desse mês traz boas notícias para a educação, mas nem tanto...

Primeiro porque apesar do aumento de licenciados nas referidas disciplinasm, a demanda ainda existe, e não sendo suprida, as instituições de ensino contratam profissionais não especializados (sem formação docente) precarizando ainda mais o já deficiente ensino no Brasil. Além disso, a mesma reportagem ressalta que o profissional licenciado para ministrar aulas de disciplinas específicas muitas vezes não exerce a profissão, uma vez que o custo X benefício da docência os leva a enveredar-se nas áreas de pesquisa e garantir uma bolsa de R$ 1300,00.

A reportagem da Folha de São Paulo é bastante ousada, pois, mais do que criticar a política muito mais quantitativa do que qualitativa de bolsas estudantis para pós-gradução, também revela que a formação de profissionais está cada vez mais precarizada, tanto pelo currículo de licenciatura que a maior parte das universidades oferece, como pelas péssimas condições de trabalho oferecidas pelos profissionais da educação no Brasil, o que torna a docência em um extremo, uma profissão para aqueles que realmente se identificam com o conhecimento enquanto ferramenta de mudança do mundo, e por outro, uma profissão alternativa a outras possibilidades profissionais, um complemento de renda.


Fonte: http://colunademusica.wordpress.com/page/3/

Ultraje a Rigor - Rebelde sem causa

Meus dois pais me tratam muito bem
(O que é que você tem que não fala com ninguém?)
Meus dois pais me dão muito carinho
(Então porque você se sente sempre tão sozinho?)
Meus dois pais me compreendem totalmente
(Como é que cê se sente, desabafa aqui com a gente!)
Meus dois pais me dão apoio moral
(Não dá pra ser legal, só pode ficar mal!)

MAMA MAMA MAMA MAMA
(PAPA PAPA PAPA PAPA)

Minha mãe até me deu essa guitarra
Ela acha bom que o filho caia na farra
E o meu carro foi meu pai que me deu
Filho homem tem que ter um carro seu
Fazem questão que eu só ande produzido
Se orgulham de ver o filhinho tão bonito
Me dão dinheiro prá eu gastar com a mulherada
Eu realmente não preciso mais de nada

Meus pais não querem
Que eu fique legal
Meus pais não querem
Que eu seja um cara normal

Não vai dar, assim não vai dar
Como é que eu vou crescer sem ter com quem me revoltar
Não vai dar, assim não vai dar
Pra eu amadurecer sem ter com quem me rebelar

Fonte: http://letras.terra.com.br/ultraje-rigor/49198/


É impossível desconsiderar a importância das políticas públicas em torno da educação para a atual precarização e secundarização de uma das profissões mais antigas da história da humanidade, tão importante que não é necessário enumerar outros motivos que não este para compreender qual a situação da educação no Brasil atualmente.

sábado, 28 de agosto de 2010

"Batatinha quando nasce..."

"Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul"

William Ernest Henley

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Carta aberta aos meus futuros ex-alunos - Reinício

Depois de muito tempo sem escrever sobre minhas reflexões profissionais senti necessidade de retomar essas postagens. Desde que deixei meu último emprego como assistente de professor assumi aulas como professor e precisei de algum tempo para reconhecer minhas responsabilidades antes de escrever reflexões escritas sobre essa experiência.

Recoheço que não seria muito justo iniciar postagens para vocês meus futuros ex-alunos com algo negativo, mas não posso evitar em compartilhar um sentimento de culpa que me acompanha desde o final do segundo bimestre. Numa das capacitações internas, um congresso promovido pela própria escola, um professor de biologia, hoje já experiente, compartilhava através do canal da TV escola sua experiência profissional como docente e dizia algo como: você se lembra da sua primeira aula como professor? Eu me lembro, foi inesquecível! Mas sinceramene, espero que meus alunos esqueçam porque na verdade foi uma péssima aula! (...) No início, o professor ensina o que ele não sabe, depois passa a ensinar o que sabe, e por fim, ensina o que é necessário".

Tenho certa repulsa às práticas educacionais da maioria dos pedagogos que conheci, mas reconheço que essa capacitação interna, sobretudo esse vídeo, foi bastante esclarecedor para minha prática enquanto educador, talvez porque pela primeira vez na minha profissão me reconheci nesse sentimento declaradamente comum entre os profissionais da área da educação. A conclusão inevitável desse sentimenteo era que, até aquele momento, todas as minhas aulas ou boa parte delas, não haviam sido tão boas quanto imaginava que deveriam ser.

Como iniciante, me foram confiadas apenas três turmas, sendo duas de 7º ano e uma de 8º ano, vocês meus futuros ex-alunos. Particulamente na área de história, me parece que a matéria ministrada no 8º ano é a mais complexa de todo o curso do fundamental II, pois aborda temas bastante amplos como o conceito de revolução através das revoluções liberais do final do século XVIII, sobre os quais os estudantes iniciam um processo de deduções e inferências para enfim chegar à universalização desses conceitos. Com vocês, minha turma relativamente grande do 8º ano bastante agitada, nos dois primeiros bimestres do ano, tive algumas dificuldades em ministrar essa matéria dentro da disciplina e não pude evitar em reconhecer alguma responsabilidade pelo desempenho aquém do esperado quando ouvi aquele professor de biologia repetindo "espero que meus alunos esqueçam porque na verdade foi uma péssima aula!".

Como educador sei que não devo me abater diante das dificuldades, sei que a instituição de ensino está bancando minha inexperiência, mas como ser humano que sou, e me conhecço suficientemente para afirmar isso, não posso evitar certo desânimo que logo se torna estímulo para continuar. Algumas vezes, meus futuros ex-alunos, gostaria apenas de ser mais humano e menos educador, assim, não seria necessário me fazer desconhecido para dizer que ser humano é ser capaz de perceber suas limitações e superá-las.

Norman Rockwell, uma homenagem à educadora que primeiro me abriu as portas para a educação.


Autoria Norman Rockwell
Fonte: http://www.kiireyblog.com/2010/02/norman-rockwell/

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Citações

"As the century nears its formidable end, our global experience of universal proportions, predicted by many greats, will arrive at our solar system, to our System Of A Down. Authoritarian Oppression, family abuse, depression caused by conformity, and economic devastation will be neutralised by technological terrorism in times of complete chaos. Control will never again be gained for toleration will become extinct. A husband quarreling with his wife will not think twice or regret his spent bullet. Hungry children will not spare the grocer. Remorse in all forms will be removed from human thoughts and actions. Freedom will only be available through revolution or death. This system of a down is unavoidable as life on this planet becomes unnecessary.о The hand has five fingers, capable and powerful, with the ability to destroy as well as create. We have the power to stop and reverse the tides of time by making our awareness of abuse known to the powers of industry and their uncouth political arms. Only by raising this awareness and promoting personal peace within today's self-defeatist society, can we allow the planet a chance to avoid self-destruction! Open your eyes, open your mouths, close your hands and make a fist."

System Of A Down

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Democracia 1.7 (1) - Presidente por um dia...

Pela primeira vez fui selecionado para "participar da grande festa da democracia" como presidente de mesa na minha seção eleitoral. Pela primeira vez presidente...

No meu primeiro mandato como presidente, reconheço que ao receber a correspondência convocatória do tribunal de justiça me senti bastante desistimulado a ser presidente de um processo eleitoral dito democrático, tanto pelas campanhas dos candidatos a presidente, senador, deputado federal, deputado estadual e governador, que tenho acompanhado pela mídia, como por dispender um sábado em treinamento e um domingo para efetivamente consumar as eleições com o voto, sendo que, a depeito das últimas pesquisas, dificilmente a presidência será decidida em apenas um turno.

Sem dúvida, antes de prsidente de seção sou historiador e considero a eleição como uma conquista política inserida no processo de redemocratização do país dos anos 80 pós-ditadura militar, porém, esse processo democrático é bastante recente no Brasil considerando que após a proclamação da República em 1889 seguiram-se os governos repressores da República da Espada de Deodoro e Floriano, em seguida a República Velha e a alternância entre Minas Gerais e São Paulo na presidência do café-com-leite, que se seguiu à ditadura getulista do Estado Novo, tivemos apenas um intermezzo democrático entre 1945 e 1964 estimulado pelo desenvolvimento econômico mundial do american way of life (or way of conquer...) no pós-guerra seguido de uma nova ditadura de caráter militarista até meados da década de 80, na qual a constituição só garantiu efetivamente esses direitos na década de 1990. Utiizando a matemática, tivemos ao longo da história do Brasil o que consideramos "eleições democráticas" apenas por trinta e nove anos.

Além desse processo ainda jovem que necessita da maturação do tempo e da atuação mais firme do legislativo, desde a Grécia antiga a democracia já era percebida como ideologia política tanto por Platão, que através da maiûtica socrática em suA "República" designa o poder político aos filósofos; como por Aristóteles, que determina o poder para "os mais virtuosos, os melhores espíritos" crendo que, a democracia (demos do grego significa povo, cidadão) enquanto determinante para a atribução do poder político, era a expressão do despreparo do povo para a escolha de um governante. Assim, no Brasil, através da ideologia democrática expressa claramente nos bordões do governo federal como "Brasil um país de todos", as eleições são utilizadas como pretexto político para perpetuação de políticas de favorecimento a determinados extratos da população em troca de votos e consequente perpetuação dos mesmos partidos e políticos no poder, a "ditadura da maioria".

Portanto, enquanto presidente no dia 3 de outubro prometo acabar com o voto obrigatório na minha seção, aos que insitirem em participar, esses serão intimados a anular seu voto, sob pena de infração de crime eleitoral que prevê como pena "multa de 50% (cinqüenta por cento) a 1 (um) salário-mínimo vigente na zona eleitoral cobrada mediante sêlo federal inutilizado no requerimento em que fôr solicitado o arbitramento ou através de executivo fiscal", ou mesmo "detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa" para garantir a transparência da minha gestão presidencial nas eleições de 2010.

"Por favor, me tira o tubo!"

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Imagem da semana


Autoria Kioskerman

sábado, 21 de agosto de 2010

Imagem da semana


Autoria Liniers

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Leica 35 - L. P. D. V.

No recorte da Grande Metrópole, edifícios emolduram um pedaço da abóbada equinocial ausente de nuvens incidindo a luz fria de outono na fachada envidraçada do tradicional La Buca Romana da Oscar Freire, facho que morre sobre o busto coberto pela puída bata de lã parda da aniversariante daquele sábado. Ela permanece envolta por uma quietude tão estática que nem mesmo as menores velocidade de obturação seriam capazes de mover: as mãos pousadas estranhamente sobre a mesa como se fossem alheias ao restante do corpo; os finos cabelos acobreados já desbotando grisalhos em desalinho como se temessem se reconhecerem no espelho; e os olhos verde pêra esclarecidos pelo tempo, fixos no seu passado, como se encarassem outros que há mais de cinquenta anos atrás enxergaram que os oitenta seriam seus últimos anos.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Democracia 1.7 (1) - Propaganda eleitoral gratuita

Apesar da importância da política nesse momento da história do nosso país, não pude evitar o jogo da semi-final da Libertadores da América entre São Paulo X Internacional e com isso perder parte do primeiro debate à presidencia da república entre José Serra, Dilma Roussef e Marina Silva na TV Bandeirantes. Se alguém disse certa vez na década de 70, em pleno regime da ditadura militar, que o Brasil é a pátria de chuteiras, após quarenta anos e com país vivendo uma democracia essa frase ainda é muito verdadeira.

Realmente não publiquei nenhuma postagem sobre o debate, nem à presidência e nem ao governo, mas pretendo me redimir escrevendo sobre o início da propaganda eleitoral gratuita essa terça-feira dia17 de agosto de 2010.

Me lembro quando era criança o quanto gostava do horário eleitoral. Ainda que não se tratasse realmente de um momento de afeto familiar, era o momento em que compartilhávamos uma paixão: a televisão. Imagino quanto meus pais se interessavam pelos debates diante das profundas transformações políticas do país com o fim da ditadura, a redemocratização, o impeachment do primeiro presidente eleito democraticamente depois de 64, mas para mim, os jingles como "Ey-ey-ey-mael", as promessas de campanha com o Aero-Trem (que mais tarde seria fraudado por Celso Pitta com o Fura-Fila e José Serra com o Expresso Tiradentes como lembrou o autor da ideia orioginal) e as velozes propagandas de incontáveis candidatos a vereador me lembravam video-games e desenhos animados japoneses como o Nintenditinho 8-bits que nunca tive e os Cavaleiros do Zodíaco.

Meus parâmetros para comparações mudaram muito desde minha infância, assistir ao horário eleitoral gratuito não me recorda os Cavaleiros do Zodíacos, mas tudo ainda parece um grande jogo.

No último domingo uma reportagem no jornal esclarecia qual a função da propaganda eleitoral gratuita (ou obrigatória como ainda se vê) e sua aplicação em outros países como distribuição do tempo destinado a cada país. No Brasil essa distribuição é bastante desigual, o que dificulta ainda mais o processo democrático e o debate político eleitoral. Esse tipo de comparação mostra claramente como a disparidade de tempo dedicado a cada candidato faz com que cada um adote uma estratégia diferente para que, em seu próprio tempo, consiga angariar algum tipo de simpatia do eleitorado a ponto deste se interessar em procurar maiores informações em redes sociais, uma grande ferramenta para a democratização.

Assim, a maior parte dos candidatos dedica seu tempo na TV para angariar a simpatia do eleitorado através das estratégias de marketing pessoal , tornado o tempo de debate político na TV em um show de horrores. Me contive para não desligar a televisão, pois senti uma enorme vergonha em participar de um processo eleitoral que promove debates políticos como o apresentado no horário eleitoral gratuito.

Por fim, um aparte para os candidatos que utilizam de sua popularidade em outros meios para tornarem-se os políticos que determinarão os destinos do nosso país como Batoré, Tiririca, Frank Aguiar, Mulher Pêra, Netinho de Paula, Ronaldo Esper, Kiko do KLB, Eli Correia Filho, o marido de Mara Maravilha, entre tantos outros. Acredito que o ser humano possui muitas habilidades, com muito treino desenvolvemos algumas delas, por isso não me parece completamente estranho que um humorista seja capaz de atuar programas humorísticos na TV e, além disso, desenvolver uma cultura política suficientemente consolidada para disputar um cargo público como vereador ou deputado estadual, porém, considerando suas campanhas na TV esses candidatos pretendem eleger-se pelo que são, como se jamais chegaressem a ser os dirigentes políticos do país como pretendem com suas campanhas, aliciando covardemente a ignorância de eleitores que não são capazes de distinguir o público do privado, como nos slogans do candidato Tiririca: "Vote em mim, quero ser o seu deputado federal. Você sabe o que faz um deputado federal? Não? Eu também não, mas vote em mim que eu te conto." ou "Vote em Tiririca. Pior que tá não fica."

Assim fica fácil entender porque a propagando eleitoral é gratuita, afinal, ninguém em sã consciência pagaria para assistir a esse show de horrores, e obrigatória, pois o show deve continuar...

"Por favor, me tira o tubo!"

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Democracia 1.7 (1) - O Analfabeto Político

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

Fonte: http://www.consciencia.net/2004/mes/01/brecht-analfabeto.html

"Por favor, me tira o tubo!"

sábado, 7 de agosto de 2010

Degelo gaudério





Autoria própria

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Imagem da semana


Fonte: //www.flickr.com/photos/65593899@N00/917957494/
Autoria goen111s
Legenda: O que sobrou da obra "Template" do artista chinês Ai Weiwei após tempestade em Kassel na Alemanha. A obra é composta por portas e janelas de templos chineses destruídos para dar espaço à maciça urbanização chinesa.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Democracia 1.7 (1) - Lista dos impugnados

É inegável que a democracia tal qual o sistema neo-liberal a determinou ainda é bastante jovem no Brasil, tem talvez pouco mais de vinte anos, quando o então presidente Fernando Collor de Mello, atual senador pelo estado de Alagoas, foi eleito depois de grande movimento popular conhecido como "Diretas Já" que colocou a tampa, ainda que não a tenha pregado devidamente, na ditadura exercida pelos militares desde 1964.

É muita presunção acreditar que a democracia brasileira se constituirá em cinquenta anos, os revolucionários franceses levaram pelo menos 150 anos antes de constituir a base de um governo razoavelmente democrático, se considerarmos o Terror, seguido de Napoleão Bonaparte e seu sucessor Carlos Luís Napoleão Bonaparte, as revoltas da Comuna de Paris, o regime de Vichy e por fim o governo de Charles De Gaulle seguido pelo neo-liberalismo Thatcher-Reagan do pós-guerra, uma democracia do consumo.

Por ocasião das eleições achei interessante escrever postagens a respeito do assunto, além de alguns links de utilidade pública, afinal, para não se alienar do mundo em que vivemos é preciso compreender política, ainda que não necessariamente gostar dela.

A notícia mais interessante que encontrei nos últimos dias que antecedem os debates pela TV Bandeirantes (que ocorre no mesmo dia e hora da transmissão do jogo entre São Paulo e Internacional pela semi-final da Taça Libertadores da América na Rede Globo) é a lista de impugnações do Ministério Público Eleitoral, não fiz uma análise detida, mas segue o link:

http://congressoemfoco.uol.com.br/noticia.asp?cod_canal=21&cod_publicacao=33628

Curiosidade: o número de deputados federais é determinado pela população de cada estado, o número de deputados estaduais é determinado pelo triplo de deputados federais, segundo a Constituição Federal:

"Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze."

Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm

O Maranhão tem população de cerca de 6 a 7 milhões de habitantes, 18 deputados federais e 32 deputados estaduais, 42 impugnados. Comparando com São Paulo por exempl0 que possui população de cerca de 41 a 42 milhões de habitantes, 70 deputados federais e 90 deputados estaduais e 60 impugnados. Qual a maior personalidade política do Maranhão? O presidente do Senado, José Sarney, graduado e condecorado coronel maranhense.

"Por favor, me tira o tubo!"

Desabafo de fim de férias?

No último domingo, dia 1º de agosto de 2010, eu, Piero Cassa juntamente com minha namorada, retornávamos de nossas férias nas Serra Gaúcha para São Paulo depois de merecidas férias.

Tomamos o ônibus na rodoviária de Caxias do Sul até a capital gaúcha bastante adiantados, às 16 hrs, pois obras eram realizadas na RS-116 próximo à Canoas, grande Porto Alegre, e o tráfego estaria intenso na entrada da cidade. Chegamos ao aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre por volta das 18:30 hrs para embarcar às 20 hrs no vôo 1245 da Gol Linhas Aéreas com destino ao aeroporto de Congonhas em São Paulo.

Uma vez nos adiantamos fazendo o check-in pela internet um dia antes, porém, ao despachar nossas bagagens fomos informados que houve um atraso no nosso vôo que deixara o aeroporto de São Paulo com quinze minutos de atraso, que, somados à meia hora prevista para o embarque de passageiros com suas bagagens e troca de tripulação totalizavam quarenta e cinco minutos de atraso no vôo 1245. Enquanto tomávamos café aguardando o embarque, os painéis do aeroporto Salgado Filho que até então marcavam "atraso previso de uma hora" saltou para "atraso previsto de duas horas", quando então nos dirigimos ao balcão da companhia aérea para obter maiores informações sobre o atraso.

A única informações que conseguimos foi que houve um problema com a tripulação em São Paulo e que houve um problema nos pousos e decolagens em diversos aeroportos muitos vôos de diversas companhias estavam atrasados e por isso nosso avião não havia decolado. Pois se foi assim por que não nos foi comunicado que o vôo não decolara desde o início, uma vez que um vôo São Paulo-Porto Alegre leva aproximadamente uma hora e meia? Por que haveria um problema com pousos e decolagens em diversos aeroportos se somente os vôos da Gol apresentavam atrasos segundo os paínéis do aeroporto? Sem dúvida a empresa nos privou de informações, o que impediu muitos passageiros de procurarem meios de transporte alternativos para retornarem à São Paulo como outras empresas de transporte aéreo ou mesmo o transporte rodoviário, pois 1º de agosto foi o último dia de férias escolares de inverno e muitos retornariam ao trabalho no dia seguinte.

Muitos passageiros procuravam seus direitos, como direito a informações (ANAC resolução no 141 de 9 de março de 2010 - capítulo I, seção I, art 2º), alimentação (ANAC resolução no 141 de 9 de março de 2010 - capítulo IV, seção I, par 1º, item II) e, quando os paínéis do Salgado Filho mostraram "atraso previsto de quatro horas" a reacomodação (ANAC resolução no 141 de 9 de março de 2010 - capítulo IV, seção I, par 1º, item III). Apesar das novas resoluções da ANAC, a companhia aérea não demostrou qualquer preocupação em informar aos passageiros seus direitos, não havia nenhum tipo de orientação da própria ANAC ou INFRAERO, pois os guichês estavam fechados às 20 hrs, e não há em Porto Alegre os juizados especiais de aeroportos, que só foram instalados nos aeroprotos mais movimentados do pais, a saber, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

Somente ao requerer junto à companhia aérea a alimentação adequada conforme a resolução no 141 de 9 de março de 2010 foi possível confrontar as informações obtidas por outros passageiros: uma senhora angustiada pela demora da filha que retornaria de São Paulo no mesmo avião relatava que ela ainda não tinha deixado o aeroporto de Congonhas, um casal de namorados que entrara em contato com amigos dizia que a internet divulgava os atrasos sem determinar a causa, um rapaz afirmava que os pilotos da companhia aérea haviam entrado em greve por melhores salários. O restaurante por kilo Poa Express, ao qual fomos direcionados para nos alimentar enquanto aguardávamos nosso vôo, não foi capaz de atender a todos os passageiros, entre os quais incluiam-se crianças e idosos, pois segundo a gerente, o restaurante, que encerra suas atividades às 22 hrs, não estava preparado para receber o grande número de passageiros e por isso os direcionou à cafeteria Grão Café.

Nem mesmo a cobertura da imprensa intimidou a companhia aérea a fornecer maiores informações. Pouco a pouco os passageiros perdiam a calma, com as normas que regulam as relações entre consumidor e empresa por um fio, também as normas que regulam as relações entre seres humanos estava prestes a se romper. Agressões verbais a funcionários da Gol pouco a pouco se tornaram frequentes, pois considerando o atraso o vôo, se o mesmo ocorresse, seria redirecionado para Cumbica em Guarulhos, São Paulo, tornando a viagem ainda mais longa, outras companhias aéreas, que eventualmente poderiam receber passageiros, já encerravam suas atividades no Salgado Filho, que fecha por volta da meia-noite, enfim, somente com a notícia de que o vôo fora cancelado as agressões cessaram para dar lugar outrs sentimentos como frustração e .

O estresse emocional dos passageiros durante a demorada remarcação do vôo para 12:10 hrs, a retirada das bagagens e o translado até o Hotel Continetal, em frente à rodoviária de Porto Alegre, encerraram o primeiro dia de atrasos nos vôos da Gol linhas aéreas. Não acompanhei o translado, pois um funcionário que acomodaria as bagagens dos passageiros no ônibus da Expresso Caxiense foi extremamente desrespeitoso com minha companheira ao responder alguns questionamentos sobre a possibilidade de fazer maior número de viagens para que não aguardássemos todos os passageiros fazerem suas remarcações devido a estarmos extremamente desgastados por tentar embarcar a quatro horas e meia, para evitar conflitos tomamos um taxi para o Hotel Continental onde pudemos descansar um pouco.

No dia seguinte fomos apanhados no hotel por volta das 10:20 hrs da manhã e novamente chegamos cedo ao aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre para embarcar às 12:10 hrs no vôo 1243 da Gol Linhas aéreas, mas novamente o vôo apareceu como "atraso previsto de uma hora", saltando novamente para "atraso previsto de duas horas". Felizmente conseguimos autorização para alimentação rapidamente, ainda que algumas pessoas recebessem sua alimentação em restaurantes diferentes como o Missões Gourmet e o Poa Express, separando casais e amigos quer voariam juntos. Somente às 13:45 hrs, o vôo fora confirmado e embarcamos de volta para São Paulo, com quase 18 horas de atraso em relação à passagem que compramos.

Com tudo isso me pergunto: que país é esse que pretende promover uma modernização em sua infra-estrutura de transportes, esporte e lazer para atender aos milhares de estrangeiros que comparecerão ao Brasil em 2014 e 2016 sem antes providenciar tudo isso ao seu próprio povo?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Imagem da semana

Autoria Adão Iturrusgarai

terça-feira, 13 de julho de 2010

"Noventa milhões em ação..." - Final

Apesar da minha última postagem sobre a Copa do Mundo de Futebol masculino ser apenas sobre as oitavas de final, devido a um prolongado problema com minha conexão com a internet, e a ansiedade dos clássicos da oitava rodada do Campenato Brasileiro como Palmeiras X Santos e Flamengo X Botafogo, considero importante concluir as reflexões que iniciei sobre esse campeonato mundial.

Primeiramente parabéns ao time espanhol, que teve como característica mais importante não a "fúria" na vitória contra a forte seleção da Holanda, mas a capacidade de superação que demonstrou ao longo da competição. Sendo um campeonato curto, um campeonato de apenas sete jogos, sendo três classificatórios e quatro eliminatórios, não são necessariamente campeões os melhores times, ou os mais bem preparados, mas os times mais motivados. No início de cada um dos capítulos do maravilhoso livro "Guerra e Paz" do escritor russo Leon Tolstói, o autor escreve sobre sua concepção de história considerando as duas invasões das tropas napoleônicas à Rússia, a primeira em 1808, retratada com um tratado de paz entre Napoleão Bonaparte e o czar Nicolau II, e a segunda em 1812 que levou à derrota do corso francês. Tolstói escreve e Benício Del Toro enquanto Ernesto "Che" Guevara resgata no filme de Steven Soderbergh "Che - parte um" (2008) :

"Na guerra, a força das tropas é realmente o produto das massas, mas multiplicado
por uma incógnita x.

A ciência militar, ao encontrar na história numerosos exemplos em que a massa dos
soldados não coincide com a sua força real, pois pequenos destacamentos vencem por
vezes grandes concentrações de tropas, admite confusamente a existência desse
multiplicador desconhecido e procura descobri-lo, quer na construção geométrica de um
plano, quer na superioridade do armamento, quer, mais geralmente, no génio dos chefes.
Mas os resultados obtidos por estes diversos multiplicadores estão longe de poderem
explicar os factos históricos.

Basta, porém, renunciar a atribuir importância, como em geral acontece, para agrado
dos heróis, às disposições tomadas pelo alto comando durante uma guerra, para se
descobrir, finalmente, essa famosa incógnita.

Este x é o moral das tropas, isto é, o desejo mais ou menos vivo de os homens de
que se compõe o exército se exporem ao perigo, independentemente da questão de
saberem se se batem sob as ordens de um génio ou não, em duas ou três linhas, ou com
cacetes ou espingardas capazes de disparar trinta tiros por minuto. Os que tiverem o desejo
mais vivo de se bater serão os que se encontram nas condições mais favoráveis para a luta.

O moral das tropas, eis o multiplicador da massa cujo produto é a força. Precisar e
definir o valor do moral, esse multiplicador desconhecido, eis o que a ciência da guerra tem
de fazer."

Mais do que apenas uma teoria de história, Tolstói procura determinar as causas que explicam o curso dos eventos no tempo, ainda que para isso se utilize de uma dialética francesa iluminista para minorar a habilidade militar de Napoleão Bonaparte contra sua amada Rússia. Como historiador não acredito em qualquer subterfúgio que determine o curso da história, ainda que a própria história seja capaz de ajudar a compreende esse curso, mas especificamente para o caso da Copa do mundo de Futebol masculino, sobretudo para essa 20ª edição, a explicação de Tolstói me parece bastante esclarecedora para uma copa em que os times estavam homogeneizados pelo chamado "futebol de resultados" e os treinadores europeus na grande maior parte dos selecionados.

Mas afinal, como explicar o sucesso da Espanha nessa Copa do Mundo? Sem dúvida à capacidade de seu técnico Vicente Del Bosque que na minha opinião venceu a Copa ao vencer o esquema tático alemão, sem dúvida o melhor time nos gramados da África, mas sobretudo, ao que Tolstói nomeia de "incógnita x". Assim como Alemanha e Holanda, também a Fúria tinha TODOS os seus jogadores em times do próprio país, ou seja, a importância da conquista do mundial não era apenas um discurso nacionalista forjado ideologicamente de quatro em quatro anos de que este "é um país de todos", seja para eleições, seja para Copa do Mundo, que muito apropriadamente coincidem no mesmo ano no Brasil.

Não concordo com a responsabilidade que a mídia atribuiu covardemente à Felipe Melo pela derrota brasileira para a vice-campeã mundial de 2010. Penso que deve-se vencer e perder enquanto time, ainda que alguns jogadores tenham mais ou menos responsabilidade pelos resultados obtidos, isso demonstra que a cultura futebolística brasileira ainda é a cultura da individualidade em detrimento da coletividade. De qualquer maneira, a declaração de Felipe Melo de que desconhece as imagens da seleção brasileira na Copa de 1970 demonstra qual povo brasileiro a seleção está representando, um povo brasileiro do qual apenas "ouvem falar", mas "nunca viram".


Fonte: http://ficaquietinho.wordpress.com/2010/07/
Legenda: o lgo que poderia ter sido... As mãos do logo oficial parecem um mal presságio

Como sintetizou de forma impagável o jornalista Tutty Vasques: "O Brasil não pode faturar a Copa de 2010, mas ainda pode superfaturar a Copa de 2014"

Vocês vão ter que me engolir!